Pouring Rain escrita por Mirchoff


Capítulo 12
Capítulo XI - He's got a fire burning in his eyes


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal, galera! Algumas horas adiantado, mas tudo ok.
Gente, é Dezembro. Em fevereiro, Pouring Rain completa um ano de fic. Passou tão rápido que eu mal percebi.
Obrigada a todo mundo que tá acompanhando a fic. Sério, gente, isso significa muito pra mim. E 100 comentários, wow! Eu nunca pensei que essa fic fosse vingar. E uma fic leyna, ainda por cima. É difícil encontrar shippers, mas aqui estamos nós! Nossa, obrigada. Sério.
Sem mais delongas, boa leitura.



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Meu estômago dá três voltas e ainda faz um lacinho quando vejo as arquibancadas lotadas de gente.

– Cara, eu não posso fazer isso. – murmuro, mais para mim que para Frank, enquanto caminhamos até o vestiário.

Ele não diz nada. Eu sei que está na mesma situação. Todos estão assim, tensos e nervosos.

Eu quero morrer.

O café da manhã reforçado que a cozinheira do orfanato fez especialmente para nós de repente volta. Eu me esforço para não botar tudo pra fora. Eu sempre pensei que esse negócio de nervosismo pré-alguma-coisa-importante fosse mentira... Até hoje.

– Percy, você está ok? – ouço o técnico perguntar quando me sento num dos bancos com os outros jogadores.

Percy movimenta o ombro esquerdo com dificuldade, mas faz que sim com a cabeça. Jason olha para ele e me lança um olhar desesperado. Não digo nada.

Eu tive que desligar o celular para não ficar ouvindo aquela coisa apitar com as (quase) quinhentas mensagens dele. E é claro que ele ficou irritadíssimo com isso, mas foi só ver o estado de Percy que sua raiva se esvaiu.

– Eu consigo jogar. – repete Percy, num tom quase irritado. – me deixem em paz.

O time permanece em silêncio enquanto Jason desenha o quadro do jogo na lousa branca com pincel atômico. Ele parece mais nervoso que todos nós.

Eu e Zack nos entreolhamos assim que Jason termina de falar. Eu não emito nenhum som quando pergunto "É agora?".

Zack assente.

– É isso aí, galera. – o capitão flexiona os braços, respirando – St. Thomas nos espera.

–x–

– Muito bem. – após colocar o capacete, Jason não parece mais tão nervoso assim. – quem está pronto pra acabar com eles?

Os gritos das arquibancadas são ensurdecedores. Eu percorro os olhos por todos aqueles rostos, procurando qualquer pessoa conhecida. Eu não tinha ideia de que os alunos da St. Thomas viriam também.

Eu vejo uma Hazel sorridente com aqueles dedos de espuma. Ela gesticula qualquer coisa, mas suponho que seja para Frank.

Alguns metros longe de nós, encontro uma garota com uniforme de torcida e trancinhas. Piper sorri para mim e eu sorrio de volta. Ela grita algo, mas não posso ouvir. Seus lábios formam um "Boa sorte" e ergo os polegares, tentando dizer que estou ok e que preciso é de um milagre.

Não acho que ela tenha entendido essa última parte.

Nós! – gritamos, respondendo a pergunta de Jason.

– Nós quem? – ele retruca, no mesmo tom.

Bristol High School!

O narrador do jogo convoca os jogadores das suas escolas. Eu não entendi o nome do cara, mas ele deseja um bom jogo para todo mundo.

Enquanto caminhamos até nosso lado do campo, as regras são ditas. Jason me fez ler aquele livrinho estúpido pelo menos três vezes, é lógico que eu tudo isso aí...

Eu me posiciono na frente dos guards e dos tackles adversários. Um garoto monstruoso rosna para mim.

Eu juro que estou tentando não tremer, ok?

– Não sabia que aceitavam crianças como tackles. – disse ele, num tom de deboche.

– Eu tenho dezesseis. – retruco, num tom agressivo. Dios mio... Não gagueja, Leo, não gagueja.

Só para você ter uma noção, geralmente os tackles são os maiores jogadores da defesa. Eu sou um grão de arroz no meio de um monte de azeitonas.

Meu estômago ronca.

Será que vamos almoçar depois do jogo?

Naqueles quadros de jogo, os tackles são representados por DT. Defensive tackles. Eles, ou melhor, nós paramos o ataque adversário e recuperamos a bola para nosso time. Temos os nossos próprios parceiros, os ends. Representados por DE, eles se posicionam nas nos cantos da linha de defesa.

Os ends são os menores e mais ágeis. Por que cargas d'água eu virei tackle, mesmo?

A linha de defesa é, basicamente, assim: end - tackle - tackle - end.

Às vezes, só há um tackle no meio da linha de defesa. O sortudo (está sentindo o cheiro de ironia?) é chamado de nose tackle. NT.

Repasso mentalmente cada uma das posições e suas funções antes que apitem para que o jogo comece. Dios mio, aqueles caras eram enormes. Meus ossos parecem ser feitos de gelatina e eu tenho a impressão de que vou cair no chão e deixar com que a grama absorva meu corpo derretido, mesmo que eu nem consiga me mexer de tamanho nervosismo.

Eu dou uma olhada na arquibancada segundos antes do jogo começar. Reyna ergue um dedo de espuma em minha direção, provavelmente rindo da cara que faço ao ouvir o apito. Ela grita algo, mas não escuto.

–x-

Uma partida de futebol americano dura uma hora dividida em quatro tempos de quinze minutos.

