P.O.V Lia

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, era impossível ver o Dinho assim deitado em uma cama, praticamente morto, ele que sempre foi um garoto ativo, cheio de vida, que queria conhecer o mundo agora estava imóvel em uma cama, sobrevivendo apenas por aparelhos. Se eu tivesse feito tudo diferente talvez isso não tivesse acontecido, estava tudo tão confuso,  quem sabe se eu tivesse dito pra ele ficar, que a gente juntos íamos superar tudo isso, mas não eu fiquei lá no meu quarto ,parecendo uma pedra fria enquanto ele tentava se explicar, talvez a egoísta na historia fosse eu e não ele .

Flashback On

- Adriano já falei me deixa em paz e vai curti com a sua gringa !!! Eu gritei

- Lia você tem que me ouvir, deixa eu pelo menos explicar.

- Tá explicar o que, se toca Adriano, você não percebe que só me fez sofrer e continua fazendo, na nossa primeira briga você simplesmente foi lá e me traiu. Eu não quero mais olhar na sua cara.

- Tá bom você tá certa, mas responde uma coisa se eu fosse embora pra outro país você sentiria minha falta?

- Não, por mim você some agora, ia ser melhor pra todo mundo, eu sou forte já passei barra pior, vai ser fichinha te esquecer.

Dinho abaixou a cabeça, e sentiu seus olhos encherem de lagrimas, Lia nem olhava pra ele, estava concentrada com a guitarra na mão, não tinha sinais de choro, apenas amargura, é a Lia dele, a marrentinha havia sumido, o que restava ali era a velha Lia de sempre, fechada para o mundo lutando contra tudo e todos. Dinho se levantou da cama, pensou em tocar no ombro de Lia, mas sabia que a garota se esquivaria.

- Adeus Lia, de uma coisa você pode ter certeza eu te amei de verdade e vai ser pra sempre. Perdão Marrentinha.

Ele disse entre lagrimas e saiu. Lia pensou em dizer algo ou até mesmo xingar Dinho pelo “marrentinha” mas não conseguiu ele já havia ido, sentiu o rosto queimando e não aguentou mais segurar começou a chorar.

Flashback Off

Fim do P.O.V Lia

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P.O.V Narrador

- Lia levanta, hoje não tem jeito você vai ter que ir pra escola, já perdeu muita aula. Dizia Lorenzo, enquanto puxava Lia das cobertas.

- Pai por favor. Lia  praticamente suplicou.

- Não filha a Ju tá lá na sala, levanta e se arruma, tenho certeza que o Dinho ia querer isso.

- Para de se referir a ele como se estivesse morto, ele não esta e você sabe disso, é questão de tempo pra ele acordar droga !! Gritou Lia se levantando da cama. – Eu vou me arrumar, pode dar licença ou vai querer ficar aqui me vendo trocar de roupa.

- Desculpa filha, eu já estou indo, tenho que trabalhar, hoje faço plantão a noite.

Lorenzo ia se afastando, mas voltou olhou pra filha e disse.

- Você deveria tentar sair com suas amigas, não faz bem levar essa vida que você tem levado, da escola pra casa, da casa pro hospital, você emagreceu Lia, nem se alimenta mais. Por que mais tarde não vai tocar com o Nando e Gil.

- Porque o Dinho precisa de mim e enquanto ele estiver naquele hospital, vou ficar com ele.

- Lia os médicos já não acreditam que o Dinho possa acordar, ele esta vivo por causa dos aparelhos, já conversaram com a Alice sobre desligar mas ela não quer.

Lia não conseguia acreditar no que Lorenzo dizia, ela sabia que a qualquer hora Dinho podia acordar.

- Desligar os aparelhos, você quer que matem o Dinho, por favor pai sai daqui e me deixa me vestir pra ir pra droga daquele colégio.

Lorenzo apenas saiu, Não queria discutir mas com a filha, ele era medico e sabia que era loucura manter os aparelhos ligados, ate porque nesses dois meses Dinho não havia nem mostrado sinal de melhoras, mas era impossível explicar isso pra Lia.

Fim P.O.V Narrador

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Enfim meu pai havia saído do meu quarto, fui ao banheiro tomei uma banho e então me vesti, peguei a mochila e fui pra sala, lá estavam a Tata a Ju e a minha vó.

- Então vamos Ju? Disse sem olhar nos seus olhos, não conseguia olhar pra ela diretamente nos olhos, sabia que ela estava com pena de mim e eu odiava isso, o meu Dinho não estava morto, mas parecia que só eu a Alice e a Fatinha entendíamos isso, o resto pensava que ele não tinha mais jeito.

Ju apenas pegou sua mochila e se despediu da Tata e da minha vó, entramos no elevador e ficamos sem falar nada foi assim ate chegarmos ao colégio aquele silencio constrangedor.

Ju interrompeu o silêncio e disse:

- Amiga eu e a galera estávamos pensando em pegar um cineminha hoje a tarde então você topa ?

