Telling Lies escrita por Yokichan


Capítulo 13
Sem mais mentiras


Notas iniciais do capítulo

Shipper: Uchiha Itachi x Haruno Sakura
Classificação: +18



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Sem mais mentiras.

Ela está ajoelhada diante do hitaiate que usou por tantos anos sentindo-se, ao mesmo tempo, derrotada e vencedora. Há uma kunai em suas mãos e lágrimas despencando dos olhos. Ela lembra-se de todas as mentiras que já contou para os outros e para si mesma desde que o conheceu. Lembra-se das mentiras que já viveu como se fossem verdade. Lembra-se de como foi inútil tentar pesar Konoha inteira e Uchiha Itachi numa balança imaginária, porque simplesmente não havia vida sem ele. Ela lembra-se de todas as vezes em que tentou deixá-lo e de todas as noites em que se sentiu tão vazia como um poço seco e abandonado.

“Eu nunca poderia deixar Konoha”, ela havia dito para Naruto há muito tempo atrás, mas não era verdade. Ela não somente podia como já havia feito. E agora estava ali, num lugar tão distante e perdido onde eles nunca poderiam encontrá-la, prestes a quebrar o último laço que ainda a prendia ao passado.

Porque agora tudo seria diferente.

Sakura espiou por sobre um ombro e viu-o parado ali, olhando-a como se aquilo também estivesse doendo nele, sabendo que depois daquele momento não haveria volta para ela, apenas a escuridão de uma vida clandestina. Mas ele estaria sempre ao seu lado e esperava que aquilo bastasse para fazê-la feliz, ao menos um pouco.

Então ela fechou os olhos com força e riscou o símbolo de Konoha sobre a superfície de metal como se estivesse apunhalando o próprio coração.

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Sem mais mentiras.

O velho por trás do balcão os encarou quando eles entraram na humilde recepção da estalagem. Não havia mais perigo para nenhum dos dois. Depois de tanto tempo, tanto a lenda da Akatsuki como a fama de assassino e desertor de Uchiha Itachi haviam se apagado da mente das pessoas. E, bem, Sakura agora estava muito longe de seu país para ser reconhecida por qualquer um.

Eles estavam cansados e só queriam uma cama para deitar.

— Sua mulher? — o velho perguntou à Itachi enquanto rabiscava num caderno.

Não apenas uma kunoichi que estava ali por acaso. Não apenas uma isca para atrair seus inimigos — como ele havia dito no passado para seus antigos companheiros da Akatsuki. Não apenas alguém com quem ele gostava de passar as noites.

Não, nunca mais seria assim.

Então ele segurou-a pela mão e assentiu.

— Sim.

Porque eles não precisavam mais esconder nada de ninguém.

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Sem mais mentiras.

Ela sentiu o volume que havia debaixo das calças dele pressionando-a entre as pernas e gemeu. Estava quase que totalmente nua entre a cama revirada e o corpo quente dele, apenas aquele pedaço fino de renda que era a calcinha, ofegando quando ele apertava-lhe as coxas com as suas mãos grandes e pálidas e beijava-lhe inteira, os olhos, a boca, o pescoço, os seios... Ela só queria que ele a abraçasse bem forte e a fizesse sua mais uma vez.

Mas então ele afastou-se e Sakura quase gritou de dor.

Porque, oh, como aquela espera e aquele desejo doíam por dentro.

Ela viu o preservativo, o viu baixar as calças para colocá-lo e entendeu. Mas não era aquilo o que ela queria, não mais, e quando Itachi foi fazê-lo, ela segurou-lhe a mão e tomou-lhe o preservativo. E jogou-o num canto qualquer do quarto.

Ele olhou-a, surpreso, e ela sorriu enquanto o puxava de volta para si.

— Não. — ela sussurrou. — Não use mais isso.

Itachi deslizou-lhe a calcinha pelas pernas — ah, aquelas pernas longas, brancas e macias que só ela tinha — e ficou ali por um momento, admirando-lhe o corpo nu estendido sobre a cama, pensando em como ela era linda e que era só sua.

— Você tem certeza? — ele quis saber.

— Sim.

E depois aquele pedido que o fez queimar por dentro num fogo estranho.

— Faça um filho em mim.

Sakura tinha um brilho quente nos olhos quando ele inclinou-se sobre ela outra vez e atendeu ao seu pedido.

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Sem mais mentiras.

Não era a sua antiga casa e também não era a vila na qual ela havia nascido e crescido. Não havia o Ichiraku Ramen nem a floricultura dos Yamanaka. Não havia Tsunade ou Kakashi sensei. Não havia Naruto, nem Sasuke, nem Ino, nem Hinata, nem nenhum dos amigos que deixara para trás. Mas, mesmo assim, era perfeito.

