Viciante Morte - THALICO escrita por Caroline Tarquinio


Capítulo 3
Terrible love




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Chegamos ao Canadá depois de algum tempo de viagem, não sei exatamente quanto porque o tempo todo eu estava me concentrando ao máximo para não tocar em Nico, o que era muito difícil de se fazer quando isso era tudo o que eu queria fazer, isso e o fato de estarmos na traseira de uma van com cheiro de morangos chacoalhando por todos os lados não ajudava.

Estava anoitecendo quando chegamos à Niagara Falls, não as cataratas mas uma cidadezinha que faz fronteira com os Estados Unidos. Argos partiu e nos deixou lá sozinhos morrendo de frio sem saber o eu fazer em seguida. Eu já estava começando a pensar que aquele vudu que aquela insuportável filha de Hécate havia feito no colar de Nico era falso. Eu o segurei, mas não senti nada, ele não brilhou, na apontou em direção nenhuma, nada alem de um arrepio na nuca, mas isso se devia ao fato de que o ele pertencia a Nico.

Decidimos que iríamos dormir em um hotelzinho da região chamado “Doce Noite”. Achei brega mas era o único lugar para o qual tínhamos dinheiro então entramos. O lugar era repulsivo, parecia um bar, meio escuro e com piso de madeira velha. Logo quando você entrava se via um palquinho e mesas e cadeiras velhos, homens bêbados sentavam em todas as partes enquanto riam e conversavam. Nos dirigimos à mesa do bar para falar com o atendente, um homem enorme de meia idade com uma barba negra desgrenhada e as unhas da mão imundas. Pedimos um quarto porque não tínhamos dinheiro para dois, ele nos entregou a chave e antes de sairmos um outro cara bêbado surgiu e tentou me agarrar. Fiquei tão furiosa que dei um choque involuntário nele e ele gritou. Nesse momento todas as cabeças se viraram para nós e como semideuses chamar atenção não é algo que queiramos. Seria de se esperar que depois de quase ser fritado o tal bêbado que me agarrou se afastasse mas ele continuou tombando pra cima de mim então Nico interferiu. Ele deu um passo para a frente tão furioso que todas as pessoas do lugar se encolheram, havia um brilho doentio em seus olhos, se eu estivesse na posição do bêbado eu correria mais rápido do que a velocidade da luz. Nico parecia um psicopata, pronto pra tirar a vida de qualquer um que se aproximasse de nós. Ele segurava em sua mão sua espada de ferro estígio que irradiava quase tanto terror quanto o elmo de seu pai.

–- Se você chegar perto dela de novo você vai ter uma morte muito dolorosa – disse ele – e um pós-morte pior ainda, e eu cuidarei disso pessoalmente.

Nico era louco de nos expor daquela maneira e algo me dizia que não importa a quantidade de Névoa trabalhando ali ou a quantidade de bebida que aquele homem havia ingerido, ele sabia que Nico falara a verdade sobre cuidar pessoalmente do pós-morte doloroso dele. Fomos para o quarto e assim que entrei fiquei completamente enojada. Não que eu fosse daquelas meninas frescas do chalé de Afrodite, semideusas como eu não podem se dar a esse luxo. Mas se existisse um deus grego para o mofo aquele seria o lugar mais abençoado de todos. Notei que havia apenas uma cama de solteiro que ficava com o lado encostado na parede e um sofá apertado paralelo a cama, como camas de quartos de irmãs costumam ser organizadas, só que a cama número dois era um sofá. Ficamos parados na porta olhando para o lugar ainda incrédulos. Então Nico falou:

–- Você fica com a cama.

Por dentro fiquei derretida com ele me oferecendo a cama mas não iria bancar a frágil agora.

–- Nada disso, você fica com a cama – eu devolvi – por nos livrar do exército de bêbados.

–- Fica com a cama Thalia – disse ele, e eu fiquei feliz quando ele disse meu nome – da próxima vez eu fico... – fui colocando minhas coisas na cama  - ... com você. – eu me virei e ele sorria enquanto erguia as sobrancelhas sugestivamente. Todo o meu corpo pareceu estremecer, não sei se ele fazia de propósito, ou se não fazia ideia do que eu sentia então me enfureci. Tirei minha mochila da cama e coloquei no sofá, peguei a mochila dele e empurrei contra seu peito com uma força maior do que a necessária, o que o fez cambalear.

–- Vou ficar no sofá – disse eu – vou tomar banho e dormir, se vira por aí.

–- Desculpa, eu só tava brincando – ele segurou em meu braço – relaxa, vai dar tudo certo, a gente vai achar o que estamos procurando e voltar pra o acampamento, profecias nunca são exatamente o que a gente pensa que são. – fiquei completamente chocada por ele saber que isso era o que se passava na minha cabeça, ou pelo menos grande parte do que se passava na minha cabeça.

–- Tudo bem, desculpa também, eu estou um pouco estressada com essa historia das consequências para os grandes – eu confessei.

–- Nada vai acontecer, melhor esperarmos pra ver – ele disse e se aproximou. Colocou a mão em meu cabelo e eu fui ficando nervosa. Tinhamos a mesma altura e nossos narizes se tocavam agora então ele ficou na ponta dos pés e beijou a minha testa. Fiquei aliviada mas também decepcionada. Sorri pra ele e fui ao banheiro tomar banho.


Quando voltei pra o quarto, Nico estava deitado no sofá dormindo, olhei pra ele e sorri, sacudi a cabeça tentando afastar esses pensamentos, tinha que me concentrar naquela missão estúpida e sem sentido.

Deitei na cama morrendo de frio, era inverno e nevava lá fora e não havia aquecedor nesse buraco de rato. Me encolhi e virei para o lado e meu rosto ficou de frente para o de Nico com apenas alguns centímetros nos separando. Fechei meus olhos e cochilei por algum tempo mas depois acordei com algo puxando meu pescoço, como uma coleira, olhei para ver o que era e era o colar de Nico que tinha sido enfeitiçado para nos guiar aonde precisávamos ir. Ela apontava para a frente.

–- Nico! – chamei mas ele não se mexeu – Nico, acorda! – ele abriu os olhos meio grogue.

–- O que foi? – disse ele esfregando os olhos.

–- A corrente – apontei para o pingente que flutuava ainda preso em meu pescoço.

Nico levantou rápido e calçou as botas e eu fiz a mesma coisa. Ficamos lado a lado e o pingente apontou para Nico. Nos entreolhamos confusos e ele mudou de posição. O pingente o seguiu, parecia que era atraído pra ele como um imã. E foi aí que percebi o pingente apontava pra ele porque estava enfeitiçado para apontar pra onde eu precisava ir ou nesse caso com quem eu precisava estar e essa pessoa era Nico.

De repente o pingente brilhou mais forte e depois caiu inanimado em meu peito assim como estivera antes, como se fosse um colar normal. Nico olhou pra mim confuso e eu fugi do olhar dele. Meus melhores sonhos e piores pesadelos haviam se confirmado, eu estava apaixonada por ele e eu poderia listar mil motivos pelos quais nós não poderíamos ficar juntos.


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