Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 11
IX — Experiencias.




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Amanhã havia começado fria e a neblina estava baixa. Oliver acordou cedo, ele tinha que resolver algumas coisas no banco para seus pais. O café da manhã estava pronto, mas ele queria voltar antes de seu amigo acordar, então enquanto ele escrevia ao amigo um bilhete avisando que volta rápido ele comia uma fruta.

 Matth estava exausto e ainda sentia sua cabeça pesada. Assim que acordou lembrou o que precisava contar o amigo e desesperou. Ele esfregava os olhos pra conseguir enxergar direito, mais logo percebeu que o amigo não estava ali. Assim que se vestiu ele foi até a escrivaninha velha e manchada com marcas de xícaras de café e viu o bilhete destacado em um papel verde.

“Fui ao banco pros meus pais. Me espera pra tomarmos café juntos e tu me contar tudo o que aconteceu ontem, se quiser é claro.”

O garoto que acabara de acordar estava confuso, ele não aceitava a idéia de saber quem era Unknown. Ele tentava evitar aqueles pensamentos escutando algumas músicas que seu amigo sempre o mostrara tentando confortá-lo.

Matth não havia tocado no celular pela aquela manhã, a única coisa que ele tentava esquecer era a única que estava em sua mente. Uma música agitada, mas com uma letra que falava de fuga começou a tocar. O garoto havia se emocionado ao lembrar da tradução da música e estava bem distraído. Quando menos esperava, levou um susto ao ouvir seu celular recebendo uma mensagem.

Ele respirou fundo e rezava pra que não tivesse acontecido algo de mais. Sua avó sempre se irritava quando ele dormia fora de casa sem ela saber e ele ficava realmente estressado com isso, mas dessa vez ele rezava pra que fosse a avó dando-lhe uma bronca.

A voz do garoto tremia enquanto lia a mensagem que recebia assinada por Unknown.

“Você sabe quem eu sou e do que sou capaz. Abra a boca sobre o que descobriu e em breve visitará um de seus amigos, para colocar flores em sua lapide”

O menino gelou. Sua mão suava frio e ele não sabia o que fazer. Ele precisava se preparar pra esconder o que sabia dos amigos então à primeira atitude que ele tomou foi se trocar e sair correndo da casa do amigo.

Oliver chegou minutos depois de que o amigo saiu às pressas. Ele não entendera porque o menino foi embora sendo que viu o bilhete deixado. O rapaz enviou uma mensagem ao amigo, mas ele não obterá sucesso, pois ela não fora respondida.

Exausto pelo dia anterior, Oliver foi se divertir um pouco mexendo na internet. Ele viu uma publicação na página de sua escola desejando boa sorte ao time de vôlei do colégio que iria jogar em algumas horas uma partida que os classificaria para uma competição maior do que uma regional.

Oliver nunca havia perdido nenhum jogo de Antony desde que entrara na escola. Esse seria o primeiro jogo desde que os amigos brigaram, ele não sabia se queria perder essa partida, mesmo depois de ter brigado. Havia algumas horas até o jogo e o garoto decidiu pensar no que achara melhor a fazer.

Ele se arrependeria se deixasse de ir, então se arrumou poucos minutos antes do jogo começar e saiu correndo pra estação de metrô.

Quando ele chegou à quadra de vôlei de seu colégio a partida já havia começado. Ele decidira que ficaria em algum lugar onde nenhum dos seus amigos nem menos Antony fosse capaz de vê-lo.  Ele estava na ultima fileira de arquibancada e se escondia por baixo de um moletom verde escuro com capuz.

A cada ponto marcado por Antony ele vibrava em silencio, o orgulho não o permitia levantar, gritar e aplaudir. Só de estar ali era um grande passo.

 A partida estava quase terminando e o time da escola estava ganhando por certa vantagem. Antes que todos começassem a sair e cumprimentar uns aos outros, Oliver pegou o caminho em direção a saída de emergência e desceu a escada cabisbaixa pra não ser vistos.

Seus passos estavam largos e apressados e sem querer Oliver esbarrou em um homem alto de ombros largos e uma expressão carismática na face. O garoto havia derrubado uma pilha de papeis e quando se abaixou pra ajudá-lo a catar percebeu alguns folders que falavam de alguns dos esportes que os alunos da escola praticavam e em destaque a natação.

Enquanto o garoto entregava os papeis catados ao senhor, ele abriu a boca e com a voz tremula por conta da vergonha o questionou.

— Está de olho nos nadadores e os demais atletas aqui do Santa Nyx?

— Na verdade, não. To aqui a pedido da diretora pra incentivar os alunos a participarem do time. Há muitos alunos desistindo do esporte.

