Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 53
Capítulo 52 - Ajuda


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos o/ tudo bem? ^^
Mais um capítulo com POV Percy. Espero que gostem ;)



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Ponto de vista de Percy

– Sim, mãe, quer dizer, Sra. Sally - respondi convicto. Enquanto estava no trabalho não era legal ficar chamando-a de mãe - Eu estou mesmo pedindo demissão. E não, você não pode me obrigar a ficar só porque sou seu filho!

– Mas Percy, você precisa do trabalho, tenho certeza que com um pouco mais de tempo…

– Não adianta insistir. Eu sei que sou uma negação nessa coisa de lidar com dinheiro e afins, e estou aceitando isso. Vou acabar só te dando prejuízo.

– Podemos pensar em alguma outra coisa para você fazer aqui querido. Me ajudar na limpeza, talvez…

– Nem precisa terminar de falar - só de ouvir a palavra limpeza eu já sentia arrepios, já não bastava Annabeth me fazendo ajudá-la na faxina do apartamento - Agradeço a ajuda mãe, mas acho que preciso resolver essa situação sozinho. Não posso depender da minha mãe pra sempre.

E com ar de homem maduro e responsável eu deixei meu uniforme, que nunca havia me agradado, em cima da bancada e fui embora. Certo, eu havia feito uma cena só para parecer que eu estava fazendo aquilo pela minha dignidade. Mas na verdade eu realmente não tinha me dado nada bem trabalhando como “caixa”. E só de imaginar as exigências da Sra. Sally quanto a limpeza de sua confeitaria já me dava calafrios. Preferia ir para as forjas de Poseidon trabalhar com Tyson e os outros ciclopes. Com isso dá pra perceber o quanto havia sido ruim a experiência de trabalhar com minha mãe. Não me leve a mal, mas só quem já trabalhou com a própria mãe sabe como pode ser uma experiência muito desagradável. Então eu voltei a procurar trabalho em outros lugares. Dessa vez, não fiz quase nenhuma restrição quanto ao lugar ou o cargo que iria ocupar. Eu só precisava ganhar dinheiro de alguma forma.

Nesse meio tempo as aulas do curso técnico começaram. E elas foram importantíssimas para me manter motivado a continuar buscando trabalho. Não estava fácil. A cidade de Nova York inteira parecia ter feito um acordo com algum deus olimpiano para não me dar emprego. E no meu caso isso não era apenas uma metáfora, nem força de expressão. Era bem possível que fosse isso. Mas preferi acreditar que nenhum deus estaria entediado o bastante para se dar ao trabalho de ferrar com a minha vida. Devia ser apenas falta de sorte ou quem sabe uma maré de azar. O que também não seria nenhuma novidade para mim. O fato era que eu estava mesmo me saindo muito bem no curso. Entendia a matéria. Fazia os trabalhos sem dificuldade. E até tirava as melhores notas nas provas que eram aplicadas periodicamente. Era muito bom ver que aquilo estava dando certo. Mesmo estando seguro ao tomar a decisão eu ainda tinha medo de acabar quebrando a cara e percebendo que escolhera o caminho errado. Mas se podia existir algo com o que eu ia quisesse trabalhar o resto da vida, era com aquilo!

Quem estava muito feliz e orgulhosa por isso era Annabeth. Parecia que era ela e não eu que estava descobrindo uma nova área de interesse e conhecimento. Ela vivia me fazendo perguntas sobre o curso, as aulas, os professores, e, claro, meus colegas de turma. Não pude deixar de rir quando ela me perguntou se havia muitas garotas na turma e se alguma delas era bonita. Respondi dizendo que não havia reparado direito nisso. E pior que não era mentira. Ok, eu seria hipócrita demais se dissesse que não reparo em mulheres bonitas que vejo por ai. Mas é que durante as aulas, minha atenção normalmente ficava toda focada na matéria, tamanho era o meu interesse no assunto. Expliquei isso para Annie e ela pareceu acreditar. Também passamos a compartilhar diversos assuntos da vida acadêmica, como seminários, palestras, atividades extras que a Cornell oferecia, e claro sobre os estudantes que conhecíamos em comum. Era divertido sentir que eu estava por dentro desse universo que antes parecia ser tão particular dela. Costumava parecer um bicho de sete cabeças na verdade, mas aos poucos eu estava aprendendo que a faculdade era, na verdade, um lugar incrível.

