–EU PRECISO DO MEU ESPAÇO, NÃO PRECISO QUE VOCÊ FIQUE O TEMPO TODO ATRÁS DE MIM MONITORANDO MEUS MOVIMENTOS! – Jason gritou pra mim.

–M-mas – eu já não conseguia mais usar o charme em minha voz, por que Jason estava me assustando de verdade. – você fica muito tempo com a Reyna – retruquei.

–EU SOU O PRETOR DO ACAMPAMENTO JÚPITER! É LÓGICO QUE EU TENHO QUE FICAR MUITO TEMPO COM ELA!

–MAS EU NÃO CONFIO EM DEIXAR ELA SOZINHA COM VOCÊ – eu já estava levantando a voz, com a raiva ocupando o lugar do medo.

–NÃO CONFIA EM... AH QUE ÓTIMO! TANTO TEMPO, SEMPRE CONFIANDO A SUA VIDA A MIM, EU CONFIEI MINHA VIDA A VOCÊ, E VOCÊ NA CONFIA EM MIM PARA QUE EU POSSA FAZER MEU TRABALHO! – ele ergueu a mão que estalava com eletricidade. Eu me encolhi e ele abaixou a mão – Sai do meu chalé. – sua voz tremia de raiva – eu não quero ter mais nada com você. Saí daqui antes que eu faça alguma besteira.

Eu sai, batendo a porta do chalé com força. Não era justo. Afinal era ele quem estava errado. Eu tinha razão em ter ciúmes. Ele tinha tido um romance com Reyna antes de vir pro Acampamento Meio-Sangue. Ele podia muito bem renascer agora. Reyna poderia ser até legal, mas eu não queria ser trocada. Corri para o meio da floresta, estupidamente sem nenhuma arma. Fui ao único lugar que me ocorreu ir: ao Bunker 9. Iria ver o Argo II. Quem sabe chorar na minha cabine. Meus olhos estavam lacrimejando quando finalmente cheguei a minha cabine. Era rosa, eu odiava essa cor, mas o quarto tinha muito das minhas coisas. Deite na cama e me agarrei a um velho leãozinho de pelúcia que tinha. Era o único que eu tinha pra recorrer. Chorei até não poder mais. Eu sentia uma ancia de vômito, meus olhos estavam inchados meu nariz não parava de escorrer. Foi quando senti dois braços me envolverem.

–Jason? – falei contendo o choro.

–Não, minha Rainha da Beleza. Sou só eu. O Garoto dos Reparos. O está te fazendo chorar? Drew novamente? - me virei para ele. O velho Leo de sempre. Em três anos que nos conhecíamos e ele não tinha mudado quase nada, exceto que agora parecia ter músculos mais definidos pelos trabalhos nas forjas e a voz mais grossa. Ele me olhou com carinho. – Jason? - Assenti desconfortável. – Por causa da Reyna? – Como ele sabia tanto? – eu estava do lado de fora do chalé quando vocês estavam brigando. Eu não tinha a intenção, mas... Eu estava lá por perto sabe. E te segui até aqui. – Ele limpou uma lágrima que escorreu da minha bochecha e fez com que meu queixo ficasse por cima de seu ombro. Uma das coisas que eu e Jason fazíamos muito, depois do almoço, e conversávamos.

–Ele terminou comigo – falei com o rosto queimando e sentindo que ia começar a chorar novamente. Ele só me abraçou com mais força, facilitando que as lágrimas caíssem.

Leo me acalmava sem dizer nada. Nada de ruim poderia acontecer, e me sentia totalmente segura. Funguei um pouco e ele afagou meus cabelos. Retribui o abraço e encostei a cabeça em seu peito. Ouvi seu coração. Estava mais acelerado que o normal. Logo percebi que ele estava nervoso, mas não pensei muito nisso. Eu comecei a sentir sono com ele acariciando meu cabelo, desfazendo nós e brincando com eles. Cai no sono rapidamente. Acordei com ele me cobrindo. Não abri os olhos. Ele colocou o cobertor sobre mim e pressionou seus lábios levemente contra os meus.

–Eu te amo – Ele sussurrou. Eu sorri involuntariamente com aquela declaração e ele deu uma risadinha – Parece um anjo... Tão frágil...

Eu me mexi e ele se afastou. Abriu a porta pra sair e me contorci, fingindo um pesadelo.

–Não... – murmurei – não, não. - Me mexi desconfortavelmente e fingi acordar num sobressalto. Ele me olhou preocupado. – Leo. – pedi fazendo medo estar na minha voz.

–Sonhos ruins? – ele sentou na cama com uma expressão de culpa.

–Deita comigo Leo. E-eu to com medo

Ele franziu o cenho, tentando se decidir se ia ou não, mas deitou comigo. Era tão bom ter ele ao meu lado. Seu corpo emanava calor. Já era noite, pois o luar invadia a cabine. Abracei-o e fingi dormir.

–Eu... Eu te amo Leo – fingi sonhar, sorrindo, ciente que ele ainda estava acordado.

Depois dormi de verdade mesmo. Eu não estava brincando sobre amar Leo. Era verdade. Meu Garoto dos Reparos. Eu o via sair com várias garotas, mas ele não parecia ficar feliz com nenhuma daquelas. Percebi que tinha ciúmes dele. Acordei na manhã seguinte e Leo se mexeu, tentando se levantar, eu o segurei, não deixando. Ele grunhiu e eu ri.

–Só mais cinco minutos comigo Leo. – falei inocentemente. – Só mais cinco minutos.

Senti a respiração dele acelerar com isso, e ri.

–Piper... - Ele falou sorrindo nervosamente – eu estou com fome.

Eu deixei ele ir. Antes que ele chegasse à porta eu disse:

–Ah, e eu ouvi sua declaração ontem.

Ele murmurou um palavrão bem feio em grego se xingando.

–Eu... Sei que você gosta do Jason. Eu... Não pensei no que eu estava fazendo. Mas é verdade Piper. Mas acho que é melhor esquecer isso e seguir com a vida normalmente como era antes. Você e o Jason e eu tentando achar alguém que me ame.

–Você não entendeu não é? – falei – Agora é o Jason e a Reyna. Eu estou sozinha. E o que eu falei ontem sobre te amar. Bem, isso é verdade Leo. – sorri pra ele e o rosto dele ficou totalmente vermelho. Eu o abracei por trás e beijei-o. Ele retribui o beijo. Eu nunca me senti tão feliz na minha vida. Leo Valdez. Meu porto seguro. Em quem eu poderia confiar. Com quem eu queria passar o resto da eternidade.