A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 13
Capítulo 14 - Pré-viagem




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O Denali apoiou o queixo nas mãos, me observando curiosamente.

—É diferente, quase como se houvesse um... bloqueio. Como se alguma coisa já devesse ter saído, mas não saiu. Por que será? – ponderou, pensativo.

—Do que está falando? – questionei, agora confusa.

—Você realmente não faz ideia?

—Não.

—Bree, você tem algum dom. Como Fred, Jasper, ou Alice. Só não consigo dizer o quê, porque tem algo impedindo seu dom de sair. Isso definitivamente não é normal.

 

(...)

 

—Está falando sério? – reagi, incrédula.

O vampiro continuava a me analisar atentamente.

—Qual sua idade?

—16 anos – arredondei, pois teria feito 16 em poucos dias antes de me tornar vampira.

—Refiro-me ao seu tempo como vampira.

—Três meses.

—E nunca apresentou nenhum comportamento diferente?

Olhei de soslaio para Fred, vendo-o negar em resposta à minha pergunta silenciosa.

—Não, não que eu me lembre – respondi ao me virar de volta para Eleazar.

—Estranho. Eu realmente vejo algo diferente em você.

Não soube o que responder, portanto não o fiz. Suas palavras, porém, permaneceram comigo o resto do dia, implicantes. Após essa conversa tensa, Esme mudou o foco comentando da decoração da casa, atraindo a atenção de Eleazar e dando-me uma chance de me tranquilizar. Ele não tocou no assunto novamente naquele dia até irmos embora, horas depois.

—Se algum dia notar algo diferente, por favor me procure. Estou realmente curioso.

Assenti, sem saber se realmente faria o que o Denali pediu. Os Cullen se despediram do clã, e cada um entrou em seu respectivo carro. Notei que Alice não estava presente, e rodei os olhos em volta para procurá-la, falhando na tentativa. O que me chamou a atenção foi a densa floresta, e de repente, senti que precisava pensar sobre tudo que Eleazar havia me dito.

—Bree? – questionou Fred, ao ver que eu não havia entrado no veículo e estava parada em frente à casa.

—Prefiro ir correndo, para pensar – expliquei, e o vampiro assentiu. No entanto, Carlisle saiu de seu carro e se dirigiu a mim, calmo.

—Desculpe, Bree. Vou ter que lhe pedir para vir conosco. Precisamos conversar em casa o mais breve possível.

—Entendo.

A viagem foi curta e silenciosa, com exceção de alguns afetuosos comentários de Esme e Carlisle sobre o clã amigo. Logo havíamos chegado e eu entrei na sala, aguardando o loiro. Meu corpo estava tenso, pois eu sabia que não seriam boas notícias.

—Alice teve uma visão hoje, por isso não veio conosco. Ela viu os Volturi.

—O que ela viu?

—Eles estão impacientes. Quando mais tempo demoramos, mais irritadiços ficam. Precisamos vê-los. Já liguei para a secretária de Aro e avisei de nossa ida, daqui a cinco dias. Eu sinto muito que seja tão breve, mas como expliquei, não podemos irritá-los mais.

Assenti calmamente, mas por dentro, estava um caos. Cinco dias. Minha vida poderia definitivamente acabar em cinco dias.

—Eu disse à secretária que você ainda está se adaptando, por isso demoramos todo esse tempo para entrar em contato. Não queremos um desastre no avião, foi a desculpa que dei. Ela afirmou que os Volturi consideram o prazo razoável. 

—Carlisle, você acha que eles vão me matar?

Ele hesitou, obviamente tentando encontrar as palavras certas.

—Sinceramente, eu não sei. Aro é meu amigo há muito tempo, e realmente há uma chance de ele deixar você viver e ficar conosco, se eu pedir. O problema é que os Volturi não gostam muito de dar segundas chances.

—Então é provável que eu não sobreviva.

Carlisle colocou a mão em meu ombro, e disse:

—Desculpe, Bree. Farei tudo que eu puder para convencer Aro, mas as chances não são muito boas.

—Obrigada, Carlisle.