Quanto a minha falta de emprego Annie estava sendo bastante otimista, assim como vinha fazendo desde que ficamos noivos. Para ela não havia tempo ruim. Nem parecia que ela estava para se casar com um cara totalmente quebrado como eu. Ela repetia praticamente todos os dias que aquilo era apenas uma fase ruim e que logo tudo voltaria ao normal. Que eu arrumaria um emprego quando menos esperasse. Que era uma questão de tempo até algum professor da faculdade me indicar para algum trabalho. Etc., etc. Ela podia até ter razão em alguns pontos. Mas eu simplesmente não conseguia compartilhar de toda essa positividade. Apesar de estar feliz com o curso e com meu relacionamento, a parte do trabalho pesava bastante. A doutora Taisa, depois que voltamos a fazer as sessões, me aconselhou a procurar uma agência de empregos, ou então mudar de estratégia. Na verdade a única estratégia que eu havia adotado até então era: me candidatar a tudo que aparecer pela frente e esperar que alguém fizesse a bondade de me chamar. A psicóloga havia me dito que uma busca mais específica, em vez de uma busca generalizada poderia dar mais resultado no meu caso. Segui o conselho dela, mas tampouco tive sucesso.

Foi então que eu comecei a considerar aquela remota hipótese que havia passado pela minha cabeça dias atrás E se algum deus tivesse a ver com aquilo? E se eu não estivesse conseguindo arrumar trabalho porque alguém simplesmente não queria que eu arrumasse? Na hora pensei em Afrodite! Foi assim que ela começou a arruinar meu namoro com Annabeth da primeira vez, nos fazendo ficar pobres e endividados. O que a impedia de fazer de novo? Ah claro, uma restrição declarada e decretada pelos olimpianos. Como eu podia me esquecer daquilo? Fora um marco na história do Olimpo, sem dúvida! A deusa do amor estava impedida de interferir em nossa vida. E devia estar sendo bem vigiada, pois até mesmo quando a filha tentou nos matar, ela teve que nos salvar. Certo, Afrodite estava fora de questão, mas ainda sobravam 11 olimpianos e não eram poucos os que teriam interesse em me fazer mal. Devia ser algum deles. Mas quem? Não tive escolha senão fazer o que qualquer homem maduro e destemido faria numa situação dessas: chamei meu pai e contei tudo a ele.

Nossa conversa foi bem rápida e prática. Até porque, Poseidon não deve gostar muito de invocado a partir de uma fonte do centro de Manhattan. Ele nem sequer havia aparecido inteiramente com o corpo de mortal que costumava usar. Ele apenas apareceu no reflexo da água e da forma como falou parecia estar ocupado. Basicamente eu lhe contei minhas suspeitas e pedi para que ele tentasse averiguar se havia algum comportamento estranho entre os deuses. Ele prometeu que iria investigar e me informar em breve se havia descoberto algo. É, de vez em quando é bom se ter um pai mágico e poderoso. O problema é quando os parentes dele, também mágicos e poderosos, começam a querer acabar comigo.

Como eu estava estudando de manhã, me sobrava a tarde toda para insistir na cansativa e aparentemente inútil tarefa de conseguir trabalho. Estávamos no meio de fevereiro e não era tão difícil encontrar empresas e comércios precisando de novos funcionários. O que estava difícil de encontrar eram pessoas que, ao menos, fossem com a minha cara, para me contratarem. Conseguir o trabalho no aquário fora tão fácil que eu comecei a achar que Poseidon poderia ter feito alguma coisa para eu trabalhar lá. Se bem que o trabalho no posto de gasolina também havia sido relativamente fácil de conseguir. Mas até mesmo para lá eu já havia tentado voltar e eles me disseram que não tinham vagas abertas no momento. Naquele dia, eu estava tão desanimado de continuar recebendo “nãos” que pensei na possibilidade até de começar a comercializar algo por conta própria. Abrir uma barraca de cachorro-quente, ou então revender produtos num quiosque. Mas até mesmo para isso eu teria que ser empregado de alguém. Comprar todo o equipamento para realizar essas atividades estava fora de questão já que dinheiro era o que nós menos tínhamos. Voltei para casa com os ombros caídos e a moral lá em baixo.

