Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 56
Capítulo 55 - Casamento


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos, tudo bem?! ^^
Esse é o penúltimo capítulo da fic, como eu havia falado no face. Espero que gostem ;)
Boa leitura!



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– Digam xiiiiiis! - dizia o animado fotógrafo todas as vezes que Percy e eu fazíamos uma pose diferente.

Pois é, meu pai contratara até uma equipe de fotógrafos e cinegrafistas para registrar cada segundo daquele dia. Bem, ao menos quase isso, afinal eles não puderam ir até o olimpo. Mas até mesmo enquanto eu arrumava o cabelo e fazia maquiagem haviam pessoas me filmando e fotografando. Eu já não gostava muito de tirar foto. Também não era legal lembrar da minha curta e desastrosa carreira de modelo. Entretanto, eu até que estava curtindo aquela nossa sessão de fotos em casal no Central Park. O local era perfeito pois, além de ter belas paisagens, tinha um significado muito especial para nós. Havíamos vivido vários momentos especiais ali. Bons e ruins se você considerar o tempo pré-guerras. Até o pedido de casamento de Percy fora ali. Tudo bem que na ocasião eu saíra correndo deixando ele sem resposta, mas isso era só um detalhe. Agora nada daquilo tinha importância. Eu estava casada com o garoto mais incrível do mundo. Não precisava muito esforço para parecermos felizes e contentes enquanto tiravam várias fotos nossas.

Nos enrolaram por cerca de meia hora, o que era muito além do necessário para conseguir fotos suficientes para o álbum. É que não podíamos chegar no local da festa antes de todos os convidados estarem lá. Além disso ainda teríamos outra cerimônia para realizar por lá. Então nem mesmo podíamos chegar juntos ao acampamento. Percy foi com nosso carro, enquanto eu fui com a limusine que vinha sendo meu meio de transporte naquele dia. Me senti estranha por me separar dele, mesmo que só por alguns instantes. Cerca de 15 minutos depois o motorista estacionava o comprido carro próximo a entrada do acampamento. Não sabia como ele havia conseguido subir aquela colina, nem como havia encontrado o caminho, mas suspeitava que tinha magia divina envolvida naquilo. Meu pai estava me esperando logo no portal. Segurou minha mão e me levou até onde os convidados estavam esperando. Repetimos todo o ritual que se passou no olimpo. Até mesmo Dionísio estava lá para dar uma de padre de novo. Por um momento achei que ele estivesse realmente gostando de fazer aquele papel.

Quando Percy e eu descemos do altar e andamos para “fora” do espaço que havia sido delimitado para o casamento, tudo ao ar livre, fomos atingidos por uma chuva de arroz que os convidados jogavam. Logo em seguida ficamos posicionados lado a lado num local mais afastado para que todos pudessem fazer fila e nos cumprimentar. Foram muitos beijos, muitos abraços e muitos “parabéns”. Cada uma daquelas pessoas era tão unicamente importante e especial que mesmo os cumprimentos sendo repetitivos, eu recebi a todos com o mesmo entusiasmo. Percy também não parecia nenhum pouco incomodado em ser tão paparicado. Em seguida fomos cortar o bolo e claro, tirar mais fotos. Fiquei pensando se não seria um problema ter todos aqueles registros do acampamento meio sangue, sendo esse um local completamente secreto. Pensando bem, os deuses estavam cada vez mais flexíveis com as regras, até deixaram a gente se casar no olimpo e dar uma festa com convidados mortais no acampamento. Algumas fotos num álbum de casamento não seria grande problema.

