Era uma manhã calma, o dia estava nublado e o vento soprava sua brisa leve e fria, invadindo as casas pelas frestas que encontrava, o que fazia com que Kurosaki Ichigo se encolhesse embaixo das cobertas quentes.

–Onii-Chan, o café está pronto! – Gritava Yuzu da cozinha.

O garoto apenas grunhiu, apertando-se ainda mais de baixo das cobertas.

–Onii-Chan! – Gritou mais alto vendo que o mesmo não respondia.

–Já vou, já vou! – Resmungou se levantando com dificuldade da cama.

Desceu as escadas lentamente, estava envolvido nas cobertas, aquela manhã era claramente uma manhã fria. Ao fim da escadaria, parou e olhou no relógio, notando que ainda era cedo.

–O quê deu em você? Ainda são sete horas! – Reclamou o ruivo com a irmã.

–Yare yare Ichigo, deixe de ser preguiçoso. – Disse o louro sentado à mesa.

–Urahara-San? – Assustou-se ao notar o amigo.

–O-ha-yo! – Disse pausadamente com tom bizarro.

–O que faz aqui tão cedo? – Disse após um longo bocejo.

–Problemas.

–Problemas? – Questionou assustado. -Algo sério?

–Depois falamos sobre isso. – Disse apontando com os olhos para Yuzu. -Agora vamos tomar café que estou com fome.

–Que grosseria da sua parte. – Indagou Ichigo.

A menina apenas ria com toda a situação.

–Onde está Karin? – Questionou o ruivo já sentado à mesa.

–Ela saiu cedo, parece que tinha treino do time de futebol. – Relatou Yuzu.

–Acordar cedo dia domingo para treinar? Isso que amor pelo esporte. – Resmungou.

Não era apenas no Mundo dos Humanos que fazia frio, na Soul Society um grupo de busca já estava trabalhando, procurando rastros do fugitivo.

–Ninguém merece trabalhar nesse frio. – Reclamava Renji. Vestia um cachecol, luvas e um colete por cima de sua roupa casual.

–Deixe de ser reclamão! Essa brisa da manhã é tão boa. – Disse Matsumoto.

–Só não entendo porque nós temos que fazer a patrulha. – Resmungava Ikkaku.

–Concordo com a Rangiku, esse vento da manhã balança meus longos cabelos, deixando-me mais belo ainda. – Disse Yumichika fazendo uma pose de galã e jogando seus cabelos.

Ambos vestiam roupas adequadas ao frio.

–Ikkaku...? – Questionou Matsumoto parando e encarando o companheiro.

–O que foi? – Disse ele sem entender.

–Sua careca fica mais reluzente no frio. – Apontou.

–Ora, sua... – Uma veia saltou de sua testa.

–O pior de tudo é ainda ter que aguentar vocês. – Resmungou Renji.

Uma pequena confusão se formou.

–Encontraram algo? – Questionou Hitsugaya Toushiro surgindo repentinamente, fazendo com que a confusão se desfizesse.

–Não, nada. – Relatou Renji.

–Taichou, como estão Kira e Hisagi? – Pergunta Rangiku preocupada.

–Estão bem, parece que os ataques não foram para matar. – Respondeu o baixinho.

–Conseguir derrotar os dois de uma só vez, esse Yuzuke me parece forte, adoraria lutar com ele. – Disse Ikkaku com um sorriso no rosto.

–Não seja deselegante Ikkaku, não vê que o assunto é sério. – Diz Yumichika.

–E quem é você para me falar isso? – Reclamou.

–Yuzuke... – Disse Renji para si mesmo, apertando os punhos.

– Mundo dos Humanos –

–E então Urahara-San? – Questionou Ichigo caminhando ao lado do companheiro.

–Espere, quando chegarmos à loja eu te contarei tudo. – Seu olhar era sisudo.

Ichigo ficou em silêncio durante o percurso, tentando, apenas, acompanhar os apressados passos de Urahara.

–Entre, por favor. – Disse Urahara após chegarem à frente da loja.

–Hã? Inoue, Chado, Ishida, o que fazem aqui? – Questionou Ichigo sem entender o que estava acontecendo.

–O mesmo que você, fomos convidados por Urahara-San. – Respondeu Ishida.

–Bom, já que estão todos aqui acho que devo começar. – Diz Kisuke.

Ambos ficaram tensos, com olhar fixo.

–Yuzuke-San fugiu. – Relatou.

–Fugiu? Como assim?! – Questionou Ichigo se levantando.

–Yuzuke-Kun, mas por quê? – Disse Inoue assustada.

–Ele...

–Ele havia sido condenado à morte. – Disse Ichigo interrompendo Kisuke.

–Então você sabia Ichigo. – Disse Urahara, sua expressão era séria.

–Sim, mas não quis falar nada porque...

–Porque você iria arranjar um jeito de arrancá-lo de lá, certo? – Retrucou Urahara.

Ichigo se manteve quieto e apenas abaixou a cabeça.

–Não importa o que passou, eu os chamei aqui porque acho que Yuzuke está unido com aqueles que atacaram a Soul Society.

–Yuzuke, com eles? Mas por quê?! – Indagou o ruivo.

–Yuzuke faz parte da família KyariyaKami. – Respondeu extremamente sério.

– NANII?! – Todos se surpreendem.

–Yuzuke-Kun... parte da família daqueles vilões?! – Diz Inoue indignada.

–Não acredito que sejam vilões... – Diz Urahara.

–Do que você está falando? Eles atacarão a Seireitei! – Diz Ichigo nervoso.

–Há acontecimentos passados que estão em segredo, apenas o comandante sabe.

–Então você está dizendo que eles não são inimigos? – Diz Sado.

–Também não. Só estou dizendo que talvez estejamos no meio de um confronto particular, o que poderá gerar consequências graves para nós.

– Ao mesmo tempo em algum lugar da Soul Society –

–Chegamos.

–Então aqui é minha casa. – Diz Yuzuke olhando para o céu.

Um imenso castelo feito de mármore, com inúmeras janelas, duas torres integradas e um grande portão de ferro, flutuava nos céus em meio às poucas nuvens que havia na imensidão branca.

–Você não se lembra? – Questiona Mei.

Pequenos flashbacks passavam na mente de Yuzuke, lembrava de momentos naquele castelo, mas ao mesmo tempo a imagem de uma noite, das mais soturnas, vinha a sua cabeça, não conseguia ver nada, apenas o sangue em suas mãos.

–Yuzuke? Você está bem?

O rapaz sente fortes dores de cabeça e seu corpo não aguenta, fazendo-o desmaiar.

–Kuse... Podia pelo menos esperar nós entrarmos. – Reclamou Mei pegando Yuzuke e desaparecendo em direção ao castelo.

– Mundo dos Humanos –

–Consequências graves?! – Questiona o ruivo assustado. -Do que você está falando?

–Você não está querendo dizer que... – Diz Ishida.

–Talvez uma guerra se inicie. – Conclui Sado.

–E a Soul Society será o campo de batalha. – Diz Urahara Kisuke, fazendo Inoue abrir a boca de espanto.

Continua...