Hinata encarava o cofre aberto apreensiva. A caixa estava lá. Da mesma maneira que Kushina descrevera no dia anterior.

A morena tinha medo de abrir e encarar o que havia naquela caixa. O que podia ter naquela caixa tão pequena que custara a vida de sua mãe e de tantas outras pessoas que eles não tinham notícias?

Hinata hesitou erguendo a mão suavemente e logo a abaixando ainda temerosa. Respirou profundamente antes de erguer a mão novamente e pegar delicadamente a caixa preta entre suas delicadas mãos cor de porcelana.

A morena a colocou dentro da bolsa gentilmente antes de fechar o cofre suavemente e sair rapidamente do navio. Ainda pensando na caixa dentro da bolsa. De repente era como se aquele pequeno objeto pesasse uma tonelada.

A morena correu rapidamente tomando os corredores claros e luxuosos do iate em busca da saída tomando extremo cuidado para não ser vista.

Pelo visto Naruto fizera um bom trabalho distraindo os trabalhadores do navio, já que ela não vira ninguém desde que Naruto lhe dera o sinal para entrar. Agora que a Namikase parava pra pensar, era meio surreal ela ter que invadir o navio que, de certa forma, era dela. A morena não levou esse pensamento muito longe logo voltando o foco a sua missão.

Ela já podia enxergar a luz do sol quando se deu conta de que ela teria que passar pelos funcionários do navio antes descer rumo ao carro de Sakura. Hinata respirou fundo e pôs a cabeça para fora da porta de saída. Viu o aglomerado de pessoas no extremo norte do convés e ao longe visualizou os cabelos dourados de Naruto. Respirando fundo mais uma vez e cruzando os dedos ela olhou para os dois lados e correu o mais sorrateiro possível em direção a ponte do navio e logo ao cais.

Olhando para traz e tendo certeza de que ninguém a viu ou seguiu se escondeu atrás de uma pilha de caixas antes de procurar com os olhos a Ferrari vermelha que pertencia a Sakura. O carro não estava muito longe do esconderijo da ex-Hyuuga e ainda com extremo cuidado ela alcançou o carro.

—Alguém te viu? —Perguntou a rosada logo que a morena entrou no carro sentando-se no banco do passageiro e relaxando os ombros tentando controlar a respiração depois de toda tensão e medo que haviam se espalhado pelo seu esguio corpo rapidamente.

—Acredito que não. Naruto fez de tudo para que nenhum dos funcionários estivesse lá quando entrei e saí. —A morena respondeu enquanto colocava o cinto de segurança e se preparava para o carro partir.

A rosada deu a ignição e ligou o motor do carro.

—Ligue para Naruto. Ele deve estar preocupado. —A loira que estava no banco de traz do carro comentou baixo sendo conivente com a tensão a muito instalada no carro.

Sakura saiu do cais em dispara pegando rapidamente a estrada que os levaria para a casa de Sasuke e logo partindo para a casa de Hinata, enquanto a morena ligava para o marido informando-o de que já haviam saído do local.

O clima de tensão se instalara na sala de estar enquanto os ocupantes aguardavam a chegada de Naruto. A ansiedade instalava um nó na garganta de cada um dos habitantes da sala. Pareciam que todos se encaravam e todos eram observados de maneira que aumentava ainda mais o nervosismo generaliza

Todos tinham as mesmas preocupações em mente. Um cronograma se instalava pesando o nervosismo de cada atividade do dia: Primeiro abrir a caixa e depois se dirigir ao centro de Tóquio por que hoje seria a coletiva de imprensa nas Industrias Namikase na qual o loiro mais novo iria divulgar que já estava em casa se recuperando.

Naruto adentrou a sala segurando firmemente o colar que havia recebido durante seu cárcere. Logo se colocou ao lado de sua esposa que possuía a caixa que sua mãe falara em mãos.

A morena lhe entregou hesitante. Suas mãos tremiam enquanto ela estendia a caixa ao marido. Sua mente dava voltas sempre retornando a caixa em suas mãos passando por todo a informação que ela tinha em mente. Seja o que for que tem dentro da caixa resolveria o caso.

O suspense era tão grande que mal se ouvia o barulho da respiração dos ocupantes da sala, embora todos estivessem tão juntos que não tinha espaço para se mexer no centro da aglomeração. Todos haviam se amontoado em cima de Sasuke e Naruto para ver o que havia dentro da caixa.

O suspense aumentava de acordo com que Naruto se movimentava para abrir a caixa. A tensão já era tão densa que talvez pudesse ser tocada e até mesmo cortada com uma faca. Todos os olhares da sala se prendiam na caixa e na ação do loiro. O movimento parecia durar séculos embora apenas poucos segundos tenham passado.

Respirações suspensas.

Olhos sem piscar.

Lábios levemente entreabertos.

Olhar vítreo.

Foi quando a caixa finalmente foi aberta.

O silêncio da dúvida pairava ainda mais intenso do que o da curiosidade.

O tempo se passava enquanto olhares se cruzavam banhados em questões sem respostas.

—O que é isso? —Sakura foi quem se manifestou quebrando o silêncio que se instaurara no recinto.

Todos se encaravam em dúvida.

