Eu havia desmaiado. Acho que não aguentei a ideia de que o Cass e o Gabriel estavam sendo torturados e o Sam e o Dean estavam sabe-se lá aonde...

Acordei e pude ver Lucy e Mikayla na minha frente. Estava na cara que elas queria me matar, mas, pelo que Miguel havia falado, isso só poderia acontecer a meia noite. Miles estava me encarando, parada num canto. Não conseguia evitar olha-la com raiva.

Olhei por uma pequena abertura na estrutura do galpão e percebi que já era noite, a lua estava alta e as estrelas brilhavam no céu.

-Miles, pelo menos me diga onde está meu pai... –falei

Ela não disse nada, continuou lá, parada me olhando. Bufei.

-Por favor... –pedi

Ela respirou fundo.

-Não se preocupe... Depois que você for morta, seu pai não vai mais ser útil... Se Miguel estiver de bom humor, ele solta seu pai com vida. –Miles respondeu

-Mas Miguel nunca está de bom humor... –falei

Ela sorriu.

-Exatamente. –disse

Olhei para o chão sem esperanças. Meu pai ia morrer, minha mãe ia ficar presa para sempre, Gabriel iria ser morto pela própria filha e sabe-se lá mais o que... E eu não poderia fazer nada...

Percebi alguém entrando e vi Miguel.

-Está quase na hora, Bruna... Mais alguns minutos e você estará morta. –ele falou com um sorriso satisfeito no rosto

-Deixe os outros em paz... –falei

-Boa tentativa, mas não. Castiel vai morrer por ter traído a própria raça, Sam e Dean vão ser forçados a nos aceitar e quando meu irmãozinho sair da jaula, o primeiro que nós dois vamos matar e nosso caçulinha, o Gabriel. –ele disse

Miles olhou para Miguel, parecia confusa.

-Senhor... Não seria eu a matar meu pai? –ela perguntou

Miguel riu.

-Pobre garota. Quando isso terminar, você não vai mais servir para nada. –ele disse

Miles olhou para o chão, piscou algumas vezes.

-Não entendo... Você disse...

-Eu sei o que disse. Mas as coisas mudam. –Miguel falou

Por fim ela ficou em silêncio encarando o chão.

-Bem, nos vemos a meia noite, até lá... Aproveite seus momentos viva. –Miguel falou para mim e saiu de lá

Eu estava com raiva, queria ter força suficiente para arrebentar as cordas e ir atrás de Miguel. Do nada, vi as cordas caírem dos meus braços... Estava livre. Olhei para trás e vi Miles. Não sabia como ela se sentia. Seu rosto era uma mistura de raiva e decepção.

-Por que está me soltando? –perguntei

-Posso ter raiva do meu pai, mas só eu poderia matar aquele idiota.  –ela falou e deu uma leve risada sem muito humor –Além do mais... Não gosto de ser enganada.

Me levantei da cadeira e assenti com a cabeça em um agradecimento mudo. Ela fez o mesmo. Mikayla e Lucy pareceram perceber o que a prima estava fazendo, então vieram para cima de nós. Miles acertou Lucy em cheio na barriga com a espada do arcanjo. A garota soltou um brilho hediondo pela boca e olhos e logo caiu no chão, sem vida.

Já eu, não tive tanta sorte. A loirinha era mais rápida do que eu esperava. Me jogou do outro lado do galpão e eu acabei cortando minha cabeça. Ela veio para cima de mim e a única coisa que eu tinha para me defender era uma viga de aço que estava caída ao meu lado. Na hora em que a garota me atacou eu coloquei a viga em minha frente e só pude ver a barriga dela atravessando com tudo a viga. Ela me olhou sem entender o que havia acontecido e olhou para a viga. Puxei o aço do estomago da garota que agora era um grande buraco, e com uma força, que eu não sei de onde veio, usei a viga como um taco de beisebol e bati na cabeça dela. A cabeça decepada foi parar longe e o corpo caiu no chão.

Miles me olhou apavorada.

-Onde você aprendeu a fazer isso? –ela perguntou

-Sei lá... Acho que ando assistindo muitos filmes de ação... –falei

Ela riu e foi em direção a Mikayla. Miles enfiou a espada na cabeça decepada dela.

-Por garantia... –ela disse

Aquilo era nojento, mas tudo bem... Ela indicou com a cabeça para eu segui-la. Abrimos um pouco a porta de saída e vimos alguns homens parados olhando para o nada.

-Anjos... –Miles falou

Ela jogou a espada do Gabriel para mim.

-Vai precisar. –ela disse

Assenti com a cabeça e saímos de fininho. Nos escondemos em tudo que era possível, até a desastrada aqui derrubar um caixote. Todos os anjos se viraram e vieram para cima de nós. Eu e a Miles começamos a briga. Pescoços cortados, peitos sendo atravessados pelas espadas e eu toda melada de sangue... Isso era nojento.

Depois de alguns anjos mortos nós continuamos andando. Eu já estava acabada depois da briga... Passamos por algumas salas vazias e finalmente achamos a sala onde Gabriel e o Cass estavam. Castiel estava estirado no chão, quase morrendo e Gabriel do mesmo jeito. Entramos e Gabriel nos olhou. Percebi ele olhar para Miles com raiva, mas o olhar se desfez quando ela deu um grito abafado. Olhei para ela e percebi uma ponta de espada atravessada no estomago dela. Miguel a havia apunhalado pelas costas. Ela me olhou e uma lágrima caiu dos olhos dela, logo depois, Miguel girou a espada e dela saiu uma luz... Logo depois a luz cessar, Miles estava caída no chão... Morta.

