Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 20
XIX. Arrependimento que mata aos poucos.


Notas iniciais do capítulo

Então, pessoas ♥ como vocês estão? Eu vim postar rapidinho exatamente uma semana depois. Continuem comentando que eu sempre venho postar desse jeito. Se não, um capítulo somente daqui a duas semanas. Espero que gostem e que comentem. Beijos!

ps: Quem comentar e colocar no review "eu quero spoiler do próximo capítulo de ES" eu vou mandar por MP frases sugestivas sobre o que irá acontecer. Quem não comentar com isso, vou considerar que não quer os spoilers. Se você se esquecer e se lembrar quando já tiver mandado o review, é só me mandar uma MP que o spoiler vai ser devidamente enviado.



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Eu estava entre a chateação e o medo quando eu entrei no abrigo que era a minha sala e desabei no sofá, desejando que tivesse algum tipo de cobertor para que eu pudesse me esconder. Mas não tinha nada. Coisas desse tipo não ficavam na sala, eu sabia, sabia também que eu tinha de reagir, ficar deitada no sofá não funcionaria de nada a não ser me fazer pensar sobre coisas desagradáveis. E eu não queria refletir sobre nada naquele momento.

Foi a primeira vez na semana, pelas minhas contas tortas, que eu abria o meu closet e ia a procura do meu maiô. Duvidava que funcionasse para alguma coisa — agora era muito mais forte, os pensamentos, do que era antes. Agora era real e eu reconhecia aquilo, Carlisle estava em liberdade e ele não hesitaria em me delatar.

Agora, as pessoas acreditariam nele. Eu não negaria se me perguntassem e eu queria tanto, tanto mesmo, ter coragem para admitir tudo que eu vinha escondendo de Edward, mas eu não tinha. Eu tinha, no entanto, o medo de perdê-lo era inevitável. O que eu estava esperando, mesmo? Ah, eu estava esperando que ele me olhasse da mesma forma quando eu o falasse tudo, que agisse como se estivesse tudo bem.

Não estava tudo bem, não estava.

Eu só queria que ele tivesse a capacidade de perceber que aquilo acontecera no passado e eu ainda não o conhecia, então…

Aquilo não justificava merda nenhuma, eu tinha de encarar a verdade. Ele não aceitaria aquela desculpa terrível e logo, com seu comportamento explosivo, decidiria que nunca mais queria olhar para a minha cara. Eu o entendia, apesar de não gostar da ideia que tinha envolvida naquilo. Eu havia o feito sofrer, mesmo que indiretamente, havia feito sofrer sua irmã também. Havia destruído uma família já machucada sem esforço algum.

Suspirei em frente ao espelho e engoli em seco, soltando meus cabelos do rabo de cavalo que ele antes estivera preso. Eu o cortaria quando tivesse coragem somente para não ter tanto problema com a touca apertada, porém por enquanto ele continuaria como estava. Edward parecia gostar deles, de cheirá-los e passar a mãos, puxá-los delicadamente para que eu inclinasse meu rosto para trás…

Balancei meu rosto para afastar as memórias.

Fiquei grata pela primeira vez na minha vida que Edward demorasse a chegar. Aquilo era incomum para mim e o meu desejo imenso de ficar perto dele toda hora, mas era melhor passar algumas horas longe do que não conseguir fingir normalidade quando ele chegasse. Tudo que eu menos desejava no momento era que ele percebesse a minha estranheza e perguntasse… eu não queria mentir mais uma vez, já estava cansada demais disso.

A piscina estava gelada quando, receosa, eu coloquei somente a ponta do meu pé dentro da água. Embora eu estivesse com preguiça e hesitação, deixei-me afundar na piscina com um suspiro pesado e que demonstrava a minha quase desistência.

