Óculos escrita por Juliana


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Eu uso óculos
E volta e meia
Eu entro com meu carro pela contramão
Eu to sem óculos


Se eu to alegre
Eu ponho os óculos e vejo tudo bem
Mas se eu to triste eu tiro os óculos
Eu não vejo ninguém


James sentiu-se tropeçar novamente contra a escrivaninha, estava testando se conseguia andar sem os óculos. Tinha apenas treze anos e o grau de seus óculos eram altíssimos. Além de não serem exatamente confortáveis, pusera na cabeça que as garotas não olhavam para ele por causa daqueles malditos aros dourados e lentes fundo de garrafa...

Tateou os óculos encima do criado-mudo e olhou sua imagem no espelho, suspirando.

Ele nunca, nunca mesmo seria capaz de se julgar feio. James Potter fora mimado o suficiente para acreditar que era a pessoa mais linda do mundo e digamos que ele realmente não era feio. Talvez um tanto mirrado e magrelo, mas não feio. Talvez fosse o charme que poucos garotos de treze anos possuem, mas ele não era feio aqueles óculos que estragavam. Aquilo teria que mudar.




Por que você não olha pra mim?
Me diz o que é que eu tenho de mal
Por que você não olha pra mim?
Por trás dessa lente tem um cara legal...


Ah, quinto ano, e as coisas para James Potter realmente tinham mudado: Deixara de ser mirrado, não era o cara mais alto do quinto ano, mas também não poderia ser chamado de baixo; Não era mais tão magrelo, era magro e forte por sua posição no quadribol provavelmente: artilheiro, flexionando tanto os braços quanto as pernas, assim; ficara especialmente charmoso, mexendo nos cabelos de dois em dois instantes. E, é claro, mudara os óculos!

Ele dizia que isso ajudara em muito para se tornar um dos caras mais bonitos e populares da década de 70 em Hogwarts. Agora eles eram quadrados e pretos, nada de armação redonda e dourada, suas lentes continham exatamente os mesmos graus de dois anos atrás, mas ele achara um feitiço que as deixava menores, mas com o mesmo resultado. Sim, ele era um gênio! Um gênio perfeito! E as garotas com que saía sempre elogiavam seus óculos.

Apenas as que saíam com ele mesmo. Por que uma garota chamada Lily Evans certa vez teve a audácia de perguntar-lhe:

– Que óculos horríveis são esses, Potter? E eu que achei que não poderia ficar pior... – E saiu rindo. Menina louca.

OK, mais tarde James descobriu que talvez. Talvez. Ela não fosse assim tão louca. Talvez, dois anos depois ele descobrisse que faria de tudo para ela ver que por trás daquelas lentes havia um cara legal. Assim, só talvez.




Eu decidi dizer que eu nunca fui o tal
Era mais jogo se eu tentasse
fazer charme de intelectual
Se eu te disser
Periga você não acreditar em mim.


– Evans! Evans, volta aqui! Lily! – Ele chama enquanto corria atrás da garota ruiva que arrebatara seu coração.

– O que você quer agora, porco-espinho? – Por que ela insistia e, chamá-lo assim ou de “quatro olhos” mesmo sabendo que ele não gostava? Ah, sim, ele lembrava no dia em que ela respondera a essa pergunta: “talvez assim você saiba o que os outros passam nas suas mãos, Potter”. Desde então, ele decidiu ignorar os apelidos.

– Sai comigo? – Ele sorriu esperançoso. À dois anos fazia a mesma pergunta. À dois anos recebia a mesma resposta:

– Não. – e voltou a rebolar até a sala.

– Sério, Lily, me diz o que é que eu tenho de mal.

Ela girou nos calcanhares e fez uma expressão de quem adoraria responder, sorrindo, disse:

– Eu até acho que poderia gostar de você, mas... São esses seus óculos. – Respondeu (mentiu, mas apenas ela precisava saber disso). – Acho que eles retratam exatamente sua vaidade, egocentrismo e arrogância. Não gosto deles. – E voltou a caminhar, novamente.

– O que? Sério isso? Lily, não, hey, volta aqui! Você não acha que eu fico com charme de intelectual com eles? Evans! – Choramingou o sobrenome ao não escutar resposta para suas perguntas. Apenas o barulho do sapato da ruiva se distanciando. Se ela soubesse o quanto mexia com ele, nunca faria isso. Nunca.



Eu não nasci de óculos...
Eu não era assim...


Ele suspirou, estava pensando seriamente em parar de usar os óculos, depois da sua recente discussão com Lily. Se ele precisava não enxergar nada além de borrões para tê-la, era isso que faria.

– Já chega, Prongs, você tem que parar de dar ouvidos ao que a Evans fala. Ela vai te deixar maluco. – Disse Sirius na sua frente. Ele, Remus e James estavam no dormitório masculino. James acabara de contar o que acontecera no corredor.

– Mas eu a amo tanto, Padfoot! Se para ela me enxergar eu não vou poder enxergar ela... Vou ter que fazer isso.

– James, Sirius está certo! Pare de bobagens! Você precisa dos óculos. Precisa. Você sabe que seu grau de miopia vai aumentar tanto se não usá-lo que daqui a pouco não vai ter lentes que vão ajudar. – Aconselhou Remus.