-Não... –Gabriel falou com as forças que restavam

Miguel me olhou. Os olhos azuis faiscando de raiva.

-Não queria ser forçado a fazer isso, mas você escolheu desse jeito... –ele falou calmo, porém ameaçador

Dei uns paços para trás e acabei tropeçando em alguma coisa. Miguel me segurou pelo pescoço e me levantou no ar. Estava sendo enforcada. Tentava de toda a maneira respirar, mas eram tentativas frustradas.

-Solte ela... –Gabriel falou

Eu estava ficando roxa, não sentia minhas pernas... Com toda força que me restou me balancei para frente e consegui chutar Miguel. Caí no chão respirando pesadamente, tentando recuperar o fôlego. Peguei a espada e apontei para ele.

-Deixe todos em paz. –disse ainda com certa dificuldade

Ele riu irônico. Olhei para o corpo de Miles. Ela havia nos traído, mas me ajudou e agora estava morta. Uma raiva me consumiu e eu avancei para cima de Miguel. Havia um relógio naquela parte do galpão... 23:57 horas... Tinha que atrasá-lo.

Miguel me jogou do outro lado da sala e eu machuquei o braço... Agora eram a cabeça e o braço esquerdo sangrando. Castiel estava tentando se levantar, mas sem êxito. Gabriel também. Miguel avançou em cima de mim e eu consegui desviar antes que ele me imobilizasse. Olhei novamente para o relógio... 23:59 horas.

Infelizmente, esse foi um erro. Miguel conseguiu me segurar e me imobilizar. Fechei os olhos esperando a dor de uma espada entrando nas minhas costas, mas Miguel foi puxado para trás. Vi Sam e Dean com armas apontadas para ele. O relógio deu meia noite. Ele tentou se aproximar, mas Dean disparou uma bala contra ele. Não fez efeito mortal, mas doeu, pois ele fez uma careta de dor. Fui até Gabriel e ele olhou para o corpo de Miles. Ele fechou os olhos e respirou fundo.

-Miles... –ele sussurrou

O relógio bateu as meia noite e um. Miguel urrou de raiva. Senti o mundo a minha volta parar. Tudo congelou e vi Lúcifer em pé na minha frente.

-Você só está adiando o inevitável... –ele disse

-Saia daqui. –falei

Ele deu um sorriso e desapareceu. As coisas voltaram ao normal.

-Onde está meu pai? –perguntei

Miguel olhou com desgosto para uma porta a sua direita. Fui até ela e meu pai estava lá, desacordado, com um ferimento enorme na cabeça. Com certa dificuldade eu o levei para fora e o deitei no chão. Fui até Miguel.

-Sabe, se fosse você... Não tentava mais isso... –falei

-E por que não? –ele perguntou me fulminando com o olhar

-Por que eu tenho “linha direta” com seu Papai... E acho que Ele não vai gostar se eu contar que o filho perfeitinho dele anda fazendo... –eu disse

Um vento soprou no balcão e Miguel pareceu arregalar os olhos como se estivesse vendo alguma coisa. Ele me olhou com desgosto e desapareceu daquele lugar.

-Temos que tira-los daqui... Rápido. –Sam falou

***

Estávamos em casa. Tinha tirado todo o sangue do meu pai e o deitei no sofá. Gabriel estava se recuperando dos ferimentos e Castiel também. Laura estava num quarto com ele e eu não queria saber o que aqueles dois estavam fazendo...

Subi para o meu quarto pra tomar um banho e tirar todo aquele sangue de cima de mim. Percebi Gabriel sentado na cama com uma cara triste. Sentei ao lado dele.

-Ela morreu... E a culpa foi minha... Se eu tivesse sido um pai melhor. –ele falou

Respirei fundo e fiz ele olhar para mim.

-Ela não morreu em vão... –disse

Ele olhou para o chão, e seus olhos marejaram. Dei um sorriso de lado e o abracei.

-Também vou sentir falta dela. –falei

Depois de um tempo tomei um banho e desci. Meu pai havia acordado.

-Bruna, o que foi que aconteceu? –ele me perguntou

Eu e Gabriel nos entreolhamos.

-Vai ser uma longa história... –disse

Depois de uma longa explicação, fomos a delegacia e meu pai disse que estava acampando esse tempo. Minha mãe foi solta, por desgosto da minha madrasta e voltamos para casa.

Sam, Dean e Castiel tiveram de voltar para Vancouver para gravar mais uma temporada da série. Stela e Laura ficaram lá em casa comigo, ainda ia precisar delas...

Estava no meu quarto deitada com Gabriel acariciando meu cabelo.

-E agora? –perguntei

Ele me olhou e sorriu malicioso. Entendi o que aquele sorriso queria dizer. Puxei ele para um beijo e logo depois ele já estava me agarrando em cima da cama.

***

2 anos depois

Estava sentada na cadeira de balanço. Aquela barrigona estava me cansando.

-Bruna, já vai fazer oito meses! Qual vai ser o nome da menina? –Stela perguntou abraçada a Dean

Olhei para minha barriga e logo em seguida para Gabriel que sorriu.

-Miles. –falei

Gabriel sorriu e me abraçou por trás.

-Tenho pena de você, pequena... Vai ter que aturar essa vida maluca. –Gabriel falou passando a mão na minha barriga

-Acho que não deveríamos contar a ela... Não até que seja preciso. –disse séria

-Já que é assim... Quem sou eu pra discutir com uma grávida? –Gabriel falou e todos riram

Revirei os olhos.

-Bem vinda a o mundo sobrenatural, pequena Miles... –falei