Flawz escrita por ChocolateQuente
Notas iniciais do capítulo
*-*
Mel
- Tchau tias. – eu acenei vendo minhas tias entrarem em seus carros.
- Tchau querida. Se cuida. – Tia Sophie gritou do carro.
- E vê se não deixa aquele gatinho escapar. – Tia Mandy falou. – Ah, se eu fosse mais nova. – ela berrou antes de dar a partida. Jamie eu gargalhamos.
Entrei em casa novamente e comecei a subir as escadas.
- Ei. – minha mãe chamou e eu me virei para olhá-la. – Você tá bem? – ela perguntou e eu sorri fraco.
- Sim. Estou. – eu disse. Ela balançou a cabeça e encarou os dedos.
- Moah quer te ver. – ela falou em um tom quase inaudível.
- Mamãe...
- Filha, já faz tanto tempo.
- Tem razão, faz muito tempo. Só agora ele quer falar comigo? Qual o tema das palestras dele dessa vez? Família unida? Ah, me poupa.
- Mel...
- Não mãe, diz a Moah que não quero vê-lo. – eu disse e subi as escadas.
Fechei a porta do quarto com força e me deitei na cama. Não podia fingir que não sentia saudade. Eu sentia. Queria meu pai de volta, mas o que eu ia fazer com toda essa dor? Com toda a mágoa de ter sido abandonada quando eu mais precisei? E quanto a Gabe? Eu iria esquecer que ele estava zoando com a minha cara todo esse tempo? Que tudo era uma aposta? O parque desativado, as estrelas, a história dele, era falsa também? O que eu iria fazer com a dúvida? Não. As coisas permaneceriam com estavam. Não posso simplesmente fingir que nada aconteceu. Mas posso esquecer. Colocar em uma gaveta inalcançável do meu cérebro, e respirar. Não preciso de Moah, nem de Gabe. Eu estou bem. Estou muito bem.
Gabriel
- Filho? – minha mãe chamou e eu me virei para encará-la.
- Oi mãe. – respondi voltando a olhar pra televisão.
- Tem alguma coisa errada? Você não assiste TV. – ela sorriu e se sentou ao meu lado no sofá.
- Você é apaixonada pelo meu pai? – perguntei encarando-a e ela arregalou os olhos pela pergunta repentina.
- Sim.
- De verdade mãe.
- Com o tempo as coisas mudam.
- Pra todo mundo? – perguntei e ela encarou a televisão.
- Não. – ela respondeu apenas, e eu resolvi não falar mais sobre meu pai.
- Há alguma forma de desapaixonar? – perguntei e ela riu.
- Não querido. Pelo menos, eu não conheço. Você está apaixonado?
- Não. – eu falei rápido e ela e encarou. – Não sei. – eu suspirei me rendendo. – Como é estar apaixonado? – perguntei deitando a cabeça em seu colo. Ela suspirou passando a mão em meus cabelos.
- Ah, se apaixonar é ver um milhão de qualidades na outra pessoa. Até mesmo quando outros acham que ela não tem. – ela começou com um sorriso. - É pensar nela o tempo inteiro, e fazer coisas bobas.
- Paixão é ser idiota? – eu disse e ela riu.
- É. Mas paixão não dura. – ela disse.
- Então não vale a pena se entregar. – eu concluí e ela sacudiu a cabeça em negação.
- A paixão é só um teste para o amor. – ela sorriu. – Você vê a pessoa e começa a gostar dela. Você se apaixona pelas qualidades dela, pelas coisas que a destacam, mas quando você começa a conhecer a pessoa, você conhece os defeitos dela também. E se esses defeitos começarem a te incomodar é porque a paixão acabou, e não vale mais a pena. Mas se mesmo conhecendo seus defeitos, você ainda sentir as tais borboletas no estomago, a mão gelada, e as pernas bambas... Você está amando. E sabe... O amor sempre vale a pena. – ela concluiu com um sorriso e eu levantei-me para beijar seu rosto.
- Vou dar uma volta tá?
- Cuidado com essa moto, meu amor.
- Vou sem a moto. – eu disse enquanto pegava a jaqueta. – Mãe? – chamei-a antes de sair. Ela virou-se para me encarar.
- Obrigada. Eu te amo. – eu sussurrei e ela sorriu. Saí de casa a passos firmes e andei, pulando pequenos montinhos de terra e desviando de poças, até chegar ao lugar que eu queria. Sentei-me e encarei o cenário a minha frente. Respirei fundo e olhei para meu lado. O vazio me fez tentar enxergar a garota que me fizera companhia semanas atrás. Os cabelos voando a favor do vento, e os olhos fechados enquanto ela sentia a brisa acariciar sua pele. Qualidades. Ela era linda. E eu gostava dessas coisas nela. Isso era paixão? Mas e quanto aos defeitos? O fato de ter opinião sobre tudo. E sobre implicar com tudo que gosto. A história do passado. Eu ainda assim gostava dela. Gostava dos defeitos. Eu gostava dos defeitos? Isso era... Amor? Eu a amava? Eu? Gabriel Johnson amava alguém? Amava a Mel? Sorri e voltei a olhar o parque desativado. Não estava iluminado como naquele dia. Olhei para o céu e vi que a lua não estava. Minha lua não estava. Nem acima de mim, nem ao meu lado. E tudo, agora, parecia ainda mais escuro. Um enjoo começou a me incomodar e um nó começou a se formar em minha garganta. Apertei os olhos e senti meu corpo paralisar. Espera, eu... Eu estou... Chorando? Passei os dedos sob os olhos e senti a lágrima quente. Eu estava chorando. Como se a ficha tivesse caído tardiamente. Mel não queria me ver. Não queria mais falar comigo. E até aquele instante eu não tinha percebido o quanto aquilo me faria mal.
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O que acharam? Comentem por favor.
P.S. Karol já postei outro cap lá no blog. *-*