— É! esporte exige de mais. — O garoto desfranziu o cenho enquanto entregava o ultimo folder que ele estava passando o olho. — Eu já nadei na outra escola, até competi em alguns campeonatos, mas agora não tenho vontade alguma.

— Volte pro time. — O homem abriu um sorriso largo — Estou tentando achar um substituo pro meu cargo de professor de Educação Física na universidade que leciono de manhã, tarde e noite.

— Ah não sei.

— É sério. Há muitas chances deu vim trabalhar aqui como assistente do treinador de vôlei, nós nos formamos juntos anos atrás e virarei técnico da equipe de natação.

— Não sou quão rápido quanto antes, só nado porque me sinto bem debaixo da água. — O garoto deu um sorriso no canto da boca lembrando-se de seus dons perante a água.

— Olha, está aqui meu cartão. Os testes pra natação serão na segunda às 16h. Espero te ver lá.

— Eu não sei...

— Pelo menos pense. — Ele apertou a mão do garoto e saiu andando em direção a multidão que começara a sair da quadra.

O menino percebera que os alunos e pais que assistiam aos jogos começaram a andar por todo pátio da escola. Ele fechou seu moletom ajeitando seu capuz e começou a correr pra estação de metrô.

O garoto havia guardado o cartão que recebera em sua carteira e de fones pensava na possibilidade de voltar a nadar. Estar em contato com a água todos os dias poderia ser confortador.

Oliver estava sentado encostado em uma das paredes do seu quarto e tentava estudar folheando alguma de suas apostilas. Ele havia se levantado para pegar mais algumas em sua estante quando deu de cara com o livro que havia achado no dia anterior.

Os estudos foram interrompidos, o garoto estava intrigado e a feição de questionamento não saia de sua cara. O livro era um grimório e nas dez primeiras páginas de centenas explicava os segredos da fonte de seus poderes e de seus amigos. Aquele livro pesado e velho os denominava bruxos, mas os antigos moradores daquela cidade que sabiam da verdade os chamavam de feiticeiros. Era uma forma de compará-los com o diabo e jogá-los do penhasco com uma bigorna amarrada ao pescoço. 

Intrigado, o garoto passava o olho nas páginas com bastante admiração àqueles desenhos antigos feitos a mão. Ele estava prestes a voltar aos estudos quando viu em uma página aleatória uma foto da silfo do amigo. Ele pensara em arrancar a página, mas achou isso um absurdo, então tirou uma foto e enviou pro e-mail de amigo.

Ele não conseguia se concentrar novamente nas apostilas. Havia muitas respostas pra tantas duvidas que ele e os demais amigos do conven possuíam e uma quantidade de coisas que eles não faziam idéia que pudera existir.

Oliver precisava mostrar o livro pro amigo. Ele contou que havia achado um livro com bastantes respostas e pediu aos amigos para marcarem pra se encontrar o mais rápido possível. Oliver ignorou a briga com Antony e também o enviou a solicitação, afinal, ele fazia parte do conven e eles acreditavam que os quatro juntos conseguiam ter mais domínio de todo aquele poder.

Mais uma semana havia começado e Oliver tinha que se concentrar nos exames que estavam por chegar, resolver se daria uma chance a si mesmo pra entrar na equipe de natação e manter a calma pra encarar Antony no circulo mágico que eles conjurariam juntos em poucas horas.

Oliver estava conversando com Alice durante o intervalo, ela confirmara se tinha alguém olhando pra eles e em questão de segundos estendeu a mão pra uma das plantas do jardim da escola e ela floresceu. O garoto achou aquilo impressionante e afirmou que se eles tivessem mais tempo pra treinar, poderiam fazer coisas incríveis. Ela ficou bem animada com isso tudo, a menina estava em êxtase por ser uma “fada”.

O menino queria mudar de assunto, falar sobre aquilo na escola era arriscado, eles não sabiam quem era Unknown, mais sabiam que ele/a era capaz de descobrir o que quisessem.

— Então Ali, conte-me sobre você e o Etan. — Ele deu um sorriso sarcástico olhando a amiga pelo canto do olho.

— O que tem a gente?

— Uai, isso que quero saber — Ele reiu —, tipo, vocês ainda tem a mesma paixão do dia em que se conheceram?

Oliver franziu o cenho. O garoto de quem falavam estava caminhando na direção da amiga. Ele mordeu os lábios e a amiga intrigada olhou pra trás e quando percebeu a presença de seu namorado lhe deu um beijo longo e bem molhado. Oliver logo pegou o celular pra disfarçar a vergonha, mas logo Alice sentou novamente, mais agora abraçada com Etan.