– Mas a Lily disse...

– Será que eu vou ter que ter um papinho com a Evans? – Perguntou Sirius retoricamente. – Ela está fazendo meu amigo ficar louco. Você realmente quer uma mulher que te faz mal?

– Não, não. – James argumentou, esfregando a ponte do nariz. – Tudo o que a Lily diz tem um sentido oculto, vejamos, ela disse: “São esses seus óculos. Acho que eles retratam exatamente sua vaidade, egocentrismo e arrogância. Não gosto deles.”... Será que ela não percebi que eu não nasci de óculos, que eu não era assim?

– James, é isso! – Remus pulou da cama. - Ela não quer que você mude de óculos...

– Claro que ela quer, ela disse que...

– Não, não. Você não nasceu assim... não nasceu egocêntrico, vaidoso e arrogante. Ela quer que você mude isso, não os óculos!

James refletiu por um momento, então Lily não gostava dele, ele já mudara tanto por ela. Deixara de azarar as pessoas, de se meter em confusão...Ela queria que ele perdesse o amor próprio também? Ele disse isso aos amigos que pararam para pensar, também.

– Diga isso a ela, então! – Falou Sirius, por fim. – Diga que ela que se tiver que se moldar a ela enquanto ela não mexe um dedo para isso, não vai rolar.



Por que você não olha pra mim?
Me diz o que e que eu tenho de mal.
Por que você não olha pra mim?
Por trás dessa lente tem um cara legal.

– Evans? – Ele perguntou ao vê-la sentada em frente ao lago, um dia depois da discussão no corredor.

– Ah, Potter... – Ela soltou um muxoxo e voltou a fitar o lago. Ele sentou.

– Assim não vai dar. – Ele disse.

– Não vai dar o que? – Perguntou ainda sem olhá-lo. Pensando que fosse uma nova cantada. Quando ele iria perceber que ela estava farta de cantadas? Quando iria perceber que queria que ele dissesse algo sincero, dele?

– Você querendo que eu me modifique e me molde a você sendo que não faz nada para se moldar a mim.

– O quê? – Perguntou alerta, não entendera.

– Eu e os garotos entendemos que você quer que eu deixe de ser arrogante, egocêntrico e vaidoso, mas se eu deixar de ser assim deixarei de ser eu. E, posso estar disposto a parar de usar óculos por você, mas não estou disposto a deixar de ser eu mesmo por você. - Ela o olhou de boca aberta, incrédula. Então era à essa conclusão que eles chegaram? - Por trás dessa lente, por trás dessa arrogância, vaidade e egocentrismo tem um cara legal, Lily. Quando você vai perceber isso?

– Não, não, não. Vocês entenderam errado. Eu não preciso enxergar nada, James, eu sei o que tem ai por baixo, você é que precisa. É isso o que eu quis dizer. A teoria de vocês é ridícula!

– Como assim? – Ele pareceu intrigado. Lily quase riu com sua careta confusa.

– Você mesmo disse não é mesmo? Que se deixasse de ser essas coisas deixaria de ser você mesmo, né? Mas você é mais que isso, James, você é amigo, sincero, leal. Qual foi a primeira coisa que você pensou ao refletir sobre as entrelinhas na minha frase de ontem?

– Não fui eu, foi Remus.

– Não importa quem foi, você concordou com isso. Você pensou em mudar antes de pensar em me mostrar seu outro lado, por que você acha que não tem outro lado e eu sei que tem. Não é eu quem preciso ver que por trás das lentes tem um cara legal, é você. – Ela sorriu e bagunçou os cabelos de um James pensativo, antes de levantar e sair dali.



Por que você não olha pra mim?
Por que você diz sempre que não?
Por que você não olha pra mim?
Por trás dessa lente também bate um coração.


– Então, você descobriu o que há por baixo da “casca James”? – Perguntou Lily ao mesmo, ele sorriu antes de responder.

Ela aceitara sair com ele no dia em que ele disse que havia descoberto muitas coisas sobre si mesmo e gostaria da sua ajuda para descobrir mais.

– É, descobri, sim, e gostaria de falar sobre elas no Três Vassouras. O que acha? – Lily concordou e entrelaçou sua mão a dele que a olhou surpreso, ela soltou.

– Desculpe, eu achei que... – Antes que ela pudesse terminar ele passou o braço pelos seus ombros e começou a caminhar em direção ao bar.

– É que eu nunca pensei que a Lily, a mesma Lily que gritava aos quatro cantos do castelo que me odiava, tomaria a iniciativa de andar de mãos dadas comigo.

– Digamos que eu só estava esperando que você me mostrasse seu lado legal e amigável, sem a arrogância, mas poder andar assim. Até por que, convenhamos, você era muito chato antes de perceber que não era chato.

– Você sabe que eu não entendi nada, né? – Ele perguntou rindo, ao adentrarem o bar da madame Rosmerta.

– Ainda bem, por que eu também não entendi. – E, juntos, os dois riram, divertidos e felizes.

A principal descoberta de James fora saber que por trás das lentes, sempre batera um coração.


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Notas finais do capítulo

Meio diferente, né? Sem a Lily ficar enrolando e tal!
Bem espero que tenham gostado e comentem bastante!
Beijossss