Depois de comermos, ou fingir que comemos, o bolo, fomos para a praia. Era lá que estavam montadas as mesas, pista de dança e todas as outras coisas que haviam me dado tanto trabalho para organizar. Ao botar os olhos no lugar e vê-lo todo arrumado e decorado eu senti que todo esforço e estresse tinham valido a pena. Estava tudo perfeito! Nos levaram até a pista de dança que no momento estava vazia e toda iluminada com luzes claras. O crepúsculo já havia se formado no céu deixando um visual lindo. A mãe de Percy e meu pai tomaram a frente e pegaram o microfone que estava num palco onde uma banda já estava posicionada. Eles fizeram seus discursos o que me deixou emocionada e me fez chorar bastante. Outros corajosos também pegaram o microfone: Grover, Thalia, Piper, Hazel, Jason, Leo, Sam, Tasha, Nathan, os irmãos Stoll, Clarisse, Quíron, Nico e é claro, Tyson. O ciclope foi o único que conseguiu arrancar uma lágrima de Percy. Em seguida nos chamaram para dançar a primeira valsa. Meu marido quase havia me convencido de descartar aquela parte da festa, mas eu insisti que tínhamos que seguir todo o cronograma. Queria sentir realmente que poderíamos ser um casal comum ao menos por uma noite. Ao menos no nosso casamento.

E ele dançou direitinho. Nem parecia que não tinha ensaiado quase nada. Sei que ele e muita gente achava aquele um momento fútil em um casamento. Mas eu achei que foi um dos ápices do dia. Nós dois ali dançando como se estivéssemos a sós mesmo com todos em volta nos assistindo. Foi mágico e atrevo a dizer que me senti como uma princesa. Por mais bobo que isso possa parecer. Assim que a primeira música acabou e a segunda começou, outros pares adentraram a pista para dançar junto conosco. Sai então daquela atmosfera romântica para entrar em outra mais agitada e descontraída. A música continuava lenta, mas as pessoas ao redor tornavam o ambiente mais festeiro. Logo começou a rolar as trocas de pares e parecia que todos queriam ter a oportunidade de dançar com os noivos. Eu dancei com tanta gente que perdi a conta. Eles aproveitavam para me dizer o quanto eu estava linda e o quanto a festa na praia estava sendo ótima. Eu só conseguia sorrir e agradecer imensamente pela presença de todos eles.

Mais algumas músicas lentas depois, o pessoal voltou a se sentar nas mesas e foi servido um jantar maravilhoso. Não tivemos ajuda das harpias nem dos ventos do acampamento júpiter para isso. Como eu disse, tinham mortais presentes, tínhamos que manter a discrição. Por isso tínhamos contratado um buffet completo com garçons e tudo mais. Aquela festa estava muito chique. Até champanhe e água com gás estavam servindo. Além é claro de cerveja e outros drinks alcóolicos que Percy fez questão de colocar no Menu. Logo, você pode imaginar que não demorou nada pra a galera começar a se soltar e voltar pra a pista de dança, principalmente quando começaram a tocar músicas mais animadas. Eu até fui para o chalé de Atena trocar o vestido de noiva comprido por um mais curto e o sapato de salto por um mais baixo. Queria aproveitar a festa sem nada disso me incomodando.

Percy, como marido fofo e atencioso que estava sendo desde já, me acompanhou para me ajudar. Desconfiei que ele tivesse segundas intenções e é claro que eu estava certa. Antes de eu conseguir entrar no chalé ele já me encurralou contra uma das pilastras e começou a me beijar com fervor. Respondi aos beijos e me deixei levar pelo calor do momento. Quase não percebemos quando alguém pigarreou forte ao nosso lado.

– Garotos - era Poseidon profundamente envergonhado mas achando graça da situação. Percy e eu congelados ao ver que ele não estava sozinho. Atena estava ao seu lado.

– O que fazem aqui? - perguntou Percy arrumando o cabelo e o terno que estava meio amarrotado.

– Estávamos esperando um momento adequado para virmos falar com vocês sem que ninguém mais estivesse por perto - explicou a deusa da sabedoria.

– Mais adequado impossível - comentou Percy. Eu lhe dei uma cotovelada nas costelas que o fez soltar um gemido. Aquele não era o momento para piadinhas.

