School Of Rock III escrita por Snapelicious


Capítulo 24
I Never Meant For You To Fix Yourself


Notas iniciais do capítulo

Toma um balão *entrega balão*



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Harry Potter

Quando Rony chegou, eu estava sentado no chão do estúdio, submerso em papéis, anotações e pedaços mordidos de sanduíches.

–Fiquei meia hora tocando a campainha, cara. - reclamou ele, atirando a mochila em cima da cadeira e entrando na sala acústica.

–Desculpe, não ouvi. O Bob é a prova de som - falei, apontando para as paredes com o lápis e voltando ás minhas anotações.

–Disso eu sei. Se não fosse, aposto que seus pais te expulsariam de casa por causa da barulheira - riu ele, pegando o baixo no canto dos instrumentos de corda e sentando na minha frente.

Ergui os olhos para ele, e ri.

–Acho que eles não se importam. Se não, aposto que eles não deixariam eu ter uma bateria no meu quarto.

Rony franziu o cenho para mim, parecendo emburrado. Na verdade, papai só deixara eu ter uma bateria em meu quarto porque mamãe não deixara ele manter uma no deles.

–Riquinho. - resmungou ele, e eu apenas sorri - Então, já avisou o pessoal?

–Maggie tá vindo, e eu to tentando ligar pro Ted há horas - respondi - E eu até chamaria nosso baterista, mas não temos um.

–Maggie? O que ela tem a ver com isso?

–Maggie é tipo a gênia maligna de todas as coisas úteis nesse planeta. A garota simplesmente sabe de tudo. Foi ela quem mexeu nos botõezinhos e gravou nossa última demo. E também devemos levar em consideração que o pai dela tem uma gravadora - respondi dando de ombros, como se fosse óbvio o fato de Maggie Black ser um prodígio. - Sem falar que ela sabe tocar flauta.

–Ah, então ela pode ficar.

Antes que eu pudesse responder, Maggie entrou pela porta atrás de Rony, pegou a mochila dele, a jogou sem cerimônias no chão, e se atirou na cadeira. Com o pé, ela apertou o botão da mesa de mixagem que a permitia nos escutar da sala acústica.

–Tudo bem por aí, Mags? - perguntei, tentando não rir da cara de zumbi dela.

–Ugh. - respondeu ela, fechando os olhos e esfregando as mãos na testa - Não falem comigo. Tô de ressaca.

–Maggie, você nunca bebeu.

–Bem, diga isso para o meu cérebro!

–O que diabos você ficou fazendo a noite toda? - perguntou Rony - Não tem olheiras em baixo dos seus olhos, tem crateras.

–Eu sei lá - respondeu a garota, como se fosse a coisa mais normal do mundo - Eu fui ouvir música, tomei uma Coca e quando vi já eram seis da manhã e eu tinha que levantar. Acho que eu dormi na aula de Química.

–Ish. Snape não vai ficar feliz - falei, puxando um violão atrás de mim e observando as partituras recém-escritas.

–E o Ted? - perguntou Maggie, com a voz arrastada, depois de resmungar onde Snape devia enfiar a Química dele.

–Ele deve ter se escondido na caverna psicológica dele de novo - respondi - Não foi na aula, não atende o celular.

–Hehe. Então a noite foi boa - respondeu a garota com um sorriso malicioso.

–O que quer dizer?

–Ele teve um encontro ontem à noite. Com sua vizinha, Harry - Maggie parecia despreocupada.

Meu estômago se revirou, e eu imediatamente me arrependi de ter comido tanto. Ou de ter saído da cama de manhã.

–Ginny? - perguntei, engolindo em seco. Rony se aprumou, e olhou para Maggie de olhos arregalados.

–Claro que não, idiota - respondeu a morena, fazendo uma careta - A loira.

–Victoire? - perguntou Rony com uma voz esganiçada, parecendo ficar cada vez mais vermelho. Depois se virou para mim - Seu primo está saindo com a minha prima?

–Tecnicamente ele não é meu primo - respondi, sem olhar para ele, organizando as folhas ao meu redor em uma pilha - E tecnicamente, ela também não é sua prima.

