Leah E Benjamin: Amor Ou Impressão? escrita por DragonFly


Capítulo 15
Pensar machuca!


Notas iniciais do capítulo

Gentee, demorei muito? Espero que gostem.
xoxo



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Eu não vejo nada. Tudo é um misto de movimentos sensoriais irregulares. Sei que o que é um beijo, embora não tenha tido um há algum tempo, até porque só conhecia o de Sam. Mas me atrevo a pensar que se existe um concurso do melhor, a vitória já é de Benjamin. Ele não precisa parar para respirar ou ofegar, seu ritmo é frenético, mas ao mesmo tempo doce. Não. Não posso explicar. Quero me perder nesse momento, pois nada lá fora pode ser melhor que isso, ou próximo disso. Estou com um sentimento que não esperava ter, algo parecido com felicidade. Não! Algo melhor que felicidade, pois quando estava com Sam, eu era feliz, mas isto, agora, é muito maior, muito melhor. Pena que não pode se repetir. Gritando por dentro, mas forte o bastante por fora para empurrá-lo com certa violência.

– EEI! Qual é a sua, garoto? - Não tenho muito fôlego, faço o que posso, e saio andando em direção à trilha onde deveríamos estar. Benjamin demora uns dois segundos para reagir e parece não entender.

– Achei que você estivesse gostando... me desculpe. - Me viro para trás e o vejo com o olhar mais meigo e dissimulado que já vi!

– S.. NÃO! Quem disse que você poderia fazer isso? Por que fez? - Eu precisava ganhar tempo. Não poderia admitir a verdade. Já temos problemas demais...

– Humm. Certo. - Ele suspira e segue a direção que nossos companheiros haviam tomado. Só isso? É assim que ele responde à minha reação? Ele é mesmo louco, não tem outra explicação. Desisto de tentar entendê-lo e o sigo também.

Estamos calados agora. Andar ao lado dele se torna opressivo, então decido acompanhar Paul, que caminha sozinho atrás de Jacob e Suhen. Paul caminha cantando alguma coisa bizarra do Marilyn Manson, enquanto eu não consigo tirar uma certa boca, de um certo sangue-suga, da cabeça. Estou ferrada! Mesmo que ele não tente mais nada, aquilo não será facilmente esquecido. Também não sei se quero esquecer...

Presa em pensamentos, agoniada e temendo que alguém note alguma coisa, decido ficar na minha. Caminho calada e um pouco desatenta, tudo o que não preciso é encontrar surpresas pelo caminho. Obviamente, é justamente o que encontro. Nossa próxima parada é um pequeno posto de abastecimento que parece abandonado. Nossa formação se abre em um V, cobrindo a área ao redor do posto, e Garret vai à frente verificar a entrada da loja de conveniência. O posto está no rastro que seguimos e pode haver qualquer coisa escondida a esta hora do dia, o que nos dá uma vantagem.

Estou posicionada, em diagonal, próxima a Suhen, que parece mais tenso do que de costume e eu não posso culpá-lo, afinal o que vimos lá atrás é perturbador demais. Não quero parecer insegura, mas é inevitável me sentir tola quando um bando de vampiros sem escrúpulos brinca com meu grupo dessa forma. Não dá para saber o que virá a seguir, mas só posso esperar o pior agora. Sigo, lentamente, transpirando nervosa, e paro assim que Garret chuta a porta da loja. Nenhum morcego sai voando lá de dentro, penso em fazer piada, só que não. A situação pode ser mais crítica do que já imaginamos, então seguimos, um a um, entrando pela porta após o vampiro. Kate vai à minha frente, em posição alerta, enquanto Suhen está logo atrás. Não vejo os outros, mas sei que a tensão no ar é exalada por todos. Não seria nada mal ter Jasper aqui agora, pois sinto estar à beira de um ataque cardíaco por esperar um susto. O lugar está escuro e ninguém se atreve a se adiantar ou agilizar a busca, estamos todos farejando, mesmo na forma humana. O cheiro inconfundível de sangue e morte está por toda parte, mas quando alguém pressiona o interruptor de energia e acende a luz, só o que vemos é uma bagunça daquelas e resquícios de sangue no chão. Quem quer que estivesse lanchando aqui, já está fora. Há uma janela quebrada, nos fundos da loja, devem ter saído por lá.

