Bloody Moon Rising escrita por AHB


Capítulo 1
Bloody Moon Rising




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Foi em uma noite de lua cheia, lua redonda e inchada, vermelha.

Era verão e estava quente. Até em meu quarto, no sétimo andar de um edifício residencial, a janela estava aberta e, mesmo assim, eu não me cobria nem com um lençol. Devia passar da meia noite, mas estava tão quente e eu suava tanto que não conseguia dormir. Olhei a janela na esperança de uma brisa, mínima que fosse, inexistente que era. Corri meus olhos pelo teto cheio de sombras e pontos de luz lunar, então voltei minha atenção para a janela, havia alguém lá.

Após uma eternidade que durou segundos, eu pude identificar a figura sobre a janela. Era uma jovem.

Era linda, mas ao mesmo tempo terrível, como uma queda-d'agua gigantesca. Tinha cabelos rubros, longos e esvoaçantes que pareciam fundir-se a bata diáfana que ela vestia. Sua pele era muito pálida e contrastava-se fortemente às vestes e aos cabelos. O mais fascinante na jovem eram, porém, os olhos grandes e faiscantes com um par de lagos cinzentos. Seus lábios eram cheios, vermelhos e tão voluptuosos que eu fiquei tonto só de olhá-los. O céu e a lua pareciam estar emoldurando-a e o jogo de luz e sombra dava a ela um aspecto vampiresco.

Perguntei a ela, sem folego “Quem és?”. Ela sorriu, toda misteriosa e disse, com a voz de uma rainha que manda um homem a forca. “Sou a noite, o vento, o teu desejo, o choro, o fogo, o beijo. O amor que tens reprimido, uma vampira, a própria morte, a sorte. Sou um sonho, um nada enfadonho, sou tua e és meu e assim será.”

Dizendo isso, saltou da janela e caminhou até minha cama, senti meus lábios estremecerem, uma espécie de eletricidade correu pela minha espinha. A estranha debruçou-se sobre mim, fechei meus olhos, devia estar suando às bicas. Quando percebi o calor sanguineo que emanava do rosto dela tocar o meu rosto, nos beijamos. Senti minha mente divagar com a noite que estendia-se sobre nós.

O que aconteceu depois é impossível de descrever, apenas que mãos ágeis, finas e brancas despiram-me e tocaram todo meu corpo. Fui novamente beijado e cai em uma sensação de torpe deleite da união de nossos corpos. Dormi sorrindo, junto a ela. Quando abri os olhos ainda era noite, havia perdido a noção do tempo e francamente não queria de volta. Eu me sentia em um sonho real enquanto a estranha me embalava em seus braços finos e sorria para mim, um sorriso suave que a deixava com ares angelicais. Tentei olhar para além das íris indecifráveis, mas nunca soube se fora um ato de amor ou mero desejo.

Ela aconchegou-me sobre os seios macios e curvou a cabeça para beijar meu pescoço, tão inofensivo e amoroso parecia esse gesto que, quando os dentes afilados dela cravaram-se bem em cima da artéria carótida, a dor só não foi maior que a surpresa, aterradora e horrível surpresa. Gritei alto, muito alto, os olhos bem fechados. Tornei a abri-los. Estava só, tremia e ofegava, suando frio ao mesmo tempo que morria de calor. Sentia a pulsação na goela, como se meu coração saltasse muitos compassos acima do normal. Levei a mão a garganta, bem sobre o ponto onde a criatura de meu sonho havia atavado. Quando ergui os dedos à altura da vista, notei-os sujos de um líquido espesso e rubro, algo rubro como a lua daquela noite, algo espesso e rubro como, como...


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Notas finais do capítulo

Nota: Considerem que eu tinha 15 anos quando escrevi isso, passem batido e leiam meus textos mais recentes. ;)