Leo passava horas e horas no Bunker 9.

Talvez Frank estivesse certo sobre ele. Leo era exatamente como seu pai, Hefesto. Não sabia lidar com pessoas, ele levava mais jeito com máquinas.

E se ele tentasse tratar as pessoas como máquinas? As garotas com certeza seriam os projetos de Arquimedes. Os mais difíceis de se entender.

Leo resolveu sair um pouco do Bunker 9. Entrou em seu chalé e jogou-se em sua cama, e apagou por um bom tempo. Quando acordou, julgou ser umas quatro horas. Nyssa estava em um canto, construindo e desmontando algo, como Leo fazia. Semideuses já costumam ter hiperatividade, junto com seu déficit de atenção, mas os filhos de Hefesto são elétricos. Eles mantem suas mãos sempre ocupadas.

Ele caminhou para fora de seu chalé. Estava andando tão distraído que não viu Piper vindo em sua direção.

– Ei! - protestou ela quando seus ombros se trombaram - Olhe por onde anda, Valdez!

– Desculpe - disse Leo - Talvez a Rainha da Beleza não consiga mais enxergar um palmo na frente do nariz por causa de todo seu brilho.

– Cale a boca - disse Piper - Aliás, tenho novidades. Percy falou com Annabeth hoje de manha, e ele esta voltando.

– Sozinho? - perguntou Leo.

– Não. Com a garota da profecia.

Ambos estremeceram.

– Como será que ela é? - perguntou Piper.

– A Filha da Lua - lembrou Leo - Imagino que ela seja uma garota redonda, branca e brilhante. Uma grande concorrência contra você.

Piper riu.

– Você é sem noção, Valdez.

Alguns minutos mais tarde, Leo estava no arsenal. Tinha certeza de que havia largado lá seu martelo na noite retrasada quando havia disparado para socorrer um campista filho de Apolo que foi atacado por um filho de Ares.

– Onde está você? - resmungou Leo - Apareça, martelinho fujão.

POOOOFT!

Tudo o que Leo pôde ver foi uma forma negra voadora caindo do céu com dois semideuses montados. A porta do arsenal voou de encontro com uma prateleira cheia de espadas, fazendo um enorme estalo. Mas nada se compara com o tamanho do susto que Leo tomou.

Ele saltou para trás da mesa em que estava procurando seu martelo. Ouviu vozes vindas do outro lado da sala.

– Você esta bem? - perguntou uma voz conhecida - a voz de Percy.

– Eu estou ótima! - respondeu uma garota com uma voz angelical. - Vá na frente. Eu estou logo atrás.

– Não se preocupe - disse Percy, talvez não se referindo mais a garota. - O estrago não foi grande. Obrigado, Blackjack. Qualquer coisa eu o chamarei.

A forma negra voadora deu meia volta e voou pela porta. Ele ouviu passos se aproximando e o pânico formou-se em sua garganta.

– Cadê você, martelinho? - sussurou Leo, procurando freneticamente seu martelo em meio aos destroços espalhados pelo chão. - Você seria muito útil agora!

– Procurando por isso? - disse a garota.

Leo congelou. Ela estava falando com ele?

– Acho que encontrei seu martelo - disse a garota novamente.

Leo se recompôs. É agora, pensou. Então, respirou fundo e se levantou.

Se perfeição existisse, ele a tinha encontrado. Ela tinha pele branca, quase pálida. Seus longos cabelos negros caíam pelos seus ombros. Seus olhos eram penetrantes e azuis. Seus lábios carnudos estavam cobertos por um batom vermelho vivo. Ela vestia uma blusa de manga comprida roxa com um ombro à mostra, jeans e all star. Uma de suas mãos segurava uma espada sombria e a outra, o martelo de Leo. Ele rezou para não ter de enfrentar aquela espada do mal.

– Que-quem é você? - Leo gaguejou.

A garota fixou seus olhos nos dele, o que constrangeu Leo, mas ele sustentou seu olhar.

– Eu sou Alexis - disse a garota - Encontrei seu martelo. Tome.

Ela se aproximou e o entregou a Leo. Por um curto momento, suas mãos se tocaram. Leo sentiu uma corrente de eletricidade percorrer seu corpo.

– Ahn, obrigado - agradeceu Leo. Ele tinha a impressão de já ter visto a garota antes, mas não se lembrava onde.

– E quem é você? - perguntou a garota, docemente.

– Eu sou Leo Valdez, filho de Hefesto. Mas me chame só de Leo. - Leo estava tão embaralhado com as palavras que quase socou a si mesmo.

A garota sorriu.

– Claro... Leo. Venha, mostre-me o Acampamento Meio-Sangue.