Murmúrio escrita por bundadopatch


Capítulo 5
Inerte




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Eu queria chorar, mas as lágrimas não rolavam, apenas insistiam em queimar meus olhos. Eu queria correr, mas minhas pernas estavam inertes, eu queria me aninhar no colo de Patch, mas eu não podia. Não quando estava sendo consumida pelo meu próprio medo.
A única saída que encontrei foi me esconder debaixo da cama, como um gato fujão. Meus membros pesavam e pareciam não obedecer aos meus comandos. O som se aproximava, os passos se arrastavam como se a pessoa estivesse parando para observar objeto por objeto. Meu coração martelava, a medida que a distância encurtava. 
- Sabe, eu gosto das coisas mais difíceis… mas com você prefiro ir pelo modo mais fácil. - Droga. O dono da voz estava parado na frente da cama. - Não seja complicada… - a voz era calma e sútil, logo reconheci.
- Vá embora. - rosnei, tentando parecer firme, enquanto desmoronava por dentro.
- Achou que eu não iria te encontrar? - Ele queria jogar, parecia muito curioso, mas também muito confiante de si. - Achou que se esconder seria a melhor forma?
Ele começou a andar pelo quarto, abriu o guarda- roupa observou as peças de Patch, e retornou para onde estava… ele havia parado de falar. Droga.
Sua mão agarrou meu tornozelo, eu tentei chutá-lo, mas apesar da minha força meu esforço foi em vão.
- Me solte! - Finalmente consegui gritar. - Essa luta não é minha, não sou responsável por nada disso. Nem quero ser. Me deixe em paz e siga sua vida.
- Você não escolheu isso… Eu sei, mas o que posso fazer se o destino as vezes é sacana com algumas pessoas? - Ele estava sendo sarcástico. Podia ouvir no seu tom de voz… típico de…
Ele me ergueu.
Encarei-o por um instante, os olhos permaneciam os mesmos, parecia até o velho amigo…
- Grey. - Scott cortou minha linha de raciocínio e para minha surpresa me abraçou. 
- O que você quer? - Eu estava paralisada, calculando quanto tempo demoraria para eu derruba-lo e chegar até a porta. Até Patch.
- Você deveria se vestir mais assim. - Seus olhos percorreram meu corpo, eu ainda estava vestida apenas com a blusa de Patch. - Sabe, a sua amiga, Vee, está preocupada com você… A sua mãe também, ainda acredita que Hank está vivo, mas também pensa muito em você. - Ele havia cutucado minha ferida, um dos meus pontos fracos.
- Fique longe de Vee, entendeu? - A ira tomou conta de meu corpo. Ele não podia ferir as pessoas que eu amava. - Longe! Ou eu acabo com você.
- Você sabe que meu interesse é outro - Ele me puxou para si e enfiou suas mãos por debaixo da minha blusa.
- Me solte, Scott. - Esperniei. - Patch estava certo, eu nunca deveria ter confiado em você. Esse negócio de exercito mudou você. - Ele chegou mais perto, com seu velho sorriso brincalhão. - Me solte, Scott! Agora.
- Sabe, Grey… eu sou seu amigo. Mas você tem que cumprir o tratado… e vamos combinar que eu sou homem, tenho os meus interesses. - Ele me empurrou na cama de Patch. 
- Patch vai matar você, Scott. - Eu queria acabar com ele Ali. Agora, aquele não era o Scott que eu conhecia.
- Ah é mesmo. - Ele zombou. - Onde está o anjo?
Comecei a socar Scott, mas era como socar a mistura de maisena com água. A mão batia e voltava.
- Que parte do que ela disse você não entendeu? - O alívio percorreu todo o meu corpo. Patch estava parado na porta, com os punhos cerrados, a boca formava uma linha, olhos exalavam o desejo de matar. Se eu não conhecesse Patch, estaria com muito medo. Muito. - Solte-a. - Patch começou a andar em nossa direção.
- Nem mais um passo. - Scott se levantou para encara-lo- Ela tem um tratado, deve cumprir. Ela deve ficar comigo, não com as pessoas erradas.
- Não acha que quebrar seu queixo uma vez foi o suficiente? - Patch riu, sem humor. - Ou terei que quebrar a segunda? Encosta nela… e o queixo vai ser uma das muitas partes que vão sofrer as consequências.
- Eu vim buscá-la e não sairei daqui sem ela. - Scott disse calmamente, como se comentasse sobre clima com um vizinho.
- Sério? Você vai sair. Ela fica. - Patch desviou os olhos pra mim. ” Vai ficar tudo bem, anjo” ele sussurrou em minha mente. ” Acredite.”
- É o que veremos. Scott havia avançado com os punhos erguidos para Patch. Os dois se chocaram com um barulho ensurdecedor.
Era o início. Não adiantava mais adiar, não adiava mais tentar me esconder ou fugir. Eu não me importava com os inimigos, quando era o meu destino e o de Patch em jogo. Eu não podia me prender no que viria acontecer, eu não havia escolhido esse destino, mas ele havia me escolhido e ele não estava se importando com as peças a serem movidas nesse guerra, mas eu estava.


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