Destino escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 7
Capítulo 7 - Lawrence


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!

Capítulo bem instigante!



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Em pouco tempo, eles já tinham arrumado as coisas e pegado a estrada. Mia não disse nada durante a viagem toda e agora entendia porque as pessoas, às vezes, preferem o silêncio, mesmo que ele seja um tanto constrangedor. Tinha a impressão de que se ela falasse qualquer coisa, começaria a chorar pelos seus pais e por seu amigo, que morreram nas mãos de criaturas malignas. Mas se ficasse em silêncio, aquela mágoa tendia a se transformar em força e em coragem. Ela começava a pensar mais friamente, mais claramente. E era assim que ela tinha que pensar. No que vinha dali pra frente. No que ela podia fazer e no que faria. Ela ia matar um Cão do Inferno. E com isso ajudaria os Winchesters a mandarem Crowley e todos os demônios para o seu verdadeiro lar: o Inferno. Onde não poderiam machucar mais ninguém...

Mesmo com os pensamentos a mil por hora que passavam pela sua cabeça, ela acabou caindo no sono. E mais uma vez, sua cabeça encostou no ombro de Castiel enquanto ela dormia. Sam e Dean olharam pelo retrovisor um tanto intrigados com a cena, enquanto o anjo parecia não se incomodar com aquilo. Pelo contrário, ele gostava de tê-la tão perto.

– É surpreendente. Ela está lidando muito bem com tudo isso. - observou Sam.

– Ela é forte. – disse Castiel olhando para Mia enquanto ela dormia.

Às vezes, Mia abria os olhos e espiava a estrada. As placas indicavam que já estavam no Kansas. Era questão de tempo até pararem em algum hotel. Tudo o que queria naquele momento era uma cama para poder se acomodar melhor. Pegou no sono de verdade e profundamente. Pela primeira vez em semanas, não teve nenhum pesadelo. Dormiu muito bem. Como nem pensava ser mais possível. E quando começou a despertar e a abrir lentamente os olhos, notou que estava em uma cama. Então teve certeza que já tinham chegado a Lawrence. Mais um hotel...

Castiel estava sentado na poltrona ao lado da cama a olhando com certa ternura. Mia começou a fazer o mesmo. Talvez, Sam estivesse certo, afinal...

– Você não se assustou... – observou o anjo.

– Acho que estou começando a me acostumar com as suas esquisitices. – devolveu Mia e em seguida deitou de lado para vê-lo mais de perto.

Ela não achou o silêncio que veio a seguir constrangedor. Ao contrário, poderia ficar assim pra sempre sem se incomodar nem um pouco. Desde que fosse com ele. Dentre tantas coisas ruins que tinham acontecido nos últimos dois dias, Castiel tinha sido a única coisa boa. Claro que também gostava de Sam e Dean. Não tinha como não gostar daqueles dois. Os admirava por conseguirem fazer o que eles faziam, salvar pessoas de coisas que elas nem sabem que existem e sem levar nenhum crédito por isso. E eles não tinham medo de nada. Ou sabiam disfarçar muito bem.

Mas estar com Castiel era diferente... Sentia-se eufórica, tranquila e boba ao mesmo tempo quando ele estava por perto. E de repente, sentiu uma necessidade enorme de colocar esses sentimentos para fora.

Apesar de estar otimista em relação aos Cães do Inferno, sabia que existia uma chance, uma grande chance, de tudo aquilo acabar muito mal. Se ela morresse amanhã e não dissesse o que estava sentindo se arrependeria para sempre. Precisa tentar...

– É errado? – começou ela.

– O quê? – perguntou Castiel tentando entender.

Mia sentiu que seu coração ia saltar pela boca, mas precisava manter a calma. E se ele a achasse uma completa idiota por se sentir daquele jeito? E se aquilo fosse tão absurdo que nem sequer tinha passado pela cabeça dele? Será que os anjos pensam sobre este tipo de coisa? Será que conhecem este tipo de sentimento? Será que se sentem assim como ela? Só havia um jeito de descobrir e, por isso, resolveu ir até o fim:

– Sentir o que eu sinto. Querer o que eu quero...