—Parece algum tipo de protótipo de chip de computador antigo. —Foi Shikamaru quem responder com um ar pensativo trazendo para si o olhar de cada pessoa do recinto.

—Você consegue ver o que tem nele? —Naruto questionou também lançando um olhar curioso ao gênio Nara.

—Não sei. Vou tentar descobrir... —Ele ainda mantinha o olhar sobre o objeto, porém logo suspirou, agora olhando para o teto enquanto resmungava. — Isso vai ser tão problemático!

Um sorriso apareceu no rosto de seus amigos. A frase característica do jovem moreno tinha quebrado parte da tensão, dando a impressão de normalidade ao ambiente. Porém logo a seriedade voltou após a morena lembrar o que eles teriam que fazer agora.

—Senhor Namikase! Senhor Namikase! —Ouviam-se os gritos por toda a sala assim que Naruto se acomodou na cadeira.

Toda a sua fisionomia deixava claro que ainda não estava recuperado do sequestro. Ainda parecia cansado, curativos espalhados sobre a pele, algumas marcas roxas e evidentes hematomas e inchaços. Além de que ainda aparentava desnutrição, embora já tenha se recuperado da desidratação.

Flashes eram disparados de cada milímetro da sala. O loiro quase não mais olhava para frente tamanho era o brilho causado por tantas maquinas sendo disparadas ao mesmo tempo. O barulho dos gritos era ensurdecedor e o mediador da entrevista quase não era mais escutado, uma vez que ele estava longe de ser ouvido.

Naruto teve que ameaçar se retirar da sala antes de um silêncio fúnebre imperar no cômodo. Parecia que uma densa camada de inquietação e mau agouro descia enquanto todos os repórteres se mantinham ansiosos sob uma falsa fachada de aquietação.

Algo naquele clima deixou Naruto preocupado. Ele se sentia observado, embora tivesse a certeza de que nenhum olhar se descava naquela multidão. Era como se esse mesmo olhar não estivesse nem mesmo presente, mas era como se sua alma estivesse desnuda sendo amargamente observada por alguém inumanamente cruel.

Naruto já havia sentido aquele olhar antes. Um olhar frio e gélido impregnado de crueldade, onde nada nem ninguém importava para o dono desse olhar. Todos eram peças que podiam ser substituídas. Tudo era um jogo. Cada ação, por mínima que seja , era uma jogada. Uma jogada que aquele jogador devia estar À frente, prevendo cada passo para ganhar o jogo.

Aquela era a sensação de ameaça deixada por um sociopata que Naruto passou a conhecer. Ele sabia claramente a quem esse olhar malévolo pertencia e ele não tinha dúvidas de que ele o observava. Naruto se viu nu perante a realidade do desafio. Esse era um jogo que ele não queria estar, um jogo que ele era obrigado a jogar e pela primeira vez ele teve a sensação da realidade do jogo. Não o que ele iria ganhar, nem o que ele iria perder, mas tudo que ele não podia ver nem prever.

Ele estava na mão do vilão, ele podia perder.

Um frio na espinha agora foi sentido pelo loiro enquanto assentia para iniciar a coletiva.

Acabou agora a coletiva de imprensa nas Industrias Namikase. Parece que Naruto Namikase foi resgatado com segurança e passa bem, embora tenha em mente apenas a companhia da sua família e amigos. Alguns comentários dizem que... —A voz da repórter foi interrompida abruptamente no momento em que a televisão foi desligada pelo moreno de sorriso frio e maligno.

Parecia que tudo estava de acordo com seus planos. Agora ele só precisava de uma única coisa para que seus planos dessem certo: Ele só precisava capturar a nova senhora Namikase. Depois disso ele teria os Namikases em suas mãos. Não apenas os Namikases, ele teria o mundo em suas mãos.

Um sorriso sádico impregnava o rosto do homem que não mediria esforços para conseguir o que quer. Um sorriso sádico impregnava o rosto de Uchiha Obito.

Já haviam se passado três dias enquanto Shikamaru lutava para decodificar o Chip e descobrir por que tantas pessoas morreram para protegê-lo. O que poderia haver naquele pequeno objeto que tenha custado a vida de tanta gente?

Mais um clique e poderia ser dessa vez que as perguntas do Gênio moreno seriam respondidas. Apenas mais um clique e tudo poderia mudar. O dedo indicador do moreno pairava sobre o botão do mouse enquanto a hesitação tomava conta de Shikamaru. O sentimento de medo impregnava a mente astuta do homem enquanto perguntas se passavam na sua mente: “ O que será que tem ali? Será que pode me dar problemas? Será que é algo sério? A prova de algum crime talvez. Ou informações privilegiadas do governo. Ou talvez... Não importa. O que importa é: Será que eu realmente quero saber o que tem aqui dentro?"

A apreensão tremeluziu em seus olhos enquanto num impulso o moreno fechou os olhos e clicou fortemente.

Um olho se abria incerto observando nervosamente a tela e num susto o outro se abriu enquanto um atônito Shikamaru escancarava a boca em choque para o que ele tinha em sua frente. Todo aquele suspense finalmente fazia sentido. Agora eles tinham as respostas.

Apenas uma pergunta ficou suspensa no ar: Senhora Hyuga, quem é você?