Os olhos vermelhos que a olham não vêem como deveriam. Ela é apenas preto no branco, enquanto as pessoas que ele cerca são o mais puro vermelho. Ele só tem olhos para eles. Ela não é nada. Apenas uma voz que tenta lhe atrair, apenas um olhar dourado e fraco que não pode com sua força e experiência. Ele a ignora como a um inseto que não zumbe. 

As presas estão paralisadas. Ele não gosta disso. Não tem graça. É preciso que a adrenalina e a pulsação alta lhe convidem. Ele não pode avançar em alvos parados. Pode lhe dar indigestão. A criatura sem cor se move, ele pode ver por sua visão extra-periférica. Está perto agora. Tão perto que, algo em seu cheiro, o faz perder o foco e, de repente, as presas não são tão vermelhas. Ele a vê gesticular para as presas. Não! Ela não pode deixar que escapem! Ele corre e alcança o último a sair, mas ela o liberta. Agora, estão frente a frente. 

-Tudo bem, você não queria machucá-los!

Como ela pode saber? Claro que ele queria e, ainda quer, machucá-los! Quem é ela?

- Sou Alice. - Ela espera que ele se apresente, mas nada acontece. É apenas vermelho no dourado. Alguns minutos se passam. Nada. Ela ainda olha para ele com expectativas. Nada. Por fim, ele se move. Ele... relaxa?

- O que quer comigo?

- O que você quer que eu queira?

- Não quero companhia. Me desfiz das que tinha há muito tempo...

- Eu sei, mas você precisa de mim.

- Não preciso não. Não a conheço. Não ligo para suas emoções e, estou saindo.

Ele ameaça sair, mas ela está contra a porta e ele precisará empurrá-la para passar.

- O senhor precisa me ouvir. Por favor? 

E então, finalmente, ele sente que ela exala uma emoção confusa de algo como saudade e reencontro. Mas como? Eles não se conhecem! Ela não pode ter saudades!

- Por favor, ande comigo! Vamos a um lugar ermo, por favor?

Ele não nega, desta vez. Ele precisa ouvi-la e então, partirá. Nem que para isso precise desmembrá-la. Uma pena, ele sente.