Kate acordou num quarto desconhecido. Olhou para os lados, e deparou-se com um retrato de um elefante, numa parede. Ela se pegou rindo, e lembrou-se de uma coisa.

– Ah, não... - suspirou, levantando-se, num pulo. Olhou para o próprio corpo, certificando-se de não estar nua, ou seminua. - Ok, tudo bem...

Kate foi andando pelo quarto, procurando seus sapatos, mas quando ouviu a porta abrir, colocou a arma no alto.

– Wow! - gritou ele, levantando as mãos.

– Como eu vim parar aqui? - perguntou ela, guardando a arma na cintura. Ele riu. - Não me diga... História engraçada?!

– Detetive, você acabou dormindo no meu ombro, e eu trouxe você para dormir aqui, e acabei dormindo no sofá...

– Filho da mãe! Não era para você ter dormido no sofá! E se aquele homem entrasse pela janela?! - gritou ela, indo até ele.

– Ei, eu estou bem! - implicou ele, abraçando-na. Kate ficou sem reação, mas retribuiu o abraço.

– Temos de esquecer do beijo, e que tudo o que houve ontem, aconteceu.– suspirou ela. Castle a soltou, e a fitou curioso. - Não... Não que eu não tenha gostado, ou algo assim...

– Você gostou, então?! - perguntou ele, sorrindo.

– Você já é muito egocêntrico, sei que se eu disser que sim, novamente, sua auto-estima vai ao céu, mas sim, eu gostei, sim. - suspirou ela, sorrindo.

Castle sentou na cama, e questionou a si mesmo, o porquê de ela querer esquecer.

– Por que esquecer? - perguntou ele, triste.

– Senhor Castle, eu... É contra as regras, eu não posso, simplesmente, chegar até você, e me apaixonar, como eu fiz... Eu não posso deixá-lo sem proteção, mas não posso me apaixonar, por isso... - suspirou ela, sentando ao lado dele.

– Então não diga! Não diga a ninguém, que o que houve ontem aconteceu! - reclamou ele, pegando nas mãos dela, com os olhos brilhando.

– Eu queria que fosse assim, tão simples.– sorriu ela, colocando uma das mãos no rosto dele. Ele se aproximou do rosto dela, e depois, aproximou os lábios dos dela.

Kate sorriu, mas se afastou.

– Não posso. - suspirou ela, se levantando. Castle limpou a garganta, e depois riu.

– Por que, Kate? Eu achei que você sentia alguma coisa! - implicou ele. Kate bufou.

– E eu sinto! Só que... É difícil... Porque, se eu criar um romance com você, irão me retirar do caso, e se eu continuar, sem criar nenhum tipo de relação, vou deixar nós dois tristes... - concluiu ela, saindo do quarto.

Castle bufou, e caiu na cama, sentindo o cheiro do lugar em que ela estava.

Era um cheiro bom, como...

Cerejas?!

Ele levantou, num pulo, e correu para o andar de baixo, onde viu Kate tomando café, de costas para a porta.

– Não deveria estar tão desprevinida, detetive... - suspirou ele, terminando de descer as escadas. Kate deu um pulo, assustada.

– Você não estava bravo? - perguntou ela, colocando as mãos na cintura. Ele riu.

– Não... Só... Eu só queria que acontecesse alguma coisa, entre nós dois. - riu ele. Kate sorriu timidamente, e foi até ele.

– Quem sabe... - suspirou ela, um pouco afastada. - Preciso ver o jornal.

Kate sorriu, e abriu a porta, deparando-se com um jornal arrumado no carpete vermelho, do andar. Agachou-se e pegou o monte de folhas.

Assim que fechou a porta, viu a manchete na primeira página:

"Detetive e escritor: romance, ou só relação de amizade, e trabalho?"

Ela engoliu em seco, e pediu para ele pegar mais um pouco de café, para os dois. Ele sorriu, e foi até a cozinha, para preparar um novo.

