Desde Quando Você Se Foi escrita por Ráh, I am not Volunteer


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Desde Quando Você Se Foi

Fred tinha acabado de voltar de seu primeiro ano de Hogwarts, tinha sido selecionado à Grifinória. Seu pai, Jorge, estava fora jogando quadribol, mas logo chegaria. Sua mãe havia preparado cookies de chocolate e ele os estava comendo com um copo de cerveja amanteigada. Ouviu a porta abrir, o que dizia que seu pai havia chegado.

— Papai?

— Olá Fred! Quero saber tudo o que aconteceu na escola hein! Sua última carta não dizia muita coisa...

Fred riu — Não teve nada demais... O ponto forte foi nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, o professor não bate muito bem.

— Os professores dessa matéria sempre são hm... “Estranhos”... Mas realmente não teve nada de mais?

— Bem, você estava lá, papai.

— Eu? Mas eu estava jogando quadribol, filho.

— Sim, papai... Mas você estava lá... Bem, se não foi você, era alguém muito parecido com você, idêntico.

Jorge estreitou os olhos. Não, não podia ser o que ele estava pensando.

— Papai?

— Hm? O que?

— Você não respondeu minha pergunta!

— Hm... Desculpe... O que você perguntou?

— Você venceu?

Jorge sorriu — Como sempre né? — então despenteou os cabelos do filho.

— Ah, você está aí, já está na hora de dormir, sabia? — perguntou a mãe do garoto, entrando na sala e dando um selinho no marido.

O filho revirou os olhos.

— Já estou indo! — e saiu, subindo as escadas.

A mãe suspirou — É, também vou dormir... Tive muitas coisas a fazer hoje... — começou a então subir as escadas, reparou que o marido continuava parado lá, pensando em alguma coisa — Você vem?

— Vai indo na frente... Vou mais tarde um pouco.

A esposa assentiu e subiu as escadas, bocejando.

Jorge sentou-se na poltrona na sala, pensativo. Seu filho havia dito que ele estivera em Hogwarts, mas não estivera. Será que...? Não, não deve ser isso, afinal, ele está morto. Mas, e se for?

Ele se levantou, e subiu as escadas, mas em vez de ir em direção ao seu quarto e de sua esposa, rumou na direção contrária - o quarto de seu filho.

O menino estava deitado, mas a luz do abajur em cima do criado mudo estava ligada, tinha os olhos fixos no teto, mas as mãos ocupadas com um pacote de feijões de todos os sabores pela metade.

— Você não deveria comer isso antes de dormir — disse Jorge.

Fred riu — Ah, olha quem fala!

— Escuta filho... Posso te fazer uma pergunta? — disse ao menino, sentando na ponta da cama.

— Sim, pai.

— Quando você disse que “me viu” em Hogwarts...

— Sim?

— Como aconteceu? Quer dizer, como você “me viu lá”?

— Bem, eu estava fugindo de um professor... Havia pregado uma peça em um aluno lá da Corvinal, e ele não gosto nada-nada... Mas bem, eu saí correndo, fugindo porque se ele me pegasse no flagra, iria me dar uma detenção pior do que a última, que eu tive de limpar todo o corujal enquanto as corujas não ajudavam, mas o sujavam mais ainda, se é que me entende. Então, eu estava correndo, e fui direto à Floresta Proibida, e quando já estava dentro da floresta, tropecei em um galho. E sei lá, quando eu caí, vi uma pedra diferente... Peguei a pedra e você apareceu.

O pensamento de Jorge o levou longe, será que essa pedra seria... Mas poderia ser?

— Filho... O que você fez com essa pedra?

— Ah, eu peguei para mim. Está ali, em cima da cômoda.

Jorge levantou e rumou à cômoda, e ali estava ela: a pedra da ressurreição. Jorge suspirou e a segurou. E se ele conseguisse ver seu irmão...? Foi até o filho e o desejou boa noite, apagando a luz do abajur e roubando um de seus feijõezinhos, cujo sabor era de pasta de dente. Saiu do quarto, e mais uma vez, desceu as escadas para ir à sala.

Chegando lá, Jorge sentou no sofá em frente a lareira e encarou a pedra. Queria que seu irmão aparecesse. Fechou os olhos.

— Então o irmão mais bonito chega... Nem foi tão difícil assim — disse uma voz conhecida em sua frente, Jorge ergueu os olhos e sorriu.

— Ei, o irmão mais bonito aqui sou eu!

Os dois riram. Jorge finalmente estava vendo seu irmão novamente, mais jovem, claro.

— Cara, você envelheceu muito — disse Fred.

— Ei, mais eu continuo ainda sendo o mais bonito!

— Isso é o que você diz, mas não é verdade, sabe... Mas e aí, continua mouco?

— Sim. Quer dizer não. Ah, sim. Na verdade, mais ou menos.

Fred riu.

— Bem, surdo sim, mas não oco.

Jorge ri, acompanhado de Fred.

— Ah, muito bonito o nome do seu filho, sabe, eu mesmo não teria dado um nome melhor. Dizem que pessoas que tem esse nome têm um grande excesso de beleza e são maravilhosamente bons naquilo que sabem fazer. Tipo, muito bons. Mesmo.

— Sua modéstia me assusta.

— Sempre, eu sou muito modesto!

Uma única lágrima escorre do rosto de Jorge.

— Chorando? Ah, não precisa disso não! Para de ser bobo! Você sempre vai estar comigo, mesmo que não me veja! Mas bem, me ver deve ser realmente especial, porque aí você pode reparar como minha beleza é assustadoramente intensa.

Jorge ri. — Cara, eu sinto sua falta, mesmo.

— Eu também sinto a sua, e você não faz ideia... Mas não se preocupa, estaremos juntos em breve.

— Não tão em breve assim, espero.

— É, tem razão, não tão em breve assim... Mas eu vou estar te esperando, vou estar lá quando chegar sua hora, e dessa vez, não vamos sair de perto um do outro não, ok? Sei lá, vai que dá ruim?

Os dois se encararam por um momento, mas acabaram rindo, e muito. Parando de rir, Fred volta a falar.

— Sabe, eu sei o que você queria me falar, irmão. Na verdade não precisa. Eu sei. Sei que você me ama — mais umas poucas lágrimas escapam do rosto de Jorge. – Tudo bem, minha beleza encanta, mas não é pra tanto!

— Não é que... É, eu te amo, meu irmão.

Fred sorri.

— E quer saber, seu bobo? Eu também te amo. Mas, sinto dizer que agora eu tenho que ir, e não se esqueça, livre-se da pedra. Nos veremos algum dia.

— Em breve mais não tão em breve, não é? — disse Jorge.

Fred sorriu e desapareceu tão rapidamente quanto apareceu.

Jorge sorriu. Pudera ver seu irmão novamente, e lhe dizer o que queria dizer há tempo. Ficou satisfeito e olhou para a lareira em sua frente, onde minutos antes seu irmão estava parado. Encarou o lugar por um momento, e então se lembrou do que seu irmão dissera. E, sem pensar duas vezes, levantou e jogou a pedra nas chamas, sentou-se novamente no sofá e a viu queimar até desaparecer. Dormiu ali, e sonhou com seu irmão. Estavam juntos novamente. Felizes. Como deveria ser para agora e sempre.

Sinto sua falta Fred.


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Notas finais do capítulo

Mandem reviews, queremos saber o que foi que acharam, sentiram, pensaram... Seja positivo ou negativo.
As autoras.