Amanda ainda estava em modo de fuga quando ouviu seu nome ser chamado. Virou-se mas não reconheceu a pessoa que pronunciou seu nome. Uma bela loira de cabelos curtos e sorriso largo.
–Sim, sou eu. E você é?
–Érika. Ex namorada do Vitor.
A loira esperou para ver qual seria a reação da morena.
Só que Amanda não reagiu, estava abismada e surpresa com aquilo. Por que ela estava ali? Havia sido convidada por Vitor? E como ela sabia seu nome?
–Amanda. - pronunciou mais uma vez, fitando a moça dos pés a cabeça.
–Por que você veio falar comigo? O que você quer? - mostrou-se incomodada com aquela analise sobre si.
Esperou mas Érika nada disse.
–Se você não vai dizer o que quer eu vou embora.
–Calminha garota, eu só vim por que o Vitor me convidou.
–Ele o que?... - quando viu já tinha perguntado.
Érika nada respondeu. E Amanda se perguntava. O que era aquilo afinal, alguma brincadeira de mau gosto? Como Vitor teve a coragem de convidá-la para ir a sua casa? Parecia que suas suspeitas estavam certas e na última noite em que ele encontrou com a ex teria sido para reatar o antigo namoro.
–Isso mesmo. Não achei lá muito certo da parte dele porque, bom, quando ele foi me ver e conversamos outro dia e o perguntei se ele estava ou não com alguém ele me respondeu que sim, com você. Mas mesmo assim o Vitor me pediu para vir. Disse que queria conversar comigo.
Amanda ouviu tudo pasma. Então era sobre isso que Vitor quis falar com ela a pouco. Pensar naquilo fez o coração dela apertar na mesma hora, e também sentir-se enganada. Desviou o olhar por um instante, voltando-se em seus pensamentos. Como Vitor podia ser tão insensível e fazer isso com ela? Como ele pode agir assim?
Amanda olhou para a loira a sua frente mais uma vez e passou por ela na intenção de sair dali.
–Ei! - Érika segurou Amanda pelo braço. - Eu ainda não terminei.
–Mas não foi para falar comigo que você veio até aqui.
Amanda não precisou puxar seu braço de volta pois Érika fez questão de soltá-la. Amanda saiu em seguida.
A loira continuou aonde estava, mas logo tratou de arrumar um copo para si. Agora, teria que encontrar Vitor. Deu um gole na bebida e apenas alguns passos até sentir seu braço ser puxado sem nenhuma delicadeza.
–Me fala, o que é que você está fazendo aqui? - Vitor a questionou já bastante irritado.
–Oi Vitor! Muito feio da sua parte dar uma festa e não me convidar.
–Para com isso. Você vai embora agora mesmo.
O rapaz começou a puxá-la, mas ela se soltou dele.
–A última festa aqui que eu vim era... - levou uma das mãos a cintura. - Me lembro de ser mais animada. - despejou toda a bebida garganta a baixo. - Você sabe que eu odeio perder Vitor. - jogou o copo no chão.
–Qual o seu problema, hein?! - questionou a vendo agarrar a gola de sua camisa. - Ficou maluca?
–E eu não vou perder pra uma garota como aquela. Me recuso.
A loira parou e, ao olhar de relance, por cima do ombro de Vitor, pode ver Amanda fazendo o trajeto de volta e parando a poucos metros de onde estavam, isso por ter visto os dois juntos conversando. Érika pensou rápido pois não teria tempo, inclinou-se de maneira saliente, aproximando-se do Navarro o máximo que pode. A loira não pensou duas vezes e beijou o rapaz, prendendo-o rapidamente pelo pescoço com os braços.
Vitor e Érika se beijando, aquilo foi um tremendo choque para Amanda, que parou estática com o que viu, não teve reação alguma diante daquela cena terrível. Não estava preparada para aquilo. Diferente de Gustavo, que também tinha visto o momento do "casal". O tatuado surgiu, não se soube de onde, partindo para cima de Vitor. Arrancou o Navarro dos braços da loira, acertando-lhe o rosto com soco mais forte que pode.
Vitor não teve como reagir ou revidar. Gustavo o puxou pela camisa e desferiu mais um soco na face do rapaz.