Se eu fosse dormir, eu provavelmente sonharia com o rosto de Carlisle e a expressão que ele tinha no restaurante. Não era raivosa, ele não tivera tempo para evolui-la para algo mais trabalhado e eu saíra rápido demais para que demonstrasse algo além de surpresa. A opção de cumprimentar minha mãe que estava ao seu lado nem sequer perpassou por minha mente, sua companhia era bastante desagradável. E vamos encarar isso, por favor, eu nunca teria coragem de falar diretamente com ele.

Eu era medrosa e fraca. E mesmo fingindo, não conseguia enganar a ninguém.

Fiquei por pouco tempo do lado de fora, minha mínima paciência contribuiu para que eu enjoasse logo daquilo. Não fez efeito nenhum, como eu percebera antes. Eu estava mais que irritadiça ao pegar a toalha da cadeira e espremer meu cabelo molhado com ela para que ele não deixasse pequenas gotas d’água pela sala e cozinha. Hoje era um daqueles dias que eu não suportava pensar em pegar um pano ou fazer alguma coisa doméstica.

Tomei um banho rápido, não hidratando meus cabelos pela mesma razão que eu não ficara na piscina: impaciência. Vesti-me com um short e uma blusa solta, sem me preocupar em tentar ficar bonita para quando Edward chegasse — não que eu não me preocupasse com aquilo, era apenas que… naquele momento eu não conseguia pensar em coisas fúteis. Mesmo Edward estando envolvido.

Deitei-me na cama e contra a minha vontade, dormi.

Eu me acordei com um suspiro feliz — bem diferente de quando eu tinha sido forçada pelo meu corpo a dormir. A felicidade era só por sentir os beijos mornos de alguém o qual eu sabia ser Edward deslizando por minha nuca livre de cabelos e meus ombros descobertos por causa da blusa. Tudo que eu fiz foi me encolher, rindo quando ele se jogou para o meu lado, sentando-se na cama de meia e tudo.

— Como foi hoje no trabalho? — Foi a primeira coisa que eu o perguntei, apoiando-me em meus braços para me erguer e me sentar ao seu lado.

Ele logo estava puxando-me com facilidade para o seu colo. Não protestei, apenas cooperei para me acomodar melhor em cima de suas pernas, encostando meu rosto no seu ombro e suspirando. Meu bom humor finalmente voltara. Na verdade, ele não tinha partido, só havia ido trabalhar.

Eu tinha que dar um jeito nisso, nessa coisa de só ficar bem quando estava com Edward. Eu mais do que todo mundo tinha medo de depender de uma pessoa e eu estava dependendo dele para ter bom humor, para agir desse jeito.

Tudo bem, vamos ser francos aqui. Eu era uma completa estranha antes dele, eu era fechada para o mundo, sequer sorria. Isso não era muito normal, era? Não, não era. E cara, eu não queria voltar para aquela monotonia e tédio de novo, eu não me acostumaria e nem queria me acostumar de novo. Eu queria ser como era agora. Mesmo se não estivesse com ele por perto, eu queria agir como agia perto dele.

Céus. Eu era tão complicada!

— Hum… foi bem. — Edward respondeu. — Agitado…

— Há algum dia que não seja?

— Exatamente! — Ele exclamou, sua voz sorridente. — E eu estava pensando se não pudéssemos sair um pouco hoje.

Eu sorri e assenti rapidamente.

— Há algum problema se… — A partir do momento que Edward começou a hesitar, a fagulha de pânico cresceu dentro de mim. — Bella, eu quero te apresentar ao meu pai.

— O quê? — Levantei meu rosto de seu ombro e arregalei os olhos, sentindo meu coração martelar cruelmente. Medo, surpresa… tudo junto de uma maneira torturante.

Edward não soube interpretar a surpresa em meu rosto, por isso sorriu para a minha expressão brevemente chocada. Ele acariciou o meu rosto com a parte externa da mão, parecendo querer me consolar de alguma forma.

— Está tudo bem para você? — Ele me perguntou, cauteloso.