- Não da eu vou ficar no hospital com o Dinho.

- Lia você não pode ficar presa ao Dinho talvez ele nunca mais...

- CALA A BOCA JULIANA!! O Dinho vai acordar, Ju eu sinto que ele fica feliz quando eu estou lá com ele.

Ju me olhou  com aquele olhar de pena que eu odiava, Ju ia falar algo mais Fatinha chegou correndo alvoroçada e disse :

- Lia, você não sabe.

- Como vou saber se você não fala, desembucha.

Fatinha abriu um sorriso e disse animada:

- O Dinho, ele apertou minha mão.

Abracei Fatinha e me permiti deixar uma única lagrima cair, eu sabia ele iria voltar pra mim.

- Como isso aconteceu? O que os médicos falaram?

Fatinha se soltou do meu abraço tomou folego e disse:

- Eu fui lá hoje de manhã para ver ele, conversei com ele como sempre faço e do nada eu senti ele apertar minha mão, os médicos me disseram que foi um espasmo e que talvez eu pudesse ter me enganado, mas eu conheço o Dinho e ele apertou minha mão eu sei, ele vai voltar pra gente Lia.

Os olhos de Fatinha estavam com um brilho imenso assim como os de Lia elas se abraçaram novamente. Lia pediu licença as amigas e entrou dentro do colégio.

Ju olhou para Fatinha e disse:

- Você não devia ter feito isso.

- Feito o que?

- Ficar dando esperança para Lia, hoje de manha eu conversei com o  tio Lorenzo e ele me afirmou que as chances do Dinho se recuperar são mínimas, você também deveria se conformar, tente lembrar dos bons momentos que passou com ele...

Os olhos de Fatinha ainda brilhavam mais não de alegria ela estava prestes a chorar:

- Juliana eu sei ele vai voltar, o Dinho é forte e ele apertou minha mão, e ele jamais iria me abandonar eu preciso dele.

Fatinha já tinha a voz embargada pelo choro soluçou e continuou:

- E também eu não acredito nesses médicos eles não conhecem o Dinho como eu conheço e sei que ele não vai se entregar assim tão fácil.

Fatinha limpou as lágrimas que caiam e deixou Ju sozinha na entrada do colégio.

Estava no banheiro tentando dar um jeito na minha aparência que estava péssima joguei água no rosto me olhei no espelho estava com olheiras, também desde do dia que soube do acidente não durmo bem lembro-me perfeitamente como recebi a noticia.

Flashback On:

Deitada na cama Lia prometia para si mesma que jamais perdoaria Dinho pela traição que ele havia feito com ela, lagrimas rolavam descontroladamente ela sabia que a essa hora ele já estaria longe ela disse para ele ir e ele se foi, quando o viu indo embora sentiu vontade de ir atrás e pedir que ficasse, mas a humilhação que passou foi muito grande e o seu orgulho ainda maior, Lia decidiu que viveria assim daqui para frente escondendo seus sentimentos e vivendo no seu mundo. Seus pensamentos foram interrompidos por batidas insistentes na porta.

- Entra! Gritou Lia limpando as lágrimas e se ajeitando sobre a cama.

Lorenzo entrou no quarto sua expressão era seria sentou-se na cama da filha antes que ele falasse Lia interrompeu:

- Pai que cara é essa aconteceu algo ?

- Lia antes de tudo eu preciso que você fique calma.

Lia o olhou e balançou a cabeça como um sinal para que ele fosse em frente:

- Recebi uma ligação do pai do Dinho agora a pouco.

- NÃO QUERO SABER DESSE GAROTO DANE-SE ELE ...

Lorenzo levantou da cama da filha e sentou ao lado dela e prosseguiu:

- Lia o Dinho sofreu um acidente quando estava indo embora.

Lia sentiu os olhos se enchendo de lagrimas levantou da cama olhou para o pai que continuou o que falava:

- Ainda não sei como ele esta, mas o acidente foi grave.

Lia não conseguia falar as lagrimas rolavam por sua face, naquele momento sentiu que havia perdido seu chão, o que seria dela sem o SEU Dinho.

Flashback OFF.

O sinal tocava insistente anunciando que era hora de entrar na sala tudo que eu mais queria era poder sair logo daqui e ir pro hospital e ver o Dinho, ao menos lá ninguém a olhava com olhares de pena, fui seguindo sem animo até a sala o pátio já estava vazio cheguei a sala bati na porta duas vezes. Leandro abriu a porta e já foi dizendo:

- Eu já não disse que odeio atr...

Quando ele viu que era eu deu um sorriso sem graça e mandou eu entrar, era isso que eu odiava a maneira como eles me tratavam, me sentei no meu lugar de costume olhei para a carteira que o Dinho sentava como eu queria que ele estivesse ali, sentia falta de suas manias e sentia mais falta de ouvir ele me chamando de “ Marrentinha”, Leandro falava entusiasmado falando de mais uma das suas invenções malucas, eu simplesmente deitei sobre a mesa e me deixei levar pelo cansaço.