– Querem falar conosco? Pois acho que terão que esperar. Não podemos deixar nossos convidados esperando - eu tinha que expressar meu descontentamento com minha mãe, antes que ela achasse que estava tudo bem.

– Filha, por favor, primeiro escute o que temos para dizer…

– Pra que? Pra você continuar me escondendo as coisas e me deixando desamparada quando eu mais preciso? - joguei na cara dela - Se não fosse por Afrodite, nosso casamento talvez nem tivesse acontecido. Nos vimos em nossos sonhos, vocês sabiam que Hera estava tramando contra nós. Mas nem se deram o trabalho de vir nos avisar, nem para dar as caras, nem mesmo para nos cumprimentar e dar os parabéns pelo casamento. Vamos Percy, temos que voltar para a festa…

– Esperem, nós não podíamos contar o que sabíamos. Não sem ter provas contra ela - insistiu Poseidon. Percy resistiu quando eu o havia puxado em direção ao chalé e me fez ficar e escutar - Escutem, nós nunca iríamos deixá-los desamparados. O que aconteceu é que não podíamos acusar Hera pois não estávamos muito bem com o Olimpo. Acho que acabamos pegando um pouco pesado com Afrodite e o castigo que ela recebeu. Digamos que ficamos muito no pé dela…

– Está sendo generoso, nós literalmente fizemos da vida eterna da deusa um inferno - completou Atena de forma séria e racional, como sempre.

– Certo, tem razão - disse o rei dos mares a contragosto - O ponto é que nós descobrimos as más intenções de Hera depois que Percy me pediu para investigar. Só que não tínhamos provas para acusá-la.

– Espera aí - fiz uma rápida intromissão - Vocês estavam investigando juntos, ou eu entendi errado?

– É… não estou exatamente orgulhoso disso - admitiu Poseidon. Atena revirou os olhos, mas não disse nada - Mas como eu estava dizendo, não podíamos acusar Hera e fazer ela parar com a ajuda dos olimpianos. Então bolamos um plano. Se ela queria acabar com o casamento, a única forma de expô-la era levar o casamento adiante, até o ponto em que ela teria que interferir diretamente. Não estávamos certos do que ela faria, mas tomamos o cuidado de deixar Afrodite ficar sabendo das intenções da deusa em arruinar o casamento. Nesse quesito sabíamos que ela era a única que venceria e acabaria com qualquer estratégia que Hera tivesse para interferir na cerimônia. E pelo visto estávamos certos…

– É, foi um tanto quanto arriscado. Mas deu certo - admiti mas ainda não queria dar o braço a torcer de que eles tinham nos ajudado. Parecia mais uma maneira de os dois darem cabo de mais uma inimiga em comum do que realmente ajudar os filhos.

– Talvez não acreditem, mas superamos nossas diferentes novamente para proteger vocês - afirmou Atena como se tivesse lido os meus pensamentos. Detestava como ela sempre conseguia adivinhar o que eu estava pensando. Deve ser porque quase sempre pensávamos igual - Estamos realmente satisfeitos de terem conseguido fazer esse casamento dar certo, e não digo só pelo fato de vencerem Hera ou por terem organizado toda essa festa. Quero dizer pelo que construíram juntos até hoje como um casal. Tudo o que eu te disse antes de você subir ao altar hoje cedo, Annabeth, era tudo verdade. Mesmo que não precisem dela, vocês tem a minha benção.

– E a minha também - completou o deus dos oceanos - Esperamos que sejam muito felizes. E, por favor, não nos façam ter que trabalhar juntos nunca mais, ok?!

– Porque não ficam um pouco e aproveitam a festa? - sugeriu Percy e eu quase ri com a enorme inconveniência daquele convite.

– Essa festa não está cheia de mortais? - falou Atena com um pouco de desdém.

– Sim, e cheia de semideuses e outros tipos de criaturas inferiores, mas quem se importa?