Por sorte eu tenho uma noiva linda e incrível em casa capaz de levantar a bola até de um porco espinho sem espinhos. Não importava o quão baixo estivesse meu astral. Annie sempre o colocava para cima. Dessa vez, foi falando sem parar sobre nosso casamento. No começo eu me senti um pouco pior, porque lembrar disso me fazia lembrar que não tínhamos como bancar a festa. Só pelo tanto de gente que íamos ter que convidar, já dava para saber que não podia ser uma festa pequena. Só para reservar um lugar onde coubessem todos já seria caro. Agora imagina decorar todo esse lugar. Contratar um buffet para alimentar a todos. Providenciar música e outras coisas para entreter a todos. E não ia poder ser qualquer coisa, afinal tantos semideuses junto com tantos mortais poderia dar confusão. Fora os lados gregos e romanos que, mesmo já não sendo inimigos, ainda mantinham uma implicância um com o outro. Sem falar na cerimônia, nas roupas, nos convites, no bolo. Annabeth falava tanto sobre isso que eu já havia decorado toda a lista de coisas que precisaríamos.

Mas logo minha tristeza passou. Annie me deu a notícia de que seu pai iria bancar tudo. Segundo Frederick Chase, era uma tradição que o pai da noiva arcasse com todas as despesas do casamento e da festa. Eu agradeci aos deuses por aquilo, antes de parar um pouco para pensar que talvez não fosse exatamente justo. Com muito esforço eu quis recusar a oferta do meu sogro, mas por sorte minha noiva disse que seu pai fazia questão. Não me atrevi a insistir mais. Se era isso que ele queria, então faríamos a vontade dele. Seria seu presente de casamento para nós. E com certeza o mais caro que iríamos ganhar. Depois disso conversamos um pouco sobre como seriam nossos votos, quem realizaria a cerimônia e onde ela ocorreria. De cara nós dois pensamento no Monte Olimpo. Fala sério, por mais que meus momentos naquele lugar não tenham sido dos mais agradáveis, não dava para descartar a opção. Não eram todos os casais que tinham a possibilidade de se casar no templo sagrado dos deuses. Além de lindo o lugar era o símbolo máximo da história mística e secreta dos deuses gregos.

Talvez nós dois estivéssemos sonhando um pouco alto demais. Nem sequer sabíamos se poderíamos levar nossos convidados humanos até lá. Mesmo aqueles que já sabiam da existência do deuses. Mas ainda assim, ficamos muito iludidos com a ideia. Tanto que nem chegamos a considerar outras opções por enquanto. Annabeth me disse que se realmente fossemos nos casar no olimpo o correto seria a cerimônia ser conduzida por Hera, deusa do casamento. Respondi dizendo que nem em um milhão de anos eu iria querer que Hera nos casasse. Annie concordou. Sendo assim, se por acaso nossa ideia maluca desse certo, tomaríamos o cuidado de não deixar isso acontecer. Na verdade já sabíamos quem seria a pessoa ideal para nos dar aquela benção: Dionísio. Ele não era o melhor com as palavras, nem a figura mais parecida a um padre, mas ele representava muito para nós. Fora que um casamento ministrado por Dionísio seria no mínimo muito menos entediante do que qualquer outro. Annie me deu um tapa quando eu disse isso e me repreendeu por eu dizer que casamentos eram tediosos, mas eles eram, ora!

Continuamos conversando até a hora de dormir. Parecia que aquele assunto nunca tinha fim. Sempre surgia um detalhe novo em que pensar. Talvez minha mãe e Annabeth tivessem razão, era melhor já começar a pensar em tudo. Mesmo ainda não tendo uma data certa para o casório. Quando pensei nisso, despertei Annie, que já estava pegando no sono.