Ok, isso era bom. Ela teria mais tempo para ler a manchete, que dizia exatamente...:

"Esta manhã, em nossos escritórios, recebemos uma carta, dizendo que um homem, que preferiu não ser identificado, nos disse que viu, o escritor de best-seller mais famoso da cidade, senhor Richard Castle, aos beijos com a guarda-costas que lhe foi designada. A carta diz que eles não saíram do apartamento, e na noite de ontem, dia 8 de outubro, eles estavam aos beijos no apartamento do escritor. Ele disse também, que não tinha uma relação sociável boa com o escritor, e diz que Rick Castle pegou uma oportunidade, que tinha de ser dele, antes mesmo que ele pensasse em alguma coisa. Ou isto tudo é besteira, por não terem relações boas, ou isso é verdade, causando a expulsão da detetive Katherine Beckett, da divisão de homicídios de Nova York, e a possível morte, do escritor, Richard Castle. Todas as nossas ligações com a delegacia, dizem que Katherine é uma mulher profissional, que nunca se envolveu com vítimas, ou criminosos, e nunca teve nenhuma relação conjugal no trabalho. Capitão Montgomery nos dá uma entrevista:

NYT: Então, capitão, como você se sente, tendo sua detetive acusada?!

CM: Bem, eu sei que Kate não teria essa falta de formalidade, e falta de ética, para ser pega aos beijos com ele, e, o que tudo indica, esta alegação é falsa, até porquê, não existe nenhuma foto, provando o tal fato...

NYT: Sim, mas de acordo com o que o homem diz, parece ser verdade sua raiva pelo senhor Castle. O senhor acha que este homem, pode ser o criminoso?

CM: Acho bem provável, afinal, ele se mostrou bem estressado, ao saber que Richard Castle era um famoso escritor, e, aos olhos de quem vê, vocês acusam minha detetive, por estar fazendo um trabalho em que nenhum outro detetive, se pôs a fazer.

NYT: Então, o senhor está dizendo que ela quis este trabalho?

CM: Sim, ela disse que não teria nenhum problema em ser guarda-costas de um homem em perigo, mas ela não sabia quem era, até chegar na casa dele, dois dias atrás.

NYT: Obrigado, capitão.

CM: Disponha.

Então, de acordo com nossas fontes, e com a entrevista do capitão Montgomery, capitão da décima segunda unidade de polícia, Katherine Beckett aceitou o trabalho. Seria uma conspiração? Nós só saberemos disto, depois do término da investigação."

Kate terminou de ler, e foi retirada do transe, com Castle, colocando a xícara quente, perto de si.

– Ah... Obrigada. - suspirou ela, largando o jornal, colocando as mãos em torno da xícara colorida. - Pode... Pode ler.

– Não estou no ânimo para jornal, hoje. - suspirou ele, deixando-se cair no sofá.

– Eu... - começou ela, sendo cortada pelo celular. Kate pegou o objeto, e olhou no identificador de chamadas, onde haviam as palavras Capitão Montgomery no visor. Ela engoliu em seco, antes de atender: - Olá, capitão.

– Kate, saiba que eu estou muito desapontado com você.

– Capitão...

– Preste atenção, Kate: você é como uma filha para mim. Todos na delegacia, são como filhos para mim. Mas o que seria de mim, se eu ficasse acobertando todos dali? Certamente, eu seria despedido. Não posso deixar meu trabalho neste risco enorme.

– Sim, capitão. Eu sei, prometo que não haverão mais desapontamentos, vindos de mim. E, eu juro, juro mesmo, que todas as alegações contra mim naquela carta, são mentira.

– Eu sei, Kate, eu sei. Mas não posso correr mais nenhum risco.

– Não correrá, eu juro. - disse ela. Castle observou a expressão dela ficar mais nervosa do que antes.

– Eu sei que não. Afinal, você não estará mais aí amanhã.

– O quê? Capitão, eu... - tentou argumentar, ela.

– Você está fora deste caso, Beckett. Espero-te aqui, ainda hoje. - terminou ele. Kate engoliu em seco.

– Mas, capitão... - indagou ela. Mas, Montgomery havia desligado. - Ok...

Quando ela desligou, deparou-se com os olhos de Castle, confusos, clamando pelo assunto.

– Até algum dia... – ela riu. Ele a fitou, e perguntou:

– Por quê?

– Eu... Eu tenho que ir... Descobriram sobre... "Nós".