Eu neguei com o rosto, minha boca se mexendo para formar alguma palavra coerente. Tudo que saiu, no entanto, foram gaguejos sem sentido algum. Edward esperou que eu falasse alguma coisa e mais uma vez alargou seus lábios em um sorriso compreensivo quando eu desisti de formar palavras.

Não estava tudo bem para mim, estava tudo péssimo. Céus, isso era algum tipo de penitência? Se fosse, eu realmente não sabia o que diabos eu tinha feito de errado dessa vez. Talvez pelo fato de eu ter mentindo várias vezes… mas isso não contava, contava? Ok, eu não sabia sobre nada de religião e essas coisas. Minha família nunca foi religiosa e a única vez que alguém falou algo desse teor foi em um enterro. Ou seja, minha ignorância no assunto era justificável.

De qualquer jeito, mentir não era ruim o bastante para justificar essas coisas que estavam sendo dejetadas em minha vida. Eu tinha quase certeza que eu não merecia aquilo. E sim, eu estava completamente consciente das minhas burradas, mas nenhuma havia sido tão má desse jeito, havia? Não, não havia! Pelo menos era o que eu achava.

— Edward, eu… não acho que seja uma boa ideia. — Eu finalmente consegui pôr para fora depois de conseguir controlar o meu pânico.

— Ele não é quem você pensa que é. — Disse ele, colocando a mão embaixo de meu queixo para que eu não desviasse o olhar. — Eu posso não ter acreditado nele antes, mas… eu não consigo me fingir de indiferente por muito mais tempo. Consegue entender?

Eu assenti.

— Eu queria que ele te conhecesse…

Mas nós já nos conhecemos — Eu choraminguei em minha mente, o terror se alastrando novamente para dentro de minha mente que divagava em várias direções. Qual desculpa eu deveria usar? Nenhuma estava vindo a minha mente devido ao olhar penetrante de Edward que parecia me ler de uma maneira errônea. Ele não conseguia entender — não havia como, afinal — que eu estava com medo e era por esse motivo que eu não queria ir para canto nenhum onde seu pai estivesse.

Eu estava ferrada.

Fechei meus olhos e delicadamente coloquei minha mão no pulso de Edward, o abaixando para que saísse de meu queixo. Pigarreei e depois de algum tempo onde eu estava tentando arranjar algum tipo de coragem, respirei fundo e abri meus olhos, o encarando.

Eu sabia que não conseguiria negar nada a ele. E o pior: desde o começo eu tinha a consciência que eu não conseguiria esconder por muito tempo os meus erros do passado de Edward porque ele, ele fazia parte do meu passado, mesmo que não fosse direto. Apesar de o alvo ser o seu pai, infelizmente eu também tinha atingido.

Eu não precisava dizer que me arrependia, precisava? Apostava que não.

— Você vai gostar dele, Bella…

Suspirei e assenti, tombando meu rosto desesperançoso de volta para o seu ombro.

— Se você não quiser ir…

— Não — Eu o interrompi. —, eu quero ir. — Quero acabar com isso de uma vez por todas.

Aquela foi a maior mentira que eu já o falei em toda a minha vida.

Eu não queria ir. Eu queria fugir com Edward e ficar o mais longe possível de Carlisle e tudo que ele sabia. Era covardia, sim, eu não ousava negar, era só que… o mais fácil era nunca o falar sobre aquele assunto, eu não queria saber a sua reação que eu já previra ser horrivelmente raivosa. Não queria que ele ficasse com raiva de mim. Ele tinha todos os seus claros motivos para nunca mais querer olhar na minha cara, porém eu ainda esperava que um milagre acontecesse e ele não cogitasse a ideia.

— Com o que você está preocupada? — Ele perguntou, voltando a acariciar a minha cintura com a mão.

