Pouring Rain escrita por Mirchoff


Capítulo 20
Capítulo XIX – We're just trying to find some color in this black and white world


Notas iniciais do capítulo

hey, galera!
muitíssimo obrigada pelos comentários no último capítulo ♡ fico de ver que vcs nao desistiram de pr, ou de mim *cries*
passei aqui pra dizer que PR TÁ DE VOLTA. O próximo capítulo sai dia 18, e eu vou conciliar as atts com uma outra fic heheh
bom, também queria desejar um feliz aniversário pra marcella! Voce merece tudo de bom nesse mundo, cella, e esse cap é seu ♡
anywayyy, boa leitura.



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Eu encaro as paredes vazias, a sensação de milhões e milhões de borboletas batendo suas asas coloridas em meu estômago.

Certa vez, a professora de Ciências nos pediu que fizéssemos um estudo sobre elas. Sabe, as borboletas. A senhora nos levou até o jardim da escola e lá estávamos nós, todos com os cadernos abertos no colo e os lápis apontados, prontos para relatar tudo o que soubéssemos sobre elas. Encontramos dezenas delas ao mexer entre as flores que haviam por aí, alguns gritando pela aproximação repentina das criaturinhas, outros simplesmente fascinados.

As demais crianças anotaram tudo o que podiam anotar. O diâmetro da borboleta tal, as cores de suas asas, que tipo de flor ela parecia mais gostar. Mesmo que não houvesse outro objetivo além de observá-las, era como se estivéssemos descobrindo o mundo ali mesmo.

Eu sempre gostei de registrar as coisas que via por aí. Guardava as memórias beeem guardadinho dentro da mente, mas naquele dia, vendo aquela infinidade de cores flutuantes e ouvindo a risada dos colegas, eu desenhei. Desenhei as borboletas e as pessoas e tudo o que eu quero nesse momento é tirar o caderno da mochila e registrar o momento.

Bem, eu me contenho.

– Você pode decorar como quiser. – diz Clara, sentada a meu lado no colchão. – pode pintar, também. A gente ajuda! Ou pode colocar os seus desenhos, eu não sei... Tô falando demais?

– Tá tudo bem – rio. – é que... É tudo meio novo pra mim.

A verdade é que, a partir de hoje, esse aqui é o meu quarto. Minhas paredes, minha cama perto da janela, meu abajur em cima da escrivaninha. Eu passei a vida toda dividindo a escrivaninha do dormitório com Frank e Nico. Era como se de repente eu fosse mais independente, mais eu.

– Eu li numa revista que colocar a cama desse lado do quarto ajuda no sono – ela dá de ombros. – porque sei que você tem insônia. Eu também tenho. Mas, se quiser, o Pat te ajuda a colocar do outro lado. E mudar a escrivaninha de lugar e...

É quando ela olha para mim com aqueles olhos amendoados, o verde de suas íris parecendo mais claro. Clara Summers sorri para mim, um sorriso caloroso. Como dias quentes de verão ou o sol brilhando lá fora.

– Quero que você se sinta em casa, Leo. – murmura. – não do jeito que está pensando. O lar é onde o coração está.

Por um momento, não sei o que dizer. Penso nas coisas que mudaram em tão pouco tempo. Penso em meus amigos que deixei no orfanato, penso em Nico e Frank e Hazel que sempre deixava torradas para mim no café da manhã. Com ricota e geléia de morango. Penso em Reyna pegando o mesmo ônibus que eu e como nós passamos a sentar juntos, e andar juntos e ganhando espaço na vida um do outro, mesmo que só de pouquinho em pouquinho. E penso nos antigos treinos de futebol com Percy, em Annabeth torcendo na arquibancada. O sorriso que ela abria só de ver ele se divertindo. A casa do lago que se tornou tão especial para todo mundo, o calor do abraço de Piper e todas as vezes em que Jason sabia o que eu estava pensando só de olhar pra mim. E vice-versa.

Eu sempre tive uma família, afinal. Ela só estava crescendo um pouco, certo?

– Obrigado por tudo, Clara – digo. – tipo, de verdade.

Ela me abraça. Tem cheiro de lavanda e biscoitos recém-saídos do forno. Dias de verão e poesia.

Tem cheiro de casa. Todo mundo tem.

–x–

– Meu Deus, Jason – é a única coisa que digo. – será que você come merda?