Com a adrenalina baixando e a decepção óbvia, só nos resta seguir caminho e tentar encontrar novos e recentes rastros dos monstros que perseguimos. A caçada que, a princípio, demoraria poucos dias, será mais longa e imprevisível. O cansaço e o desânimo iminente nos faz parar novamente algumas horas depois, já está escuro, mas ainda é cedo para montar acampamento. Decidimos acampar assim mesmo, para aproveitar o cansaço e a onde de fracassos para tentar descansar enquanto há tempo. Desta vez, os vampiros não estão indo à caça. Jacob insiste para que eles saiam um pouco e procurem suas presas, pois tudo ficará bem desta vez. Três de nós ficarão de guarda, enquanto um dorme, mais seguro do que isto, impossível. Mas eles não aceitam e nos garantem que podem ficar mais duas noites sem alimento.

Devido ao que me aconteceu na noite passada, a decisão é unânime quanto a quem deverá dormir primeiro. Eles querem que eu vá, mas eu realmente não posso dormir agora, apesar do cansaço. Tenho coisas na cabeça que não me permitiriam pregar os olhos.

– Já disse que não posso dormir agora! Vá você, Jacob. - Eu insisto e não vou ceder.

– Tudo bem, eu vou, mas depois não reclame se os outros turnos ficarem ruins! - Jacob se levanta e entra na barraca, eu giro os olhos, impaciente, quando percebo um Suhen me encarando.

– Você também deveria ir. Não há necessidade de três de nós aqui, com os vampiros por perto. - Não estou confortável com os olhares de Suhen e pretendo me livrar dele agora. Prefiro aturar Paul com suas horríveis cantorias...

– Mas eu... - Ele baixa o tom de voz agora. - ...não acho que deva ficar de guarda sem que eu esteja também. - Ele fala sério. Qual é? Eu mereço!

– Paul está aqui, não? - eu aponto com a cabeça em direção a Paul, do outro lado da barraca. Mas Suhen parece impaciente. Ele me olha e, disfarçadamente, mas não sem que eu perceba, procura entre as árvores por algum sinal de nossos acompanhantes vampiros. Eu não vejo ninguém, mas sei que estão de guarda por ali. Eu dou de ombros e faço cara de emburrada para tentar despistá-lo. Não sei se funciona, mas ele suspira e decide entrar na barraca. Essa foi fácil, mas será que ele desconfia de algo?

– Bons sonhos...- eu murmuro.

As horas passam lentamente e Paul, que já cansou de cantar, está agora ao meu lado. Estamos meio distantes da barraca para que nossa voz não atrapalhe os meninos a dormir. Estou caçando pontas duplas no escuro, inutilmente, enquanto Paul brinca com um graveto na terra solta. De repente, ele larga o graveto e limpa as mãos na bermuda, olhando para mim e pergunta:

– Certo. O que está acontecendo entre Suhen e você? - Anh? Suhen? Nossa, eu gelei, mas acho que ele não sacou.

– Como assim, Suhen e eu?

– Não se faça de boba. Eu ouvi vocês dois e sei que está acontecendo algo, e você pode me contar.

– E por que, raios, eu poderia te contar algo se acontecesse? Desde quando somos confidentes? - Infelizmente, sei que bufar e bancar a irônica não funcionará com Paul.

– Porque você sempre me contou tudo, lembra? Éramos uma dupla, antes do... - Ele desiste de terminar a frase, mas sei do que está falando. Foi realmente muito triste evitá-lo quando as coisas acabaram entre Sam e eu.