A casinha que Itachi encontrara para eles naquele pequeno povoado no meio do nada era perfeita. Eles iriam pintá-la e pôr cortinas nas janelas. E plantar flores no pátio da frente. Fariam um balanço de corda para o filho — ou filha — no grande carvalho que havia ali e colocariam uma caixinha de correio junto do portão de madeira.

Ela trabalharia como médica no povoado e Itachi talvez pudesse fazer algumas missões para o Senhor dali, ajudar na administração e nos negócios de exportação de arroz — as plantações cobriam os campos até onde os olhos podiam alcançar. Eles seriam novas pessoas e teriam novas vidas, e ali, ninguém desconfiaria de quão amaldiçoadas eram suas almas.

E então, finalmente, seriam uma família.

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Sem mais mentiras.

Ela está deitada de bruços na cama, nua, os cabelos cor-de-rosa espalhados sobre o travesseiro e os olhos fechados como se dormisse, e ele a observa em silêncio, deitado ao seu lado e apoiado sobre um cotovelo. Fizeram amor e agora apenas pensam.

Itachi acaricia-lhe as costas com as pontas dos dedos, devagar, assim de leve, e pensa que, apesar de todo o seu passado, ele é um homem de sorte por ter alguém como ela ao seu lado. Ele pensa que é um homem feliz, que passou a ser esse homem feliz no dia em que ela deixou tudo para trás e lhe disse “me leve daqui com você”. Ele pensa que ela é tão linda e tão doce e tão cheia de luz que toda a sua escuridão e todos os seus pecados são varridos para longe quando Sakura está por perto.

Ele pensa que faria tudo por ela.

Sakura suspira baixinho, o calor do corpo dele tão perto a faz pensar que nada naquele mundo poderia ser capaz de machucá-la. Ela está segura. Está imune a tudo lá fora. O carinho dos dedos dele subindo e descendo lentamente por suas costas. Ela pensa em quanto tempo sua menstruação está atrasada e tenta calcular se o bebê já tem dois meses. Pensa se ele terá os olhos negros de Itachi ou os seus, verdes. Pensa em que nome lhe darão. Pensa que está bem assim, que a vida é boa e que o ar fresco da noite entrando pela janela do quarto lhe dá vontade de ficar ali para sempre, naquela cama com o homem que ama e com o filho deles dormindo na barriga.

Sakura pensa que nada é mais apenas um sonho como antes.

Agora é real.

— Sakura.

Ela abre os olhos e o vê. Itachi é um homem bonito apesar das linhas duras que o tempo lhe deu, sempre foi. E embora ele não sorria muito — o passado arrancou-lhe toda inocência que uma pessoa precisa ter para sorrir —, seus olhos sabem dizer tudo o que ele não diz com palavras. Mas dessa vez é diferente.

Ele quer falar aquilo.

— Eu te amo.

Ela abre um sorriso que o aquece por dentro. Então vira-se na cama e envolve-lhe o pescoço com os braços. Há lágrimas tremeluzindo em seus olhos. Ele se pergunta por que diabos ela está chorando, mas então lembra-se do que ela lhe disse um dia sobre mulheres grávidas e hipersensíveis e decide que está tudo bem.

Itachi inclina-se para dar-lhe um beijinho nos lábios e quando tenta retornar à posição anterior, percebe que os braços dela o prendem ali, bem junto de seu corpo. Ele esboça uma curva de sorriso — mas só uma curva — e deita a cabeça sobre o peito dela.

O som do coração de Sakura é o som que ele mais gosta de ouvir.

— Eu também te amo. — ela sussurra numa voz embargada. — Te amo tanto...

Silêncio.

Ele acaricia-lhe a barriga e o calor da mão dele é tão bom.

— Você está ficando sentimental de novo? — Itachi pergunta.

— É, eu acho que sim.

— Isso quer dizer que eu preciso ir comprar doces outra vez?

Sakura solta uma risada baixinha e o abraça melhor.

— Isso quer dizer “fique aqui comigo”.

Então ele fica.

Porque agora Itachi é apenas Itachi, Sakura é apenas Sakura e o bebê é a coisa mais importante de suas vidas. Porque não há mais nada que eles deveriam fazer além de ficar ali, pra sempre naquele abraço, nenhum outro lugar onde devessem estar. Porque não há mais nada entre eles, e é assim que deve ser.

Sem mais mentiras.


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Notas finais do capítulo

Último capítulo.
Obrigada a todos que leram, acompanharam e comentaram.
Se gostou, recomende.



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