Achei que minha mãe fosse desintegrar Percy com o olhar, mas, inacreditavelmente ela sorriu e disse que ele tinha um ótimo senso de humor. Não, você não entendeu errado. Atena estava rindo de uma das piadinhas do meu marido, e olha que não tinha sido das melhores. O que aconteceu em seguida sim que foi muitíssimo engraçado, mas eu não pude rir. Nossos pais divinos aceitaram dar uma voltinha rápida pela festa e até cumprimentar nossos pais mortais. Quando eu disse que precisava entrar no chalé para trocar de roupa, Percy até tentou dizer que iria me ajudar. Mas Atena, me fazendo suspeitar de novo que podia ler pensamentos, logo interviu dizendo que Percy podia acompanhá-los de volta enquanto eu me trocava. A cara dele foi impagável. Seus planos eram ficar a sós comigo e me ajudar a tirar muito além do vestido. Mas agora tudo tinha ido por água abaixo. Depois que eles saíram e eu entrei, pude soltar o riso. Minhas queridas damas de honra haviam separado um vestido parecido com o meu de noiva, só que mais curto e mais leve. Também havia uma sandália rasteira para eu calçar. Me troquei rapidamente e voltei para a festa para ajudar Percy com Poseidon e Atena.

Como haviam dito, eles ficaram muito pouco, apenas cumprimentaram Sally e Frederick brevemente e outras pessoas que sabiam quem eles eram. Em seguida foram embora e eu achei até melhor assim. Pelo menos já estava tudo esclarecido e eu não queria passar o meu casamento fazendo sala para os dois. Quase todos já se encontravam na pista de dança essa hora. A banda tocava sucessos dos anos 70 e 80 e estavam colocando todo mundo para cima. Era tão contagiante que Percy e eu não pensamos duas vezes em nos juntarmos a eles. Percy tirou o paletó e a gravata para, assim como eu, também ficar mais à vontade. Ficamos bem de cara para o palco e não demorou para passarmos a ser o centro das atenções. Estávamos rodeados por nossos amigos mortais e meio-sangues, todos muito animados e ligeiramente bêbados. Por sorte haviam muitos chalés com muitas camas disponíveis para aqueles que passassem da conta e tivessem que dormir por ali mesmo.

Sam e Tasha dançaram comigo enquanto me falavam que nossos colegas de acampamento eram muito legais e diferentes. Mal sabiam eles o quanto. Foram os dois que haviam me arrumado a banda para tocar na festa, que por sinal estava de parabéns. Eles mandavam muito bem e tocavam de tudo, estavam até aceitando pedidos dos convidados. Os dois recentemente haviam conseguido estágios na construtora D.S. com uma pequena ajuda minha e de Nathan. Eles pareciam muito felizes e eu suspeitei que estivesse rolando um clima entre os dois naquela noite. Não comentei nada, porque sempre que o tema surgia eles me diziam que não tinha nada a ver, mas fazia tempo que eu já apostava que eles acabariam ficando juntos. Eles combinavam demais! Também pude interagir melhor com Nathan e Haley enquanto todos dançavam na pista. Enquanto eles me contavam as novidades, revelaram que iam se casar também. Quase cai para trás. Não esperava aquilo por eles estarem há tão pouco tempo juntos, mas fiquei muito feliz, afinal sabia que eles se amavam e seriam muito felizes.

