POV Travis

Eu realmente não devia ter feito isso com meu irmão. A culpa de ele estar de cama era minha. Que ideia de jerico foi a minha de me passar por ele? Eu não devia ter feito isso, devia ter logo dito que era eu, mas parece que Amy não queria me ouvir sempre que eu tentava... todo o "namoro entre Amy e Connor", na verdade, foi um namoro entre Amy e Travis. Até hoje não entendi porque fiz isso, mas acabei encrencando meu irmão. Na época eu era um frangote que não tinha coragem de dizer o que sentia por ela. Connor era popular, e eu era seu capacho.

Eu não devia ter causado problemas a ele, devia ter tomado coragem e assumido quem era realmente o namorado de Amy. Agora lá estava ela, a garota que eu amo com o coração em pedaços, totalmente abalada por minha culpa.

Ela está sentada em um banco lendo algum livro e fazendo anotações.

– Amy... Podemos conversar?

– Claro, sente-se – ela fecha seu caderno – Tomamos um susto hoje com Sam, não é?

– É...

– O Tobias é um amor – ela da um risinho.

Ah, droga, estou perdendo-a de novo. Tusso para limpar a garganta:

– O que está lendo?

– Estou estudando Tróia.

Franzo os lábios e olho para os lábios dela. Não tiro os olhos de lá, porque não ouso olhar para seus olhos verdes acinzentados.

– Já pensou na possibilidade maluca de eu ser Connor e Connor ser eu? De eu estar cansado de ser tão... Travis e virasse Connor?

Ela me olha confusa e depois de um tempo, ela chega a uma conclusão:

– Então você seria um imbecil – ela sorri – Além do mais, você nunca me ofenderia daquele jeito... Não se sinta inferior a ele Travis, você é mais. Para mim, Travis é melhor que Connor – sua mão macia acaricia meu pescoço.

Perco toda a coragem que tinha com aquele simples toque e fico feito um imbecil olhando pra ela, quase babando.

Devagar, me aproximo dela, que não se queixa. Acaricio seus cachos castanhos que muito tocava antes só que com a máscara de outra pessoa.

Intenso, rápido e maravilhoso. Quando eu a beijo, sinto como se fosse meu primeiro beijo com ela de novo.

Sinto uma sensação de algo quente subindo pela minha garganta. A princípio é bom, mas logo depois, percebo que é meu almoço tentando sair pela boca. Afasto Amy bruscamente e me viro para o lado, regurgitando tudo o que tinha no estômago em cima de suas botas Forever 21.

Limpo a boca com a manga de meu casaco e me viro constrangido para ela:

– Será que beijo tão mal assim? – ela pergunta ironicamente.

Essa é a minha Amy. O tipo de pessoa que nunca me deixaria com vergonha, por mais que eu vomite em seus sapatos novos. Nós rimos e eu a ajudo a tirar as botas sujas com hambúrguer e batata frita.

Nós caminhamos fazendo piadas e brincadeiras o tempo todo até chegar ao chalé 6. Ela está só de meias e com as botas nas mãos. Deixo-a na porta de lá e ouço seus irmãos reclamarem do odor de vomito. Ela ri e me da outro beijo, sem língua, rápido e até um pouco brutal, mas maravilhoso.

Assim que a porta se fecha, ouço gargalhadas e a voz de alguém pedindo silêncio para estudar. “Filhos de Atena” penso “Típico”. Reviro os olhos e saio gingando até do chalé 11. Quando chego lá, lembro-me que me esqueci de falar o que tinha para falar com Amy.

“Imbecil” penso. Como pude ser tão bobo?