Narrado por Bella

Onze anos depois...

Eu estava na cozinha da minha casa verificando se a sobremesa estava quase pronta. Pela janela eu via e ouvia toda bagunça do lado de fora. Numa grande mesa de madeira, minha família e meus amigos do FBI conversavam e riam felizes. Estavam todos ali para comemorar com um almoço a formatura de Derek, exatamente como no ano anterior quando Taylor se formara.

Só a pouco tempo eu havia me acostumado com o fato de que Taylor estava se virando bem longe de nós, vivendo sozinho em New Hampshire, onde fora cursar medicina, mas naquela época quase tinha morrido de preocupação e saudade do  meu moreno. E ele como o filho bom e amoroso que era ainda me ligava todos os dias apenas para dizer que estava bem.

E agora era Derek que havia se formado e logo partiria também para a universidade me  deixando ainda mais preocupada . Me consolava saber que agora Taylor não ficaria mais tão sozinho já que Derek também iria para Harvard, mas para estudar música.

Emmett e Rose continuavam morando em Nova York, as gêmeas Nicole e Megan, sempre foram calmas e lindas, eram muito parecidas com a mãe, loirinhas, traços delicados mas  tinham os olhos escuros como os do meu irmão. Que aliás era um marido e pai dedicadíssimo  e um profissional excelente. Ele continuava advogando e administrando a Surrender que já passara por algumas reformas e se tornara um dos lugares mais famosos e badalados da cidade, atraindo muitas celebridades e se tornando uma referência de qualidade. Rose por sua vez nunca quis trabalhar e se dedicou inteiramente à criação das filhas. Eles eram muito felizes e esperavam agora a chegada do terceiro filho, que para completar a felicidade deles era um  menino.

Jasper e Alice ainda não tinham filhos, não que eles não quisessem, mas Alice tinha se envolvido em tantos projetos durante esse anos que tinha acabado deixando a maternidade para depois. Ela havia realmente encontrado sua vocação no teatro e já produzira várias peças e musicais, apresentando em grandes cidades, sempre com sucesso de público ganhando assim o respeito de pessoas influentes do meio, mas minha amiga queria alçar vôos mais altos e o último projeto ao qual ela estava se dedicando era um filme, que estava sendo produzido por ela em parceria com uma grande produtora. Um filme em que eu e Edward tínhamos tido o direito garantido de escolher os atores  e  a aprovação de todos os outros envolvidos  pois contava a  história da nossa vida desde o começo.  Todo o drama e também todas as alegrias. Alice acreditava que seria um sucesso. Depois que terminasse o filme ela prometera a Jas que daria um tempo de tanto trabalho para poderem finalmente encomendar o bebê deles. Aliás o casamento deles ia muito bem,  Jasper era um marido paciente e apaixonado, desses que apoiam a mulher em tudo. Ele ao contrário de Alice gostava da vida tranquila que tinha em Forks, adorava dar aulas e por tanta dedicação chegara ao cargo de diretor. Era ele que agora administrava a escola, mas ainda continuava ajudando Emmett  à distância com a Surrender e sempre que podia ia para lá dar uma olhada nas coisas e conversar com os funcionários.

Meu pai e Sue continuavam juntos e viviam felizes, eles já estavam fazendo planos para quando meu pai se aposentasse. Iam viajar e pescar  muito com Billy que por insistência do meu pai passara a viver junto com eles, um arranjo que tinha me deixado muito aliviada pois com Billy perto podíamos cuidar melhor dele uma vez que já andava com a saúde debilitada.

Carlisle e Esme continuavam bem, ela fazendo pequenas decorações e ele ainda trabalhando incansável no hospital de Forks, assim como Edward...

Edward continuava no hospital, mas não dando plantões noturnos. Ele com muito jeito e com muita dedicação havia conseguido há alguns anos com a ajuda de Carlisle implantar uma ala pediátrica maior no hospital, com muito mais recursos disponíveis para atender seus pequenos pacientes. Agora ele alternava os dias de atendimento entre Forks e o consultório em Port Angeles. Às vezes quando era convidado por algum colega urologista para dar palestras sobre seu problema de esterelidade  ele ia sem constrangimentos e aproveitava para dar um pouco de esperança àqueles que tinham pequenas chances pois falava sobre Derek e no milagre que ele achava que tinha sido sua concepção, e àqueles que não restavam nenhuma esperança de serem pais, ele falava sobre Taylor e como tinha sido maravilhosa a adoção, de como ele era muito feliz por ter também este filho do coração.

