Fatinha observava Dinho assistindo à Lia e Vitor de longe, aparentemente tendo um papo bem descontraído. Dinho olhava com decepção pra cena, achava que Lia não tinha interesse nenhum em Vitor porque achava que ele não era o tipo dela. Apesar de saber que eles tinham ficado, ele pensava que era algo que não se repetiria.

– Dinho... Para de olhar isso. - Dinho virou e foi até o balcão.
– Me fala, Fatinha. O que tá rolando entre eles?
– Ué, eles tão ficando... Mas calma, eu acho que não é nada sério.
– Fala sério, Fatinha, você é amiga dele!
– Agora realmente não é sério, tá? Mas sei lá, Dinho. Sinceramente, se ele não tivesse na jogada eu até te dava apoio, mas esquece essa história, parte pra outra também!
– Eu não consigo, não deu pra entender?
– Olha aqui, senhor Adriano. Eu vou pro Misturama agora porque prometi pra galera que ia aparecer por lá. Se você quiser ir, tudo bem. Agora se quiser pagar vale na frente de todo mundo e ficar sofrendo em um canto, pode esquecer que eu sou sua amiga. - Disse Fatinha, indo pro quarto trocar de roupa.

Dinho decidiu ficar na recepção, pensando no que fazer. Quando Fatinha ficou pronta, Dinho decidiu ficar no hostel e foi pro quarto esfriar a cabeça. Fatinha deu "oi" pra todos que via e decidiu não atrapalhar a conversa de Lia e Vitor, que estavam sentados em um canto. Sentou perto e começou a conversar com umas meninas do colégio, dando aquela escutada na conversa quando conseguia ouvir algo.

– E depois do seu término com o Dinho, imagino que não queira nada sério com alguém... - Disse Vitor.
– Olha, se alguém especial surgisse... Quem sabe. - Disse Lia, não falando realmente sério e nem se referindo à Vitor, mas o ego do motoqueiro o fez pensar que essa era uma abertura.
– E se eu te fizesse uma proposta de exclusividade?
– Como assim, a gente não ficar com outras pessoas? - Fatinha pulou da cadeira ao ouvir a frase.
– Ah... - Fatinha interrompeu ele e o puxou pra longe o mais rápido que podia pra fora, pedindo licença pra Lia.
– O QUE HOUVE, FATINHA? - Disse Vitor.
– Você não pode fazer isso, não pode.
– Isso o que?
– Você vai pedir a Lia em namoro, não vai?
– Nossa, você tá ouvindo a conversa dos outros, é isso? Só ia pedir pra sei lá, ficar "sério" com ela.
– Que é outro nome pra namoro.
– Fatinha, não tô entendendo o problema. Dá pra me explicar?
– Ahhh, tá bom. Eu ouvi ela ontem, falando com a Ju sobre vocês dois... Vitor, ela não quer compromisso com ninguém, ela deixou bem claro. - Vitor olhou pro nada, ficando pensativo. - Principalmente com você.
– É sério isso?
– Ela falou que você não servia pra essas coisas.
– Eu não acredito.
– É. Eu juro. Eu achei que você não queria algo sério com ela, como me disse, mas pelo jeito você só não quer admitir nada pra sua amiga.
– Desculpa, Fatinha. Eu não sei nem porque eu pensei em pedir isso pra ela.
– Você gosta dela, Vitor. Para de mentir. Eu já sei, assunto encerrado. Vitor, gostar de alguém não é crime, ok? Eu sei que você quer ser durão e tudo mais. Mas já deu. Pra mim você não mente.

Vitor apenas não disse nada sobre isso. Deu um beijo no rosto de Fatinha e entrou no Misturama de novo. O que andava sentindo quando estava com Lia era certamente algo fora do normal pra ele. Ouvir de Fatinha que Lia não queria nada, especialmente com ele, doeu mais do que qualquer soco que levou em suas brigas de colégio. Voltou pra mesa tentando disfarçar ao máximo o quanto estava triste, mas sabia que Lia logo perceberia.

– Você quer mais um suco?
– Pode ser. Bebe comigo?
– Claro. - Disse ele, fazendo sinal para Nando pegar mais 2 sucos.
– O que houve? Você tá bem atordoado.
– Ah, nada demais, coisas da Fatinha comigo.
– Ah tá...
– Mentira. - Vitor não se segurou e como se as palavras teimassem em sair de sua boca por um impulso enorme, falou o que teve vontade. - A Fatinha ouviu uma conversa sua com a Ju, você disse que eu não servia pra compromisso ou algo assim.
– Fala sério, essa Fatinha! Vitor, eu não falei isso, desse jeito... Você tem que me entender. Você fica com todas, mexe com gente que não te fez nada. Não dá pra te levar a sério.
– Você tá brincando!
– Não estou. Você tirava sarro das meninas apaixonadinhas por você...
– Eu não faço mais isso, Lia.
– Nossa, mas isso foi começo do ano, sabe. Opa, ainda estamos no começo do ano. - Vitor a olhou seriamente, dando a entender que não estava pra brincadeira. - E foi só um exemplo. Você tem que concordar comigo que ter confiança de namorar com você sem ser traída é difícil pra qualquer garota.
– Eu não sou o seu ex-namorado. Dá pra entender? - Disse Vitor, um pouco raivoso.
– Me diz uma coisa, Vitor. Você já namorou antes? - Vitor ficou em silêncio. Não contava seu namoro de 1 ou 2 meses com uma garota que não tinha gostado, como namoro. - Já gostou de alguém antes? - A resposta era não, certamente. - Então, cara... Você tem que entender.
– Você é a única que viu um pouco do meu lado bom e tá falando isso. O que sobra do resto, ein?

Uma discussão ao longe fez Vitor olhar pra trás e ver Bruno pegando Fatinha pelo braço e pedindo em voz alta pra ela parar de infernizar a vida dele. Vitor saiu da cadeira com tanta raiva que chegou a derrubá-la e nem sequer ouviu Lia gritar seu nome com a intenção de impedir que ele fizesse uma besteira.

– Tira essas mãos dela agora. - Disse Vitor, se aproximando.
– Ahhh olha o cara que você transou achando que você vale alguma coisa. - Disse Bruno, olhando pra Fatinha e sorrindo sarcasticamente. Antes de olhar de volta pra Vitor, o motoqueiro pegou a mão dele e a torceu, mantendo-a nas costas de Bruno. Fatinha se afastou dos dois e a briga começou. Alguns tentavam separar, mas Vitor foi rápido e deu uma rasteira em Bruno que caiu no chão. Apesar de ter mais facilidade, Vitor acabou apanhando tanto quanto batia em Bruno. Quando foram separados, ambos sangravam no rosto.