—Procure não pensar tanto nisso – aconselhou, tranquilizador. – Viajaremos depois de amanhã. Até lá, tente relaxar um pouco.

—Prometo tentar.

Ele deu um sorriso pesaroso. Subi para o meu quarto após terminarmos a conversa, onde me joguei no sofá, completamente desanimada.

—Então, minha morte só foi adiada – sussurrei para mim mesma.

Dessa vez, diferentemente das outras, eu sabia que estava certa.

Os dias passaram muito mais rápido do que eu gostaria, provavelmente porque sempre procurava algo para fazer. Se minha vida realmente estava prestes a acabar, eu queria aproveitá-la o máximo possível.

Alice cumpriu o que dissera, e me ensinou a dirigir. Não demorei mais do que algumas horas para aprender, e finalmente entendi porque eles gostavam de ter carros, além de manter as aparências. A velocidade era excitante. Não ultrapassava a nossa, mas havia algo de adrenalina em dirigir, ao invés de correr. Alice amou meu entusiasmo e quis me levar para comprar um carro, mas recusei. Se sobrevivesse ao encontro com os Volturi, seria com certeza algo que eu adoraria fazer, mas não faria os Cullen pagarem a grande quantia de um carro apenas para usá-lo por poucos dias.

Todos os dias eu tinha que sair para caçar. Apesar de não precisar da grande frequência, devia caçar pela segurança de Bella, mesmo que ela e Edward não aparecessem há dias. Não era preciso ser inteligente para perceber que estavam evitando a mim e Fred, outro vampiro que não ficava muito na casa. Apesar de estar lá como convidado, ficava a maior parte do tempo fora, e a outra me fazendo companhia em alguns momentos, caçando em outros. Eu não sabia onde ele ia, mas também não perguntava; Fred só não ia embora por minha causa, e eu não o cobraria nada.

Seth também preenchia meus dias, fazendo caminhadas comigo ou simplesmente sentando em qualquer lugar para conversar. Era um garoto muito simpático, realmente, só não reagiu muito bem quando soube que eu iria ver os Volturi.

— O quê? Bree, você ficou louca? Não pode ir, eles vão te matar.

—Eu sei, Seth. Mas não há nada que posso fazer.

—Como assim? Por que está desistindo desse jeito?

—Porque se eu não for, eles virão até aqui para destruir os Cullen, e isso eu não posso permitir.

—E se você fugir?

—Eles vão me encontrar.

—Pode fugir pelo mar! Não dá para rastrear vampiros pela água, Bree – insistiu o lobisomem.

—Mas eu não quero passar o resto da minha vida fugindo, Seth – suspirei. – Entenda, não há outra opção. Se for para viver como vampira, quero viver aqui, com a família que me adotou. Não quero ser solitária e fugitiva, não de novo.

Vi em seu rosto que ele finalmente havia compreendido. Suas feições se entristeceram.

—Eu te desejo toda a sorte, então – murmurou, tocando de leve meu ombro. Parecia queimar, do tanto que era quente. No entanto, não afastei sua mão.

—Obrigada. Fico feliz de ter feito um amigo aqui.

Ele sorriu.

—Idem.

Seth não tocou mais no assunto, apesar de eu sentir que era o que queria fazer. Passamos o resto do dia explorando, indo a lugares da floresta que eu ainda não havia visto. Durante a noite, me sentei com os Cullen para assistir filmes, algo que eu nunca tivera muita oportunidade de fazer antes. O lado bom de ser vampiro é que você não cansa, não precisa parar em certo momento para ir dormir.

Assim foram passando os meus dias, divididos entre família, amigos e caça. Eu estava feliz, mesmo sob o constante medo do que estava por vir.

Quando o temido dia chegou, a primeira coisa a ser feita foi me despedir de meus amigos. Fred não poderia ir comigo, pois se soubessem de sua existência, acabaria passando pelo mesmo problema que eu.

—Boa sorte, Bree – disse, tenso. – Espero de verdade poder te ver de novo.

—Você é um bom amigo, Fred. Muito obrigada, por tudo. Eu não estaria aqui se você não tivesse salvado minha vida tantas vezes.

Ele assentiu. Não nos abraçamos, mas toquei de leve seu braço.