— É, acho que a resposta é sim.

Alice ficou vermelha de vergonha e Etan encarava os dois amigos sem entender muita coisa. Eles mudaram de assunto e quando o intervalo estava quase terminando Oliver comentou sobre nadar. Ele estava muito confuso perante a isso. Ele seria regrado e uma cobrança muito grande estaria atrás dele todo instante. Etan por sua vez era o atual capitão da equipe de natação. Ele ficou animado em ter o Oliver no time e lhe disse algumas coisas sobre o time.

— Cara, você tem que fazer o teste! Vai ser só crawl. Isso é fácil pra você.

— Como tu sabe que é fácil sendo que nunca me viu nadar?

— Já sim — O garoto riu torcendo pra que aquilo não parecesse estranho. —, eu sempre você nadando na praia.

— É normal, a maioria do povo da cidade nada no oceano.

— Mas com você é diferente. Você é rápido, parece ter alguma técnica, digo, parece saber dominar isso.

— Eu fiz alguns anos de natação anos atrás, era só por diversão... Não me dou bem com competições.

— Vai se fuder Oliver! Eu te vi pulando do penhasco outro dia e você só apareceu pra respirar há vários minutos depois... Seu fôlego é perfeito!

— Nada a ver, qualquer um consegue ficar alguns minutos de baixo d’água.

— Isso é mentira Oli. — Alice o encarou desdenhando-o — Você sabe que isso é difícil.

— É Oli — Desde quando Etan tinha intimidade com Oliver pra chamá-lo assim? — pelo menos tente fazer o teste.

— Ai, seus cretinos. Ok, mas se eu não passar e ficar com auto-estima baixo eu irei querer um frappuccino gelado e sete macaronis.

A aula havia acabado. Oliver estava dentro do metrô pela terceira vez naquele dia, mais uma vez estava a caminho da escola, mas agora, ao invés de ter caderno e livros e sua mochila havia sua sunga, touca e o óculos aquáticos.

O garoto estava nervoso. Estava com medo de não dar o melhor de si durante o teste. Ele acabara de colocar sua sunga e estava ajeitando sua toca. Ele tentava se esconder a todo instante, ele não ficava de cueca na frente dos seus pais então ficar de sunga na frente dos seus colegas de escola era algo bem constrangedor.

Oliver estava pronto pra ir pra piscina, mas antes ele precisava tomar uma ducha antes de entrar na piscina. Um assistente do atual treinador ordenara a todos os sete primeiros que fossem a ducha ao mesmo tempo e Oliver se lembrara que estaria em contato com a água que se pedisse a ela ele seria capaz de acalmado.

Ele ligou o chuveiro e assim que sentiu a água gelada tocar sua pele ele em pensamento rogou ao elemento.

“Oh água que nos enche de vida, que destrói barreiras, que invade os lugares mais impossíveis e que nos conforta. Que nos acalma e que nos purifica. Peço-lhe com o mais puro sentimento que você me dê sossego e tranqüilidade como se eu estivesse em contato com o mundo espiritual, que com a corrente da vida e a força dos mares me de sabedoria interior me de segurança levando para longe de mim todo nervosismo.”

Em segundos ele se sentiu leve e confiante.

Apenas Alice sabia que ele competiria. Ela estava na arquibancada mais próxima das piscinas e seu namorado, Etan estava logo abaixo dela com seu uniforme azul com laranja e branco. Quando Oliver o viu ele usando aqueles trajes horríveis torceu pra não passar só pra não ter que usar aquilo.

Oliver subiu no bloco de qual saltaria. Ele iria fazer o exame na sétima raia. Ele olhou mais uma vez pra Alice e ela acenara. Ele a olhou por mais uns segundos e logo vira Antony sentar ao seu lado. O garoto ignorou a presença de Tony e olhou pra água lembrando-se do que disse ao conjurar a água.

O garoto conseguiu se acalmar, assim que ouvira o treinador apitar fez um excelente salto que deu uma vantagem de alguns segundos do outro nadador que estava a sua frente. Alice gritava o nome do amigo e Antony revirava os olhos por conta do orgulho, mas ele quisera mesmo é estar em pé aplaudindo o amigo.

O Exame foi divido em duas partes, a segunda só participariam os seis melhores e apenas três entrariam para a equipe. Agora que estava dentro da piscina Oliver se acalmara. Seus braços e pernas batiam rapidamente e na primeira volta ele havia respirado apenas três vezes. Quando ele começou a segunda volta, todos os outros competidores estavam terminando a primeira. Ele sentia que fazia parte da água e se revigorava a cada braçada que dava. O garoto se sentia incrível.