–Mesmo assim - resmungou o ruivo, mas não discutiu.

–Vou lá chamar ele - anunciou Maggie repentinamente, se levantando de um salto.

–Mas você não estava... - comecei, mas antes que pudesse terminar, ela já tinha se mandado - cansada?

Suspirei, e me preparei psicologicamente para treinar as notas com Rony.

Maggie Black

Ás vezes, quando você não dorme á noite, você se sente como estivesse em um universo paralelo. Você não sente suas pernas, sua visão fica embaçada e você não consegue pensar direito. De uma hora para a outra você começa a se arrepender de todos os erros da humanidade, inclusive o erro de ter ficado até as cinco da manhã olhando pro nada e bebendo Coca-Cola.

E para se redimir, você pega outra Coca-Cola. Da geladeira de seus tios. Sem pedir.

–Não é como se eles estivessem em casa mesmo - resmunguei para o vento, como se o devesse uma explicação.

Abri a latinha ao atravessar a rua até a casa de Remus e Dorcas e companhia. Depois do primeiro gole, pude sentir meus dentes rangerem com os químicos do refrigerante e me perguntei porque ainda bebia aquela droga. Tomei outro gole.

–Ô de casa - abri a porta da frente com um empurrão e me dirigi ás escadas - Vocês não deviam deixar a porta aberta assim, qualquer um pode entrar - resmunguei enquanto cambaleava até o quarto do Ted. Bati na porta com força - Ted! Você tá aí? Não tem ninguém pelado aí dentro, né? Porque isso é definitivamente uma coisa que eu não gostaria de ver.

A porta se abriu de repente e eu levei um susto tão grande que arrotei.

–Eitalele - resmunguei, olhando com os olhos desfocados para o garoto na minha frente.

–Maggie - falou ele, ofegante, parecendo apavorado. Minha maquiagem estava tão borrada assim? Lembro que fui checar o lápis de olho no espelho do banheiro do colégio, mas acho que ri tanto ao ver meu próprio reflexo que esqueci de arrumar os borrões.

–Eu mesma - anunciei, tomando mais um gole do refrigerante - Tudo legal aí?

Ted ergueu as sobrancelhas, me incentivando a continuar, e eu finalmente consegui focar os olhos o suficiente para dar uma boa olhada nele.

–Hm - fiz, o examinando de cima a baixo - Tem alguma coisa de diferente em você.

Ele suspirou aliviado, deu um sorrisinho irônico e apontou para o cabelo. Arregalei os olhos.

–Oh Sherlock! - exclamei, apavorada - Você cortou o cabelo!

–O quê? Não! - gritou Ted, esganiçado - Maggie, você está bem? Cega, ou algo assim? O que veio fazer aqui?

–Não lembro - respondi, sem fazer caso - Acho que tem alguma coisa relacionada a um ensaio - ergui os olhos para o garoto alto em minha frente - Você vai ser modelo?

–Ha, não depois de hoje - resmungou ele, parecendo aceitar de alguma forma que sua vida era uma droga. Ele entrou no quarto, deixando a porta aberta. A primeira coisa que percebi foi que não havia mais ninguém nele.

–Por que não foi na aula hoje? - perguntei - Não te vi de manhã. Se bem que eu meio que dormi a aula toda.

–Maggie - falou ele, se virando abruptamente para mim, parecendo verdadeiramente apavorado. Ele ergueu uma embalagem destruída, mas eu não reconheci o que era. - Eu não fui na aula hoje porque o meu cabelo está cor-de-rosa.

Ergui os olhos da minha bebida para ele.

–Hein?

–Eu juro que não foi de propósito! - exclamou ele, atirando a embalagem no chão, e passando os dedos pelos cabelos bagunçados e coloridos.

–O quê, você pintou o cabelo por acidente?

Definitivamente, Ted estava com o cabelo rosa. Não aquele maravilhoso rosa-algodão-doce que fica excelente em garotas, mas rosa mesmo. O cabelo de Ted Lupin parecia um amontoado de roupas da Barbie.