—Você foi o primeiro amigo que tive nessa vida. Nunca me esquecerei disso.

—Nem eu – ele murmurou, tocando meu braço. – Vou torcer por você.

A despedida de Seth foi um pouco mais afetuosa, mas não por mais afinidade. Eu e Fred somos amigos, mas não o tipo de amigos que se abraçam e se tocam o tempo todo. Já Seth é mais caloroso, então me deu um rápido abraço que me surpreendeu.

—Isso não é um adeus. Você vai voltar – afirmou ele, com um sorriso que tentava passar tranquilidade.

—Espero que sim. Gostei muito de ter te conhecido, Seth.

—Quando você voltar, te levarei à La Push – prometeu, e franzi uma sobrancelha.

—Vampiros não podem entrar lá.

—Nós daremos um jeito. Você vai gostar da praia.

Dei uma risada, vendo que ele não tomaria um não como resposta. Provavelmente eu nem voltaria, mesmo. Não custava concordar.

—Certo. Se eu voltar iremos.

Quando— ele corrigiu.

Se.

Não continuamos a discussão infantil porque ouvi Esme me chamando. Dando um último sorriso a Seth, voltei correndo para a casa, encontrando a matriarca na varanda.

—Bree, leve uma muda de roupas. Carlisle acha melhor irmos correndo, ainda não é seguro pegar um avião. Não que não confiemos em sua força de vontade – ela se apressou em dizer. – Mas passar horas em um avião apertado e com muitos humanos é tentador demais, e será muito doloroso para você.

Concordei com a cabeça, correndo ao meu quarto para arrumar uma mochila com roupas extras. A viagem até a Itália seria longa, mesmo para nós. Optei por usar uma calça legging e uma camiseta azul, com tênis. Não que eu precisasse de roupas confortáveis para correr, mas elas fariam mais sentido se algum humano por acaso nos visse.

—Vão pensar que estamos acampando – murmurei para mim mesma, com um toque de humor.

 Levei pouco mais de dois minutos para arrumar a mochila e me trocar, e desci. Todos já estavam na sala prontos para sair, e fiquei surpresa ao ver que haviam optado pela mesma escolha de roupas que eu. Até mesmo a vaidosa Alice trajava roupas esportivas, mas claro, devidamente estilosas. Ela piscou para mim quando viu que eu a observava.

—Todos prontos? – perguntou Esme.

Emmett, Rosalie, Jasper, Alice, Carlisle e eu assentimos. Não me surpreendi ao constatar que Edward e Bella não iriam conosco, mas também não achei ruim. Eu sabia que ele queria mantê-la o mais longe possível dos Volturi.

Surpreendi-me, porém, quando estávamos prestes a sair e o casal apareceu. Prendi a respiração assim que vi Bella, atrás de Edward, que me observava cautelosamente, mas sem hostilidade. A humana deu um sorriso tímido para mim, ao qual demorei um pouco a corresponder. Sabiamente evitando olhar as veias pulsantes em seu pescoço, voltei meus olhos para Edward, que se aproximava.

—Viemos te desejar sorte, Bree – disse ele, dando um pequeno sorriso de canto que o deixou bem bonito.

Sorri de volta.

—Obrigada, Edward.

Então ele se virou para Carlisle.

—Mande-me notícias quando puder, Carlisle.

—Pode deixar. Te contatarei assim que possível.

Enquanto eles conversavam, Bella deu um passo à frente, atraindo os olhares dos vampiros. Ela olhou para mim, mas não se aproximou demais. Esperta.

—Boa sorte – desejou, olhando diretamente em meus olhos.

—Obrigada – respondi logo, sem demorar dessa vez. A humana sorriu timidamente outra vez e voltou para trás de Edward, deixando-o visivelmente mais relaxado. Poucos segundos depois eles se foram, e nós também tomamos nosso caminho pela floresta. Inspirei profundamente o ar apenas a quilômetros de distância, onde já não era possível sentir o cheiro, e pude ver o sorriso satisfeito de Esme.

Olhei para trás, para a casa que havia se tornado meu lar, e me peguei pensando se voltaria ou não.


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