Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 16
Capítulo 81 - Plano de fuga


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Beto: O Fabrício vai receber alta. - quase gritei - Mas daquele jeito né? Ele só anda por aqui e não deve estar muito pronto pra andar pelas ruas e tal. Eu sugiro uns dias de repouso, dez, quinze dias. Sem qualquer esforço. Sem álcool. E o mais importante. Foi feito um exame e detectadas altas doses de drogas no seu sangue. Você é dependente químico?

Binho: Dependente não. Eu uso drogas, mas não sou dependente.

Beto: Então vamos colocar seu autocontrole em teste. Enquanto seu tratamento não terminar você não vai chegar perto de nenhum tipo de droga. Nem conviver com usuários - aí lascou a birosca toda - E eu vou mandar examinar seu sangue toda semana. Se tiver qualquer dose acima do que foi detectado, você estará encrencado. E você, Natallie? Usa drogas? Álcool?

Eu: Maconha. E álcool. - e otras cositas más…

Ele assentiu meio irritado.

Beto: Então você também será testada. Não vai ingerir álcool ou qualquer substância ilícita enquanto o tratamento dele não terminar. Toda quarta- feira eu quero o Fabrício aqui pro tratamento - assenti.

Eu: Tá.

O Binho não acreditou quando viu meu carro, ele pensou que era do Pierre e custou a acreditar que era meu. Eu tinha pedido pra um cara lá levar as coisas do Binho pro carro, ele nem sabia que tinha ganhado um monte de coisa. Nem sabia do violão. E nem da reforminha em casa. Ele não sabia de muita coisa.

Desci pra abrir o portão e ele sorriu quando eu estacionei o carro.

Binho: Cara, bateu uma nostalgia tão grande agora.

Eu: Imagino. Ah! Algumas coisas mudaram. E tem um bagulho que voltou pra cá. Mas acho que não vai dar pra você brincar muito, porque ele tá grande.

Binho: Ele?

Não falei nada, só desci do carro e abri a porta do passageiro. Dei a mão pra ele sair e ele entrou abraçado comigo.

Binho: Tá tudo igual.

Eu: Vem cá.

Ele viu a piscina pela porta da cozinha, porque o Mick tava lá fora e não seria uma boa ele ficar pulando no Binho. Ele apareceu na porta e começou a arranhar o vidro, feliz por ter visto o Binho.

Binho: E aaaae Mick! Tu voltou, ursinho!

Eu: Vem cá, preciso te mostrar seu quarto.

Outra parte da casa que ele não acreditou quando viu. Deu um pulo na cama e ficou se mexendo no colchão d’água, todo feliz.

Binho: É bom estar em casa.

Deitei do lado dele na cama e fiquei apoiada no peito dele, mexendo numa linha solta da camiseta.

Binho: No que você tá pensando?

Eu: No Fábio.

Binho: Aquele moleque te alucinou.

Eu: Eu me apaixonei por ele, Binho. Eu quero ele pra mim.

Binho: Ná, o moleque tem leucemia. Não vem com ideia.

Mudei de assunto, não queria ficar naquela coisa. Mas eu tinha uma ideia em mente. Podia não dar certo, mas pelo menos eu teria tentado.

Eu: Você lembra do que aconteceu com o Pedro? - ele me olhou, e vi o mau humor nos olhos dele. - Eu namorei com ele por um mês mais ou menos, mas ele era um grude, meio irritante. Mas agora ele tá na Alemanha, fazendo intercâmbio. Só volta em dois anos. - ele não conseguiu esconder o sorriso.

Binho: É sério?

Eu: E ele foi com a prima vagabunda da Mariana. Ou seja, eles devem tá transando nesse exato momento.

Binho: Coisa que a gente devia estar fazendo.

*
A Malu ligou e interrompeu o momento que eu esperava há meses. Fez a gente ir na casa dela pra encher o saco, pra variar.

Malu: Meu filho vai ficar na minha casa até o fim do tratamento. Fim de papo.

Binho: Mãe, eu vou ficar na minha casa.

Malu: Aquela casa não é sua, filho.

Eu: Agora é. A casa tá no nome dele.

Binho e Malu: QUÊ?!

Eu: É. Meu pai colocou a casa no nome do Binho.

Mas a Malu não cedeu. Ela insistiu tanto que o Binho acabou se rendendo. Ele ia passar aquele mês na casa da Malu. E eu ia ficar sozinha naquela casa gigante. Na verdade eu teria companhia. Ah, teria…

*

Cheguei no hospital e fui logo procurar a Catarina. Ela tava na lanchonete, em horário de almoço. Sentei na mesa com ela e perguntei da família do Fábio. Onde tava, quem era e por que ele disse que a mãe o abandonou.