Castiel pareceu ter acordado de um transe. A forma carinhosa que a olhava até então deu lugar a uma expressão de confusão e constrangimento. Levantou tentando se afastar daquela pergunta e foi até a janela do quarto dizendo:

– Nós não devíamos ter essa conversa.

Mia sentou na cama e perguntou:

– Por que não?

Como Castiel não respondeu e permaneceu de costas olhando pela janela, ela levantou e foi até ele devagar. Ficou ao seu lado e olhando na mesma direção que ele. Buscou muita coragem dentro de si para fazer a próxima pergunta:

– Como alguém que existe há tanto tempo e que já viu tanta coisa... Pode ser tão cego?

– Eu não sei do que você está falando... – respondeu Castiel sem olhar para ela.

Mia não desistiu. Não podia. Não queria. Começou a aproximar a sua mão da dele e pouco a pouco a entrelaçar seus dedos nos dele. Castiel permanecia olhando para o nada como se ela não existisse e não correspondeu o gesto. Isso a estava matando por dentro. Não podia estar errada em relação a ele. A forma como a olhava e a forma como a protegia. Tinha que significar alguma coisa. Alguma coisa maior.

– Sabe sim. – disse Mia numa última tentativa e com uma voz tão baixa que não teve certeza se ele tinha ouvido.

Já estava convencida que tinha se enganado, porque ele permaneceu imóvel. Estava prestes a desistir quando uma coisa aconteceu. Sentiu Castiel mexer a mão devagar e seus dedos sendo entrelaçados por ele. Em pouco tempo, ele segurava a mão dela. Até com certa força. Ele começou a se virar para olhá-la de frente. Mia sentiu seu coração acelerar mais ainda enquanto olhava para ele. Aquilo era um “sim, eu gosto de você”?

Não conseguia parar de olhá-lo. Não conseguia parar de querer o que queria. Ele parecia estar sentindo o mesmo, porque a expressão de confusão e constrangimento tinha desaparecido e dado lugar novamente a expressão de carinho. Sentiu uma tensão enorme entre eles. Parecia que aquilo ia durar para sempre. Sem que ela percebesse, começaram a se aproximar enquanto ele passava a mão delicadamente pelo seu rosto. A cada segundo, ficavam mais e mais próximos, até que seus rostos começaram a encostar um no outro. Mia o olhou nos olhos um tanto trêmula e muito ansiosa. Inclinou a cabeça para se aproximar dos lábios dele. Fechou os olhos e... um barulho os interrompeu fazendo com que se afastassem instantaneamente. Era a campainha. Castiel a olhou novamente com a expressão de confusão e constrangimento e disse antes de soltar sua mão respondendo a pergunta que ela havia feito:

– Sim, isto é errado.

Mia sentiu-se ridícula e decepcionada com aquilo. Castiel andou em direção a porta e a abriu. A garota o seguiu.

– Garth? O que você está fazendo aqui? – perguntou Castiel enquanto era abraçado pelo caçador e amigo dos Winchesters.

– Oh! Cara, eu também senti sua falta! Cadê a garota? – indagou o caçador e ao ver Mia um pouco mais atrás e um tanto confusa também a abraçou – Olá, Mia! A garota sobrenatural!

– Oi... eu acho... – tentou responder ela, mas sentia-se sufocada por aquele abraço.

Quando ele se afastou, Castiel perguntou:

– O que você veio fazer aqui?

Garth riu levemente e respondeu:

– Você está brincando? Eu vim pra ajudar vocês a despacharem o tal Cão do Inferno. Oh! Mas não se preocupe, Kevin está em um lugar seguro. Não queremos que Crowley o veja por aqui...

– Quem é Kevin? – quis saber Mia tentando esquecer o que tinha acontecido no quarto momentos antes.

– Você não sabe? Eles não te contaram? – admirou-se Garth – Esses Winchesters realmente brincam em serviço... Kevin é um profeta. Foi ele que traduziu a tábua dos demônios que diz como mandá-los para o Inferno e trancar as portas!

– Ah... um profeta. – disse Mia tentando assimilar mais esta informação. – E você é?