– Paul, é tudo passado. Não vamos desenterrar isso, por favor. - Eu falo baixo e sinto quando ele se aproxima.

– Sei que é. Por isso quero retomar o que tínhamos antes. Você me contava tudo, mas agora parece só confiar no Jacob para isso. - Ele para e suspira. - Somos amigos. Os melhores, lembra?

– Lembro. Vocês dois são. Pode conviver com isso?

– Posso. O problema não é esse. Só quero saber o que você pretende fazer com Suhen. Ele não vai desistir e te deixar em paz...

– Ei, eu sei. Não quero nada com ele, nem que fosse louca, ok? - Ele parece relaxar, mas sei que ainda quer dizer mais. - O que você quer me dizer, Paul? Seja direto! - Ele parece sem jeito, mas vejo um olhar determinado em seu rosto.

– Certo. É o seguinte: antes de tudo, não pense que estou a fim de você pelo que vou te dizer, ok?

– Ok.

– Tá. Existe alguma chance, por menor que seja, de você estar carente ou algo do tipo?

– Uau, do que você está falando? - Paul ficou louco, só pode.- Que tipo de pergunta é essa?

– Olha, sei que é estranho, mas... - agora ele está muito perto e sussurra em meu ouvido. - Acho que aquele sangue suga egípcio está a fim de você, prontofalei.

Minha expressão de choque deve tê-lo assustado, pois agora ele me sacode e assopra em meu rosto. Não sei porquê estou surpresa com a desconfiança de Paul, já que Benjamin criou aquele fenômeno para quem quisesse ver, mas ainda assim não esperava ouvir isso dele.

– Você só pode ter fumado óregano. - É só o que digo a ele.

Depois da conversa, Paul parece mais relaxado, como se tivesse tirado um peso. Não o culpo, também estaria preocupada se um dos nossos estivesse para cair numa armadilha sangue suga, mas espere, um dos nossos já caiu. Jacob já está com a corda no pescoço e não tem volta, mas eu não estou na mesma situação. Não mesmo. Não estou apaixonada pelo Garoto Dourado e nem ele por mim. O beijo não significou nada e ninguém precisa saber que aconteceu. Ele não vai falar nada. Ele nem mesmo deve falar comigo novamente. Espero que não. É, não irá, certo? E ficarei feliz por isso. Um alívio daqueles. Não quero ninguém apaixonado por mim. Não quero ter imprinting com ninguém. Sigo para a barraca para iniciar meu turno de sono, ao lado de Paul, com esses pensamentos em mente. Droga! Não vou conseguir dormir hoje. Deitada, olho para o lado e vejo Paul me encarando, de novo. Ele acaba de entrar, pois estava fazendo sei-lá-o-quê no mato antes de vir deitar.

– O que foi agora?

– Você está muito enrascada! - Ele fala baixo, e quase sorri.

– Por?

– Suhen acaba de perguntar para Jacob e eu o que precisa fazer para desposá-la na cultura da nossa aldeia. - Droga!

– E vocês disseram...

– ...que você nunca será desposada por ninguém. - VOCÊS O QUÊ? Penso em estrangulá-lo ali mesmo, mas então a compreensão me atinge em cheio.

– Ótimo. - É só o que digo antes de me deitar, novamente. Eles acham mesmo que estou acabada, depois de Sam. Eles têm razão. Não terei nada com alguém, nunca mais. Estou estilhaçada demais para isso. Não tenho conserto e eles sabem disso. Paul não quis me magoar, apenas me prevenir do que está por vir. Ele sabe que eu nunca ficaria com Suhen, que eu nunca ficaria com qualquer outro. Ele só não sabe a batalha em que estou entrando aqui dentro.


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Notas finais do capítulo

Não me desejem a morte, please! Mas eu precisava deste capítulo de reflexões, pois Leah é complicada demais para ceder facilmente, concordam? Mas não se preocupem, logo teremos emoções de verdade!



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