Ele balança a cabeça, segurando o riso. Lança para mim outro cabide com uma fantasia de pirata, diferente das outra cinco que eu já segurava. Eu nem sabia que existia tanta variedade assim.

É Outubro, você sabe. Halloween e todas essas coisas que envolvem o Halloween. Todo mundo ama Outubro, e eu me vejo preso dentro da única loja de fantasias de Bristol sem a chance de poder escapar. É domingo, de manhã, eu poderia estar encolhido debaixo das cobertas tendo um bom sono. Então, seria acordado por Phoebe e Lottie e tudo estaria bem. Assim como na noite anterior, quando as encontrei pulando em minha cama, os rostos sujos de pasta de dente. Creio que já passava da hora de dormir, mas era simplesmente impossível resistir àquelas menininhas.

De qualquer modo, mudo o peso do corpo de um pé para o outro. Cedo demais. Obrigado, Grace. Obrigado.

– É 2014, cara. Seja um pouquinho mais original. – suspiro. – pirata é tão... Século XVI.

– Cale a boca. – é o que Jason diz, novamente enfiado entre as araras de roupas. – sabe, eu fico me perguntando quando é que você vai chamar a Reyna para o baile.

Permaneço em silêncio.

É impossível que eu não me lembre dela, no ônibus, falando sobre o Halloween e os vestidos da Maria Antonieta com brilho nos olhos. A escola vai promover uma festa à fantasia no sábado e é claro que Jason tinha me arrastado até ali. Ele continuava com a tradição ridícula de se vestir de pirata todos os anos. Díos, acho que ele se veste assim desde os treze anos. E é sempre a mesma fantasia, não importa quantas opções de chapéu ou de tapa-olho existam.

– É que eu não vou. – dou de ombros.

Ele para e se vira para mim, os braços cruzados e uma expressão irritada no rosto. Qualquer que não o conhecesse ficaria assustado pela combinação altura-e-músculos, mas hey, eu sabia que Jason tinha feito xixi na cama até os doze anos! Ele tinha medo de barata e de sua irmã, Thalia, além de ter escondido do pai que reprovara em Matemática. Posso usar tudo contra ele.

– O quê você acabou de dizer, Valdez?

– Jaz – digo, dando de ombros. – Jazzy, Jazzy, você sabe que eu não vou pra festa.

De verdade, não faria diferença alguma. Eu continuaria sentado em uma das mesas redondas que eles colocariam no salão, um copo de ponche na mão e um pratinho cheio de docinhos temáticos à minha frente. Sabe, aquelas coisinhas que tem todas o mesmo gosto, algumas em forma de aranha, outras de morcego, caveiras e etc. Algumas são puro açúcar, outras de “chocolate” e tem aquelas com recheio de frutas cristalizadas que todo mundo odeia.

Eu gosto, pelo menos. Fica com um sabor melhor.

– Ah, meu caro amigo – ele balança a cabeça. – você vai sim. E vai convidar a Reyna.

– Eu tenho vergonha!

Leo.

Sei que estou perdido. Por essa razão, largo as opções de Jason no banco mais próximo e me enfio entre as araras de fantasias à procura de algo que me agrade.

Eu sempre achei o Halloween divertido, mesmo nunca participando tanto assim. Sempre gostei de ver as pessoas em seus trajes engraçados, alguns tão horripilantes quanto os próprios personagens que interpretavam. Piper gostava de ser Dorothy, de O Mágico de Oz. Nós tínhamos feito essa peça na escola anos antes, e ela adorava aquele vestido azul.

A coisa sobre o vestido de Piper é que ela o tinha ganhado de presente. O tecido tão delicado, feito com tanto carinho. Era exatamente como o que Dorothy usava no filme e quem o fez foi Reyna. Eu posso me lembrar de vê-la tirando as medidas de minha melhor amiga na escola, e do sorriso que Piper fez ao abrir a caixa de presente em seu aniversário.

Como você já sabe, Jason era sempre um pirata. Hazel usava seu vestido branco no estilo Marilyn Monroe. No Halloween passado, Frank fora um astronauta e eu tinha visto Nico urrar de ódio vestindo sua fantasia de cowboy sexy para a festa da faculdade. Tinha sido uma aposta e eram as calças jeans mais coladas que eu já vi na vida.