–Não, quero dizer... - bufou ele, ao perceber que suas mãos estavam manchadas de tinta - Não era para ser essa cor! Eu queria pintar de roxo, só isso. Só que meio que não deu certo.

–Você só pode estar de brincadeira - murmurei, encarando sua cabeça de olhos arregalados. - Parece que você saiu direto de um anime romântico. Você parece aquele personagem irritante dos animes engraçadinhos, que todo mundo acha que é gay.

Ted me olhou com uma mortífera expressão de "não tem graça", mas eu simplesmente não conseguia levar ele a sério com o cabelo rosa. Tentando conter a risada, meus olhos se focaram na embalagem que ele havia atirado no chão, e percebi que era uma caixinha de tinta de cabelo bem detonadinha.

–Sério, Ted? Sério? "Tintas HARDcore, para jovens rebeldes" - levantei os olhos para ele, que desviava o olhar e tentava não parecer embaraçado - Está escrito aqui que é especificamente para cabelos escuros. Você é loiro, seu mané. É óbvio que a cor ia ficar diferente.

–Okay, eu não vi, não precisa me apedrejar! - exclamou ele, com o rosto quase mais corado que os cabelos - Eu estava com pressa, os atendentes da farmácia ficavam me olhando estranho, como se eu fosse um tipo de aberração. Tive que inventar que estava comprando para minha namorada, ou ninguém nunca ia me levar a sério.

–Te levar a sério? TED, O SEU CABELO ESTÁ ROSA! COMO VOCÊ ESPERA QUE AS PESSOAS TE LEVEM A SÉRIO?

Ele parecia absurdamente ofendido.

–Espera... namorada? - perguntei, franzindo o cenho. Ele murmurou um palavrão baixinho, no exato momento em que minha expressão se iluminava de compreensão e choque. - EDWARD REMUS LUPIN!

Ele fechou os olhos e seus ombros caíram, e ele parecia psicologicamente preparado para levar uma bronca daquelas. Por isso, não me segurei e fui logo apontando o dedo na cara dele.

–VOCÊ É O QUÊ, ESTÚPIDO? O QUE DIABOS VOCÊ ESTAVA PENSANDO? EU ACHEI QUE EU FOSSE A RETARDADA DA FAMÍLIA, MAS PELO JEITO ESTAVA ERRADA, NÉ! E ISSO FOI POR CAUSA DA LOIRA? PELO AMOR DE DEUS, ESSE FOI O PRIMEIRO ENCONTRO!

Bem quando eu estava começando a entrar no clima, fui interrompida. Não por Ted, esse estava quietinho e parecia entender que ele merecia uns bons tabefes do lado da orelha. Mas por Dorcas.

–Pelo amor da Santa Karupita, o que diabos... - começou ela, abrindo a porta assustada, mas estacou ao ver a cena em sua frente.

–Oh, bosta. - murmurei, ao perceber que nós dois estávamos ferrados.

Hermione Granger

Termologicamente falando, eu sou uma adolescente. Tenho 16 anos, meu corpo já passou pelas mudanças mais drásticas dessa época, tenho uma espinha ou outra e estou no ensino médio. Mas embora tenha conhecimento de todas as práticas rebeldes de jovens da minha idade, eu nunca, em nenhum momento da minha vida, sequer pensei na possibilidade de ter amigos em uma banda de rock.

E aqui estamos.

–Rony, deixa de palhaçada e se concentra! - gritava Harry, enquanto o ruivo ria. Essa é minha frase favorita.

–Harry, a gente não tem como ensaiar nada sem o Ted - respondeu Rony, parecendo confortável o suficiente deitado no chão do estúdio. - E não vamos conseguir gravar nada sem a Maggie. Se elas - indicou eu e Ginny com a cabeça - apertarem alguns botões, é mais provável que tudo se exploda.

De tão acostumada com os exageros irracionais de Ronald Weasley, nem me incomodei. Ginny, por outro lado, se levantou da cadeira ao meu lado e começou a gritar com o irmão. Imediatamente, agarrei minha mochila, tirei um borrifador de água de dentro, e apertei na cara de Ginny.