Eu continuava dando aulas e coordenando as aulas de sábado. Por incrível que pareça aquela festa anos atrás, tinha feito tanto sucesso que a comunidade havia pedido para o prefeito que nos apoiasse e diversificasse as atividades, abrindo assim às aulas a todos que tivessem interesse. Hoje tínhamos vários professores que trabalhavam conosco dando as mais variadas aulas e que abrangiam todas as faixas etárias, desde crianças até idosos.

Minha vida era perfeita em todos os aspectos mas mesmo assim, sempre que havia reuniões familiares como essa eu me pegava pensando que ela não estava completa. Faltava Jake. Em todos esses anos não havia tido um dia em que eu não conversara com ele em meus pensamentos. Eu nunca o havia esquecido. Já não doía tanto pensar nele, mas eu tinha muita saudade.

Olhei Taylor e sorri. Ele era mesmo uma cópia de Jake. A mesma altura, o mesmo porte atlético, traços fortes,  pele morena,os cabelos e olhos negros como a noite e também o mesmo sorriso. Lindo de uma forma quase agressiva. Mas as semelhanças acabavam aí. Na personalidade, Taylor era muito parecido com Edward, sério, persistente, apaixonado, ciumento, romântico, amoroso e intenso. Era impossível não se apaixonar por ele.

Aliás, meus dois filhos eram apaixonantes. Olhei para Derek que conversava animadamente com Rossi, o avaliando discretamente. Derek era mesmo uma mistura perfeita de mim e de Edward. Tinha ficado alto como o pai, era forte de uma maneira discreta, tinha traços másculos, porém, também delicados e um sorriso contagiante, mas o que chamava mais a atenção em seu rosto era o contraste de seus olhos azuis esverdeados e os cabelos negros. Lindo. Uma coisa que eu já havia notado era que Derek, talvez por ter convivido com ele ou talvez apenas por coincidência, era muito parecido com Jake em seu modo de ser. Era tranquilo, sempre de bem com a vida, ria facilmente, leal, dedicado, confiante, amável e extremamente carinhoso.  Eu estava definitivamente cercada por homens maravilhosos.
 
Fechei meus olhos e agradeci a Deus por tantas bençãos, depois aproveitei meu momento de solidão para a minha conversa de todos os dias com Jake, pensei:

"Jake, que saudade...falta você aqui, espero que possa ver como estamos felizes. Derek se formou e agora vai para a faculdade como Taylor.  Vou sentir tanta falta dele também, ainda nem me acostumei sem Taylor e agora vou ficar sem os dois. Estamos todos bem, espero que você esteja bem, amo você.

Senti uma sensação boa tomar conta de mim e um perfume familiar assaltar os meus sentidos.

"Meu Deus estou com tanta saudade de Jake que posso até sentir o seu cheiro".

Quando abri meus olhos lentamente tive um sobressalto, mais de alegria que de medo. Jake estava na minha frente, sorrindo para mim, jovem e lindo como quando morrera. Eu solucei, seria apenas uma ilusão ou o espírito de Jake estava mesmo ali?

"Jake você está mesmo aqui?" - perguntei em pensamento para a maravilhosa visão.

"Sim meu bem" - ele respondeu e eu senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto - "não chore" - ele pediu  e depois olhou para nossa família e amigos - " você e Edward fizeram um belo trabalho, nossos filhos são lindos e pessoas admiráveis. Vim para que você visse que eu estou bem e dizer que sempre estive e sempre estarei com vocês. Amo vocês Bella, continue cuidando dessa família maravilhosa, algum dia nos encontraremos de novo, mas em quanto isso você estará muito ocupada pois Deus permitiu mais um milagre na vida de vocês, mas dessa vez será Edward que estará ao seu lado.

-O que Jake? Eu não estou entendendo...

Ele me deu uma piscadinha como sempre fazia quando não queria ou não podia me contar algo, e a bela visão começou a desaparecer.

-Não Jake, espere, fique mais um pouco.... - mas ele já havia desaparecido.

-Ei amor, falando sozinha? - tive um sobressalto quando Edward entrou e me abraçou por trás.

