Nota: Este capítulo contém spoilers , fica o aviso.

Capítulo 12

O fraco é devorado, essa é a lei no Hueco Mundo.

Ele jamais imaginara chegar a ser um Adjuchas. Por isso ficou tão orgulhoso de seu tamanho colossal e força quando conseguiu, certo de que poderia desfrutar de uma relativa tranqüilidade a partir de então, mas logo descobriu que estava enganado e sua “paz” não durou quase.

Já perdera a noção de quanto tempo estava sendo perseguido por aquele ser que os outros classificavam como Arrankar. Tudo que sabia a respeito era tratar-se de hollows que tinham sido modificados pelo poder de um shinigami chamado Aizen Sousuke, que por qualquer razão, há anos, se apossara de Las Noches e, ao lado de seus comparsas, vinha tornando o Hueco Mundo um lugar ainda mais detestável. Fosse como fosse, não dava a mínima para nada daquilo, apenas não queria ser devorado!

Se confronto direto era derrota certa, sendo o nível do adversário muito maior, o que poderia fazer? Não tinha a menor ideia, contudo, uma certa vantagem surgiu quando, depois de ter trocado alguns golpes com o Arrankar, algo inesperado aconteceu com sua couraça e, a cada ataque recebido, parecia que ela tornava-se mais endurecida, mas mesmo assim, estava a um triz de ser alcançado.

Exaurido, chegou a achar que era o fim, mas a gana de continuar existindo o impeliu a fugir e, contrariando até a própria expectativa, deixou o perseguidor para trás, abrindo enorme distância entre eles. Foi então que a sorte ainda lhe sorriu, pois, uma fenda dimensional aberta em algum ponto perto dali, fez chegar até ele uma reiatsu incrivelmente poderosa.

Estranhou que aquilo viesse do Mundo Real, mas pensou que se devorasse o ser detentor daquela energia, tornar-se-ia forte o bastante para liquidar o maldito Arrankar. Rumou em direção à fenda.

Lá, alguns hollows de casta inferior estavam prestes a invadir o outro mundo. Num instante, devorou a todos, pois eram minúsculos se comparado a ele. Depois, alargou a fenda para que pudesse passar, tomando o cuidado de reduzir sua reiatsu a um nível incrivelmente mais baixo. Não era fácil controlar aquilo, mas precisava despistar qualquer shinigami que estivesse pronto a interceptá-lo.

E foi o suficiente... De fato, aquele era seu dia de sorte!

Deslizando pelo céu noturno, sorrindo sadicamente, ele chegou a se surpreender quando notou que não havia ali apenas uma pessoa cuja reiatsu era elevada, mas várias. Seguiu então, guiado pela mais forte delas.

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Ichigo sentia-se caminhando nas nuvens sempre que ficavam apenas ele e Rukia. Por isso, vinha andando tão devagar, desejoso que o caminho não terminasse nunca. Em casa tinha que agüentar a chateação do pai, além das tantas obrigações. Na escola era a mesma coisa, e nas reuniões dos assuntos ligados à Soul Society também. Só nos curtos trajetos de um lugar ao outro, ele tinha Rukia só para si, sem precisar temer que alguém quebrasse o clima romântico entre eles.

Tudo bem que às vezes um hollow aparecia, mas isso já não era um grande contra-tempo agora que tinha se tornado bem mais forte, e mesmo os tais hollows mutantes já não o preocupavam tanto depois daquela última reunião. Deixando os monstrengos de lado, voltou a pensar em Rukia.

Apertou forte a mão dela contra a sua e, de repente, umas cenas malucas foram se formando em sua mente. Então ele se viu seqüestrando a princesinha Kuchiki e fugindo com ela para muito, muito longe, para aquele país enorme lá do outro lado do mundo, na América Latina, o qual ele não conseguia pronunciar o nome direito, porque tinha um “B” junto com um “R” logo no começo e um “L” sozinho no final!

– ...está querendo quebrar meus dedos? - falou Rukia, estourando o devaneio dele, fazendo-o espichar feito um gato.

– Gomenasai... - disse baixinho depois de uns instantes, todo sem graça e afrouxou o aperto até quase soltar a mão dela.

Rukia ergueu o rosto e notou que ele tinha as orelhas vermelhas.

– ...o que foi? No que estava pensando? - indagou incisiva, parando de andar inclusive.

– Er... nada... - e puxando-a retomou a caminhada – ...a gente não podia tomar um milk shake? - sugeriu para mudar o assunto.

