Reyna é de origem hispânica. Ela tem o mesmo cabelo escuro que eu, embora sua pele cor de leite me faça duvidar de sua ascendência. A maioria dos garotos gosta dela. Inclusive eu. Ela mora na casa em frente ao orfanato onde eu, Hazel e mais alguns alunos moram. Eu a vejo todo dia. Enquanto Hazel costuma pegar carona com Thalia e Jason, eu pego o mesmo ônibus que Reyna.

Ela sempre se senta na quinta fileira. Eu gosto de ficar de pé, dois assentos longe dela. Foi assim que notei que ela geralmente pega um livro e fica lendo, ou faz palavras cruzadas. As pessoas dizem que Reyna é séria demais, mas eu gosto disso.

Ela quase nunca sorri. Eu gosto do sorriso dela. Ela devia sorrir mais.

Ela não gosta de pizza, nem de café puro. Sua matéria preferida é álgebra, ela não gosta de biologia. Ela adora fazer qualquer tipo de redação.

Reyna gosta de frappucino com muito creme e pouco caramelo, gosta de ler livros sobre romances policiais. Ela não pisa nas rachaduras na calçada. Ela não gosta de usar meias da mesma cor. Ela gosta de cantarolar trilhas sonoras de filmes desconhecidos.

Reyna e Jason já namoraram uma vez. Por um longo tempo. Eu não sabia que gostava dela, naquela época. Acho até que tinha desenvolvido uma paixonite pela Piper, mas não era nada. Lembro de passar fins de semanas na casa do Jason, com a turma toda lá. Piper, Frank, Hazel, os Stoll, Nico. Uma vez, eu ajudei Reyna a distribuir cobertores pra todo mundo, acho que foi aí. É claro que Jason percebeu. Ele sorriu e me deu um soquinho no ombro. Semanas depois, ele e Reyna resolveram ser só amigos.

Dizem que eu sou o oposto dela.

Eu gosto de sorrir, de fazer as pessoas rirem. Eu gosto de café puro de manhã. Gosto de ler edições de histórias em quadrinhos que nem vendem mais, e de comer pizza com ketchup. Eu odeio álgebra, eu gosto de sociologia, e de desenhar.

Às vezes, me pego desenhando-a no canto dos cadernos. Olhos grandes, negros e de dar medo. Cílios longos. Maçãs do rosto altas e bochechas coradas. Lábios rosados e pele cor de leite. Cabelos longos e escuros como breu, na maioria das vezes preso numa trança que só ela sabe fazer.

Talvez sejam essas coisas que fizeram com que eu me apaixonasse por ela. Ou talvez seja o fato de que ela não me ignora por completo, como faz a maiora das garotas. Talvez sejam os olhos dela.

Talvez você me ajude a descobrir.