–AI! – gritou ela, assustada, cobrindo os olhos – Por que você fez isso?

–Muito feio! Garota má! – gritei de volta, com a voz dura.

Os garotos me olharam de olhos arregalados.

–O que foi? – perguntei, dando de ombros – Funciona com meus gatos.

–Me dá isso aqui – disse Ginny, arrancando o borrifador da minha mão e saindo do estúdio com ele, pisando com uma força desnecessária.

–Minha mãe podia usar um desses – comentou Rony, pensativo.

–Pessoal! – gritou Harry, chamando nossa atenção – Precisamos gravar!

–Eu acho que não – comentou Rony – Acho que precisamos ir pra piscina. Quem está comigo?

Ninguém estava.

–Você que me convenceu a continuar com essa ideia de banda, pra começo de conversa! – exclamou Harry, tentando se aproximar de Rony mas se enrolando em fios no chão e falhando miseravelmente. - Já desistiu?

–O quê? Ronald Weasley nunca desiste! – exclamou o ruivo, parecendo chocado – Ele só fica com preguiça de vez em quando.

Antes que Harry pudesse respondeu, a porta se abriu e Ginny retornou, acompanhada de Maggie.

–Olha só quem voltou! – gritou Harry, aliviado – Nós já estávamos achando que... Espera, isso aí é tinta?

Maggie olhou para as próprias mãos, coloridas em um estranho tom de cor-de-rosa. A garota deu de ombros, e se aproximou da mesa de mixagem.

–O que vocês já tem? – perguntou ela – Da nova música?

–Um baterista que não é – murmurou Rony.

–A letra finalizada, a partitura e eu estava tentando fazer a desgraça aqui colaborar e tocar as primeiras notas na guitarra – respondeu Harry, olhando feio para o amigo.

–Garotos, garotos, paz, por favor. Não queremos que vocês se voltem um contra o outro e isso acabe em uma guerra estúpida pelos poderes de Grayskull ou algo assim. – disse Maggie, sem levantar os olhos e aparentemente sem perceber o fato de que ela não fazia sentido algum.

–Mas o Rony...

–O Harry que começou!

–GALERA! – berrou Ginny, e todos pularam de susto – Que porcaria é essa? Vocês são uma banda ou um bando de traficantes discutindo? Parecem até um casal de velhos, pelo amor de Deus! Venham cá. Reunião. EU DISSE REUNIÃO!

Harry e Rony se apressaram para sair da sala acústica, e se aproximaram da ruiva cautelosamente. A garota fez todos sentarem no chão, em um círculo.

–Você não vai fazer uma roda de oração, ou algo assim, né? – perguntou Maggie, baixinho, parecendo extremamente desconfortável com seus skinny jeans. Ginny lançou um olhar irritado a ela.

–Uma coisa que eu aprendi quando era líder de torcida – começou Ginny, ignorando o bufo irritado de Maggie – É que quando tem algo errado, não podemos insistir no erro e arriscar tudo. Temos que primeiro perceber o que está errado e depois consertá...

A porta se abriu abruptamente. Ginny soltou um palavrão alto. Maggie suspirou.

–Oi, pessoal – murmurou Ted Lupin, quando parou de olhar para os lados e percebeu que estávamos no chão. – Desculpem a demora, é que eu não queria vir.

Eu sei que adolescentes normalmente não são as pessoas mais calmas do mundo, mas Ted parecia estranhamente tenso. Embora não estivesse tão frio assim, ele usava uma grossa touca preta, enfiada até a metade de sua testa e escondendo as orelhas.

–Hello, você acabou de interromper meu discurso motivacional! – exclamou Ginny, parecendo cada vez mais irritada. Ted olhou estranhamente para ela e sentou-se entre Harry e Maggie, que imediatamente virou o rosto para a outra direção. Franzi o cenho, mas não falei nada.