– Seu relógio tá quebrado?! - devolveu irônica. – Devíamos estar na cama há horas.

O jovem tentou não maliciar, de verdade, mas não conseguiu resistir.

– Na cama? Juntos? - retrucou ele.

Foi a vez da nobre se espichar toda.

– Seu... hentai duma figa! - esbravejou, cravando as unhas na mão dele e com uma áurea sinistra rodeando o corpinho magricelo – ...eu te ensino a me respeitar!!

– ...Nee-chan, calma... - choramingou tremendo, vendo ela girar o punho preparando um gancho de esquerda que por certo o deixaria banguelo, mas, do nada, Rukia parou.

Ele chegou inspirar de alívio, mas logo compreendeu que a razão daquilo não tinha nada a ver com mercê da parte dela. Os dois se entreolharam, sentindo a reiatsu de um hollow. Então, se endireitaram e viraram para trás. Lá estava o monstro.

– Que?! - exclamou Ichigo, abismado com o que viu, pois o hollow era gigantesco.

– Mas que raios é isso?! - disse Rukia de olhos arregalados.

Não era um Gillian e para um Adjuchas parecia grande demais. Tinha o corpo revestido por uma couraça e seu tamanho cobria toda a extensão da larga avenida, contando a calçada de ambos os lados.

Num lampejo, Rukia pensou que os danos à cidade e o número de feridos seriam enormes caso o movimento naquela rua fosse o costumeiro, mas, providencialmente, justo naquele quarteirão, o trânsito tinha sido desviado em função de obras. Além disso, o mau tempo também afugentou os cidadãos, pois ainda há pouco chovia forte.

O casal ficou uns instantes só fitando o gigante, mas logo saíram do estado de torpor, quando aquele lançou-lhes um riso de escárnio, demonstrando estar ciente de que os dois não eram pessoas comuns.

– A reiatsu deste também é estranha... - comentou Ichigo, sem tirar os olhos da criatura.

– Eu percebi...

– O que fazemos?

– Devemos acabar com ele. A Soul Society já tem os dados que precisava. Vamos! - chamou naquele tom típico e engoliu a gikongan em seguida.

Ao assumir a gigai de Rukia, Chappy ficou tão acuada com o tamanho do hollow que tratou de se esconder o mais rápido que pôde, sem nem fazer caso do corpo de Ichigo. Mais lento, o jovem Kurosaki buscava ainda o distintivo de shinigami substituto, mas então aconteceu do hollow soltar um urro tão estridente que ele deixou o objeto cair.

– Merda! - praguejou ele.

Vendo o inimigo se aproximando, Rukia tomou à frente dele, obviamente para protegê-lo, o que sem dúvida, o deixou ainda mais mal humorado.

– Rápido! - gritou ela.

– Já vou... - disse, vendo que o distintivo quase se perdera num bueiro e, no que ele se abaixou para alcançá-lo, sentiu um veloz deslocamento de ar próximo ao rosto.

Ergueu a cabeça na mesma hora e, no instante seguinte, seus olhos estáticos viram Rukia ser atingida em cheio por algo tão forte que fez seu corpo espiritual voar baixo, e logo ser bruscamente detido contra um poste de ferro.

– RUKIAAA!!

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Orihime sorriu discreta quando Uryuu pegou em sua mão. Ela ainda ficava meio envergonhada com aquilo, mas, naquele momento, até gostou.

– Noite agradável né, Inoue-san? - indagou ele em sua típica gentileza.

– Já não precisa me chamar assim... - advertiu, mas num tom bem meigo.

– Ah, desculpe-me... é o costume - retrucou meio corado.

– É sim... - respondeu ela, achando engraçado ele ter ficado sem jeito. – ... gosto desse cheirinho que fica depois da chuva.

Cativado pela graciosidade dela, sorriu consigo, feliz por estarem juntos.

– Ah é, Ishida-kun... digo, Uryuu, você não achou que o Urahara-san estava meio esquisito hoje?

– Esquisito?

– É... ele me pareceu meio triste.

O quincy ia retrucar, mas emudeceu ao sentir uma forte reiatsu.

– Um hollow?! - indagou a moça diante da expressão séria dele, uns instantes depois.

– É o que parece... e vem de lá... - apontou a direção.

– Foi por onde Kuchiki-san e Kurosaki-kun foram... - acrescentou ela.

– É mesmo.

– Não seria bom ir ver se está tudo bem? Não parece ser um hollow comum... - disse visivelmente preocupada.