Balancei meu rosto e apesar de a curiosidade estar presente em cada ponto de sua expressão, ele não me perguntou nada. Eu, por outro lado, estava distraída demais me preocupando com hoje à noite para tentar mentir para ele e lhe tranquilizar, dizendo-lhe que era impressão sua. Eu não estava preocupada com nada. Seria inútil de qualquer jeito, Edward parecia ter um imã que sempre atraia as minhas mentiras e me denunciava.

Deixei que ele me acalmasse — mesmo sem saber — acariciando meu couro cabeludo por alguns minutos. Tudo que eu queria era permanecer no colo dele por todo o dia, não havia precisão em sair para canto algum. Poderíamos pedir uma pizza e dormir tarde por estarmos assistindo a filmes de ação dos quais eu não me lembraria de uma cena sequer no dia seguinte. Poderíamos permanecer na querida paz.

Eu queria poder inventar alguma desculpa para lhe dizer, para atrasar meu encontro com Carlisle, mas eu sabia que essa merda teria de acontecer de qualquer jeito. Eu não tinha escolha nenhuma sem ser aceitar o que estavam me propondo. Era sim ou sim. E mais uma vez: Seria tudo mais fácil se eu não tivesse sido tão boba quem sabe eu e Edward estivéssemos em uma situação melhor que essa.

Talvez eu o tivesse conhecido primeiro que Tanya, eu seria sua namorada primeiro que ela. Seria tudo certo, no lugar, sem nenhum escândalo.

— Edward? — Eu franzi meu cenho e levantei meu rosto do seu ombro. — Como vai me levar para conhecer seu pai se… hum, se ainda está com a Tanya?

Ele engoliu em seco.

— Eu rompi com ela ontem.

Afastei-me, levantando minhas sobrancelhas, incrédula. Como assim ele havia rompido com ela ontem e não havia me falado nada? Eu estava entre a descrença e raiva quando Edward sorriu tortamente para a minha expressão confusa. Para tentar — e de certo conseguir — me amolecer, ele colocou uma mão em minha nuca, começando a acariciá-la com as pontas dos dedos.

Céus, por que ele conseguia me ganhar com tão pouco? Era o cúmulo da injustiça.

— Pensei que estaria feliz por isso…

— Eu estou. — Concordei, procurando incansavelmente seus olhos. — Apenas… isso foi… — Eu, mais uma vez naquele dia, tentava encontrar as palavras que fugiam aterrorizadas de meus lábios. — Você pensou bem se isso era mesmo o que você queria fazer?

— Quero ficar com você. Isso não é o suficiente?

— Claro — Tive de deixar um sorriso tímido escapar, foi impossível controlar. — Claro que é…

— Então pronto. A partir de hoje por diante eu e você não temos que agir como se o que estivéssemos fazendo fosse errado. — Ele declarou.

— Não sei por que isso não me acalma nem um pouco. — Resmunguei.

***

Eu estava esperando pacientemente que Edward terminasse de se arrumar. Por fora, paciente. Por dentro, um caco que não parava de se torturar ao pensar que em menos de algumas horas seu segredo iria ser descoberto por quem eu mais deveria esconder. E por favor, Deus, eu tinha certeza de que eu merecia um milagre pelo menos por aquele momento. Eu jurava que nunca mais pediria nada do tipo. Até minha morte, eu nunca mais pediria por um milagre se aquele me fosse concedido.

Foi naquele momento que eu percebi o quanto eu estava uma idiota e infantil. Se eu era tão a favor da justiça — em todos os casos, sem passar nenhum —, por que naquele momento eu estava pedindo para que não acontecesse? Bom, a vida tinha formas diferentes de se aplicar justiça para os que sofreram e aquele era o meu jeito de penitência. O injustiçado era Carlisle. Não discordava, claro, apenas… queria uma pena menor? Do tipo que não envolvesse perder Edward em nenhum caso.

Que bela advogada eu seria pensando desse jeito. Era patético o quanto eu era hipócrita e infantil quando se tratava de Edward.