–O que vocês estavam fazendo? – perguntou o garoto, puxando a touca mais para baixo, se é que isso é possível. Ele ergueu para observar o grupo, e logo notou eu e Ginny. – O que vocês estão fazendo aqui? Vocês não são da banda.

Antes que eu pudesse pensar em algo inteligente para dizer, Ginny se meteu.

–A Maggie também não. A gente é roadie. – respondeu a ruiva. Quando eu me voltei para ela, a garota completou – Depois eu te explico o que é roadie, Mione.

–Tá brincando, eu sou a alma da banda! – exclamou Maggie – Não, mentira, mas provavelmente vocês estariam bem perdidos sem mim.

–Não, sério, o que vocês estavam fazendo alguma coisa? – insistiu Ted.

–Harry, o que você tá comendo? – perguntou Rony.

–Eles estavam tentando gravar – respondeu Ginny – Mas vocês não estavam aqui para ajudar, e o Rony não queria colaborar.

–Não tô comendo nada – disse Harry.

–Harry eu to vendo você mas’tigar daqui – continuou Rony.

–Aquela última música que o Harry mostrou na reunião passada? A que começa com o vocal e a guitarra?

–Essa mesma. Nós fizemos algumas mudanças na letra, pra não ficar muito na cara que eram sobre pessoas de verdade, ou alguém podia ficar chateado.

–HARRY VOCÊ TÁ MASCANDO CHICLETE!

–Embora eu não me importe se alguém fique chateado ou não.

–RONY ERA O ÚLTIMO, SAI DE CIMA DE MIM!

–Mas foi uma boa ideia mudarmos a letra, já que vocês podem ter problemas jurídicos futuramente – comentei.

–VOCÊ NEM OFERECEU, PODIA TER DIVIDIDO!

–Ah, se a letra ficou boa do mesmo jeito, não muda nada. Temos outros problemas para resolvermos urgentemente, sim? – disse Ted, perdendo a paciência – E seria MUITO MAIS FÁCIL SE ESSES DOIS IMBECIS PARASSEM DE SE AGARRAR NO MEIO DA REUNIÃO!

Todos nos viramos. Rony estava quase em cima de Harry, e com seus longos braços tentava alcançar os bolsos da calça do amigo em busca de mais chiclete. O moreno, por sua vez, parecia mais focado em tentar não sentir cócegas do que se preocupar com o bolsos.

–Viu? – disse Ginny, alegremente – Eu disse que era uma reunião.

Em um piscar de olhos, os garotos se separaram.

–Ted – chamou Harry, seriamente – Não seja homofóbico.

O garoto pareceu não entender.

–Vocês todos são um bando de idiotas.

Acredito que demorou alguns segundos até todos perceberem que era Maggie quem falara. A garota havia ficado tão quieta, e ela era tão pequena, que não era difícil esquecê-la.

–Precisamos de um nome. Precisamos de um baterista. Precisamos de uma apresentação. – contou ela, assustadoramente calma – Já é três a zero pra vida.

–Vocês conhecem algum baterista? – perguntei.

–Não sei, talvez Zabini? – tentou Ginny – Okay, não me olhem assim. Vocês tem alguma ideia melhor?

–Blaise já tem uma banda com o Draco – disse Maggie – Alguém mais?

–Seu pai? – sugeriu Harry, no que Maggie fez uma careta – A gente não conhece ninguém mais. Então ou a gente ensina alguém a tocar, ou colocamos anúncios no... jornal da escola...

Harry foi perdendo o foco até se calar. Meio segundo depois, ele ergueu a cabeça e eu percebi um estranho brilho em seus olhos. O mesmo brilho que tinha quando ele sugeriu que a gente jogasse paintball no quintal.

–Eu sei de alguém que toca bateria – disse Harry, sorrindo abertamente. – Alguém que todos conhecem.

–Quem? – perguntou Ginny.

–Alguém que é realmente muito próximo de nós... – continuou ele.

–Alguém sabe de quem ele tá falando? Harry, ninguém sabe de quem você tá falando.

–ALGUÉM QUE LITERALMENTE MORA NA CASA AO LADO – gritou Harry impacientemente, olhando fixamente para Ginny.