Atencioso, Uryuu ficou na dúvida se toda aquela preocupação dela não era sobretudo por causa de Kurosaki, mas, afastando este pensamento da mente, ele falou:

– Vamos ver o que é.

Ela assentiu com um gesto e, em seguida, os dois saíram correndo lado a lado.

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Com a Soul Society mais centrada nos Arrankar, o aparecimento de um hollow comum numa área repleta de fortes aliados, talvez passasse despercebido. Por isso, Kurosaki Isshin decidiu checar de perto o que acontecia.

Era melhor prevenir do que remediar. Foi isso que ele pensou quando deixou sua clínica, instruindo Karin e Yuzu, a não saírem de dentro de casa.

Perspicaz como sempre, Karin imaginou que devia ser algo relacionado com os hollows, por isso, acatou a recomendação sem criar caso ou fazer perguntas.

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O perigo diante de si pareceu perder a seriedade e, feito um zumbi, ele correu até o corpo caído.

– Rukia!! Rukia! - berrou, sustentando-a num braço.

--Não precisa chorar, moleque idiota, em dois tempos vai se juntar a ela.-- provocou o hollow, com a voz abafada pela máscara e avançou na direção dos dois.

Num instante, a mão gigantesca do monstro gerou uma sombra tão grande que escureceu tudo ao redor de Ichigo. Ele não conseguia reagir ou pensar, tudo que fez foi apertar o corpo da namorada contra si, esperando que o nada os esmagasse.

– ICHIGO!! - alguém gritou e uma rajada de energia foi disparada por esta pessoa.

Apesar de potente, o ataque sequer arranhou o hollow, mas foi o bastante para que ele detivesse a mão suspensa no ar, a milímetros da cabeça do adolescente. Irritado, o gigante virou-se ao ator do ataque, defrontando-se com o rapaz alto e de pele bronzeada.

– Chado? – murmurou Ichigo.

-–Que tipo de ser é você?! Um hollow num corpo de humano!?-- indagou o monstro, confuso.

– O que? - indagou Sado, completamente confuso. – O que quer dizer com isso?

Mas antes que qualquer outra coisa fosse dita, Uryuu e Orihime chegaram ao local.

– Sado-kun, Kurosaki-kun! - gritou a jovem, e logo estava petrificada diante da cena de Rukia vomitando sangue. – Não pode ser! - e tampou os lábios com as mãos.

Apesar do susto, o quincy sacou seu arco sem perder tempo e disparou com tudo, pronto a colocar fim à confusão, mas qual não foi sua surpresa quando viu que sua flecha não causou dando algum ao hollow.

– Mas como?! - balbuciou incrédulo.

Rukia tossiu e ergueu o rosto a Ichigo.

– ...lute... - murmurou com extrema dificuldade.

Ele arregalou os olhos, saindo da letargia na qual tinha entrado. Pensou que se Inoue estava ali, poderia curar Rukia completamente, assim, recobrou o espírito de luta. Largou então o corpo da shinigami no chão, com todo cuidado, e ergueu-se de súbito. Soltou um brado de raiva e correu para pegar o distintivo.

Indiferente, o hollow continuava encarando Sado, intrigado, até que começou a se mover devagar na direção dele. Aproveitando a brecha, Ichigo assumiu a forma shinigami e já surgiu com sua bankai materializada na mão! Moveu os dedos à frente do rosto, fazendo surgir sua máscara de hollow e depois concentrou sua força para um ataque.

Ao sentir a reiatsu dele o hollow ficou ainda mais perplexo e, na mesma hora, voltou a cabeça imensa para o outro lado.

--Um hollow com vestes de shinigami?! Mas que raios de lugar é esse?!-- indagou perturbado com todos aqueles seres estranhos.

–-Não precisa se inquietar... em dois tempos não precisará mais saber... Getsuga Tenshou!--

A meia lua rubro-negra, tão imensa quanto o hollow, saiu destroçando o asfalto, enquanto, o titã permaneceu parado, como quem esperasse a morte, até que o impressionante ataque o atingiu. Um borrão escuro preencheu o espaço onde o monstro estava e quando se dissipou, alguns instantes depois, cinco pares de olhos arregalados viram que...

...absolutamente nada aconteceu.

ooo ooo ooo ooo

Na Soul Society, no quartel do décimo segundo esquadrão.

– Capitão, temos um padrão estranho em Karakura... - alertou Akon atento ao monitor a sua frente.

– Arrancar? - retrucou Kurotsuchi, desinteressado.

