Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 1
Capítulo 67 - Ainda pode piorar


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada por terem comentado e acompanhado as outras temporadas. Só tenho a agradecer a vocês que estão me ajudando a fazer uma fic de qualidade!



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Aquelas palavras me atingiram como uma bala no peito. O Binho não podia estar em coma.

Eu: Não, não, não. Por favor, não.

Não saíam lágrimas dos meus olhos. Saíam cachoeiras, eu não conseguia parar de chorar. O Binho em coma? O meu irmão em coma? Aquilo era demais pra eu aguentar.

Camila: Naty, por favor se acalma. Ele tá vivo.

Eu: ELE TÁ EM COMA, CAMILA! COMA!

Ela me abraçou forte e eu só consegui abafar meu choro na curva do pescoço dela. Eu estava chorando igual a uma criança perdida.

Quase uma hora passou pra que eu parasse de chorar daquele jeito. Mas eu não consegui conter totalmente as lágrimas. 

Camila: Você vai desidratar, Naty. Por favor para de chorar.

Eu não conseguia falar nada. Foda-se que eu ia desidratar. Ver o Binho estirado naquela cama, conectado a máquinas que faziam aquele pipipi do inferno tava me enlouquecendo. Por que eu tive que ficar mal com ele justo naquele maldito dia?

Fui até a cama e peguei a mão dele. O peito dele mexia de leve de acordo com a respiração. Parecia que ele tava morto. Ele não se mexia, o corpo todo frio, pálido… Eu realmente tava em pânico. 

Doutor: Desculpem, meninas. Vocês terão de sair. Faremos uns exames nele agora e vocês não podem ficar.

Demorou um pouco até que eu cedesse e saísse do quarto. Fiquei com as meninas na sala de espera do hospital esperando alguém dar notícias da Ju ou do Binho.

De onde eu tava dava pra ver a recepção e eu consegui ver um cabelo loiro vindo na minha direção, acompanhado de um homem que devia ter uns quarenta anos. Mariana e seu pai. Puta que pariu. 

Mariana: Eu não vou falar nada pra você, Mendes. Só que tudo isso é culpa sua.

Olivia: Cala sua boca, Mariana. Senta aí e cala a boca.

O pai dela cumprimentou a gente de boa e sentou do lado dela num sofá.

?: Filha! Como você tá? - Minha mãe entrou desesperada junto com o Jéan e o Pierre, que tavam de boa atrás dela.

Eu: Tô bem, mãe. 

Mãe: E essa cara? Cadê o filho do Daniel?

Eu: Ele… - não consegui falar. 

Camila: Ele tá em coma. 

Mariana: Bem feito! Minha irmã tá na UTI por causa de vocês!

PaidaMariana: Fica quieta, por favor. 

Eu: Pode falar o que você quiser, Mariana. Pra mim que se foda.

Eu tava chorando de novo. Você sempre se julga forte até perder alguém que ama. Eu sei que o Binho tá vivo. Mas a dor é quase a mesma da perda. 

Um médico apareceu na porta da sala de espera e olhou pra gente.

Médico: Alguém aqui é parente da Juliana Rinaldi?

Mariana: Eu! Eu sou irmã dela!

Todo mundo levantou. 

Médico: Sinto muito. Fizemos o possível para reanimá-la, mas ela não resistiu aos ferimentos.

Puta que pariu. Não, não, não. 

Mariana: Minha irmã morreu? - o médico abaixou a cabeça - MINHA IRMÃ MORREU? VOCÊ MATOU MINHA IRMÃ, MENDES! VOCÊ MATOU MINHA IRMÃ!

Saí correndo pro banheiro e senti que tinha alguém me seguindo. 

Camila: Naty! Não foi culpa sua! Você sabe disso. - fechando a porta

Eu: Mas vai ser isso pra sempre agora, Camila. Essa desgraçada vai ficar pondo a culpa em mim o resto da vida. E sem contar a Malu que quando souber do Binho vai me colocar no lugar dele. E vai ser assim, as duas vão me culpar eternamente. Mesmo não sendo minha culpa.

Camila: Fica calma, porra. Eu tô em choque com tudo isso, você com certeza tá pior que eu, mas se acalma. Você vai acabar saindo na porrada com a Mariana e isso vai ser pior.

Respirei fundo e saí do banheiro.

Ia ser barra aguentar tudo aquilo.

                                                    *

Segundas-feiras são deprimentes. Ainda mais quando é o dia do enterro de um amigo.

Tinha muita gente lá, muita gente chorando (inclusive eu) e algumas pessoas com as cabeças abaixadas. A Mariana toda hora me fuzilava com o olhar, mas o pai dela a puxava pra longe de mim.

Pedro: Naty, eu sinto muito. - me puxou pra um abraço. Me afundei nos braços dele e deixei que o choro voltasse. Ele beijou minha cabeça e me apertou ainda mais. - Eu soube do Fabrício.