–Gustavo! - Amanda gritou atônita.
–Quem é esse maluco? - Érika questionou se afastando um pouco.
Vitor cambaleou e caiu na grama e Gustavo se pôs por cima do rapaz, acertando-o cada vez com mais fúria.
Pessoas começaram a juntarem-se ao redor.
De longe, Paulo viu a confusão e partiu correndo para ajudar. Chegou tirando, com muita dificuldade, o loiro, que esbravejava furioso, de cima de Vitor. Foi ajudado por mais alguns que estavam ali.
–Eu disse o que faria com você se você fosse capaz, se ousasse magoá-la. - Gustavo gritava totalmente enfurecido.
Já estavam em três para segurarem Gustavo, que insistia em pular no pescoço de Vitor de qualquer maneira, mas o loiro só voltou a si depois de ouvir a voz de Amanda suplicando para que se acalmasse.
–Gustavo, para. - ela se pôs na frente do amigo e insistiu. - Para por favor!
–O que quer que eu faça Amanda? - perguntou completamente irritado. - Você viu o que aquele canalha fez. - esbravejou apontando na direção do namorado da amiga, ainda no chão. - Se agarrando com outra bem na sua frente. - destacou indignado.
–Chega Gustavo. - a moça levou as mãos ao rosto. - Me leva daqui, vamos embora.
Amanda passou a mão em Gustavo e começou a sair.
–ESPERA... - gritou Vitor ainda no chão. - Amanda, você não... - o rapaz apoiou-se nos joelhos e cuspiu o sangue que escorria de sua boca para poder falar. - Você não vai sair daqui assim... - levantou-se com a ajuda de Paulo e pôs-se de pé.
Amanda parou preocupada, encarando o rapaz. Gustavo por sua vez e, ainda tomado de raiva, deu meia volta na mesma hora, indo na direção de namorado da morena. Os dois ficaram face à face. Um encarando o outro. Ambos cuspindo fogo pelas ventas.
Gustavo começou.
–Eu só vou te avisar mais uma vez cara, fica longe dela.
Depois de ouvir aquilo, Vitor até tentou mas não se segurou, acertou Gustavo com um soco e em seguida os dois caíram no braço. Saíram pelo meio das pessoas enquanto um golpeava o outro. O curiosos que haviam se juntado em volta abriram caminho enquanto os dois rapazes brigavam. Paulo e mais alguns correram para tentar separá-los.
–Minha nossa eles, vão se machucar. - a morena apertou as mãos aflita os viam se afastarem. - Não...
Amanda olhou tudo apreensiva e pronta para partir atras dos dois, só então percebeu Érika parada a seu lado, também olhando a cena. Tudo parecia estar perdendo o controle.
–Amanda, o que está acontec... - Carla chegou de pressa. - Ei... - exclamou ao reconhecer a loira ao lado. - O que você está fazendo aqui Érika? - questionou com desprezo na voz.
–É pra estar preocupa mesmo isso tudo é culpa sua garota. - a loira praticamente ignorou Carla e virou-se para Amanda. - Olha pra você garota. Se enxerga! Não vê que o Vitor não gosta de você, hein?!
Amanda arregalou os olhos assustada com tudo aquilo. Do que ela estava falando afinal?
–Escuta garota, - a loira prosseguiu e, enquanto falava, avançava passo a passo na direção de Amanda. - você não passa de um brinquedinho pro Vitor e quando ele já estiver cheio vai se livrar de você, te descartar. Não se enxerga? Duvid...
A loira foi impedida de continuar. Amanda juntou todas as forças que tinha e a acetou um tapa bem no meio da cara, o que fez com que a loira vacilasse sobre seu par de saltos alto e quase fosse ao chão. Érika indignada, paralisou fitando a morena.
–Uau! - Carla exclamou ao lado.
Carla não se conteve e praticamente vibrou com a cena que presenciou ali.
–Sua... - tomada de raiva, a loira levou a não a face dolorida e que com certeza estaria marcada agora. - Sua...
–Cala a boca! - Amanda gritou com todo ar de seus pulmões. - Como você pode falar assim dele?
–Você deve conhecer o Vitor, não é?