Depois de dar atenção aos meus amigos humanos, fugi um pouco para a rodinha de semideuses que era, claro, bem maior e mais animada. Vi os garotos dando bastante bebida para Percy. Eu os olhei colocando a mão na cintura e batendo o pé no chão. Não queria meu marido bêbado na lua de mel, fala sério. Mas como todos já sabiam, o filho de Poseidon tinha uma resistência ao álcool fora do comum. Piper, Hazel, Thalia, Clarisse e Drew me cercaram perguntando quando é que eu iria jogar o buque. Por Zeus, mais gente estava querendo se casar? Era isso mesmo? Tirei sarro delas e disse que teriam que cumprir a tradição. Quem pegasse o buquê teria que ser a próxima a se casar. Esperei uma pausa entre uma música e outra e pedi para subir ao palco com a banda. Anunciei que jogaria o buquê e todas as mulheres presentes foram até a frente do palco quase correndo. Quer dizer, todas menos a gravidíssima Sally Jackson, a minha madrasta e outras mulheres já casadas. Eram pouquíssimas que restaram sentadas comparado ao grande grupo de pé posicionado a minha frente.

Me virei de costas, a banda rufou os tambores para dar aquela expectativa. Eu ameacei jogar umas quatro vezes, até que enfim lancei o buquê de flores vermelhas para a multidão de garotas. Clarisse, uma das que menos se esforçou para alcançar o objeto, foi quem o pegou. Ele foi exatamente em sua direção. Ela teve apenas que levantar o braço e agarra-lo. E era óbvio que ninguém foi corajosa o bastante para tentar tirar o buquê dela. Várias palmas, gritos e assovios surgiram e eu vi a filha de Ares enrubescer pela primeira vez na vida. Os garotos empurraram e deram tapinhas nas costas e na cabeça de Chris Rodriguez que parecia ter ficado mais feliz com o acontecimento do que Clar. Mais tarde eu vi os dois se abraçando e ela não havia soltado o buquê ainda. É, acho que vinha mais casório por ai. Era muita felicidade para uma noite só, e o pior é que ainda não havia acabado. Meu pai e Sally, com a ajuda de alguns de nossos amigos, prepararam várias surpresas para nós no decorrer da noite. Eu tive vontade de esganá-los e abraçá-los ao mesmo tempo para agradecer imensamente por tudo aquilo!

Primeiro houve uma pausa da banda e montaram um telão no centro da pista. Todos se sentaram e colocaram duas cadeiras para que eu e Percy assistíssemos lá na frente. Eu já sabia o que era aquilo. Uma retrospectiva com várias fotos de nós dois desde pequenos até os dias de hoje, com familiares e amigos e principalmente, fotos de nós dois juntos. Ao som de várias das nossas músicas preferidas eu chorei como uma criança ao ver aquelas imagens que representavam momentos tão importantes para mim e para ele. Percy segurava minha mão a todo momento e no final me abraçou para me acalmar. Em seguida todos foram até a areia pois haveria uma queima de fogos. E ela foi digna de um “4 de julho” mesmo. Claro, não era porque estávamos nos casando que quebraríamos a tradição do “4 de julho”! Percy me abraçou pelas costas, apoiou a cabeça em meu ombro e juntos vimos mais uma vez as luzes iluminarem os céus de Long Beach. Como de costume nos beijamos antes da queima acabar e deixamos aquela show de cores nos iluminar enquanto curtíamos um pouco o momento juntos.

Por incrível que pareça não estávamos passando exatamente muito tempo próximos. Era tanta gente para dar atenção, tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Que, por mais que sempre estivéssemos lado a lado, quase não interagimos durante a festa. Mas ainda teríamos a lua de mel para isso. Falando em lua de mel, ainda teve a última e mais incrível surpresa da noite. Frederick e Sally nos chamaram de canto uma hora e nos deram a notícia de que passaríamos nossa lua de mel em Londres. Pois é, Londres. Eles ainda não tinham comentado nada sobre isso. Achávamos que a viagem ficaria por nossa conta, nem sabíamos ainda para onde iríamos. E nossos pais já tinham nos dados presentes, além da própria festa. Então realmente não estávamos esperando aquilo. Os abraçamos e ficamos muito empolgados. Eles também nos disseram que o voo sairia aquela mesma noite, e que nossas malas já estavam prontas. Como de praxe, deixaríamos a festa antes de todo mundo. Mesmo eu querendo aproveitar até o final, estava ansiosa demais para ir para Londres e também para eu e Percy estarmos “enfim sós”.

