– Como assim você não vai ficar com nenhum dos dois? - Lua me perguntou indignada

– Luana, pensa no meu lado, poxa. É difícil pra mim. Eu ainda não entendo. Como eu posso amar um e estar apaixonada pelo outro ao mesmo tempo? - me levantei e comecei a andar de um lado pro outro na frente da cama dela.

– Já disse que nunca passei por isso. Mas seu eu fosse você eu não trocaria o certo pelo duvidoso. Deixa as coisas do jeito que estavam antes.

– Como assim "não trocaria o certo pelo duvidoso"? - perguntei não entendendo o que ela quis dizer com isso.

– Primeiro, para de andar de um lado pro outro porque isso ta me deixando maluca - ela disse se levantando e empurrando meus ombros pra baixo de uma forma que me fazia sentar na cama. - E segundo: o que você acha que seria mais concreto? Que teria um futuro certo e seguro? Ficar com o Caio ou com o Gabriel?

– Com o Caio, oras. Eu nunca sei o que o Gabriel vai fazer. Se ele vai dar um dos chiliques dele ou coisa parecida. - disse refletindo

– Então liga os pontos: quem é o certo e quem é o duvidoso? O que você sabe que vai durar e o que você sabe que tem um futuro duvidoso? Ficar com o Caio? Ficar com o Gabriel? Ou com os dois? Essa última parte é só uma hipótese. Não faz isso. É nojento e antiético, pelo amor de Deus. - quase ri das últimas coisas que ela disse

– Tem razão. O Caio é certo, já o Gab é duvidoso. O certo a fazer seria eu ficar com o Caio. Mas tem um problema. Eu gosto muito dele, mas quando se tem a ideia do futuro certinha você não corre riscos e nem se aventura, acaba sendo chato e vira uma rotina. Eu gosto de correr riscos. Se eu tiver uma ideia certa do futuro, o que eu vou fazer até lá? Ficar sentada esperado? Como, por exemplo, se eu soubesse com quem eu ia acabar e que esse dia ainda demoraria pra chegar, mas ja tinha data certa? O que eu ia fazer? Ficar sentada ou deitada, pensando na possibilidade de ser diferente, mas mesmo assim esperando isso chegar?

– Mas também não é bom ficar na duvida e acabar escolhendo o errado. Porque, de certa forma, quando você escolhe o errado, você perde o certo. Todo mundo erra, eu sei. É errando que se aprende, também sei disso. Mas o que muita gente não sabe é que quando se erra, se perde. E quando se perde é difícil de reconquistar, isso se conseguir reconquistar algum dia. Pra não perder o Caio, no caso, o certo, você tem que deixar o Gab, ou seja, o duvidoso. É difícil, eu sei que é. Mas você precisa escolher: ou você fica com um em que tem certeza de que vai ficar tudo bem ou você arrisca e fica com o outro sempre correndo o risco de sair magoada.

– Acho que você tem razão. Vou ficar com o certo. Quer dizer, com o Caio. - me embolei e ela riu.

– É o que eu faria. - ela respondeu. - Agora que ja resolvemos o se dilema, vamos para o meu. - ela disse e bufou se sentando ao meu lado na cama.

– O que? Você tem um dilema? TA GRÁVIDA? - eu perguntei, logo depois me ligando de que eu gritei isso sendo que a mãe dela estava em casa e dava pra escutar.

– Ta maluca? Claro que não. - assim que ela disse isso a mãe dela bateu na porta do quarto entrando depois.

– Luana, tem algo que você queira me contar? - perguntou em um tom desconfiado.

– Não mãe, por quê?

– Quando ia me contar que está grávida? - ela perguntou semicerrando os olhos.

– Não estou mãe.

– Ah, não? Graças a Deus - ela disse e colocou uma mão no peito suspirando um "ufa". - Então por que a Mandie gritou isso?

– Porque essa maluca se precipitou. Eu disse que tinha um dilema e ela achou que fosse isso, quando era apenas uma dúvida sobre que roupa eu usaria pra sair com o Luke hoje. - ela me olhou com uma cara de dar medo.

– Ué, mas vocês vão sair em plena segunda-feira? - a mãe dela perguntou

– Sim, mãe. É que ele sismou de me levar pra jantar e eu tive que aceitar.

– Ai, ela fala isso como se fosse um sacrifício sair pra jantar com o namorado. Agradeça a Deus pelo Lucas ser o cavalheiro que ele é, porque hoje em dia está em falta. Ainda bem que eu não nasci na época de vocês. - ela disse e saiu do quarto.

Eu e Lua nos entreolhamos e começamos a rir. Depois de um tempo paramos.

– Ok, vamos logo ver essa sua bendita roupa. - me levantei de sua cama já abrindo o guarda-roupas.

(...)

Estava em casa, no meu quarto. Tinha acabado de jantar e resolvi entrar no tumblr e ver o que tinha por lá.

Até que eu vi um texto que me fez pensar se meu futuro com o Gabriel seria assim.

