Curando Leah escrita por Oraculo


Capítulo 5
Capítulo 5 - Outra garota




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Capítulo 5 – Outra garota.


 


JPOV


 


Não estava preparado para quando Leah voltasse para casa. Leah continuava sem falar com ninguém, não comia nada e se tentássemos falar com ela, se desmanchava em prantos enquanto nos olhava.


 


“Leah, tá na hora de irmos para casa.” Disse Seth, entrando no quarto do hospital. Leah olhou para ele sem falar nada. “Trouxe roupas para você.” Continuou, atirando na cama um suéter e uma calça. Leah continuou muda. “São suas preferidas.” Ela olhou para nós. “Okay, vou deixar que se troque…”


 


Seth se apressou a sair e eu fui atrás. Depois que Leah se vestiu, caminhamos para fora do hospital, ela com os braços cruzados sobre o peito e finas lágrimas correndo por suas bochechas. Nenhum de nós disse qualquer palavra dentro do meu carro.


 


Assim que estacionei o carro, Leah correu como um raio para o seu quarto. Seth e eu a seguimos. A encontramos sentada na cama, abraçando a si mesma, olhando fixamente para a parede.


 


“Lee. Tá com fome?” perguntei. Leah sacudiu a cabeça negativamente. “Certeza?” ela rosnou e me lançou um olhar assassino. “Não está mais aqui quem falou.”


 


Os dias passaram; Leah não se moveu da cama. Sem se importar com o quanto rogamos, subornamos e ameaçamos, ela não comeu.


 


“Leah, isso é ridículo! Você não come tem cinco dias!” gritei numa sexta feira, olhando para a figura magra. Nós lobos comíamos três vezes mais, e essa greve de fome a estava prejudicando muito mais. A camiseta que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, agora estava larga. Era ridículo. “O que você está tentando provar?” gritei com ela. Leah nem se dignou a me olhar. “Está com a mesma roupa a dias!” continuei sem escutar uma resposta. “Está praticamente catatônica!” nada. “Quem eu tenho que chamar? Quem eu tenho que arrastar até aqui?”


 


Então a ficha caiu. Porque tudo isso me parecia familiar? Simplesmente porque outra garota já tinha estado daquele jeito; sem se mover, sem comer, sem falar. Havia outra garota que poderia entender, que poderia ser capaz de falar com Leah e conseguir uma resposta.


 


Peguei meu celular e disquei para a Bells. Ela atendeu na primeira chamada.


 


“Alô?” disse Bella, escutei ela bocejar do outro lado da linha, e me dei conta que era uma da manhã. “Oi Jacob... o que foi?”


 


“Pode vir a La Push hoje?” perguntei olhando fixamente para a imóvel Leah.  


 


“Eh... claro.” Murmurou soltando uma risadinha. “Que horas?”


 


“O mais cedo que puder.”


 


“Hey, Jacob? O que você está fazendo acordado essa hora?” ela perguntou. Curiosa como sempre.


 


“Hmm, estou com Leah. Hey, porque você está acordada a uma da manhã?”


 


Quase pude vê-la sorrir.


 


“Hmm… eu somente…”


 


Escutei outra voz no fundo e Bella de novo soltou uma risadinha. Franzi o nariz. “Whoa… informação demais. Apenas venha a La Push assim que puder. Okay?”


 


“Sim senhor! Hmm, tenho que ir. Tchau Jake.” Ela disse rapidamente e desligou.


 


Fiquei sentado ao lado de Leah por nove horas seguidas, esperando que Bella chegasse. Ela chegou cerca das dez, deixei Leah para ir me encontrar com ela na minha casa.


 


Bella tinha enormes círculos roxos em volta de seus olhos, e um grande e estúpido sorriso na cara. Seu cabelo estava bagunçado e era óbvio que não tinha se incomodado em trocar de roupa, pois estava com as mesmas de ontem.


 


“Então… Porque estava acordada a uma da manhã mesmo?”perguntei assim que expliquei que íamos para a casa dos Clearwater.


 


“Hmm…” disse e riu de um jeito que me deixou traumatizado. “Se eu te dissesse, você não ia gostar.”


 


“Algo me diz… e por favor, por favor, diz que estou errado... mas, o sanguessuga estava contigo ontem a noite?”


 


Bella sorriu.


 


“Não é da sua conta.”


 


“Isso é um sim?” Bella suspirou.


 


“Sim, Jacob, isso é um sim. Agora, porque estamos indo para a casa do Seth mesmo?”


 


“Não vamos ver o Seth.” Disse enquanto entravamos na casa, eu tentava esconder meu desgosto. Na verdade queria saber o que ela e o parasita estavam fazendo. A conduzi até o quarto de Leah. “Lembra como você ficou depois que o sanguessuga foi embora? Sem comer, sem falar, sem se mover? Apenas olhando para o vazio?”


 


Bella prendeu a respiração. “Sim.” Disse lentamente. “Estava catatônica. Como poderia esquecer?”


 


“Isso é o que está acontecendo com a Leah.” Disse apontando para a porta do quarto de Leah. “Há cinco dias que ela está assim. Pensei... que se alguém pudesse entendê-la… essa seria você.”