O olhei da cama, sorrindo de um modo bobo quando ele se enrolou ao tentar colocar a camisa polo. Então, como a boa pessoa a qual eu era, eu me levantei do conforto da cama e me equilibrei nos saltos que eu colocara especialmente para aquela ocasião e fui até ele, ajudando-o a desabotoar um botão que impedia que seu rosto passasse. A camisa escura contrastava de um modo perfeito com a sua pele clara e deixava o seu peitoral atraente o bastante para que meus dedos quisessem passar por aquela faixa de pele eventualmente.

— Já lhe disse o quanto você está mais linda que o normal nessa saia? — Ele perguntou, segurando a minha cintura por cima da blusa.

— Umas três vezes. — Eu murmurei, acariciando o seu maxilar que agora se encontrava áspero por causa da barba lindamente malfeita. — Mas eu gosto de ouvir de novo, sabe?

— Você está linda, Isabella. — Sussurrou ele, seus dentes alcançando o lóbulo de minha orelha onde ele mordeu levemente, fazendo-me tremer. — E nesse exato momento estou usando todo o autocontrole que eu tenho para não te puxar para a cama.

— Você não é muito controlado, é? — Eu zombei rindo ao entrelaçar minha mão em seu cabelo.

— Não com você. — Ele admitiu.

Eu sorri.

— Podemos não ir. — Sugeri. — Podemos só voltar para a banheira ou para cama…

Edward riu depois de alguns segundos considerando a ideia de verdade. Sua resposta foi um aceno negativo de seu rosto que fez meu sorriso esperançoso sumir. Um suspiro saiu dos lábios dele quando, em um ato de quase perseverança, ele pegou meu rosto entre as suas mãos e o trouxe para mais perto, beijando-me sem muita impetuosidade, mas com a doçura da qual eu tanto sentia falta de perder.

Ele me beijou apenas por alguns segundos, separando-se de mim com um sorriso quando notou o meu suspiro entediado. Por mais que tivéssemos acabado de fazer amor na banheira, eu ainda o queria e tinha plena certeza de que era recíproco. Eu conhecia Edward o suficientemente bem para saber que uma vez nunca era o bastante. Não para nós dois, não naquele momento que ainda estávamos recuperando o enorme tempo perdido.

Acabamos indo mesmo para o tal restaurante, para que eu conhecesse o pai de Edward cujo eu já conhecia. Céus, eu estava tão ferrada! Não desejava para ninguém esse sentimento nem essa roubada a qual eu me metera. Se apaixonar era uma completa besteira, se apaixonar por alguém impossível como Edward era pior ainda. Porque, bem, vamos encarar os fatos: Quando eu o conheci, ele tinha uma noiva e nem mesmo desse jeito eu consegui desistir dele. E, depois, eu descobri que ele era filho adotivo de Carlisle e eu persisti como a teimosa e estúpida que eu era. Fiquei com ele, me permiti amar ele.

Onde eu estava com a cabeça? Ah, sim, ela estava perdida entre o sorriso e os olhos dele.

— Você está pronta?

Queria perguntá-lo para o quê exatamente ele estava perguntando aquilo, mas tudo que eu fiz foi assentir com o rosto e pegar sua mão quando ele a ofereceu para mim ao passar pela porta. Apeguei-me com desesperança a sensação da palma de sua mão morna contra a minha. Tentei me dizer também que talvez a sua reação não fosse tão má como eu estava imaginando, no entanto logo suspirei e parei de pensar sobre aquele assunto. Veríamos o resultado quando chegássemos a minha casa e nos piores dos casos, lá no restaurante mesmo.

Não, não, Edward não iria fazer um escândalo no restaurante. Ele não era desse jeito, ele era discreto e me perguntaria alguma coisa quando chegássemos a minha casa. E eu esperava que Carlisle agisse com a mesma discrição de seu filho, esperava que seu ódio por mim tivesse diminuído com o passar dos anos e que agora só sobrasse uma fagulha dele em seu ser. Esperava que ele fosse compassivo pelo menos por Renée.