Ele terminara em segundo lugar, pois outro aluno conseguiu recuperar o atraso na segunda volta. O menino estava contente com seu resultado, afinal, ele nem treinara pro teste. Assim que saiu da piscina ele caminhara pro vestiário pra aguardar o resultado dos outros sete competidores, mas Etan o gritou. Ele o convidara pra se sentar ao lado dele nos bancos brancos que ficavam na orla da piscina. O garoto sem reação aceitou. Assim que se aproximara de Etan, Oliver lembrou que Antony estava praticamente ao lado do garoto e de sua amiga. Ele respirara fundo e sentara ao lado do capitão da equipe que o parabenizou.

— Puta merda Oliver! Você deveria ser da equipe desde que chegou à escola. — Ele pausou pra tocar na mão do colega — Você foi incrível.

Assim que ele sentara Alice o gritou. Ele abriu um sorriso enquanto olhava pra trás. Ele e Etan levantaram e foram em direção a garota. Ela deu um abraço no amigo o parabenizando e desejando sucesso na próxima fase. Ele agradecera com um sorriso largo. Oliver estava voltando pro lugar onde estava quando escutou a voz de Antony.

— Parabéns, Azeitona.

Oliver olhou pra trás. Ele pensara em agradecer, mas apenas deu de ombros franzindo o cenho e os lábios pra afirmar que tinha escutado. Ele não sabia o que aquilo queria dizer. “Antony quer voltar a falar comigo?”.

Alguns minutos já haviam se passado e ele evitava pensar em Antony, ele tinha uma competição a ganhar e estava disposto a conseguir a primeira vaga. O garoto se concentrava pra próxima parte do exame quando avistou de longe o homem do qual esbarrara no dia anterior. Ele acenou enquanto caminha em sua direção.

— Então resolveu participar da competição?

— É. Comentei com uma amiga e ela insistiu.

— Ainda bem que ela conseguiu. Eu vi você na primeira parte e fiquei impressionado.

— Se eu tivesse sido bem, teria ficado em primeiro.

— Para com isso moleque. Você nem treinou pra essa competição, ou treinou?

— Pra falar a verdade não. Decidi me alistar de ultima hora. Peguei a ultima vaga.

— Você tem potencial pra ser o melhor da equipe se começar a treinar.

— Que nada. Mas enfim, e você? Vai mesmo vim pro colégio?

— Sim, começou na próxima semana. Vim aqui hoje acertar tudo direitinho com a direção e me convidaram pra assistir os exames.

— Entendi. Então... — Oliver sorriu — Seja bem vindo ao colégio.

— Obrigado. — O novo treinador deu três tapas de leve no ombro do garoto — Agora tenho que ir resolver algo antes da ultima fase. Boa sorte. — Oliver sorriu.

O garoto estava calmo. Sentia sua conexão forte com a água assim que subiu no bloco novamente. Ele olhara pra sua amiga na arquibancada que acenava com bastante empolgação. Antes que se permitisse a olhar pra Antony, seu orgulho o fez olhar pra água. Ele se concentrou e invocou a água em silencio. Assim que Oliver escutara o barulho do apito ele pulara na piscina e mais uma vez havia feito um ótimo salto.

Oliver se sentia leve. Os movimentos rápidos e puxados que o garoto realizara na primeira prova pareciam estar menos exaustivo. A água agora o impulsionava pra frente com mais precisão. A cada braçada que ele dava equivalia a três dos outros competidores.

O menino vencera desta vez. Assim que saiu da piscina saiu correndo pro vestiário pra se vestir e ir pro palanque que estava montado no ambiente ao lado da piscina, as quadras de vôlei e basquete. Lá ele seria premiado com suas roupas da equipe de natação e ganharia um troféu como incentivo a ganhar mais agora que começaria a competir de verdade.

A premiação havia começado. Oliver foi se encontrar com Alice e ela havia mandando uma mensagem de texto avisando que estava no estacionamento. Assim que ele chegou viu a garota com um sorriso muito largo de braços abertos o avisando que abraçaria. O garoto cumprimentou o pai de sua amiga e deu um passo à trás depois que ouvira mais uma vez os parabéns.

— Você foi muito bom moleque.

— Pai, o Oliver não é um moleque. — A menina desdenhou o pai. — Mas que ele é bom, é.

— Que nada, era apenas um teste, há milhares de pessoas melhores na escola, só não quiseram participar.

— Oliver, sua modéstia me irrita.

— Mas...

— Não argumente. — Alice riu da cara de desprezo que o amigo lhe olhava.