Eu: Por favor, não fala nada.

Ele passou a mão no meu cabelo e olhou pra mim.

Pedro: Não vou falar nada. E ao contrário do que você pensa, eu não fiquei feliz com isso.

Sequei as lágrimas. Ele podia até estar falando a verdade, mas sei lá. Não me fez sentir melhor.

Aquele dia foi longo. Desde que o corpo da Juliana chegou pra ser velado eu fiquei lá, com ela até a hora do enterro. Todo mundo me disse pra ir pra casa, mas eu não quis. Eu tinha que ficar com ela até o último minuto.

Minha mãe me fez ir pra casa dela depois que tudo “acabou”.

Eu tava no sofá quando lembrei que eu não tinha falado com o Bola desde o acidente. Tinha uma mensagem de voz  dele na minha caixa postal.

Bola: Não adianta me procurar, eu não vou falar porque vai ser melhor pra você e todo mundo, porque a essa altura a polícia já descobriu que o meu carro era roubado. Eu saí da cidade, sumi. Não vou voltar. Não sei nem se vocês tão vivos ou mortos, mas eu não sofri nem um arranhão e realmente me sinto mal por isso. Eu queria ter morrido, mas não aconteceu. Manda um abraço pra todo mundo mesmo isso sendo muito gay. Espero que você esteja bem, de verdade. Fala pro Fabito não vir atrás de mim, porque eu não fui pra casa de fazenda. Ah! Mais uma coisa. Eu fiquei um tempão com uma coisa que era tua e cuidei bem, não se preocupa. Acho que você ia querer de volta, então deixei na casa da Paloma. Se você puder apagar essa mensagem depois de ouvir eu agradeço. Um beijo, Naty.

Whatafuck?!

Aquela mensagem me lembrou aquelas mensagens de assassinos, na moral.

Mas calma… De que porra o Bola tava falando que era meu?

Liguei pra Paloma. 

Paloma: Como você tá?

Eu: Tô bem, Pá. De verdade. Mas o Bola me mandou uma mensagem meio estranha. 

Paloma: Mano, você tem que vir logo buscar o bagulho, porque minha mãe tá pirando aqui.

Eu: Mas o que ele deixou aí?

Paloma: Vem logo.

                                                        *

Cheguei na casa da Paloma e toquei a campainha. Ela saiu junto com um cachorro gigante que veio correndo e pulou em mim. 

Eu: MICK! Você cresceu, filho da mãe!

Ele tava enorme, muito gordo. Lindo. 

Paloma: O Bola disse que não ia poder levar com ele. E esse peste comeu todo o pano do sofá. - Abracei o Mick e ele deitou no chão. Ficamos fazendo carinho nele. - Eu não pude ir no hospital. Desculpa mesmo. 

Eu: Tá tudo bem.

Paloma: Eu queria ter ido, mas você conhece minha mãe. 

Eu: Não tem problema. Sério. 

Paloma: E o Binho? Alguma ideia de quando ele acorda?

Eu: Nenhuma. Nem os médicos sabem informar. 

Ela abaixou a cabeça. 

Olhar pra baixo é o maior sinal de fraqueza que existe. Qualquer pessoa que se diz feliz e bem resolvida se olha pra baixo pode esquecer.

Voltei pra casa da minha mãe com o Mick gigante na coleira. 

Mãe: De quem é esse cachorro?

Eu: O Binho me deu há um tempo. Tava com um amigo. 

Mãe: Ele vai ter que ficar lá fora. 

Eu: Tanto faz. 

Arrumei comida e água pra ele e deixei ele lá fora, roendo um osso gigante.

O dia acabou e minha depressão continuou lá, forte e inabalável.

Coisas ruins são muito mais fáceis de atrair do que coisas boas. Incrível. 

Acordei naquela terça-feira e fui direto pra sala. Meu pai tava no sofá do lado da Malu. Mas o que…

Eu: É… Oi. 

Eles se viraram pra mim e a Malu me encarou com os olhos tristes. Meu pai veio me abraçar. 

Pai: Filha. Eu fiquei com medo de… esquece. Você tá bem.

Eu: Oi Malu. - falei baixo, como se não quisesse que ela escutasse. 

Malu: Oi. Eu vi meu filho hoje. Nunca pensei que isso pudesse acontecer com ele. 

Eu: Olha, antes que você venha me atirar pedras eu…

Malu: Não vou te destratar. Pelo contrário. Você é minha ligação mais próxima dele. Eu vim aqui propor uma trégua.

A Malu? Uma trégua? Eu acho que tô sonhando e vou acordar a qualquer momento, porque né…

Malu: Trégua? - estendeu a mão

Puta momento de filme do caralho. 

Minha vontade foi de negar só pra foder o momento. Mas eu não sou tão ruim assim.

Apertei a mão dela e sorri fraco. 

Agora me resta rezar pra essa trégua durar.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, muito obrigada a todo vocês!

Jubskisses



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