Pelo menos ainda deu tempo de festejar mais um pouco, participar de algumas brincadeiras que nossos, muito criativos amigos inventaram, comer e beber. Eu fiquei ligeiramente alegre e Percy não chegou nem perto disso. Era muito injusto já que ele havia bebido muito mais. Mas achei bom pois ainda não o queria bêbado. Quando começou a ficar muito tarde, saímos de fininho e fomos até a limusine para ir embora. Não teve nada daquela despedida clássica onde todos ficam acenando enquanto o carro vai embora com aquelas latinhas amarradas à traseira. Até tinham colocado as tais latinhas e decorado o carro com a frase “recém casados” com corações e etc. Mas achei melhor não interromper a festa do pessoal que continuaria ali até sabe-se lá que horas. Apenas olhei pelo vidro traseiro enquanto nos afastávamos e senti que estava deixando uma fase de minha vida para trás. Deixando uma época de incertezas e aflições para entrar em uma época de maturidade e realizações. Eu sentiria saudades da velha fase, mas estava muito ansiosa para começar a nova.

***

Londres era sem dúvida uma das cidades mais bonitas que eu conheci. Já estivera outras duas vezes na Europa. Uma delas foi num momento ótimo e romântico com Percy, em Paris, um presente do nosso amigo Hermes. Na outra foi num momento não tão bom, também com Percy, quando conhecemos Roma, Tártaro e Grécia, nessa ordem. Mas nada podia se comparar a estar em um hotel na Oxford Street com nada para fazer além de curtir a companhia do meu marido. Nada para me preocupar além do que iriamos pedir para o jantar, ou a que horas iriamos descer para a piscina ou que ponto turístico iriamos visitar no dia seguinte. Depois que o empregado do hotel deixou nossas malas na cama, Percy me pegou no colo e me levou para dentro. Eu o deixei fazer isso, mesmo que achasse desnecessário. Se eu reclamasse ele teria dito que era para mantermos as tradições daquele dia como eu insistira tanto para fazermos desde o começo. Ainda vestíamos a roupa do casamento, mas é claro que não demorou nada para nos livrarmos delas.

Mesmo estando mortos de cansaço por causa da intensidade física e emocional do dia anterior, mais a viagem de avião de aproximadamente 6 horas, não dormimos antes da nossa tão esperada noite de núpcias. Ok, não parece ser uma grande coisa para um casal que já não é mais virgem há muito tempo. Mas foi sim muito especial e marcante. Deuses, era a nossa primeira noite como marido e mulher afinal. Bem, lá em Londres já era de manhã quando chegamos, mas isso não importa. Para nós ainda era noite. E foi uma noite muito importante e inesquecível. Todos os problemas e preocupações ficaram para trás e pude me entregar 100% ao momento. Percy esperou pacientemente enquanto eu desfazia meu penteado. Não ia ser legal se aqueles brilhos enroscassem na roupa de cama. Enquanto eu fazia isso e depois tirava minha maquiagem, ele foi descalçando os sapatos e tirando a gravata. Não tirou tudo ainda, claro, porque essa era uma das melhores partes das preliminares antes do sexo. Menos de cinco minutos depois estávamos os dois na cama.