Era nesses momentos que eu percebia que o que eu tinha feito não machucou somente uma pessoa como era o meu objetivo. E eu sentia muito por tudo isso que eu causei a todas as pessoas que foram afetadas na minha explosão de infantilidade.

— Você não parece estar tão calma, sabia? — Edward observou, tocando com a mão quente o meu joelho desnudo por causa da saia. Ele acariciou levemente a minha pele como que para tentar me acalmar e sorriu quando eu tirei meu olhar de sua mão e o migrei para o seus olhos.

— Desculpe-me. — Murmurei.

— Você não tem de se desculpar. — Ele ergueu sua mão e acariciou o meu queixo.

Edward ainda se permitiu inclinar-se uma vez para a minha direção e deixar nossos lábios por alguns segundos juntos. Eu queria que ele nunca se afastasse, não queria que ele dirigisse para o maldito restaurante porque eu sabia o desastre que seria. E céus, mais uma vez eu me dava conta do quanto estava arrependida e o quanto eu fui tão infantil para 13 anos. Custava o quê somente ter falado com a minha mãe? Eu precisava mesmo afastar definitivamente Carlisle dela?

— Eu amo você. — Ele me lembrou, assim que se afastou.

Eu sorri de lado, levantando minha mão para dedilhar o seu maxilar.

— Eu também amo você.

Eu estava quase tendo uma crise de pânico quando Edward estacionou e entregou a chave para o manobrista. Tentei me acalmar pela sua mão entrelaçada com a minha e o beijo que ele deixou no alto de meu maxilar, mas não funcionou. Tudo que eu queria era me desvencilhar dele e de sua mão e fugir para longe daquele lugar.

Minha respiração parou por alguns segundos quando eu entrei no enorme e iluminado espaço, e a mão de Edward que já não estava mais presa a minha, e sim a minha cintura, girou-me na direção de uma mesa que estava montada para três pessoas. Não estava vazia como eu esperava, tinha um homem loiro sentado tranquilamente nela enquanto bebia uma taça de vinho branco.

Carlisle.

O nome martelou em minha mente e meus pés travaram apenas por milésimos de segundos. Edward não percebeu a vontade própria de meus pés, continuou andando com a mão presa em minha cintura e me puxando junto com ele. Era definitivo: eu estava desesperada e podia sentir a cor fugindo de meu rosto para ir a qualquer lugar. Minhas mãos estavam suadas e minha respiração estava acelerando. Eu estava me esforçando, juro que estava, para permanecer aparentemente bem por fora, mas não funcionou muito.

Eu estava prestes a ter uma crise de risos causada por pânico ou sair correndo como era o meu maior desejo. Porém, esforcei-me para ser racional e parar com a frescura. Eu poderia lidar com isso. Ah sim, eu poderia e iria.

— Pai. — Edward chamou.

Em vez de olhar diretamente para o seu filho que era quem estava o chamando, ele se virou na minha direção. Seu olhar era frio e calculista, diferente de como eu me lembrava de antes. Antes ele era passivo, no entanto agora parecia ter mudado drasticamente para pior. Mas, afinal, o que eu estava esperando? Vida na cadeia mudava a todos.

— Olá, Isabella. — Ele falou, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Então... quero saber o que vocês acham que vai acontecer no próximo capítulo. E... eu gosto do Carlisle ♥ ele é uma pessoa muito doce, gente, apesar disso tudo. Não o odeiem precipitadamente, sim? Nesse exato momento eu estou escrevendo a reta final de ES e estou percebendo que ela vai ter até 50 capítulos (pelo menos é o que está em meus planos). Espero que comentem e recomendem e que tenham gostado, sim? Beijoss! ♥