Quando Madison tornou a acordar, já se passavam das onze horas. Só foi possível que ela despertasse, pela ajuda de Almofadinhas. Na verdade, não foi bem ajuda, o gato saltou sobre o rosto dela. A garota acordou com o susto.

Assim que ela levantou, viu que Safira e Isabelle ainda dormiam, então, tratou logo de acordá-las porque já estava tarde. Madison acreditava que seus pais haviam saído para trabalhar, Megan tinha uma entrevista marcada para hoje e o grande jogo de Quadribol de Alvo também era hoje. De adulto no Caldeirão Furado só tinha mesmo Felipe Phelps, que dés de ontem estava falando com a filha.

Isabelle resmungou para acordar, mas, logo já havia trocado de roupa enquanto Safira arrumava o cabelo. A porta do quarto se abriu repentinamente e Madison achou que fosse Nicholas, porém, era Emma. O coração dela se apertou, o que diria?

― Oi meninas ― Emma disse de modo simpático, mas sem animação e se sentou em sua cama.

Madison olhou para Safira e Isabelle com um olhar desesperado. "O que eu vou dizer?" era o que o olhar de Madison falava. Emma observou as três amigas por um instante, se desarmou e respirou fundo.

― Não precisam falar nada ― ela disse brevemente.

― Claro que precisamos! ― Madison se intrometeu agitada ― E-Eu sinto muito, mesmo. Queria poder descobrir uma saída para isso, queria ter impedido, eu juro, Emma. Ah, eu me sinto tão inútil.

― Todas nós nos sentimos ― completou Safira séria.

Emma limpou discretamente uma lágrima que escorreu dos seus olhos e olhou para as amigas dando um breve sorriso acalentador.

― Eu sei ― ela disse ― Também sei que vocês não poderiam fazer nada a respeito disso. Vocês não poderiam em hipótese alguma enfrentar os comensais. E não pensem que está sendo fácil para mim, pois não está. Meu pai que mandou eu ser forte e me deu isso ― ela ficou de pé e mostrou na palma da mão um cordão com um coração que se abria, e lá no fundo tinha a foto da mãe que se mexia, a foto sorria ― Ela sempre estará comigo ― murmurou apertando firme o coração de ouro contra o peito.

Madison, Isabelle e Safira não disseram nada, apenas abraçaram Emma. Quando se separaram, Isabelle sorriu e tirou um saco bege dentro do malão. Dentro do saco havia várias caixinhas de sapos de chocolate. Elas se sentaram para comer, pois, chocolate sempre anima.

Madison comeu um sapo de chocolate e pegou outro. Saiu do quarto avisando que iria procurar Almofadinhas ― que havia sumido misteriosamente do quarto.

Ela atravessou o corredor olhando para baixo, entre os buracos nas paredes e no chão. Achar um gato cinzento é um pouco complicado quando tudo a sua volta parece igualmente cinza. Madison acabou trombando com alguma coisa, ou alguém e caiu. O sapo de chocolate pulou da caixinha e se foi para dentro de um buraco no chão de madeira.

― Eu sinto muito ― disse uma voz masculina. Com certeza Madison trombara com alguém.

― Ah, certo ― Madison viu uma mão estendida para ela e agarrou-a para levantar. Quando ergueu os olhos, espantou-se. Era Adam Walker ― Você sabe ser gentil? Estou surpresa.

― De nada ― ele resmungou ― Pensei que eu tivesse trombado com outra pessoa, não vi que era você. Mas, vejo que perdeu um sapo de chocolate.

― Sim, culpa sua que não olha por onde anda ― Madison rebateu jogando a caixinha do sapo no chão ― Isso é muito azar, sabia que os sapos de chocolate só dão um pulo?!

― Sei, sei, mas não ligo ― Adam cruzou os braços e olhou pra ela com um olhar superior. Madison começou a ficar nervosa, mas, respirou fundo ― O que estava indo fazer?

― Acho que não é da sua conta ― ela disse ― Mas, mesmo assim, eu estava procurando meu gato.

― Fugiu de novo? ― Adam riu ― Seu gato vive fugindo, acho que ele não gosta de você. ― Madison revirou os olhos ― Não o culpo, sabe ― ele brincou.

― Isso não foi engraçado ― argumentou ela ― Ele não fugiu, saiu apenas do quarto. Ele gosta de explorar lugares novos, e o Caldeirão Furado é grande. Com certeza deve estar no quarto de alguém. Preciso ir, você já me atrasou demais, Walker.

