My Sweet Hell escrita por Pode me chamar de Cecii


Capítulo 4
Three - Call of Duty




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O ferimento ainda parecia inflamado e doloroso, mas tudo o que podia ser feito estava pronto. Talvez ela ganhasse alguns pontos, mais tarde. Derek se levantou, dando as costas para o belo ser de cabelos escuros e pele muito bronzeada e pondo-se a juntar o material de primeiros socorros. Sentia-se desconfortável com os olhos fuzilando-o ferozmente, toda a inocência deles havia desaparecido. Algo nele começava a mudar desde este instante. Ele abriu os olhos. Ela estava a milímetros de distância. Piscou algumas vezes, procurando localizar-se. Um sorriso brincava no rosto quase demoníaco de tão belo. Hipnose... seria isso?

Sua mão foi espontaneamente até o queixo delicado e afinado, os olhos analisando-o centímetro por centímetro.

- O que...? - tentou dizer, mas então se levantou novamente. Suspirou. Piscou. Ao abrir os olhos novamente, era como se tivesse voltado no tempo, na mesma posição. A morena gargalhou alto da confusão dele. Um perfume forte de rosas ou quaisquer outras flores que ele não conhecia lhe invadiu, entorpecendo todos os outros sentidos.

Ele fez menção de tentar se afastar outra vez, mas ela arqueou uma sobrancelha, desafiando-o.

– Pare com isso. – ordenou, segurando-se para não voltar onde estava.

Pôs-se a juntar seus pertences. Alguns poucos livros que trazia para pesquisa, um mapa-múndi, um mapa dos Estados Unidos – ou do que restara dele –, a maleta de primeiros socorros, o cantil de água, roupas e comida. Piscou uma vez, experimentando, e ela riu novamente. O anjo apenas observava curioso o que o humano fazia.

– Não vai levar nada? – perguntou ele e o belo rosto se contorceu em uma careta de incompreensão. Ela pareceu pensar por alguns segundos e, por fim, negou com a cabeça. – Então vamos embora.

Ele fechou a mochila com alguma dificuldade e a pôs nas costas, superando seu peso. Tirou dela apenas o galão de álcool e a caixa de fósforos. Certamente relutante, destampou-o e começou a espalhar o líquido transparente pela construção.

Ela observou o lugar que, em seguida, seria engolido por chamas, apagando quaisquer rastros de sua passagem por ali. Algumas vozes sussurravam em sua cabeça. Seus nomes, consciência, dever, bom senso, medo. O humano riscou um fósforo e ela ainda observava. Cassandra gostava do fogo. Ela sorriu de canto quando ele lhe dirigiu o olhar, mas apenas permaneceu ali.

Ele a observava, intrigado. Sabia que ela seria imune ao calor. Fora criada e adaptada para sobreviver a este. O frio, na verdade, seria o maior problema. Ela jogou os cabelos para trás e fechou os olhos, ajoelhada no chão de imento esfarelado que certamente ralava sua pele. Ele não ousava desviar os olhos.

Ela ainda o encarava. Tudo pareceu turvo para ele, por um momento e, quando o mundo teve nitidez novamente, ele caiu. Ela ria. "Vá em frente e me dê o fogo", seus olhos diziam. Parecia que o próprio âmbar de suas íris estava em chamas. "Ou fique e me dê seu sangue", complementava o sorriso. Ela mordia o lábio inferior com um dos caninos, a força era tamanha que chegara o ponto em que a pele fina rosada se furou e o gosto metálico invadiu sua boca.

Ele tentava não se deixar intimidar, mas não sabia o que fazer.

- Vamos lá. - ela desafiava. A mente dele estava confusa.

E ele saiu do prédio. E ele riscou o fósforo. E ele lhe deu o fogo.

Ferimento por ferimento, a dor parou de amedrontar e os cortes, um a um, se fecharam, deixando apenas duas enormes valas que ficariam ali para sempre. Perder suas asas. Diziam ser a dor mais insuportável para um ser tão livre quanto ela. "Nada que é vivo é livre". Dizia-se o anjo.

Todo seu corpo vibrava em contato com o fogo. Ela não queria sair dali jamais. "I've gotta go, now", sussurrou para o nada e para a única coisa que lhe fazia algum sentido. Seu mestre. "I've gotta go, now", repetiu. Ela sentia tanta vergonha quanto fosse possível. Tão assim, tão rápido, ela havia falhado. "Até os melhores falham", dissera, uma vez, um humano. "É aí que deixam de ser os melhores", ela sempre se completava.

Nem tudo estava perdido, era claro. Ela ainda tinha... Chances? Consciência, medo, razão e dever diziam que sim. "Só os melhores falham". Gostava de adicionar, quando ainda podia andar livremente sem um dever que lhe recaísse sobre as costas. Mesmo estando a tamanha distância, ela sentia que o Ele a quem seguia não lamentava ter confiado nela. Não que isso fosse alguma coisa. Centenas de caídos já haviam partido aos humanos com o objetivo de abrir seus olhos e mostrar que sempre há um pontinho branco em meio à escuridão. E que, na maioria das vezes, as luzes que eles cultuam, na verdade, são escuro. "Eu ainda não errei".

Ela ficaria ali pelo resto da eternidade e seria mais um dos que falharam. Pena que sua obrigação, agora, dizia que era hora de obedecer.


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Notas finais do capítulo

SIM ficou confuso. mas, no dia que nao ficar, voces podem desconfiar que nao fui eu que escrevi! vou esperar passar tudo à limpo à medida que a fic vai evoluindo... rlx. Se nao conseguir, bem, me avisem kkk
Enfim, beijoos
quem comentar dessa vez ganha toddyinho porque não divido mais D. com ninguem u.u



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