– Baby, tem uma coisa muito importante que precisamos pensar! - falei enquanto sacudia o ombro dela, fazendo-a abrir levemente os olhos, sem nenhuma vontade de ficar acordada e conversar.

– Depois a gente resolve isso, Percy, tenho que dormir - reclamou ela.

– Não, é algo mais importante que todo o resto… - insisti e ela fez um esforço para abrir os olhos - Quando vamos nos casar? Qual vai ser a data?

– Não tenho ideia - respondeu ela com sinceridade.

– Tem que ser um dia especial… um dia que tenha nos marcado…

– 4 de julho?

– 4 de julho… é!

Nossos “4 de julho” sempre foram especiais. Não importava se estávamos em tempos de guerra ou de paz. Esse dia sempre nos trazia um sentimento bom, uma vibração positiva. Por todas as vezes em que estivemos em Long Beach e assistimos juntos a queima de fogos que comemora o dia da independência dos Estados Unidos. Claro que esse era o significado nacional do feriado. Para Annabeth e eu aquela data tinha um sentido completamente diferente. Eu nem me lembrava quantos tinham sido os “4 de julho” que passáramos juntos. Mas todos foram especiais. A primeira vez que eu quis convidá-la para me acompanhar, tinha saído tudo errado. Mas não posso dizer que não gostei quando ela aceitou ir comigo, sem que eu a tivesse chamado ainda. Na época éramos dois bichos do mato. Não ficamos nem perto um do outro enquanto assistíamos ao belo show de luzes da praia. Mais dois anos foram necessários para que eu ousasse me aproximar e segurar sua mão durante aquele momento. Mas o melhor de todos até hoje foi aquele logo depois de começarmos a namorar. Ganhei vários beijos e abraços naquela noite.

Definitivamente 4 de julho era uma excelente data. Mas seria 4 de julho de que ano? Se fosse daquele mesmo em que estávamos seria cedo demais. Teríamos menos de seis meses para preparar tudo. Tinha gente que passava mais de 5 anos noivo e demorava outros 2 para fazer os preparativos. Como nós, com todas as nossas peculiaridades, iríamos conseguir? Seria uma loucura. Mas para falar a verdade eu não queria ter que esperar mais um ano. Quando falamos da data naquela noite não mencionamos o ano, exatamente porque nós dois já imaginávamos que seria naquele ano. No dia seguinte eu não me aguentei e fui perguntar a Annabeth. Para meu alívio ela confirmou que também pensara a data para aquele ano. Não queria esperar mais. Sabíamos que queríamos nos casar e viver o resto da vida juntos, então porque deixar para depois? Ela tinha toda razão como sempre!

***

Annabeth lavava o banheiro quando Poseidon resolveu aparecer para falar comigo. Por sorte ele resolveu dar o ar da graça na cozinha enquanto eu lavava a louça. Era melhor mesmo que ela não o visse. Ainda não tinha comentado com Annie minhas suspeitas de que algum deus pudesse estar tentando me prejudicar. E não pensava em fazê-lo, pelo menos não até ter alguma pista de que minha teoria tinha fundamento. Não queria preocupá-la à toa. Ainda mais em um dia de faxina, quando a filha de Atena poderia ser tornar extremamente séria e autoritária. Na boa, eu não sabia que tipo de espírito a possuía todos os sábados de manhã. Só sei que ela virava outra pessoa e só voltava ao normal depois que tudo estivesse brilhando de tão limpo. É, talvez não teria sido assim tão ruim aceitar trabalhar com minha mãe na limpeza da confeitaria. Se eu suportava Annabeth durante a faxina semanal, eu poderia suportar qualquer coisa!

– Más notícias, filho - foi a primeira coisa que meu pai disse quando apareceu, dessa vez em sua forma humana, já tirando todas as minhas esperanças - Ao que parece não há nenhum comportamento estranho entre os olimpianos ultimamente. Só as mesmas loucuras de sempre, você sabe. Mas infelizmente nenhum parece estar empenhado em nada para atrapalhar a sua vida.