– Não... os sensores não conseguem identificar.

– Como é? O que significa isso?! - disse e se revirou no assento.

– É tão poderoso quanto um Arrankar, mas não há dúvidas que é um hollow.

– Um mutante! - deduziu certeiro. – Rápido, mande uma mensagem antes que o pirralho substituto o destrua!

O oficial tentou contatar Rukia.

– Não há resposta - disse depois de uns instantes.

– Bando de inúteis! - vociferou. – Se eu perder este espécime, mato todos vocês!

O pânico foi geral, pois eles sabiam que era sério, mas o que poderiam fazer?

– Bah, eu vou - resolve-se Mayuri – ...abram um portal agora mesmo!

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Isshin ficou escondido numa viela próximo ao local onde o confronto com o hollow acontecia. Não tinha intenção de interferir, mas depois de ver os ataques de Uryuu e Ichigo falharem, pensou que não poderia ficar de braços cruzados.

– Este aí... consegue ser maior ainda que o Grand Fishier... - comentou acerca do hollow – mas para o Getsuga Tenshou não funcionar, significa que aquela couraça é tão resistente quanto a pele dos Arrankar... Se é assim, o melhor é usar kidou... - ponderou ele consigo.

Então estendendo as duas mãos à frente do corpo, começou a recitar um encantamento num tom bem baixo:

– “Grande rei, ele que é coroado, veste uma máscara de carne e sangue e possui dez mil asas, crave uma lótus gêmea em uma parede de pálidas chamas azuis, e espere as labaredas alcançarem os paraísos distantes.” - fazendo uma breve pausa, finalizou no mesmo tom: – Hadou 63: Souren Soukatsui.

Atingido pelas costas pela bola de fogo, o titã tombou muitíssimo ferido, mas não estava vencido!

– Não é que o bichinho é forte... - disse um tanto surpreso por seu truque não ter incinerado o hollow, mas claro que depois daquilo qualquer um dos jovens poderia finalizar o serviço.

Assim, caminhando feito um cowboy, Isshin veio até os adolescentes, os quais olhavam em sua direção, visivelmente chocados e boquiabertos.

– O que está esperando pra acabar com ele, Ichigo!? - perguntou ao filho num tom matreiro.

O choque do rapaz foi tremendo, mas o instinto o fez obedecer. Era mais importante liquidar o hollow do que saber que raios seu pai fazia ali.

--Getsuga Tens-... - gritava quando um portal Seikaimon apareceu bem a sua frente.

– Bankai! - bradou Kurotsuchi Mayuri imediatamente assim que saiu pelo portal.

Convencido de que a situação não tinha como ficar mais estranha, o jovem Kurosaki quase teve um surto ao ver uma centopéia gigante aparecer próxima ao portal que se fechava.

– Konjiki Ashisogi Jizou! Capture aquele hollow! - ordenou Mayuri.

Urahara Kisuke chegou ao local no instante em que a bizarra bankai de Mayuri se materializava, mas ficou escondido.

– Ora, ora... o que temos aqui... - falou consigo acerca do atual capitão da sua antiga equipe – ele vai mesmo longe para obter material de estudo.

Enquanto sua bankai resolvia o problema (mas isso só porque ele já tinha estudado um bocado a mutação dos novos inimigos), Kurotsuchi não fez caso de Isshin, talvez nem soubesse quem ele era, mas captou de imediato a reiatsu de Urahara e foi até onde este estava.

– Chegou tarde, Kisuke... - provocou naquele tom irritantemente cínico.

– Ah, fique a vontade capitão Kurotsuchi... - retrucou educado como sempre.

– Não adianta me bajular, não vou compartilhar informação alguma com você!

A vontade do loiro foi rir, mas sensato que era, tirou o chapéu em sinal de humildade e retrucou:

– Não se incomode comigo, eu só vim porque não imaginei que a Soul Society mandaria alguém de tão alto posto para dar cabo de um hollow apenas.

– Pouco me importa o que imaginou ou deixou de imaginar. Já tenho o que vim buscar.

Depois disso, Mayuri reabriu o portal e, sem mais delongas, foi-se.

– Convencido... - Urahara chegou a dizer entre os dentes.

Uns bons minutos se passaram até que tudo se acertasse.

Urahara convenceu Sado, Uryuu e Orihime a seguirem cada qual para suas respectivas casas. Rukia no entanto, teria que voltar à loja com ele, pois, mesmo que já estivesse curada, graças a amiga humana, precisaria ser examinada por alguém do quarto esquadrão.

