Murmúrio escrita por bundadopatch


Capítulo 41
Temporariamente




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Corri para dentro do quarto e tranquei a porta.
- Isso é coisa da sua cabeça, Nora. - Repeti diversas vezes, enquanto andava pelo quarto.
Repassei os acontecimentos do dia diversas vezes, ele não podia me achar. Podia? Eu dirigi durantes 4 horas seguidas até chegar a este lugar que eu mal sei o nome.
Deitei na cama, fechei os olhos tentando dormir e nada. Levantei e separei a persiana com os dedos para observar melhor do lado de fora.
Uma batida na porta me chamou atenção, mas eu não abri. Não queria falar com Joey.
- Droga de remorso.- Murmurei pra mim mesma, enquanto andava em direção a porta.
Girei a maçaneta duas vezes para conseguir abri-la. E voi lá não tinha ninguém, meus olhos se voltaram para o capacho um bilhete preto estava descansando sobre ele.
Exitei em abrir, mas apenas rasguei em pedaços e atirei na lixeira mas próxima.
Voltei para o quarto e deitei novamente, aproximando minhas pernas do peito. Minhas pálpebras começaram a pesar e eu dormi. Finalmente.
Acordei com um zumbido debaixo da minha coluna. Era o celular que eu encontrei na garagem.
- Alô. - atendi sem olhar o número.
- Anjo… - Patch lamentava do outro lado da linha.
- Mentiu pra mim - Eu falei com a voz embargada.
- Não. - Foi apenas o que ele disse.
- O que você quer? - perguntei.
- Você. - Ele parecia estar chorando. - Quero conversar, estou te aguardando em trinta minutos no café mais próximo. Pergunte a Joey e ele te dirá o endereço.
Antes que eu pudesse protestar Patch havia desligado.
Abri o chuveiro do quarto, ele ainda funcionava? Surpreendentemente sim. Vesti uma calça jeans e uma blusa de seda azul, coloquei um par de sapatilhas e passei alguma maquiagem.
O lugar que Patch escolheu também parecia ter saído de algum filme de Far oeste. As paredes eram vermelhas, o chão era quadriculado em preto e branco. Jukebox espalhadas pelo salão e mesas de madeira com encostos de estofado verde oliva.
Ele estava sentado na última mesa, o olhar distraído sobre duas xícaras de café.
- Boa escolha. - Eu disse enquanto me sentava.
- Não é o que está pensando. - Ele respondeu, levando uma das xícaras aos lábios.
- E no que eu estou pensando, Patch? - Minha voz era séria.
Ele ignorou minha pergunta, chamando uma garçonete que estava próxima. Ela tinha peitos enormes e usava um batom vermelho vibrante. Seus olhos demoraram demais em Patch e logo que se viraram pra mim murcharam de incredulidade.
- O que vai querer, anjo? - Patch me perguntou e eu podia sentir o sorriso em sua voz.
- Eu vou querer uma dose de verdades. - respondi, ignorando a garçonete e olhando diretamente em seus olhos.
- Me traga uma porção dos melhores donuts que você tiver e uma xícara de leite quente. - Ele disse em voz baixa.
Droga. Ele me conhecia tão bem, até mesmo o que eu comia com Vee.
- Então, por onde começamos? - Ele sorriu, passando o indicador pela borda da xícara.
Dei de ombros, olhando pela vidraça que pairava sobre nós. O tempo estava mudando.
- Patch, eu só… - eu comecei, minha voz sumindo enquanto eu suspirava. - Precisava de um tempo.
- Você fugiu, anjo. - Ele sorriu, parecendo se divertir com a ideia. - Eu nunca pensei que fugiria de mim.
- Você escondeu de mim, Patch… - Minha voz estava aumentando.
- Você ouviu… - Ele abaixou a cabeça, pressionando a ponte do nariz com os dedos. - Rixon é um…
- A questão é : Por que você escondeu isso de mim? - perguntei.
A garçonete trouxe os pedidos, intrometendo-se em nossa conversa.
- Obrigada. - Eu respondi, fulminando a mulher com os olhos.
Ela me respondeu com um sorriso manchado de batom que desapareceu tão rápido que eu me perguntei se ela havia mesmo feito aquilo.
- Eu estava tentando te proteger, anjo. - Patch abriu os olhos para me encarar. - Tudo isso tem consequências.
Eu peguei um donut com cobertura rosa e mordisquei, Patch fez o mesmo.
- Isso é sempre tão doce? - Ele perguntou, com os cantos da boca sujos de cobertura.
Não pude deixar de sorrir, mas logo meu sorriso sumiu.
- O que disse? - perguntei, minha cabeça estava prestes a explodir. 
- Eu perguntei se isso é sempre tão doce. - Ele repetiu, enquanto dava outra mordida.
- Patch… - Eu larguei minhas mãos sobre o colo. - Você… Você pode sentir o gosto?
Ele soltou o que restava do donut sobre o prato e arregalou os olhos.
- Merda. - Ele ralhou. - Isso não é… possível.
Entreguei a xícara de café e logo ele deu um belo gole.
- Merda. - Ele continuou. - Queimei minha língua.
Eu sorri. Eu queria gritar, Patch estava sentindo, ele tinha tato, paladar… O que eu sempre quis.
- Posso tentar uma coisa? - Perguntei, levantando-me da minha cadeira e sentando em seu colo. Que se dane, ele vai me explicar tudo isso depois.
Levei meus lábios aos seus com urgência, sua língua feroz procurava a minha. Sua mão pressionando minha nunca e a outra em minha cintura, igualando meu equilíbrio. Nos beijamos por um bom tempo, até que eu puxei levemente seu lábio inferior entre os dentes.
- Anjo… - Patch estava chorando? Sim. Lágrimas quentes escorriam pelo seu rosto. 
- Ei… - repreendi, puxando sua cabeça para o meu peito. A garçonete me olhava com uma cara feia do balcão.
- Isso é tão bom… - Ele levantou a cabeça, passando os dedos sobre os lábios. - É a melhor coisa que eu já experimentei…
Isso só podia ser sonho.
- Mais tarde podemos tentar outras coisas… - Sussurrei em seu ouvido. - Se você, quiser…
Ele soltou uma gargalhada nervosa.
- Eu te amo tanto, anjo… - Ele sussurrou. - Ainda quer escutar o que eu tenho a lhe dizer?
- Sim… - suspirei.
Levantando-me e voltando para o meu lugar, eu estava me perguntando por quanto tempo minha felicidade ainda iria durar. 
Espero que por um bom tempo.


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