Madison desviou de Adam e deu as costas para ele andando para o final do corredor. Porém, Adam segurou seu braço, forçando ela se virar. Ela fechou a cara e ele deu um sorrisinho um tanto constrangido. Os rostos estavam perto demais.

Madison teve a sensação que seu coração ia sair pela boca, e o coração de Adam bateu acelerado. Logo ela piscou e de desvencilhou da mão dele.

― Que foi? ― gritou ― Já não basta me derrubar no chão, ainda não vai me deixar ir procurar o meu gato?

― Claro que vou ― Adam disse ― Não me importo com aquela sua bola de pelo ambulante. Eu só queria lhe entregar isso ― ele colocou a caixinha do sapo de chocolate na mão dela ― Não se pode jogar lixo no chão, qualquer pessoa educada sabe disso, Potter.

Ela teve vontade de bater nele, mas pegou a caixinha amassou e guardou no bolso. Após isso, virou as costas e prosseguiu. Adam balançou negativamente a cabeça, suspirou e entrou de volta no seu quarto.

Madison avistou Almofadinhas entrando num quarto. Ela entrou lentamente no quarto e agarrou Almofadinhas ― que ronronou no seu colo. A garota já ia sair do quarto quando alguém pigarreou.

― Ah, desculpe, eu só vim pegar meu gato ― ela esclareceu e um garoto levantou da cama com um broche da Sonserina preso à roupa ― Você é um Sonserino?

― Sou ― ele respondeu olhando para o broche como se fosse óbvio ― Algum problema?

― Não, é que bem... ― Madison tentou explicar ― Sonserinos geralmente não gostam de Grifinórios e...

― Vice-versa ― ele completou. Todo o momento Madison olhava para o chão. Naquele momento foi que ela ergueu a cabeça. O garoto tinha olhos azuis do mar e cabelos loiros espetados ― Não me importo com essa questão de casa. Sou Luke Edwards, e você?

― Madison Potter, prazer ― Madison sorriu cordialmente ― Luke Edwards?! ― ela parecia pensativa ― Ah você é amigo do meu primo, de acordo com ele, você gosta de ler também!

Madison sempre teve a habilidade de falar demais às vezes.

― Quem é seu primo? ― Luke franziu as sobrancelhas loiras.

― Peter ― respondeu Madison acariciando o pêlo de Almofadinhas, já que ele se mostrava impaciente no colo dela.

― Peter Malfoy? ― ele pareceu surpreso.

― É, ele mesmo ― concordou a garota.

― Ele nunca me disse que tinha prima ― o garoto esclareceu ― É um prazer, prima do Peter. E sim, eu gosto de ler. Ele te conta tudo?

― Bem, às vezes ― Madison respondeu sem muito interesse ― Disse que o Bryan diz que Sonserinos não podem ler, e outras coisas. E disse que vocês fingem não gostarem de ler, fingem arrogância. Ah, também disse que Bryan acha que vocês tem de ser Sonserinos puros, algo assim.

― É, acho que ele te conta tudo ― Luke riu ― Mas, é bem isso mesmo.

Madison iria responder algo quando Peter entrou no quarto. Ele olhou para a prima e para o amigo e arregalou os olhos.

― O que vocês estão fazendo? ― perguntou ele.

― Almofadinhas ― foi só o que Madison disse. Mas, Peter entendeu e assentiu.

― Por quê não me disse que tinha uma prima da Grifinória? ― Luke perguntou.

― Bryan ― respondeu Peter ― Sabe como ele é em questão dos Grifinórios. Ele mal perdoa a minha irmã. Ele diz: "Ela é uma Malfoy, deveria estar na Sonserina". Imagina se soubesse que tenho primos na Grifinória, e são Potter's!

― Espere, você disse primos? ― Luke olhou para ele ― Não tem só a Madison?

― Não, tem meu irmão Nicholas e minha prima Isabelle também ― esclareceu Madison ― Também tem a Katie que está na Corvinal, mas, acho que Sonserinos não implicam com Corvinos ― Peter murmurou um "tanto faz" sem ânimo ― Bem, esse assunto já se estendeu demais, preciso ir. Foi um prazer Luke. Tchau Peter.

Luke e Peter murmuraram um tchau rápido e Madison saiu do quarto carregando Almofadinhas.