Isshin insistiu um tanto enfático que Ichigo voltasse com ele, mas não houve quem o convencesse a deixar a namorada e diante de sua expressão desolada, acabou conssentindo que ele fosse junto com Rukia e Urahara.

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Rukia dormia, mas Ichigo não conseguia desligar, tendo a mente tomada por temores, além da raiva que sentia de si mesmo. Por essa razão não se exaltou com o fato de estarem apenas ele e Rukia naquele quarto que Tessai tinha preparado para eles. A realidade de ter sido pego de surpresa, pela terceira vez, por meros hollows, o atormentava.

Se hollows normais causavam tamanho estrago, qual não devia ser o poder de Aizen Sousuke para ousar dominá-los? Como poderia vencer tais inimigos? Por que parecia sempre tão despreparado? Achava que o nível de seus adversários estivesse estagnado e que sua bankai e máscara fossem imbatíveis, mas agora percebia que não.

Inconformado, virou de bruços e socou o chão de madeira. Rukia acordou por conta disso.

– O que foi? - indagou, virando o rosto a ele.

Ichigo não deu resposta e apoiou a testa nos braços cruzados para esconder o rosto dela. Suspirando, Rukia se ergueu e pousou uma mão no ombro dele.

– Não comece a se culpar... - falou séria, mas, ao mesmo tempo, amena também.

Ele virou a cabeça par ao lado oposto ao que ela estava e indagou num murmúrio:

–...onde isso vai parar?

Rukia não soube o que responder, sentia a aflição dele, mas já não era como antes quando um sermão bastava para reanimá-lo. Então, num impulso irresistível ela o abraçou.

Ichigo piscou desconcertado, ao sentir as mãos delicadas por sobre seus ombros e o colo dela em suas costas.

– ...seja onde for, vou estar lá com você... - falou baixinho, junto à orelha dele.

Claro que aquela proximidade fez o sangue dele ferver, mas a ideia de que não era forte o bastante para protegê-la roubou o calor que se espalhara por seu corpo no mesmo instante.

Sem imaginar as aflições dele, Rukia ficou afagando os cabelos dele, até cair no sono poucos minutos depois.

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Na manhã seguinte, muito cedo, na Soul Society...

Kuchiki Byakuya adentrou o quartel do décimo terceiro esquadrão em razão de um chamado do capitão Ukitake.

– Prestativo como sempre, capitão Kuchiki - comentou Ukitake depois de um bocejo.

– Tenho muitos afazeres para hoje... diga-me logo o que quer.

– Ôh, vamos com calma... - pediu acuado – ...muito bem, ontem um hollow invadiu Karakura... Rukia e o shinigami substituto tiveram problemas para liquidá-lo.

– Um simples hollow? - retrucou descrente, já demonstrando alguma zanga na voz.

– Um hollow sim, mas que de simples não tinha nada, era um Adjuchas... como temíamos os outros Menos também estão sofrendo mutações.

Kuchiki manteve a expressão impassível enquanto ouvia o outro capitão, prestava atenção, mas a ideia de que Rukia não tinha dado cabo de um “simples hollow” o deixou realmente bravo.

– ...no fim, Kurotsuchi capturou o hollow... à uma hora dessa, o tal deve estar fatiado em centenas de pedaços.

– O capitão Kurotsuchi foi ao Mundo Real por causa de um hollow? - indagou no mesmo tom de incredulidade.

– Are, are... Byakuya, não está ouvindo? A situação não é tão simples quanto parece.

Indignado com a chamada do outro, o jovem nobre deu vazão à zanga que já o rondava com relação a Ukitake.

– O que está bem patente aqui é a incompetência de sua oficial e a falta de seriedade de seu capitão - retrucou incisivo, tal qual suas lâminas de sakura.

Ukitake suspirou. Kuchiki Byakuya mal humorado e a par de que sua superprotegida irmã enfrentava problemas, era, definitivamente, a última pessoa no mundo que ele iria querer encarar logo pela manhã.

– Byakuya, a situação é realmente séria... A ida de Rukia pra lá pode ter sido casual a princípio, mas agora é necessária... - justificou-se com seriedade, e raios era verdade!

– Muito bem... se houver algo realmente relevante que eu precise saber, envie-me um relatório - disse na típica ousadia. Depois, deu as costas ao mais velho e foi saindo.

– Espere! Aonde você vai?

– Ao Mundo Real - respondeu sem se voltar, deixando para trás um Juushirou bem alarmado.

CONTINUA...