–Sim. Eu o conheço muito bem é por isso que não vou deixar que você fale assim dele. Não ouse, ouviu bem?
Érika soltou um riso em sinal de deboche a atitude de Amanda em defender o Navarro.
–No fundo você sabe que é verdade. - disse erguendo a mão para bater na morena também.
Mas Vitor chegou na hora a segurou e a impediu de fazer.
–Eu não vou deixar que você encoste um dedo nela. - afirmou apertando o pulso da loira.
–Ah! Que bom que voltou Vitor! - ao mesmo tempo que voltava-se ele com um largo sorriso, ela também tentava disfarçar a dor que sentia por ele apertar seu pulso. - Assim podemos contar pra sua namoradinha sobre a noite maravilhosa que passamos juntos, relembrando os velhos tempos, não é Vitor?! - o sorriso dela se tornou maior ao perceber que Amanda sobressaltou de susto. - Lembra-se do presente que você me deixou naquela noite em que foi me ver?
Tal frase gerou certa confusão em Vitor. E assim ela pode se soltar das mãos dele e explicar sobre o que se referia. Érika abriu dois botões da camisete preta que usava, revelando a correntinha prateada que pertencia a Vitor e que agora estava em seu pescoço.
Amanda, ao lado, encarou deprimida o presente que dera ao namorado pendurada no pescoço de Érika. E depois disso não foi capaz de distinguir o que, até agora, tinha feito seu pobre coração apertar e doer mais. Carla, se viu de queixo caído, nem soube o que falar depois do que ouviu da boca de Érika.
–C-Como?... - Vitor questionou perplexo, mais que confuso.
–Você deixou comigo, naquela noite em que foi me ver, lembra? - perguntou enquanto deslisava os dedos pela joia. - Lindo! Disse que ficaria comigo para que assim eu nunca te esquecesse. Simplesmente adorei! - a loira disse como se contasse somente para Amanda, mantendo os olhos na morena.
Amanda olhou para o namorado e ele para ela. A jovem segurou para que todas as lágrimas não caíssem naquela hora. Por que ele a faria sofrer assim? O que ela fez para merecer isso?
Diante do silêncio dos amigos, Carla se pronunciou perplexa e preocupada.
–Mas não é possível que... Vitor, falar alguma coisa. - exigiu.
A loira apenas sorriu sentindo-se vitoriosa, apalpando novamente a correntinha.
Vitor se viu tomado de raiva como nunca antes.
–Isso não é seu. - afirmou e passou a mão na correntinha a arrebentando do pescoço da ex de uma só vez.
A loira soltou um grito agudo, mais por conta do susto que levou com a atitude do rapaz.
–Érika, se você não sair daqui agora... - Vitor sentiu o sangue ferver de raiva. - Eu não respondo por mim.
Porém aquilo não a intimidou.
–Como? Se foi você quem me convidou para vir n...
–Chega! Você sabe muito bem que o que disse até agora foram apenas mentiras.
–Você queria me ver Vitor. - afirmou calmamente.
–Mentirosa. - o rapaz trincou os dentes de raiva, estava farto de tudo aquilo.
–Ah não, vai negar que foi me procurar outro dia Vitor?
–Eu fui, mas não tenho culpa se você não suportou me ouvir dizer que não vou e que não quero mais nada com você. - a loira até tentou falar qualquer coisa mas Vitor não esperou ou lhe deu chame alguma. - Então entenda de uma vez por todas estou apaixonado pela Amanda, ela é mulher da minha vida e eu vou me casar com ela.
Érika se calou finalmente e se manteve de queixo caído enquanto Vitor terminava.
–Nem você nem ninguém pode mudar isso que eu sinto por ela. Deu pra entender?
–Está louco? Vai se casar? Com essa sonsa? Isso que você acabou de me dizer é simplesmente ridículo, sabia?
–Minha nossa, pra mim já chega. - Carla, já impaciente e anida mais farta de tudo, tomou a frente. - Deixem que eu ponho essa vadia pra fora daqui.
As madeixas da loira eram curtos mas não o suficiente para que atrapalhasse Carla de pegá-la pelos cabelos e arrastá-la de lá.