Catarina: A mãe dele foi assassinada. Ela tinha problemas com drogas e teve que mudar de Estado pra fugir dos traficantes. O garoto é filho de um gringo, porque ela era prostituta e engravidou de um canadense, que não faz ideia de que é pai. Quando a leucemia do Fábio foi diagnosticada ela internou o garoto e poucos dias depois a polícia disse que ela foi assassinada. Também por drogas, por dono de boca de fumo. Ela tinha dívidas infinitas, e tava jurada de morte, mas pediu misericórdia aos traficantes, pra que ela encontrasse um lugar pro filho e então se entregaria. Ela usou a doença meio que de válvula de escape, porque ela não achava mais a família e ia colocar o menino pra adoção. Mas então ele teve de vir pra cá. Ele não sabe da mãe, não tivemos coragem de contar, porque ele é muito novo.

Eu: Mas esse hospital é particular, como ele se mantém aqui?

Catarina: Nossa equipe se reveza pra pagar o convênio. Cada mês é um médico que paga. Mas faz pouco tempo que ele tá aqui, dois meses. E você é a primeira visita que ele recebe.

Eu: E eu não quero ser só uma visita. Existe alguma possibilidade, por mais remota que seja, de eu poder levá-lo comigo?

Catarina: Você teria que conseguir a guarda dele. E pra isso precisaria ter mais de vinte e um anos e enfrentar um tribunal.

Eu: Mas eu preciso levar esse menino daqui. Ele não pode morrer num hospital. Eu não posso levar ele pra minha casa temporariamente, que seja? Pra ele poder ter pelo menos um pouco da liberdade que merece.

Passamos um tempinho pensando no que a gente poderia fazer até que eu tive a melhor ideia da minha vida.

Catarina: Isso vai contra todos os meus princípios, mas é por uma boa causa. Ninguém pode saber de nada disso.

Eu: E como eu vou tirar ele daqui?

Catarina: Eu vou dar um jeito. À uma e quarenta e cinco da manhã de hoje o menino vai estar no meu carro, no estacionamento esperando você. Eu vou estar com ele, lógico.

Eu: Tá. Eu vou falar pra ele, então.

Catarina: Ok. Mas se ele não quiser ir, esqueça dessa história. - Tava estampado na cara dela que ela tinha a esperança dele não querer ir comigo.

*

Fábio: Claro que eu quero!

Eu: Então olha só. Eu venho te buscar hoje à noite, mas ninguém vai poder saber. Você não pode falar pra ninguém, entendeu?

Fábio: Tá.

Eu: Eu vou ter que voltar pra casa agora, mas eu prometo que venho, tá legal?

Ele assentiu e eu voltei pra casa. Tinha trocado telefones com a Catarina, pro caso de acontecer qualquer imprevisto.

*

Era de manhã e eu ia ter que arrumar um quarto pro Fábio. E ele ia ficar no quarto da minha mãe. As roupas dela já não tavam mais lá, eu tinha levado pra casa dela há um tempo. Era só encher com as roupas do menino e depois comprar alguns brinquedos. Mas eu ia precisar de dinheiro pra isso. Liguei pro meu pai.

Olavo: Você me ligando? Há dias não tenho notícias do Pedro, querida.

Eu: Eu não quero saber do Pedro. Eu preciso de dinheiro.

Olavo: E por que você tá pedindo isso pra mim?

Eu: Você é meu pai, não?

Olavo: Ah, então agora eu sou seu pai? Sei lá, dane-se. De quanto você precisa? Quinhentos reais dá?

Eu: Com quinhentos reis eu pago o ticket do estacionamento.

Olavo: Mas que droga você vai comprar? Esquece, não quero saber. Vou levar o cartão de crédito do Pedro e você compra o que quiser. - fácil demais…

*

A única condição que o Olavo me deu foi não contar pra ninguém que eu tava com o cartão do Pedro. Quanto à isso, sem problemas.

Fui numa loja de decoração e comprei algumas coisas tipo quadros, pôsters, roupas de cama e tal. O resto eu levava ele pra escolher.

À noite eu e o Beck fomos pra casa da Malu pra ver o Binho e ele tava no quarto dele vendo um filme. Fizemos ele voltar o filme todo pra assistirmos juntos e eu fiquei agarrada com ele na cama e o Beck resolveu sair pra comprar cerveja. O Binho falou que não, explicou o motivo e então ele pediu pizza e Coca-Cola.

Binho: Viu o Fábio hoje?

Eu: Vi. - não ia falar do “plano de fuga”. Ainda não.

Falamos sobre o garoto e depois que a Malu nos mandou embora e eu fui pro hospital. Já era uma e meia. Fiquei esperando a Catarina ligar e, exatamente à uma e quarenta e cinco da manhã recebi uma mensagem.

“Estamos no estacionamento. Setor D4”

Entrei no estacionamento e parei o carro do lado de um Fox preto, onde o Fábio tava lutando pra se manter acordado.

Catarina: Você tem um mês com ele. E mais uma coisa: se te pegarem, você será autuada por sequestro.

Fodeu. Puta que pariu.

Eu: Foda-se. É a felicidade dele que tá em jogo. - Peguei ele no colo - Quer dormir, anjo? - ele assentiu. - Pode deitar aí que tem bastante espaço.

Ele se despediu da Catarina e eu dei um aceno sem graça pra ela e entrei no carro. Arrumei o retrovisor pra ver o reflexo do rosto dele no banco de trás.

Eu: Vamos embora desse hospital.


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