Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 1
Prefácio


Notas iniciais do capítulo

Do primeiro até o quarto capítulo a narração é em terceira pessoa por razões de desenvolvimento e depois começa os POV Bella e de Edward. Espero que gostem e não se esqueçam de comentar! ♥



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Acabar com a vida de uma pessoa é fácil, tão fácil quanto respirar. Escapar das memórias é mais difícil, elas te rondam de modo constante e não há como se esconder. Nem mesmo em seu sono. Um momento de distração e lá vem todas as lembranças que te aterrorizam todo maldito dia. Nem sequer um dia de folga, era como trabalho escravo antigamente: desagradável, desgastante e em um deslize você é castigado.

Para Isabella Swan só há dois modos de escapar: dormindo ou nadando. Só um modo é realmente eficaz já que pesadelos existem e eles sempre a deixam com olheiras profundas debaixo dos olhos. Então a melhor opção era nadar até não aguentar de tanto cansaço — um fator irritante que facilitava a entrada dos seus fantasmas interior sobre os quais sempre precisava lutar.

E perdia feio essa batalha. Sempre os deixava entrar de novo e de novo e mais uma vez.

O fato era que desde os treze anos ela não parava de pensar em certo episódio de sua vida. Lembrava-se muito bem das mãos apertadas de seu futuro padrasto, Carlisle Cullen — se lembraria do nome dele até o fim de sua vida —, lembrava-se também da expressão irritada dele ao correr atrás dela, tentando lhe impedir de alcançar a porta para fugir. As unhas da garota lhe feriram o couro cabeludo em uma tentativa desesperada de tirá-lo de perto dela.

O cheiro dele ainda a atormentava, até os dias de hoje jurava que podia sentir o cheiro do perfume perto de suas narinas quando ele se aproximou dela. As marcas que as mãos dele deixaram em seus braços saíram com algumas pomadas e dias, mas as marcas que ele deixou em sua vida ainda não saíram. Ela até chegava a se perguntar se um dia poderia finalmente esquecer e seguir em frente.

Pensava que não. Poderiam pagar os mais caros dos psicólogos e ainda sim eles nunca a entenderiam, poderiam lhe dar um cartão de crédito sem limites para gastar em um mês, poderiam tentar de tudo para fazê-la dar um sorriso e não seria o bastante. Nada era o bastante para ela. Gostaria somente de ficar sozinha pelo menos uma vez na vida já que as pessoas não pareciam perceber que quando a porta do quarto está trancada é um aviso: Não quero ser incomodada.

Renée se arrependia até hoje de ter pensado em namorar Carlisle e Bella sabia disso, sabia do esforço que sua mãe fazia para tentar apagar aquele dia de sua vida. E a garota sequer se compadecia disso. Dentre todas as coisas que se lembrava dos três meses que durou o namorico, a mais nítida era o quanto gostaria que sua mãe conversasse eventualmente com ela, o quanto se sentia sozinha.

Nunca foi boa em fazer amizades e sua mãe era a única pessoa com quem conversava, a quem lhe segredava as bobagens do ensino fundamental. E pensou que seria assim para sempre, em seu ver Charlie e ela ficariam juntos e a relação familiar deles seria estável como era. Não foi, eles brigaram e decidiram que cada um ficaria em uma casa e Isabella ficaria com a mãe, naturalmente.

Dois dias depois sua mãe apareceu com um namorado e esqueceu-se de seus deveres com Isabella. A garota tentava veemente chamar atenção ou puxar uma conversa, mas a mãe sempre estava ocupada demais com o namorado. Se não estava com ele, estava se arrumando para sair com o individuo.

Em duas semanas, ele estava morando lá em sua casa. E não demorou muito para que Isabella percebesse o olhar maldoso que o loiro lhe mandava toda vez que chamava sua mãe para alguma coisa. Não entendia o porquê daquilo já que a resposta era sempre um “Não, Bella, depois fazemos isso”. O depois nunca chegava, ela percebeu com desgosto.

Bella estava deitada na cama fazendo sua lição de biologia quando Carlisle bateu em sua porta para avisar-lhe que sua mãe tinha ido ao supermercado. Ele estava parado na porta, nunca entrou no quarto dela porque sabia que se sentiria desconfortável.

Entrou somente naquele dia, cauteloso. Era médico e certamente poderia lhe ajudar na lição já que ela estava tendo problemas com a mesma. Explicou-lhe com paciência, apontando para as imagens. A mente dela estava em outro lugar e foi uma completa surpresa para Carlisle quando a garota tirou o casaco que estava e enfiou as unhas em seu couro cabeludo, ainda sem falar.