– Garth! – respondeu ele se aproximando para abraçar Mia novamente, mas ela se afastou. – Então... Cadê os rapazes?

– Eles foram até a casa da pessoa que fez o pacto. – explicou Castiel – Tentar conversar com ela sobre isso ou, se não conseguirem, então só irão preparar o lugar.

– Preparar o lugar? – não entendeu Mia olhando para Castiel pela primeira vez desde que ele a repeliu.

– Colocar sal em portas e janelas... Fazer armadilhas do diabo por toda a parte... – respondeu ele tentando não encará-la.

Só então, Mia começou a se dar conta do que realmente estava por vir. Seria uma guerra. Com ela bem no meio do fogo cruzado. Ela tinha que se preparar. Garth se aproximou dela novamente e disse:

– Não se preocupe, gata. Nós temos tudo sob controle. Bombas para afastar os demônios, armadilhas, balas de sal para distrair os cachorrinhos enquanto você se aproxima e enfia a faca mágica da Ruby em um deles!

– Ruby? Quem é Ruby? – Mia sentia-se cada vez mais perdida.

– Uma vadia que embebedou o Sammy. – respondeu Dean abrindo a porta e entrando seguido pelo irmão.

Garth se aproximou deles com os braços abertos e abraçou primeiro Dean e depois Sam que disse baixinho:

– Eu tinha esquecido que ele abraçava...

– Ah! – lembrou Garth se aproximando novamente de Mia – Esqueci de perguntar, por acaso você tem medo de agulha?

– Como é que é? – espantou-se Mia.

– É que você vai ser Gartheada! – respondeu ele.

Vendo que Mia estava ficando perdida com aquela conversa, Dean explicou:

– Ele vai fazer uma tatuagem em você.

– Eu acho que não... Eu não gosto muito de tatuagens... – tentou esquivar-se Mia.

Sam e Dean se olharam e em seguida mostraram as tatuagens que tinham abaixo dos ombros. Então o mais novo explicou:

– Não é uma simples tatuagem. Ela evita que você seja... possuída por um demônio.

Mia tentava se situar. Quanto mais mergulhava naquela teia sobrenatural, mais tinha a certeza de que sabia muito pouco sobre aquilo tudo. Profetas? Armadilhas do diabo? Sal? Faca mágica? Tatuagem contra possessão? Começava a ficar receosa em relação a tudo aquilo. Será que daria tudo certo? Será que ela seria capaz de fazer o que se dispôs a fazer? Será que se machucaria? Será que alguém naquela sala se machucaria?

Não podia pensar daquele jeito. Não podia decepcioná-los. Não podia decepcionar seus pais e Ric. Tinha que fazer aquilo. Tinha que ir até o fim.

– Ok. Então eu faço. – concordou ela.

Garth a levou até o quarto para fazer a tatuagem e meia hora depois eles voltavam à sala. Todos a olharam e ela virou de costas levantando um pouco a blusa para que eles vissem a tatuagem que havia feito na região lombar.

– Se é para fazer uma tatuagem, então pelo menos eu tinha que escolher o lugar, certo? – indagou ela enquanto todos continuavam a olhando. – O que está acontecendo aqui? - quis entender a garota.

– Mia, você tem certeza que quer fazer isso? – perguntou Dean.

– Absoluta. – garantiu ela tentando convencer a si mesma. – Mas, antes eu preciso saber exatamente como vou fazer isso... Essa faca mágica, realmente funciona? - prosseguiu enquanto sentava perto de Sam e Dean.

– Sim. – garantiu Dean lhe entregando o artefato. – Mas você vai ter que chegar bem perto...

– Eu e Dean vamos te dar cobertura. Vamos distrair os cães com isso... – explicou Sam enquanto mostrava as armas carregadas de sal. – Garth e o Cas vão cuidar dos demônios e o Cas também vai ficar de olho em você...

– Certo, mas e a pessoa que fez o pacto? Isso tudo vai livrá-la da sentença, certo? – quis saber Mia.

Sam olhou para Dean que respondeu:

– Nós não podemos garantir isso... Ela mal acreditou na gente. Ninguém nunca acredita, aliás.