Me virei para olhá-lo, ainda abalada demais para tentar disfarçar a minha emoção e como sempre acontecia quando olhava para Edward, perdi o fôlego. Os anos tinham sido gentis com ele, conosco. Estávamos com 35 anos e muito bem fisicamente. Mas Edward conseguira ficar ainda mais charmoso com o passar dos anos. O cabelo acobreado tinha agora alguns fios prateados, as finas marcas de expressão que começavam a se formar em torno dos olhos magnificamente azuis, não causavam nenhum efeito negativo. E os lábios continuavam os mesmos, me convidando para beijá-los.

Num gesto quase automático lhe dei um beijo enquanto ele me olhava agora com olhos arregalados. Me afastei e enxuguei os olhos.

-Porque está chorando amor? - ele me perguntou sério e preocupado.

-Você acredita que os mortos podem se comunicar com os vivos Ed? Porque ou eu estou louca, ou eu acabei de conversar com um espírito. Com Jake - tagarelei.

-Do que você está falando Bella? - ele estava surpreso.

Eu contei tudo e quando terminei ele não parecia horrorizado ou espantado.

-Eu nunca acreditei mas já li algumas coisas sobre o assunto e tem muitas pessoas que estudam seriamente esses fenômenos. Só você, que teve a experiência, pode decidir se acredita ou não amor.

Eu assenti, bem no fundo sabia que não estava louca mas estava pertubada e emocionada demais para continuar falando sobre o assunto.

-Vamos deixar pra lá está bem? Vamos almoçar que você deve estar com fome.

Nos abraçamos e fomos para o quintal mas assim que senti o cheiro da carne que estava assando meu estômago embrulhou  a ponto de causar dor. Larguei Edward e saí correndo para o banheiro, dois segundos depois ele estava lá, segurando meu cabelo enquanto eu colocava tudo o que havia no estômago para fora. Ele esperou que eu escovasse os dentes e me levou até o sofá para só então perguntar:

-Você comeu algo que possa ter causado isso Bella? Está sentindo mais alguma coisa?

-Não, foi de repente - balbuciei - na verdade eu só me lembro de ter sentido  isso quando estava grávida do Derek...

Mas ali, enquanto a minha voz falhava eu já estava fazendo a conexão entre o meu mal estar e a declaração de Jake.

-Meu Deus Edward, eu estou grávida! Era sobre isso a que Jake se referia quando disse que "Deus havia permitido mais um milagre em nossa vida". Minha menstruação está atrasada há alguns dias, mas eu nem me preocupei.

-Será Bella? Seria maravilhoso ter mais um filho, mas você sabe que Derek foi um milagre...

-Mas foram exatamente essas as palavras de Jake " mais um milagre".  Você sabe, minha mestruação é certinha e a única vez que falhou...

 Ele não duvidou. Nos abraçamos felizes e então saímos para contar a novidade a todos, mas antes de chegarmos até eles Edward interrompeu a caminhada observando a alegre confraternização.

-E pensar que anos atrás eu nem podia imaginar tanta felicidade... - comentou Edward então me olhando nos olhos.

-É, nós conseguimos - falei sorrindo para ele - contra tudo e contra "quase" todos, nós conseguimos.

-Sim - ele concordou -  Lutar por você foi a coisa mais certa que fiz em minha vida. E olhe - fez um gesto abrangendo nossa família - tudo o que eu recebi por lutar por um sonho. Eu sou o homem mais sortudo do mundo, e o mais feliz também.

O que eu podia dizer diante de uma declaração dessa? Eu já estava quase chorando.

-Fico feliz que você tenha lutado Edward, e fico mais feliz por ter me permitido sonhar com você. Sim, apesar de tudo, nós conseguimos o nosso "felizes para sempre". Te amo!

-Também te amo amor, para sempre.

E ficamos assim, abraçados, observando aquelas pessoas que faziam parte da nossa vida, sentindo o sentimento mais puro de amor e gratidão nos envolver.

http://www.youtube.com/watch?v=JGjowBnw94U

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Nove meses depois, Renesmee, uma garotinha linda de cabelos acobreados como os do pai e olhos castanhos como os meus, chegava para encher ainda mais a nossa casa de alegria. Foi cercada desde o primeiro momento pelo carinho e afeto da família inteira mas principalmente pelo amor e dedicação do pai que apesar de já ter dois filhos, era a primeira vez que participava da criação de um deles desde o nascimento, e de dois irmãos adultos e babões que sempre que podiam vinham para casa mimar a irmãzinha, que era tratada por eles como uma princesa.

                                                                                                                            FIM