E então ela começou a gritar por socorro e de olhos arregalados, o homem tentou fazer com que ela parasse, olhando para os lados e tampando a boca de Isabella com a mão. Sabia bem o que ela estava tentando fazer. Ela mordeu sua mão, saindo em disparada do quarto. O incrível era seu rosto molhado de lágrimas, a expressão completamente aterrorizada e desesperada por algum tipo de ajuda. Tudo fingimento.

Mordeu seus próprios lábios para fingir que eles estavam inchados, rasgou sua blusa e o estrago em seus braços Carlisle fez depois ao pegar-lhe, tentando fazê-la parar com aquilo. Sequer percebeu, mas ele colocou força demais, fazendo assim os braços magros e pálidos da garota ficar com a marca de suas mãos.

— Isabella! — Ele gritou. — Você endoidou?

A mão de Isabella foi direta para seu rosto, e como estava sem os pés no chão pelo aperto doloroso de Carlisle, caiu no chão quando ele a soltou. Bateu o joelho e o rosto no chão, machucando a ambos. A blusa estava rasgada quando ela conseguiu se levantar e correr até a porta, tentando abri-la e não conseguindo porque estava trancada de chave. Suspirou pesadamente, chutando a porta em um súbito ataque de raiva.

— Isabella! — Carlisle gritou novamente. — Por que está fazendo isso?

A garota se virou para ele, o rosto molhado e vermelho de lágrimas falsas. Permitiu-se respirar e passar a língua sobre os lábios machucados e inchados — uma prova perfeita para a falsa tentativa de estupro. O olhou por alguns segundos, erguendo o queixo soberbamente e endurecendo o seu olhar.

— Você roubou a minha mãe de mim. — Foi a sua breve explicação.

E depois voltou o rosto para a janela estreita que tinha. Bella a abriu com esforço, trincando o maxilar para conseguir forças o bastante para levantá-la já que parecia emperrada. Com desespero, jogou-se contra o pequeno jardim que Renée cultivava nas horas livres, e estando alheia aos espinhos das flores, levantou-se e correu pela rua, gritando por ajuda. Foi uma cena e tanto.

Tentativa de estupro, foi o que a polícia comprovou diante de todas as provas. Charlie e Renée se aproximaram novamente para tentar cuidar da filha e assim se mudaram de Forks para não causar constrangimento a ela por causa de todos os comentários desagradáveis. Cidade pequena era daquele jeito, cada novidade, sendo ela boa ou ruim, deveria ser contada até aparecer outra.

Bella pensou que fazendo aquilo com Carlisle conseguiria ter sua mãe de volta. Ela de fato conseguiu, o problema era que aquilo nunca saiu da cabeça dela. Ele era inocente e mesmo assim foi preso. Nenhum advogado quis lhe defender, estuprador era o pior tipo de gente que existia aos olhos das pessoas. Não sentiu pena por ele, sentiu culpa. Ele poderia ter filhos que precisassem dele… poderia ter uma família que se desapontaria ao saber daquilo.

E assim foram os quatro anos que se passaram: pensando, nadando e vivendo como um zumbi.

— Isabella! — Pôde escutar Charlie a chamando da beirada da piscina, com seu costumeiro paletó e braços cruzados. — Pode sair da piscina? Quero lhe apresentar uma pessoa.

A garota revirou os olhos e suspirou, não olhando na direção de seu pai ao, contra sua vontade, subir as breves escadas da piscina e secar seu longo cabelo loiro escuro com uma toalha, enrolando-se a mesma porque o vento contra sua pele molhada e descoberta estava lhe arrepiando.

Ao lado de Charlie, tinha um garoto — ou homem seria a palavra correta a se usar? — alto e encorpado de cabelos cor-de-bronze e linha do maxilar bem definida. Ele era bonito, ela concluiu por fim após olhá-lo discretamente. Voltou seu olhar impaciente para o pai, sentindo o cabelo ensopado e longamente incômodo pingar sobre seu ombro.

— Esse é Edward Cullen, o novo segurança da casa. — Ele disse finalmente. — Edward, essa é a minha filha, Isabella.

— Olá. — O tal do Edward disse, estendendo a mão.

Bella a olhou com interesse por alguns segundos e por fim, quando ele estava prestes a abaixá-la sem-graça, ela pegou a mão e apertou suavemente. Ao contrário da mão dela que estava úmida e gelada por causa do recente banho de piscina, a dele estava quente e áspera ao toque.

— Oi. — Murmurou ela.

A atração teria sido instantânea entre ambos se Isabella não tivesse percebido o sobrenome dele segundos mais tarde. Cullen de Carlisle Cullen. Seu pior pesadelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar, tudo bem? Beijos ♥