Depois de vê-las saírem aos gritos uma com a outra, Vitor rapidamente voltou-se para a namorada encolhida e calada ao lado. Estava abalada, desnorteada com tudo aquilo.
–Amanda... - ele tentou se aproximar mas ela se afastou andando de costas. - Por favor m...
–Não, não. - negava e balançava a cabeça nervosa. - Eu não quero ouvir Vitor, mais nada. - ela continuava caminhando na direção oposta a dele.
–Me deixe falar, por favor...
–Não. Só quero saber onde o Gustavo está.
–Estou aqui.
A jovem virou-se deparando-se com o amigo logo atras de si. Paulo, logo ao lado, se pôs em modo de alerta para o que poderia acontecer agora pois, os dois acabaram chegando no clímax da discussão e bem no momento em que o Navarro fez sua confissão. Paulo o viu parar assim que ambos ouviram Vitor anunciar que se casaria com a morena e, dando uma rápida olhada no semblante do loiro, dava para ver que ele tinha levado um grande susto com aquilo.
–Vamos embora daqui. - a moça pediu apressada.
Amanda o deu às costas na mesma hora e foi em busca do amigo. Ele a segurou pela mão e os dois saíram.
–Amanda! - gritou pela namorada porém ela não parou.
Vitor ficou para traz.
Se ela estava indo com Gustavo era melhor não ir até lá porém, ele não poderia esperar.
–Espera aí, Vitor... - Paulo tentou impedir o amigo.
–Esquece Paulo, eu vou até lá agora.
...
Logo mais à frente, e depois de ter posto para fora sem gentileza alguma um certo alguém, Carla voltava para dentro da mansão, deparando-se com Amanda e Gustavo já saindo.
–Aonde vocês vão? Amanda! - a segurou pela mão.
–Deixa ela Carla.
–Não, Gustavo. - a moça insistiu e o loiro também. - Me escuta Gustavo, ela não pode ir, eles tem que conversar.
–Não quero saber eu vou levá-la daqui agora mesmo. O melhor que ela tem a fazer é ficar longe daquele cara.
–Mas...
–Carla, por favor. Eu não quero ficar aqui...
–Calma Amanda. - Carla, preocupada, se aproximou da amiga. - Você está bem?
–Eu...
Ouvir aquela pergunta a fez sentir um nó se formar na garganta, uma vontade quase incontrolável de chorar e seus olhos encheram-se na mesma hora. Não, ela não estava bem.
–Eu... - a morena juntou forças para falar. - Eu só quero ir pra casa.
–Vamos. - Gustavo sentenciou.
Ele a segurou pela mão e ela se jogou nos braços do amigo. Gustavo imediatamente a abraçou. Estava difícil para ela segurar aquelas lágrimas, mesmo que não soubesse ao certo o por que delas quererem cair. Com certeza por tudo.
–Nem pense nisso Nanda. - ele ergueu o rosto da jovem, o que a fez engolir o choro. - Você não vai chorar por causa daquele c...
–Amanda.
Na mesma hora Vitor chegou afoito, o que fez Gustavo inflar o peito de raiva, principalmente por ver o Navarro querendo alcançá-la. O loiro a apertou em seus braços.
–Amanda, - Vitor tentou se aproximar. - me deixa te contar tudo o que realmente houve e eu sei que você vai entender...
–Cara, se você não sumir daqui agora eu vou...
–Não Gustavo. Chega de tudo isso. - a moça o interrompeu. - Vamos embora, por favor. - disse e passou os olhos brevemente na direção do namorado. - Por favor.
Vitor se sentiu destruído com aquele olhar desapontado que Amanda lançou para ele. Ela estava triste, muito triste. Aquilo o fez sentir uma enorme culpa dentro de si.
–Amanda, não vai, me dá só uma chance de me explicar.
Assim como todos ali, ele esperou, mas a moça o ignorou. Vê-la envolvida nos braços de Gustavo e evitando olhar diretamente para si só serviu para que Vitor sentisse sua culpa aumentar.
–Não faz isso comigo, Amanda... - ele deu dois passou na direção dela.
–Me deixa ir Vitor. - pediu pronta para chorar mas segurando-se ao máximo.