– Poxa, isso sim é uma má notícia - falei com ironia. Mas na verdade era mesmo uma má notícia de certa forma. Uma má notícia que poderia significar duas coisas: estavam tramando algo realmente maldoso e com cautela suficiente para Poseidon não descobrir; ou não havia mesmo ninguém querendo meu mal, e eu é que estava espantando todas as ofertas de emprego possíveis.

– Não desanime Percy - disse Poseidon colocando a mão no meu ombro. Só agora ele parecera notar o avental que eu usava. Sua expressão foi impagável. Eu sabia que aquele negócio não me deixava exatamente o cara mais másculo do mundo - Sabe que pode vir trabalhar comigo se quiser, as portas estarão sempre abertas para você - ele sorriu e eu desconfiei que ele preferia me ver dando duro nas forjas do que lavando pratos com um avental florido. Mas no fundo, ele apenas queria me ajudar.

Agradeci a ajuda do meu pai que logo foi embora. Por sorte não inventou de querer se despedir de Annabeth. Já que ele não havia descoberto nada, era melhor deixar a história toda de lado e seguir com a minha vida, que fora a falta de emprego, estava indo muito bem, obrigado. Resolvi que era melhor tentar parar com aquela mania de perseguição. Estávamos em paz entre deuses e semideuses. Os monstros estavam na deles. Titãs, gigantes e gaia haviam sido derrotados há algum tempo. Não havia motivos para que alguém quisesse me prejudicar. Eu precisava era me focar nos estudos e continuar seguindo os conselhos da Dra. Taisa para procurar emprego nos lugares certos para mim. No entanto, eu sabia que não recusaria uma oferta de um trabalho inferior se ela aparecesse. Um certo dia Annie veio com uma conversa que não me agradou muito…

– Sabe, eu sempre posso voltar a fazer aqueles trabalhos de modelo se precisarmos de uma forcinha do orçamento…

– Não precisa nem terminar de falar - falei cortando-a no meio da frase.

– Percy, não seja tão cabeça dura, ok? Você não está conseguindo emprego, e não é por falta de procurar. Então qual o problema de eu fazer algo enquanto a situação não melhora?

– Essa hipótese está fora de cogitação Annie - falei irredutível - Primeiro porque eu ainda não gosto da ideia de você posando para fotos sensuais que eu nem sei onde serão publicadas…

– Não são fotos sensuais…

– Segundo - continuei como se não tivesse havido interrupção alguma - O desempregado aqui sou eu, Annie. Então se alguém tem que arrumar trabalho, sou seu! Não seria justo você que já faz faculdade e estágio ainda ter que trabalhar em mais um emprego.

– Não estou dizendo que seja justo. Também não é a coisa que eu mais gosto de fazer no mundo, mas sei lá… Eu faria isso por nós. Para nos ajudar. Estamos nessa juntos afinal.

– Eu sei, amor - falei de forma mais amena - E eu te amo por querer resolver nossos problemas. Mas não pode fazer tudo sozinha. Me recuso a aceitar isso. Como você disse, estamos nessa juntos, eu tenho que dar um jeito nisso. Não é possível que não exista um ser vivo em Nova York capaz de dar emprego a um pobre semideus como eu.

– Talvez tenha mesmo - disse Annie se endireitando no sofá. Pela sua expressão eu sabia que tinha acabado de ter uma ideia no mínimo brilhante - Dan Scott. Posso ver com ele se existe alguma possibilidade de te arrumar uma vaga lá na empresa!

– Não, Annie, pode esquecer.

– Porque?

– Porque não - respondi emburrado. Annie colocou as mãos na cintura insatisfeita com a minha resposta então completei - Não vou deixar você pedir para o seu chefe um emprego para o seu noivo. Isso é extremamente humilhante. Fala sério, baby, ainda não estamos tão no fundo do poço.

– Está bem, seu orgulhoso - falou ela contrariada - Se não quer a minha ajuda tudo bem. Mas que fique registrado que se chegarmos tão no fundo do poço, eu terei que tomar providências.