No texto dizia assim:

[n/a: leiam com essa música (era assim que estava no tumblr) : http://www.youtube.com/watch?v=k2Wj2BwLVug ]

"É que eu te amei cara, eu amei quando tu não mereceste o meu carinho, eu passei a te amar mais quando você passou pela porta, e depois de meses voltou. Eu lutei por você, eu lutei até ao ponto de não conseguir me manter de pés ao chão, eu lutei por você quando te vi com outros, e só te amei, e todas as noites pedia a Deus que te fizesse voltar, eu fiz mandinga pra te ter perto de mim, eu escrevi, e reescrevi cartas que nunca tive a coragem suficiente em te mandar, eu sonhei com você durante meses, e sempre acordava com a imensa vontade de te contar como havia sido, de te beijar, e sentir teu carinho e todo aquele amor que você dizia sentir; E sabe cara, me mandar embora da sua vida fosse uma das coisas que mais me fizeram crescer, que mais me tornaram tão frio, e a desacreditar nesse amor, no seu amor, porque na verdade deixei de acreditar desde a ultima vez em que eu te mandei um enorme texto, te pedindo pra não desistir, pedindo pra continuar, mas você ignorou, e re-apareceu meses depois, depois em que eu tinha chorado, depois de ter ficando sem onde pisar, depois de chorar tudo, que até hoje eu não sei como chorar. Cara, eu te amei, eu te amo, e não te escrevo isso pra que você volte pra mim, minha intenção nunca foi a de que você voltasse para meus braços, e sim que você soubesse que amor maior que o meu não havia, que aqui dentro estava transbordando de você, e o que eu mais queria é que você tivesse me deixado perto, o que eu mais precisava era que você me deixasse te ouvir, nem que fosse só aquela vez, eu só precisava saber se você tava sorrindo, como estava sua vida, mas você me expulsou dela mais uma vez, e mesmo depois de tudo que eu havia passado, eu tinha voltado, e mais uma vez eu fui só mais um ser insignificante não é? E não adianta falar que sofreu, não adianta falar que correu aos meus braços, porque você decidiu voltar quando alguém decidiu me fazer sorrir, a partir dai você percebeu que meu amor não era só mais seu, mas foi engano seu, ele sempre foi seu, ele sempre vai ser seu, mesmo eu odiando, mesmo eu querendo sufocar ele em mim, mesmo eu mentindo que não me lembro de ti, mesmo eu me enganando e te enganando, você pode ter me esquecido, pode ser que eu só seja especial, ou nem isso, não importa o que for meus braços sempre serão seus, e mesmo que eu encontre outro, mesmo que eu namore, mesmo que eu seja um fela da puta, mesmo que fique bêbado. Eu choro, eu choro porque me lembro de ti, não tem uma vez que eu não tenha bebido que eu não tenha tentando te ligar, que eu não tenha falado de você e do quanto eu sentia/sinto sua falta. Mas eu sei que isso não te interessa hoje você ta feliz, eu só te desejo felicidades, e que você cresça, e perceba que amor como o meu não vai existir. Que sentimento de cuidar, de querer perto, não tem maior, e isso você deve ta cansado de saber, eu não te odeio, eu não sinto nada de ruim por você, pelo ao contrario, sinto algo que me faz um mal meio que bem, algo que machuca mais que cura, algo que vai além do que eu imaginei que poderia ir, algo que ao ver você sorrindo, é o mais importante, e nada mais me importa, e acho que vai ser assim por mais longos anos de minha vida, e talvez essa seja ultima vez que eu te fale que te amo, te preciso, ou quem sabe nos encontremos no futuro, é isso, adeus, mas esse adeus não é de despedida, tô entregado você nas mãos de Deus, pois não posso mais cultivar isso em mim. Até o futuro, ou até o dia em que nos embarraremos pela esquina da vida novamente."

Chorei ao ler aquilo.

Quando acabei de ler meu rosto estava molhado e eu sabia que se falasse algo minha voz sairia embargada.

Acabei por fechar a página e desliguei o notebook.

Assim que o fiz, ouvi o toque do meu celular, "Red" da Taylor Swift. Sou apaixonada por essa música. Primeiro os acordes e depois a voz divina da Tay começou:

Loving him is like driving

A new Maserati down a dead end street

Faster than the wind, passionate as sin

Ended so suddenly.

Quando chegou nessa parte peguei o celular e vi o nome do Caio piscando no ecrã.

Tomei coragem e atendi. Não queria fazer isso. Ele ia perceber a minha voz. Forcei a voz o máximo que eu consegui e tentei disfarçar.

~Ligação on~

– Oi, amor - forcei um sorriso mesmo sabendo que ele não estava me vendo, soa mais natural.

– Oi, anjo. Ta tudo bem? Sua voz ta estranha, sei lá. - porra, ele percebeu

– To bem sim. É coisa da sua cabeça. E você, está bem?

– To sim. Tenho uma novidade.

– Qual? - perguntei curiosa

– Adivinha aonde eu to?

– Aonde, Caio?

– No Brasil, amor. Eu cheguei agora. Quer que eu passe aí?

– Não, Caio. Não precisa. Você deve estra cansado do voo e amanhã a gente acorda cedo, pois tem aula. - arranjei uma desculpa. Queria adiar ter que olhar nos olhos dele, ainda não me conformei com o que conversei com a Lua hoje.

– Ah, é verdade. Amor, vou desligar. Boa noite, até amanhã. Te amo. - ele disse

– Tudo bem, vai lá. Boa noite e até. - eu disse e terminei por ali. Acabei me sentindo mal por não poder dizer que correspondo.

– Não precisa dizer o mesmo. Sei que ainda é cedo pra você. Então até amanhã. - disse num to desapontado (?), acho.

– Até. Beijo.

– Outro. - ele disse e desligou.

~Ligação off~

Após desligar, tomei um banho, pus meu pijama e tentei dormir.

(...)

No dia seguinte, acordei, tomei um banho, aprontei e fui pro colégio tendo que encarar o que ontem tentei evitar.

Roupa: http://www.polyvore.com/mandie_20/set?id=91956181