POV’ Felipe

Depois de terminarmos a faculdade mudamos para o nosso cantinho, uma casa boa, três quartos e uma grande sala de TV. Eu virei advogado e ela pediatra de uma clínica, e sempre voltávamos com uma novidade para casa. Não demorou muito e tivemos nosso primeiro filho, um garotinho lindo, com os olhos azuis da mãe e o meu sorriso. Pedro era extrovertido e estava sempre de bom humor, e todo dia ia nos acordar com um sorriso no rosto.

Um dia quando estávamos tomando café da manhã, Clara me surpreendeu.

- Olha o que eu comprei – ela pegou uma sacola e tirou uma roupinha de bebê branca.

- Mas o Pedro já tem quatro anos, amor. Isso não vai caber nele.

- Quem disse que é pra ele? – ela deu aquele sorriso lindo, e logo caiu a minha ficha.

- Isso é sério?! – eu disse animado.

- Uhum... – ela me beijou.

Eu saí até o quintal e gritei para a vizinhança inteira que eu seria pai de novo. Essa sensação é a melhor de todas, sem dúvidas.

Daniel nasceu forte e saudável, tinha o cabelo loiro e os olhos azuis, e tinha covinhas.

Depois que ele nasceu, as coisas ficaram mais difíceis para gente. Duas crianças pequenas para cuidar, mas também tinha o lado bom: contar historinhas para eles dormirem ou chegar depois do trabalho e ver minha baixinha feliz.

Um dia depois do Daniel completar três anos, nós... aprontamos um pouco. Ela acabou esquecendo de tomar a pílula, e umas semanas depois, quando acordamos ela segurou minha mão e a acariciou.

- Amor... você vai ter que remontar aquele berço.

- Por quê?

- Teremos mais alguém morando com a gente – ela acariciou a barriga e sorriu.

Eu não disse nada, apenas a beijei delicadamente.

Depois de nove meses, uma garotinha linda nasceu. Bianca tinha os cabelos pretos e olhos acinzentados, uma mistura perfeita de nós dois. Ela sofria de asma, e isso as vezes me causava desespero. Ver sua filha perdendo o ar aos poucos dá um aperto no coração sem tamanho. Mas ela melhorava cada vez mais e sempre tomava cuidado.

A minha vida estava cada dia mais realizada quando eu via o amor da minha vida sorrindo e os meus filhos brincando felizes no quintal.

Eles são a minha razão de viver.