– Espero que não cheguemos a tanto - refleti por um momento - Mas se chegarmos também… Nada pode ser pior do que ter estado no tártaro.

– Tem razão, cabeça de alga - disse ela com um sorriso na voz - Podemos encarar qualquer coisa. Já vimos o pior que há nesse mundo e sobrevivemos.

E tudo graças ao amor que sentíamos um pelo outro. Era clichê demais, mas era a verdade. Se conseguimos sair vivos do tártaro foi porque tínhamos um ao outro. E se conseguimos superar, ou pelo menos deixar de lembrar e ter pesadelos com aquele lugar, poderíamos enfrentar qualquer coisa mesmo. Consegui deitar a cabeça do travesseiro e dormir rapidamente naquele dia. Sem pensar em nenhum problema. Eu tinha tudo o que poderia querer bem ao meu lado. Todo o resto eram detalhes. Infelizmente meus sonhos não foram assim tão tranquilos quanto eu esperava. Senti que estava tendo, depois de muito tempo, um sonho típico de semideus. Daqueles que a gente sabe que são reais, sabe que são sobre algo que está acontecendo, que já aconteceu ou que ainda vai acontecer. Dessa vez eu estava no fundo do mar, no palácio de Poseidon. Já tivera um sonho parecido com aquele há muito tempo, quase nem me lembrava direito dele.

Eu andava pelos corredores do imenso castelo, completamente perdido. Eu já visitara aquela lugar algumas vezes, mas nunca tivera chance de explorar toda a sua extensão. Não conhecia o lugar por onde eu estava caminhando. Eu só sabia que não era nenhum dos lugares por onde eu já passara antes. Não havia nenhuma luz iluminando as largas passagens entre um cômodo e outro. A luz que existia vinha das imensas e inúmeras janelas. Parecia estar tudo deserto, mas logo comprovei que seria muita sorte minha sonhar com um lugar daqueles sem ninguém. Na verdade não faria sentido. Eu sabia que se estava ali era porque tinha algo muito importante para eu ver. Entrei por uma estreita passagem quase oculta no fundo de um corredor. Provavelmente era uma passagem secreta, ou então uma passagem apenas existente no meu sonho. Andei por ela em um breu total até chegar a um grande salão que reconheci na hora. A sala do trono.

De onde eu estava podia ver Poseidon em seu trono. Algum serviçal dele segurava uma grande moldura a sua frente, que eu imaginei que fosse um espelho. Sabia que meu pai não era vaidoso àquele ponto, então devia ter algo a mais. Não demorou para eu descobrir o que era. O rei dos mares usava o objeto para se comunicar com alguém. Alguém que eu não consegui ver quem era, nem consegui distinguir a voz, é claro. Porque esses sonhos não podiam ser completos? Porque sempre só revelavam parte do mistério? Prestei atenção mesmo assim para ver se entendia algo. Consegui captar a seguinte conversa:

Poseidon disse: “Tem que desfazer isso imediatamente! Por acaso não viu o que aconteceu com Afrodite?!”

Então a voz misteriosa respondeu: “Desista, não vou parar até atingir meu objetivo, e você sabe muito bem disso!”

Meu pai então confrontou a voz dizendo: “Pouco me importam seus objetivos! Você vai parar com isso de uma vez ou então...”

A “pessoa” devolveu com o mesmo tom de ameaça: “Ou então o que? Hã? Vai contar para o seu querido irmão, Zeus? Sei que não vai fazer isso. Não agora...”

Não vou repetir o que papai respondeu a tal criatura misteriosa, mas posso dizer que não foi nada bonito. Eu não sabia que deuses podiam dizer palavrões. Vivendo e aprendendo. Meu sonho acabou ai e eu acordei totalmente confuso e perdido. Com quem diabos Poseidon estava falando? Ele dissera que não descobrira nada, mas pelo que eu ouvi devia ser mentira. Ele estava mandando alguém parar, mas parar com o que? E o mais importante, quem??!


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Notas finais do capítulo

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