Ele abriu o zíper do meu vestido e abaixou as alças finas dele com um cuidado exagerado. Qualquer um pensaria que ele estava mesmo me tocando pela primeira vez. Então eu percebi que talvez ele estivesse fazendo aquilo de propósito. Fazendo de conta que era mesmo nossa primeira vez. Eu tinha quea confessar que a ideia me agradava. Então entrei na “brincadeira” e tentei agir como se eu nunca tivesse feito sexo antes. Era um pouco difícil, mas foi divertido. Eu queria tocá-lo, tirar a roupa dele logo. Mas não era isso que uma garota virgem e inexperiente faria. Então apenas fiquei olhando Percy tirar meu vestido bem devagar. Da forma mais torturante possível. Estávamos sentados na beirada da cama então depois de descer o vestido até minha cintura ele me fez deitar para continuar puxando o tecido para baixo passando ele pelos meus quadris e pernas. Até para deixar a peça cair no chão ele foi cuidadoso. Em seguida Percy tirou a própria camisa e veio para cima de mim, me beijando ardentemente. Desfrutei daqueles beijos como se fossem os últimos, passando minha língua na dele e dando algumas mordidas em seu lábio.

Percy se empolgou um pouco e começou a passar a mão nos meus seios, primeiro por cima do pano no sutiã e depois por baixo. Estremeci e inclinei o corpo ao sentir seu toque e ele não parou de me acariciar e estimular aquela região tão sensível. Levando as mãos até minhas costas ele abriu o fecho habilmente e tirou a peça. Foi descendo, como sempre fazia, pelo meu pescoço, com beijos singelos e depois mais demorados até chegar na região descoberta. Deixei as mãos ao lado do corpo enquanto sentia os beijos dele e por um momento pareceu realmente que era a primeira vez que estávamos fazendo aquilo. Mas era infinitamente melhor do que a primeira vez, obviamente. Mesmo fingindo que não, nós sabíamos o que estávamos fazendo, sabíamos o que era bom e o que não era. Sabíamos como agradar um ao outro. E Percy estava me agradando imensamente. Deixei o papel de “garota virgem” de lado um pouco e comecei a abrir a calça social dele.

Mais uma vez Percy parou por um momento e saiu de cima de mim para tirar o resto da roupa. Eu estava só de calcinha, mas logo ele a tirou da mesma forma lenta e torturante como vinha fazendo tudo aquela noite. A luz estava fraca pois havíamos deixado apenas o abajur ao lado da cama ligado, mas mesmo assim conseguíamos nos ver nitidamente. Quando meu marido se posicionou entre minhas pernas e começou a entrar em mim também o fez bem lentamente. Com cuidado, como se estivesse tirando minha virgindade de novo. Dessa vez, no entanto, eu não sentia dor, apenas prazer. Seu peitoral encostando em mim e seu corpo pesando no meu deixava tudo ainda melhor. Deixei que ele fosse até o final daquele jeito, mas logo nem ele mesmo aguentou e começou a ir mais rápido. Fazendo minha cabeça quase bater na cabeceira da enorme cama. Percy me deu alguns beijos ofegantes e urgentes até que eu tive o melhor orgasmo de que me lembrava até aquele dia.

Mais tarde tive um orgasmo gastronômico. E depois um arquitetônico. Acho que Londres devia ser a cidade dos orgasmos, pois absolutamente tudo que fazíamos lá era prazeroso. Depois de dormirmos quase o dia todo depois do sexo, acordamos já quase na hora do jantar e resolvemos sair para comer. Nos arrumamos e fomos a um dos restaurantes mais famosos de toda a Inglaterra. Nosso jantar estava divino! Se é que essa podia ser uma qualidade justa para aquela comida tendo em vista alguns deuses que conhecíamos. Consegui fazer Percy rir com aquela piadinha, o que provava definitivamente que tinha algo diferente no ar de Londres. Algo que estava nos deixando muito mais animados e felizes que de costume. Pode ser que o fato de termos acabado de nos casar e estar em lua de mel tivesse algo a ver também. Depois do jantar fomos dar uma volta pela cidade só para dar uma olhada geral em tudo e foi quando me deleitei com a imensa variedade e riqueza arquitetônica do lugar.