— Então vamos embora ou vocês têm mais alguma coisa pra fazer aqui? — Disse o pai da garota caminhando em direção a porta do carro.

— Vocês já vão?

—Sim.

— Ah, então tchau. Tenho que ir pro metrô e tudo mais.

— Entra ai moleque — O homem encarava a filha com vontade de rir —, vou lhe dar uma carona por ter vencido.

— Não precisa, eu vou de metrô — Oliver encarava Antony sentado no banco de trás.

— Que moleque chato. Entra logo no carro.

— Ai, ta bom. Quem vai dar volta e gastar gasolina não é eu. — Oliver depois de alguns segundos se deu conta do quão infantil à frase que acabara de falar soou.

O pai de Alice dirigia enquanto falava de futebol com Antony, por serem vizinhos e se verem na hora de ir e de voltar da escola, ambos pegaram certa intimidade. Oliver estava calado sentado atrás do banco de Alice e ele pusera a cabeça no vidro da janela. Ele estava constrangido por estar tão perto de Antony. O garoto pensara que aquela cena nunca mais voltara a se repetir. O dia de Oliver acabara de ficar cinza. Toda aquela confusão em sua mente havia voltado. Seu orgulho lhe lembrava a todo instante que ele havia dito a Antony que ambos nunca mais voltariam a aparecer em sua vida.

Ele estava quase pulando pela janela do quarto quando o carro parou em frente o seu portão. Ele pegou sua mochila e apertou na mão do pai da amiga o agradecendo mais uma vez e depois deu um beijo rapidamente na bochecha da amiga. Ele procurava a chave no bolso quando se lembrou que precisaria encarar Antony novamente e disse a Alice o que queria dizer ao antigo amigo.

— Não se esqueça que vamos nos ver na quinta de tarde. Fale pros outros dois do con... — Ele percebera que o pai da amiga estava prestando atenção — do grupo de historia. — Ele pensara rapidamente em algo.

Antes que o carro começasse a se mexer Oliver ouviu Antony perguntar a Alice do que se tratava e a menina respondeu gaguejando.

— Oliver. O Oliver. Ele achou um livro, um livro super interessante. Ele quer, quer mostrar pra gente.

— E porque ele não falou nada com a gente?

— Ele pediu pra eu avisar.

— Sei.

O Garoto esperara o carro virar a esquina pra entrar em casa. Ele correra pro seu quarto, onde deixou sua mochila jogada no chão e correu pro banheiro. Ele entrara em desespero. Não queria chorar, mas sim fugir. Ele começara a tomar uma ducha pra se acalmar. Não estava adiantando muito. Com o cabelo sobre os olhos ele os apertava tentando pensar em alguma outra coisa sem ser a amizade que acabara. Era inútil. Aqueles pensamentos eram mais fortes do que qualquer música que ele conhecia e que geralmente o acalmava.

Oliver estava perdido em seu quarto e milhares de pensamentos nulos mais uma vez. Seu cenho franzido não disfarçava seu questionamento. Agora, mais do que nunca ele estava realmente confuso. Ele não sabia se Antony queria voltar atrás e se ele mesmo queria.

Ele havia feito 1L de café e em menos de uma hora ela havia terminado. O garoto tremia em sua cama por tamanho questionamento. Com tanta cafeína em seu organismo ele passara aquela noite fria e longa acordado encarando o teto. Os problemas dele pareciam sempre ser os mesmos, só mudavam de nome e endereço.

Assim que o garoto chegou à estação de metrô com Matth ele interrogou o amigo enquanto passavam pela catraca esperando uma locomotiva chegar.

— E então Matth, não vai me contar o que aconteceu e porque foi embora?

— Aqui não. — O garoto olhou pros lados encarando cada rosto que existira naquele ambiente. Desde que havia cravado uma batalha usando elementos e ficara brutalmente exausto, ele só sabia desconfiar de tudo e de todos.

— Mas você está melhor?

— Assim que entrarmos no vagão, se dermos sorte de ficarmos sozinhos te falarei tudo.

Oliver queria colocar o amigo na parede, mais sabia que não ganharia nenhuma informação fazendo isso, então a única coisa que lhe restava era torcer pra entrar em um vagão vazio.

Assim que se sentaram no fundo do vagão Matth olhou pros lados confirmando que estavam sozinhos e começara a explicar cada detalhe sobe o inicio daquilo tudo, mais logo foi interrompido, o amigo havia recebido uma mensagem e a lera em sussurro enquanto seu cenho franzia cada vez mais.

“Ainda bem que você sabe que lugar de piranha é na água, não no meu caminho. Boa sorte na equipe. Espero que sobreviva. Se depender de mim, não durará dois dias. — Unknown”


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