– Ela? Então, foi uma mulher que fez o pacto? E o que ela pediu? – interessou-se Mia.

– A cura de uma doença rara. Da filha. – respondeu Sam observando a reação da garota.

Embora aquilo mexesse com ela e lembrasse o que os seus pais fizeram, não podia estragar tudo. Sabia o que tinha que fazer e que tinha que ir até o fim. Faria o possível para ajudar aquela pessoa também, mas no fundo nem tinha certeza se conseguiria proteger ela mesma.

– Ok. Vamos fazer isso. – concordou Mia enquanto reparava que Dean olhava novamente para o amuleto em seu pescoço. – Caras, qual o problema de vocês com isso?

Sam e Dean tentaram disfarçar, mas Castiel respondeu:

– Isso pertencia ao Dean. Sam lhe deu de presente em um Natal quando os dois eram crianças.

– Impossível... Eu ganhei isso de um ex-namorado. Eu contei isso pra vocês. – lembrou Mia.

– Dean jogou esse amuleto em uma lixeira de um hotel há alguns anos. Provavelmente alguém encontrou e ele foi parar com o seu ex-namorado... – tentou explicar Sam.

– Desgraçado... – disse Mia um pouco revoltada – Ele me disse que tinha comprado especialmente pra mim... – e olhando para Castiel completou – Eu e a minha capacidade de me envolver com os caras errados.

Dean percebeu que aquilo parecia uma indireta e perguntou meio receoso:

– O que vocês ficaram fazendo enquanto eu e o Sam estávamos fora?

– Nada. – respondeu Castiel imediatamente. – Só conversando.

– E por que demoraram tanto para abrir a porta? – perguntou Garth.

Mia levantou um tanto constrangida. Tinha que mudar de assunto.

– Então... Quando o pacto vence? – perguntou ela.

– Esta madrugada. – respondeu Sam.

– Certo. Já temos um plano. E temos algumas horas até os Cães do Inferno vierem cobrar o pacto... – disse ela tentando sugerir uma coisa.

– No que você está pensando? – estranhou Dean.

– Vamos ser realistas? O plano é ótimo, mas pelo o que entendi Crowley também é muito esperto. Não sabemos se vamos sobreviver a isso. E eu não quero passar minhas possíveis últimas horas me torturando com isso, esperando as horas passarem, trancada em um quarto de hotel com três caçadores e um anjo... Sem ofensa. - expôs Mia.

Garth foi o primeiro a entender o que a garota estava sugerindo e sorriu animado com a ideia.

– É perigoso. – disse Castiel se aproximando dela depois de ter entendido o que Mia tinha em mente.

– É uma péssima ideia. Crowley está por aí... – disse Dean.

– Crowley deve estar pensando que nós estamos exatamente aqui. Presos em algum hotel nos preparando para enfrentá-lo mais tarde. E sim, nós até podemos ficar mais um tempo aqui, realmente nos preparando, mas não o tempo todo. - disse ela e olhando para Dean, insinuou - Além disso, um amigo meu que já esteve em Lawrence me contou que tem uma lanchonete por aqui que tem o melhor hamburguer da região...

Os olhos de Dean brilharam e ele deu um leve sorriso.

– E ainda tem uma boate que toca rock a noite toda... – acrescentou Mia. – Eu não conheço este Crowley pessoalmente, mas tenho certeza que ele não vai nos procurar por lá... E pela primeira vez, nós vamos estar um passo a frente dele.

Todos se olharam achando que aquilo fazia um pouco de sentido e que eles mereciam relaxar antes do que iam enfrentar.

– Então... Vamos nos divertir um pouco. – disse Garth sorrindo enquanto todos começavam a aceitar a ideia, especialmente Dean.


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Notas finais do capítulo

Jesussssssssssssssss que capítulo mais romântico, não é?

Sim, people. Está acontecendo algo com os coraçõezinhos de Mia e Castiel (Miastiel kkkkkkkkkk).

Aiiiiiiiiiimmm e a visita do Garth? Tem como não amar este gatinho manhoso?

Bem, no próximo capítulo diversão e confusão.

Inté!

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