Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 15
Aquarela.


Notas iniciais do capítulo

Cá está um conto que pode ter continuação, caso achem que carece. O que acontece é que sou uma pessoa extremamente metódica. E queria muito, muito, que o capítulo 15 da fic fosse o último a ser postado enquanto a autora estivesse na qualidade de debutante. Com 15 anos. E o conto ainda não está como eu queria, mas eu faço aniversário amanhã, então hoje é minha última chance.
(Mandem reviews e recomendações de presente, obrigada, de nada).
Nos vemos lá em baixo.



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O anel apertava-lhe o dedo, mas ela não tinha intenção alguma de retirá-lo. Observava o outro, desacordado, ao seu lado na cama. Incomodava-se com a réstia de luz que transpassava a cortina, mas o pensamento de levantar-se para fechar a janela não lhe passava em mente. Tentou adormecer, mas não o conseguiu. Ameaçou se virar de lado, e a simples menção do gesto fez com que aquele que ela observava piscasse os olhos preguiçosamente. Um sorriso brotou em ambos com a promessa de um bom dia.

Espreguiçaram-se ainda, antes de levantarem. Ele, em direção ao banheiro. Ela, passo ante passo, caminhando até a cozinha. A camisa larga deixava os joelhos à mostra enquanto andava. Tornou ao quarto com um prato de ovos, e suco de uva em cálices, que substituía o vinho em falta.

No quarto ao lado as telas interminadas se amontoavam, e eram banhadas pela luz matinal, até serem visitadas pela moça dos pincéis, que já encerrara o café improvisado. O chuveiro denunciava que o homem se banhava enquanto as tintas passeavam no tecido, fazendo o desenho já conhecido por todos. Desenhava, ao campo, longos cabelos ruivos pertencentes à sardenta pequenina que deitava-se na grama. A filha que seu ventre era incapaz de gerar.

E finalmente ela percebeu o quanto sua paleta aquarela era limitada. Queria manter o foco decisivo do preto nanquim. Queria demonstrar a raiva com o acrílico vermelho. E queria, mais que tudo, rascunhar a própria vida como só o grafite permitia. Queria ainda tanto quando respingos molharam-lhe a camisa, no momento em que foi abraçada...

E foi no beijo que voltou a entender o porquê da aquarela. Só aquele colorido diluído tinha a cor da felicidade que sentiu quando, em meio ao beijo, ouviu-o sugerir:

-- Que tal adotarmos?

Sorriu, e o sorriso foi resposta suficiente. 


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Notas finais do capítulo

Então, gaveteiros, é isso.
Agora uma coisa meio chata: Meus apoios estão caindo por terra. E eu preciso que me digam onde estou errando. Prometam-me que dirão, ok? Por favor. É isso, eu acho. Beijos, e té mais.