Mesmo tendo dormido a tarde nós ainda não estávamos completamente acostumados com o fuso-horário, então voltamos cedo para o hotel e fomos dormir. Se nós fizemos amor antes de dormir? Não, mas rolou um momento bem fofo e romântico e deitamos de conchinha antes de pegar no sono. Acordamos mais tarde do que o esperado e fomos buscar opções de passeios, pois queríamos conhecer o máximo de lugares possível. Só tínhamos três dias de estadia, depois já teríamos de fazer as malas e voltar para Manhattan. Então fomos a todos os locais mais famosos como o Big Ben, London Eye, Palácio de Westminster, Museu Britânico, Catedral de São Paulo, London Bridge e alguns outros. Nos dias seguintes também visitamos outros lugares e até encontramos algumas criaturas mitológicas no Hyde Park. Felizmente elas eram amigáveis e para os humanos pareciam simples gansos no lago.

Quando estava chegando perto da hora de voltar para casa começou a me bater medo. Eu não sabia exatamente porque, mas estava tremendo com a possibilidade de voltar a Nova York e a nossa antiga rotina. Talvez fosse porque eu não queria deixar aquela magia e encanto de Londres para trás. Talvez fosse porque eu tinha medo do que a vida de casados poderia nos reservar. Era estranho porque há alguns dias quando deixei o acampamento eu me sentia tão pronta para essa nova fase que se aproximava. E agora estava ali, tremendo como uma menininha de três anos de idade. Tanto que Percy notou meu estado e perguntou o que eu tinha. Não podia contar a ele do que se tratava pois eu mesma ainda não sabia, então apenas falei que estava tudo bem, que era só uma indisposição. Fizemos o ‘check-out’ no hotel e depois fomos ao aeroporto. Foi apenas quando eu já estava no céu, cruzando o oceano atlântico que me dei conta do porque estava com tanto medo.

Nós estávamos voltando para Nova York. Local que abrigava o olimpo e que, por esse motivo, sempre tinha nos causado problemas. Era a coisa mais óbvia do mundo mas eu só me dera conta agora. Era aquela cidade que nos fazia tão mal. Era a proximidade com os deuses que estava sempre fazendo tudo dar errado. Viver tão perto desses seres super poderosos realmente estava nos prejudicando tanto? Não era difícil acreditar nessa lógica. Mas se fosse assim, então será que jamais teríamos uma vida relativamente tranquila como um casal morando lá? Será que teríamos que deixar a cidade e viver em outro lugar para encontrar paz? Mas e a minha faculdade? E o curso de Percy? E o meu estágio? Nosso apartamento? E os amigos que havíamos feito? Como deixar tudo isso para trás? Era impossível. Por mais que não parecesse o fim do mundo nos mudarmos para outro lugar, não me parecia o certo a fazer. Não, tínhamos que ficar. Ficar e encarar o que quer que fosse. Mesmo que os deuses jamais fossem nos deixar em paz. Mesmo que a perspectiva do que estava por vir me desse calafrios.

Mas então eu olhei para o lado. Vi Percy cochilando na poltrona do avião e todo o medo se desvaneceu. O que é que eu estava pensando? Nada daquilo tinha importância afinal. Eu não precisava me preocupar com mais nada. Enquanto o tivesse ao meu lado, eu podia viver no próprio Empire States que sei que estaria segura. Podia vir a confusão que viesse. Podíamos ser alvo do deus olimpianos que fosse. Podia haver a armação que houvesse. Nós não recuaríamos. Pois era aquilo que nós éramos: heróis. E era aquela a nossa natureza: lutar contra o mal. E era exatamente quem seríamos e o que faríamos para o resto da vida. E finalmente eu entendia que não tinha porque tentar mudar isso. Não tinha porque tentar fingir que éramos um mero casal de mortais, pois nós não éramos. Carregaríamos nossa grande bagagem de aventuras sempre conosco. E por mais que tenhamos mudado algumas coisas na nossa rotina, por mais que tenhamos nos casado, ainda éramos apenas dois semideuses tentando sobreviver num mundo cheio de monstros e criaturas malignas.


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Notas finais do capítulo

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