 


Ela inalou fundo. “Bem. Vamos nessa.”


 


BPOV


 


Dei um passo e entrei no quarto de Leah. Estava impecável, como um quarto de uma séria de TV, onde ninguém vivia na realidade. Leah estava sentada em sua cama numa familiar posição; enrolada como uma bola, abraçada aos joelhos, com a cabeça inclinada para o lado e o cabelo desordenado. E claro, as lágrimas corriam por suas bochechas.


 


“Oi Leah.” Disse suavemente, sentando ao seu lado. Leah permaneceu calada, seus olhos ainda lacrimejavam. Ela não estava me insultando. Algo definitivamente estava errado. “Escuta, sei o quanto é difícil. Quando… quando Edward foi embora, eu queria morrer. E todo mundo dava tapinhas nas minhas costas e dizia que tudo ficaria bem. Mas não é assim.”


 


“Mas... Leah? Não comer, não ajudará em nada. Ficar sem comer não deixará ninguém feliz. E se pensa em se suicidar novamente, há maneiras muito mais fáceis de se fazer.” Ri um pouco histérica. “Acredite, eu fiz uma lista enorme.”


 


Continuei falando.


 


“Provavelmente você já escutou que eu saltei do penhasco. Sim, eu fiz. Não foi uma das minhas idéias mais brilhantes. Mas eu tinha que tentar.”


 


“Me lembro o quão horrível era, como dói apenas se mover. Provavelmente tentaria me matar, se não estivesse tão congelada. Tentaram tudo, desde subornos a ameaças. Mas não me importava. Nenhum suborno traria Edward de volta.” Sequei as lágrimas que escorriam por meus olhos.


 


“Mas, eventualmente, a vida continua.” Minha voz saiu rouca. “Não importa o quão destroçado seu coração esteja, ele pode se regenerar... sabe o que ele me falou antes de ir? ‘O tempo cura todas as memórias humanas’. E o faz. Sem importar quanto tempo fique sentada na sua cama, a vida passa, e não pode apenas apagar o que quebrou seu coração. Você apenas... tem que aprender a viver com isso.”


 


Fiquei calada por algum tempo, quando de repente Leah me olhou e sussurrou tão baixo que quase não escutei.


 


“Dói.”


 


Instintivamente pus meus braços ao redor dela. “Eu sei, Leah, eu sei.”


 


“Não.” Ela disse se afastando de mim e se recostou na cabeceira da cama. “Não entende. Pedi que me matassem e eles não fizeram. Ninguém!” soluçou. “Ninguém...” soluçou outra vez. “...me entende.” Soluçou novamente.


 


“Eu entendo, Leah. Eu faço!”


 


“Não, não faz.” Espetou. “Quero morrer! Não estou me apoiando na memória de algum maldito sanguessuga!” lágrimas corriam por seu rosto.


 


“Leah…”


 


“Não tenho nada porque viver! Nada!”


 


“E Jacob?”


 


“Jacob ama você.” Soluçou.


 


“Não, ele…”


 


“Apenas vá! Você não me entende. Vai embora.”


 


Sabia que suas palavras eram verdadeiras. Porque naquela época eu não queria morrer, apenas estava deprimida. Inclusive, quando saltei, não era para morrer.


 


Leah precisava de alguém que tivesse querido muito morrer e tivesse tentado, mas que agora não quisesse mais. Alguém que pudesse provar que o suicídio não era a resposta. Mas não conhecia ninguém assim, e não era como se alguém pudesse enfiar isso na cabeça dela...


 


O entendimento golpeou minha cara.


 


Corri para fora do quarto.


 


“Funcionou?” Jacob perguntou esperançoso.


 


“Não. Tem que ser outra pessoa. Alguém que pudesse entender exatamente como ela se sente...” disse, minhas palavras se misturavam pelo estresse que me causava ao proferi-las. A raiva coloriu sua face. Me olhou com enormes olhos incrédulos.


 


“Quer dizer... mas Bella, você não pode estar falando sério!” seu corpo demonstrou a tensão. “Não pode esperar que eu... e inclusive você... Leah nunca...” o medo e a raiva tomaram conta dele.


 


“Sabe que é o único jeito!” sussurrei.


 


Porque era verdade. Se alguém podia entender a Leah... bem, valia a pena tentar. Ele tinham tido, depois de tudo, experiências quase idênticas, exceto pelo fato de Leah não enxergar o erro em suas ações e queria repeti-las.


 


“Eu sei.” Jacob admitiu. “Mas isso não me agrada.” Pude ver o ciúme em suas palavras. Jacob queria que ele pudesse salvar Leah. Ainda assim, nosso plano podia facilmente falhar. Teria que ter a cooperação de ambos...


 


“Jacob, você tem que fazer.” Sussurrei enquanto Leah soluçava dentro do quarto. Entreguei meu celular para ele.


 


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N/A: Muito obrigada pelos comentários! Vocês iluminam meu dia!


 


AGRADECIMENTOS:


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