Doce visão do inferno.

– Ei – Jason para. – ei, ei!

Eu me viro. Ele ergue uma fantasia para mim, quase acertando uma garota que passava com o cotovelo. Ela xinga baixinho e olha feio para ele, mas Jason nem reparou.

– Essa é perfeita pra você – diz. – por favor, confia em mim.

Ergo uma sobrancelha. Às vezes Jason tinha ideias horríveis. Como aquela vez, na quinta série, quando ele disse que seria divertido se nós matássemos aula pra tomar o famoso sorvete de chocolate do Sr. Higgins. Até aí tudo bem, mas só o fato de eu termos rasgado as calças ao pular a cerca da escola, – e eu ter que andar por aí com o casaco rosa de Piper amarrado na cintura –, já me fazia duvidar dos planos dele. Sem falar que fomos perseguidos por um cachorro, nos perdemos e, depois que fomos pegos, tivemos que apontar todos os lápis da sala de aula. Todos. Os calos se lembram.

O que raios eu tô fazendo aqui?

– Ok. – digo. – ok. Eu vou provar.

–x–

Sabe quando você está num restaurante, numa lanchonete, loja ou qualquer outro lugar e tem vergonha demais para perguntar onde é o banheiro? Ou a saída, ou simplesmente se viram sua sacola naquele banco, o celular em cima da mesa. Quando você trava uma luta interna consigo mesmo: devo ou não devo? E fica lá parado, sem fazer nada, só discutindo com o seu eu interior e Jesus Cristo, como você gostaria de ser menos tímido.

Bem, é exatamente assim como eu me sinto.

Exatamente. Assim.

Então eu perguntei pra ela se ela poderia checar a minha resposta no teste – diz Reyna, gesticulando enquanto anda. – porque eu tinha certeza de que estava certo, mas ela disse que não havia mais tempo pra mudar a nota! Eu estou tão... Tão...

A garota suspirou, apertando o passo. Eu me apresso para acompanhá-la, rindo da situação. Nós acabamos de sair da aula de Literatura, prontos pra tomar um café do outro lado da rua devido ao horário do almoço, mas Reyna parece tão eufórica que, sinceramente, cafeína a faria explodir. Rio novamente.

– Irritada? – opino. – louca da vida? Vontade de matar?

– Eu estou me segurando pra não roer as unhas. – murmura ela, então parando perto de seu armário no corredor. A parada repentina faz com que eu quase me choque contra seu corpo, mas o fato passa despercebido por Reyna. – eu parei, sabe? Dois anos.

– Estou orgulhoso de você.

Ela dá um longo suspiro, apoiando-se numa das portas de metal. Seus olhos negros se voltam para mim, como se Reyna soubesse que tenho algo a dizer. Então, os aperta, desconfiada.

– O que você está tramando, Valdez? – indaga.

Eu me posiciono ao lado dela, dando de ombros.

– Só queria saber se você – digo, casualmente. – não gostaria de ir ao baile de Halloween comigo.

Reyna não para. Ela simplesmente congela, meio boquiaberta, arregalando os olhos para mim. Aí, depois de alguns segundos, suas sobrancelhas se erguem.

– Você acabou de me chamar pra ir à minha festa preferida como se estivesse comentando sobre o tempo? – disse, então riu. – é por isso que eu ando com você, Leo.

– Porque... Eu sou lindo e maravilhoso? Tudo de bom?

Reyna balança a cabeça, sorrindo tímida para seus próprios sapatos. Hoje, calça um par de All Star verde, as meias sempre trocadas. Vestido e cardigã.

Ela é como uma borboleta. Reyna faz cara feia e se esconde quando alguém está tirando fotos, e sempre arruma o cabelo mesmo que não haja de errado com ele. Borboletas não conseguem ver suas asas, o quão bonitas elas são. Ou sequer o quanto elas inspiram as pessoas.

Ela é exatamente assim.

– Ah, você sabe. Porque você é você.


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Notas finais do capítulo

yoooo tem mais novidade por aqui: em breve sai uma nova fic, parceria com a fofa da júlia (Júlia Duchannes aka autora de uma das minhas fics preferidas *cries*) ♡ e watch out, kids! vai ser bem diferente do que vcs estao acostumados a ler.
bem, espero que tenham gostado, e até o dia 18!
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