–Deixa ela Vitor.
O rapaz se acalmou depois de ouvir a voz de Paulo e sentir a mão dele pousar sobre seu ombro esquerdo. Todos se puseram em silêncio.
Só lhe restava observar enquanto via Amanda e Gustavo saindo. Mesmo não querendo, seria melhor deixá-la ir, conversariam depois que tudo se acalmasse. Mas ele não queria esperar para falar com ela. Porém, agora não seria o melhor momento. O problema era, e se não houvesse uma outra oportunidade? Estava frustrado, com raiva. Sem dúvidas, agora seria impossível decidir o que fazer.
–Droga! - Vitor esbravejou saindo desnorteado pela casa.
Passou por todos que estavam em seu caminho sem dar qualquer atenção. Seguiu pra fora, indo para o jardim, segurando-se para não ir atras dela e tentando se convencer de que deixá-la ir sera o certo a fazer naquele momento.
Lembrou-se do olhar esmorecido em que se encontrava na face da morena antes dela sair. Tudo culpa sua. Se ela chorasse por sua causa, se isso acontecesse... Ele não podia deixar isso acontecer. Não se perdoaria jamais se Amanda derramasse um lágrima por sua causa.
A raiva que sentia de si mesmo nessa hora era indescritível, tanto que o fez fechar as mãos punho com força, só então percebeu que a correntinha prateada estava consigo. Aquilo o fez refletir. Tinha sido um tolo por ter ido atras da ex naquela noite, e agora, por conta disso, Amanda estava sofrendo. Isso era a última coisa que queria que acontecesse.
Virou-se e saiu pela casa sem saber o que fazer ou pensar. Por fim, passou a mão na primeira garrafa que viu pela frente a entornou garganta a baixo.
...
Amanda apenas desceu da garupa da moto e seu telefone tocou, era Carla dizendo que Vitor estava bêbado e querendo ir atras dela a qualquer custo. A amiga, temendo pelo que podia acontecer se Vitor saísse de carro nas condições em que se encontrava, ligou imediatamente para Amanda e suplicou a moça que voltasse apenas para que tudo se acalmasse.
–Tá Carla. Diz a ele para esperar que eu já vou.
As duas desligaram a ligaram.
–O que? Eu não acredito que mesmo depois de tudo o que ele fez você vai até lá.
–Gustavo, tenta entender... - pediu sabendo que seria impossível.
–Não eu não entendo Amanda... Será, será que você gosta tanto assim daquele cara?
Amanda sentiu o coração apertar ao ouvir aquela pergunta. É, talvez fosse por isso.
–Eu... preciso ir Guto.
Amanda fez menção de sair mas, Gustavo a impediu. A segurou pelo pulso, a fazendo parar.
–Ele não te merece Amanda. Aquele imbecil não merece você.
A moça ficou estática com a atitude e as palavras de Gustavo que aproveitou o momento para liberar toda a raiva que vinha sentindo daquela situação que julgava ridícula, aquele namoro ridículo. Ele continuou.
–Eu tinha prometido pra mim mesmo que não iria interferir nesse seu namoro com ele mas, depois de hoje, depois do que ele fez você passar... Eu não vou ficar só assistindo isso Amanda.
–Guto, por favor, depois a gente conversa. Eu prometo a você mas agora, eu tenho que voltar. Me deixar ir. - pediu porém ele não soltou o braço da amiga.
–Então eu vou voltar com você.
–Não Guto, se você for, vocês vão acabar brigando de novo. - ela achou melhor deixá-lo para traz, ainda mais por Carla ter dito que Vitor tinha bebido. - Eu vou e você fica. Não se preocupe, a Carla e o Paulo estão lá, depois eu pego uma carona com eles.
Gustavo a soltou.
Estava chateada mas ela se importava com Vitor, não dava pra negar. Amanda deu às costas e voltou para a mansão, como não era tão tarde, conseguiu um táxi e voltou. Estava ainda mais preocupada com tudo que havia acontecido e poderia acontecer. Ao chegar, a casa estava vazia e em silêncio, todos já haviam ido embora. Sendo assim, foi recebida por Carla.