Estamos no 4º e último tempo. Eu perco a conta dos pontos e nem me atrevo a dar uma olhada no placar. Jason faz pelo menos dois touchdowns (6 pontos cada uma dessas belezinhas) e outros jogadores marcam alguns field goals (3 pontos cada) e um safety (2 pontos). Mas, entrei em órbita lá pelo 3º tempo, então não há como saber de nada. Embora não queira olhar, tudo indica que a St. Thomas está quase liderando o placar. Um touchdown nos passaria por um pontinho isso me faz querer sentar no chão e chorar.

Eu tenho vários motivos para chorar hoje. E todos eles incluem a St. Thomas.

O som do apito quase me deixa surdo pela segunda vez.

Eu me jogo em cima do primeiro que aparece pela frente. Meus pés se firmam no chão enquanto ele tenta me arrastar, mas não tem sucesso.

O capacete do se choca contra o chão com força quando ele cai. Por alguns segundos não consigo acreditar que o derrubei.

O surto de adrenalina me deixa com vontade de derrubar todo mundo. Meu sangue pulsa nas veias.

– É isso aí, perded... – um offensive guard parte pra cima de mim antes mesmo que eu aproveite meus cinco segundos de fama.

Os guards são sempre dois e ficam um de cada lado do center, que é o cara que dá início à jogada. Sabe, aquele que passa a bola por debaixo das pernas para o quarterback? Esse mesmo.

A função dos guards nos passes é bloquear os defensive tackles adversários.

No caso, euzinho.

Eu caio no chão como um saco de batatas, no mínimo um metro e meio longe de onde estava. Tudo gira, vejo borrões e a dor que sinto na base da coluna chega a ser insuportável.

O guard simplesmente passa por cima de mim como se eu fosse um nada. Eu olho para o céu, cinzento e feio, desejando que comece a nevar e a neve cubra meu fracasso e eu. Dói.

– Leo – em algum lugar, talvez do lado direito, ou até em cima de mim, Zack grita. – Leo, você...

As palavras dele não fazem sentido nenhum. Minhas costas doem mais que tudo e eu mexo os dedos dos pés. Sucesso.

– Ah, seu cretino. – murmuro, mais para mim que para o guard-jamanta-assassina. – não foi dessa vez que você conseguiu deixar Leo Valdez incapaz de andar.

Eu me levanto, embora ainda haja alguns pontinhos luminosos em minha visão. O jogo não para. Vejo Jason disparar em direçao ao fim do lado adversário. Frank grita algo que não consigo entender.

Jason passa para um wide-receiver cujo nome não tenho certeza se é Mark ou Peter. Percebo que seus ombros (os de Jason, e não de Mark ou Peter) tremem por alguns segundos quando Mark ou Peter perde o domínio da bola.

Temos dez minutos para a fazer a diferença. E, nesse tipo de jogo, a diferença entre dez minutos e dez segundos é praticamente nula.

O quarterback da St. Thomas possui uma expressão assassina. Ele e seus offensive tackles parecem dispostos a passar por cima de qualquer um.

Eu vejo o outro defensive tackle do nosso time cair no chão do outro lado do campo. Jason olha para mim. Eu olho para ele. Sou nose tackle agora.

E corro na direção do QB da St. Thomas.

Dizem que se você acredita numa coisa, mas acredita de verdade, essa coisa acontece. Demora, mas acontece.

Eu quero acreditar que consigo derrubar esse cara. Acredito que posso dar um jeito de me embrenhar no meio daqueles OT gigantescos e derrubar o capitão do time. Ele irá cair no chão e começará a chorar, chamando por sua mãe. E que isso ocorra muito rapidamente, por favor.

Ok, talvez a última parte seja mais impossível que a primeira e a segunda.

Percebo porque Jason me colocara como tackle. Eu posso ser meio aborrecido e um pouco distraído, um pouquinho chato e às vezes falo demais, mas jogar é como desenhar. Se eu souber o que fazer, eu faço. Linhas rápidas e precisas.

E sou rápido. E preciso.

Os OT não me notam até que o corpo do quarterback se choca contra o meu.

Pela segunda vez, eu alcanço voo. E ele também.

Soam o apito. Partida acabada.

– Merda! – um dos tackles chuta a grama, as mãos na cabeça. – merda, Richard! Como é que você deixa esse... Essa criança chegar perto do capitão?

– Você que não o viu! – retruca Richard, um dedo apontando para o peito do outro.

Eu os observo dali mesmo, do chão. E sorrio. Não ouso me levantar.

A torcida vai à loucura. Jason grita qualquer coisa a plenos pulmões e o resto do time o acompanha.

Eu fico ali, observando o céu cinzento. Tudo ainda dói um pouquinho, mas nada chega perto da sensação de ganhar algo. De fazer parte de algo.

Aquela sensação gostosa some assim que movo a cabeça para a esquerda.

Percy permanece deitado no canto do campo, completamente sozinho, por alguns segundos. Está de costas, a mão apertando as costelas. Eu sinto um gosto amargo em minha boca.

Uma garota grita e a identifico. Annabeth.

Eu me levanto, arrancando o capacete. Grito com o resto das pessoas, insultos que não consigo entender e pedidos de ajuda. Por que eles não vêem? Será que ninguém percebeu que o punter está no chão?

Me viro, irritado, na direção de Percy. E corro.

É quando ele se vira, se contorcendo por completo. A dor em seu rosto faz meus dedos formigarem.

É o ombro. É sempre o ombro.


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Notas finais do capítulo

Percy, me perdoa?
Boas festas, galera, tudo de bom pra vocês. Eu não tenho muita certeza de quando sai o próximo capítulo porque vou viajar e tals, mas tem novidade: eu baixei o app do wattpad, então dá pra escrever por lá. Eu vou poder escrever a fic no celular e depois salvo, e quando tiver a oportunidade, é só pegar o notebook e postar aqui. YAY!
Anyway, até a próxima.