13 de janeiro de 2013 – Pesquisadores estão ao redor do RMS Titanic

Eles estavam ao redor do navio naufragado a mais de 15 minutos, a procura de algum bem material dos tripulantes. Nada.

 -Ei! O que é aquilo? – perguntou o líder da expedição, ao ver um enorme bloco de gelo nas proximidades do navio.

 -É só um bloco de gelo, Philip. Nada mais. – respondeu Jorge, com indiferença.

 -Você poderia se aproximar, por favor. Quem sabe não tem nada de importante congelado lá dentro. – pede Philip, apontando para o local.

 Jorge revira os olhos. O que teria de importante em um bloco de gelo? Mas já que Philip é seu chefe, ele só deve obedecer ordens.

 Lentamente os pesquisadores se aproximam do estranho pedaço de água congelada com seu pequeno submarino.

 -Oh meu bom Deus! É isso mesmo? – impressiona-se John, o terceiro tripulante, ao ver o que tem dentro do bloco.

 -Se aproxime mais. Será que estamos vendo certo? – o chefe está boquiaberto.

 Jorge se aproxima mais com o pequeno submarino e observa, lentamente, o que há dentro do bloco.

 -É um ser humano. Mais especificamente uma moça. – comenta Jorge – Será que estamos vendo certo ou estamos ficando loucos? Isso é realmente possível?

 -Não sei. Talvez. – John responde, estreitando os olhos verdes para ver como a moça era. Jovem, cabelos na altura das costas, castanhos escuros, roupas aparentemente bem antigas e seus olhos fechados. Parecia estar dormindo. – Será que conseguimos usar os “braços” do submarino para pegar esse bloco de gelo e levar para a superfície?

 -Tentaremos. – responde Philip.

 Jorge conduziu o submarino até em cima do bloco de gelo, apertou um botão entre dezenas de outros e dois “braços” saíram de debaixo do submarino, agarrando o bloco com a garota.

 -Perfeito! – exclamou John. – Agora precisamos voltar para a superfície.

O submarino começou a subir e, com um pouco de dificuldade, conseguiram erguer o cubo. Em poucos minutos os três tripulantes e a garota congelada estavam de volta na superfície.

13 de janeiro – 19:57 – Hospital Mount Sinai – Nova Iorque

 -Oi vó! Tudo bem com a senhora? – perguntou a jovem de cabelos chanel louros assim que entrou no quarto que sua bisavó estava.

 -Olá, querida! – falou a senhora, com sua rouca voz. Já exausta. – Estou como sempre. E você?

 -Estou ótima vovó. – respondeu a moça, sentando-se na poltrona ao lado da cama da bisavó.

 Madeleine Overight, 108 anos. Já estava de cama desde os 102 anos de idade. Durara bastante para uma sobrevivente de um naufrágio. Já tinha filhos, dois ainda estavam vivos, vários netos e também bisnetos. Era feliz com sua vida, mas preferia morrer ao ter que ficar deitada em uma cama de hospital sendo observada 24 horas por dia.

 -Você poderia ligar a TV e colocar no jornal, por favor? – perguntou a senhora educadamente.

 A jovem assim fez e as duas começaram a assistir o jornal da noite.

-Boa noite, sou Marie Limpershoot.

 -E eu Claudius Riverlacke.

 -Começamos The Night Notices com uma noticia extraordinária.

 -Pesquisadores encontram corpo de jovem congelado aos arredores do antigo navio naufragado RMS Titanic.

 -Ao que parece eles estavam procurando pertences dos tripulantes para fazerem pesquisas quando encontraram um bloco de gelo com a garota dentro.

 -Madge Hayley está com um dos pesquisadores e tem mais informações sobre o ocorrido. Madge Hayley, boa noite. Você pode nos explicar o ocorrido?

 -Boa noite Marie, boa noite Claudius. Estou aqui com um dos pesquisadores do submarino e líder da expedição, Philip Klavy. Boa noite Philip.

 -Boa noite.

 -Você poderia nos explicar o que está acontecendo? Será mesmo possível aquela garota ter ficado congelada por tanto tempo?

 -Olha, eu posso te dizer que sim. Aquela parte do oceano é mesmo muito fria. Mesmo com o aquecimento global, o fundo do oceano com certeza continuou gélido, fazendo com que o cubo de gelo que envolvia a garota durasse 101 anos.

-Você pode nos dizer como essa garota é? Seus aspectos físicos?

 -É uma jovem, deve ter em torno de 16, 17 anos. Pele clara, cabelos castanhos na altura das costas. Muito bonita. Nós não sabemos quem ela é, estamos vendo as listas de todos os tripulantes dados como mortos, isso não será fácil, por que alguns não tem foto, o que dificulta nosso trabalho.

 -E o que acontecerá com a garota? Vocês vão fazer o que com ela?

 -Perguntas. Essa é a parte mais intrigante do processo. Ela está viva. Respirando e seu coração batendo.

 -Mas como assim, Senhor Klavy? Viva? Mas isso é possível?

 -Não era, até acharmos ela. Logo após que a descongelamos, levamos-na para o laboratório, e um de nossos cientistas percebeu o movimento de seu peito, como se ela estivesse respirando. E ela estava. Seu coração estava batendo, quer dizer, está batendo normalmente, como o de um adolescente saudável. Ela ainda está desacordada, mas os exames indicam que não a nada de errado com ela.

 -Isso é algo realmente novo, senhor Klavy. Mas ela não teria morrido de hipotermia?

 -Sim, teria. E é isso que estamos tentando descobrir. Como? Como aquela jovem conseguiu sobreviver? Estamos tentando descobrir, mas não achamos nada ainda. Esperaremos ela acordar e, primeiramente, explicaremos tudo e depois faremos perguntas.

 -Muito obrigada, senhor Klavy. Bom, são essas informações que temos por enquanto. Assim que recebermos mais, vocês ficarão informados.

 -Muito obrigada Madge. Boa noite.

 O jornal continuou normalmente, mas a velha Madeleine não estava mais interessada. Estava pensando na possibilidade daquela garota ser sua irmã, Melissa.

 -A senhora está bem? – perguntou a bisneta.

 -Sim. – respondeu a mulher, voltando ao normal.