–Eu não acredito, Amanda! - saltou aliviada ao vê-la chegar. - Ainda bem que você voltou.
–Onde o Vitor está?
–O Paulo está conversando, ou pelo menos tentando, mas ele bebeu, de mais, e agora está mais teimoso do que já é. Ele tava insistindo para ir até a sua casa, mas o Paulo não permitiu, o que o deixou furioso e ma...
–Estou com vontade de te socar agora, sabia?
–Me erra Paulo.
–As coisas estão como estão e você piora ainda mais toda essa merda cara.
Dava para ouvi as vozes alteradas dos namorados das duas gritando um com o outro na sala ao lado.
–Puxa, acho que nunca vi o Paulo tão nervoso. - comentou sem perceber e depois arrependeu-se disso, Carla olhou para a amiga e pode ver um semblante muito entristecido na face da morena, que suspirou abatida. - Olha Amanda, - chamou a atenção, aproximando-se dela. - conversa com o Vitor primeiro antes de tomar qualquer decisão. Não confie apenas no que a Érika disse. - Carla abraçou a amiga na intenção de transmitir-lhe conforto naquele momento. - Gosto muito de você e do Vitor, não quero ver vocês dois tristes um com o outro.
–Obrigada Carla! - agradeceu enquanto Carla a apertava carinhosamente.
As duas se soltaram e ficaram ali de mãos dadas uma com a outra até ouvir Paulo gritar novamente com o amigo enquanto os dois vinham para a sala de estar, onde elas estavam.
–Você vai ver só o que eu vou fazer da próxima vez que você ficar desse jeito.
–Mais que droga meu. Me deixa Paulo, caramba!
O rapaz chegou em meio a tropeços e parou ao ver a namorada ali.
–Amanda! - exclamou Vitor contente por vê-la.
–O que ela está fazendo aqui?
–Fui eu Paulo, eu liguei para ela vir. E não me olha com essa cara, achei que você não seria capaz de parar o Vitor.
Paulo balançou a cabeça reprovando a atitude da namorada. Fora um sacrifício enorme para ele convencer o amigo a não ir procurar a falsa namorada, e agora ela estava bem ali.
Vitor sorriu e seguiu trocando os pés, tentando alcançar a moça.
–Ainda bem que você voltou, eu...
–Sim, sim mas, ela já está de saída. - Carla tomou a frente. - O Paulo e eu vamos levá-la pra casa.
–Não. Eu quero falar com ela, preciso. Nós vamos conversar. - ele insistiu, praticamente exigiu.
Aquilo irritou Carla, e muito.
–Nem pensar. Ela está cansada, tem ir, que dormir. Todos precisamos. Já deu por hoje, né? Estou de carro e vou levá-la.
–Carla. - Amanda a chamou. - Tudo bem, eu, vou conversar com o Vitor e depois eu vou.
–Mas, Amanda... Tem certeza? Por que eu mudei de ideia.
–Tudo bem, sério.
–Olha, concordo que vocês tenham que conversar mas não precisa ser hoje amiga. Repara no estado do Vitor.
–Ah! - Vitor apertou a cabeça impaciente. - Dá um tempo Carla e some logo daqui.
–Cala a boca seu chato. Insuportável! Fique você sabendo que o fato de você estar bêbado facilita e muito para que eu tire um dos meus sapatos e o acerte nessa sua cabeça oca.
–Dá um tempo né Carla. - o rapaz esfregou as mãos no rosto nervoso. Paulo, tira ela daqui senão desse jeito ela vai me deixar maluco.
–Vê lá como falar comigo! - ela elevou a voz.
–Chega. - Paulo se manifestou. - Você vai mesmo ficar Amanda? - ele esperou até ver a moça assentir. - Vem Carla, deixa eles então.
Mesmo a contra gosto, Carla saiu com o namorado.
Amanda olhou para Vitor cambaleando enquanto caminhava em sua direção. O rapaz estava com a camisa aberta e suja pela briga que teve com Gustavo, os sapatos, nem ele mesmo sabiam onde estavam, ou o por que de ter tirado.
A jovem suspirou cansada, arrependida por ter voltado, queria ir embora logo.
Seria uma longa conversa e uma longa noite.

Continua...