–HARRY NÃO GRITA COMIGO – gritou Ginny – EU JÁ DISSE QUE O FRED TOCA BERIMBAU E NÃO... Oh.

–Oh? – incentivou Harry.

–Oh. – respondeu Ginny. – Oh-Oh. Isso não vai dar certo.

Harry sorriu.

Ginny Weasley

–Todos prontos? – perguntou Maggie, dos alto-falantes – Mais uma vez. E por favor, não errem dessa vez.

Acenamos concordando, todos com medo de sermos aquele pé-no-saco que acaba com a gravação.

–Três, dois... – Maggie aponta para nós e a luz vermelha se acende.

They're gonna clean up your looks

(Eles vão dar um trato no seu visual)

With all the lies in the books

(Com todas as mentiras dos livros)

To make a citizen out of you

(Para fazer de você um cidadão)

Do meu lugar atrás da bateria, eu conseguia ver todo o estúdio. A cara de entediada de um Ted Lupin dedilhando sua guitarra, meu irmão fazendo uma careta de concentração ao lado dele, Maggie e Hermione de trás do vidro, cansadas demais para parecerem interessadas. Mas quem mais eu observava era Harry. Ele se segurava meio sentado em um banquinho, cantando como se já tivesse repetido a letra milhões de vezes (foi quase isso).

Because they sleep with a gun

(Porque eles dormem armados)

And keep an eye on you, son

(E ficam de olho em você, filho)

So they can watch all the things you do

(Para poderem ver tudo que você faz)


Me preparei para começar a tocar, e rezei para não erar o tempo e atrasar toda a banda. De novo.

Because the drugs never work

(Porque as drogas nunca funcionam)

They're gonna give you a smirk

(Eles lhe darão um sorriso cínico)

'Cause they got methods of keeping you clean

(Porque eles tem métodos para mantê-lo limpo)

They're gonna rip up your heads

(Eles vão arrancar suas cabeças)

Your aspirations to shreds

(Triturar as suas aspirações)

Another cog in the murder machine

(Outra engrenagem na máquina assassina)

Vamos lá, Ginny. Você consegue. Não é tão difícil, você praticou por tipo seis minutos, não desaponte a banda, não desaponte Harry, não erre, não erre, não erre...

They said, “all teenagers scare the living shit out of me”

(Dizem, “me cago de medo dos adolescents”

They could care less as long as someone'll bleed

(Eles estão pouco se lixando, contanto que alguém sangre)

So darken your clothes or strike a violent pos-

(Então escureça suas roupas ou faça uma pose violent-)

–Okay, podem parar – interrompeu Maggie – PAREM!

A baqueta voou de minha mão quando eu pulei de susto, e Harry se engasgou. Olhamos para o vidro, onde as garotas nos observavam exasperadas.

–O que foi dessa vez? – perguntou Rony, bufando.

–Ginny errou – respondeu Maggie, pela sexta vez naquela noite – Querem tentar de novo?

Meu irmão se virou pra mim, com o rosto vermelho de raiva e os olhos vermelhos de sono.

–Por que você errou? – gritou ele – Por que você fica errando?

Não responda “porque eu estava olhando pro traseiro do Harry”. Não responda “porque eu estava olhando pro traseiro do Harry”. Por favor, não responda “porque eu estava olhando pro traseiro do Harry”.

–Não é como se eu fizesse de propósito! – exclamei, por sorte não mencionando traseiros alheios. Todos me olhavam, e meus olhos começaram a se encher de lágrimas – Eu estou tentando, Rony!

–Não está tentando o suficiente! – gritou ele.

–Rony! – interrompeu Harry. – Já chega.

–É, cara – concordou Ted, e Rony bufou – Não fala assim com ela. – e se voltou para mim – Ginny, você foi ótima. Bateria é um instrumento difícil e requere mais coordenação do que esse mané aqui pode imaginar um dia ter. Não pegue tão pesado consigo mesma, é seu primeiro dia.

Senti-me consideravelmente mais calma e acenei com a cabeça, impedindo que as lágrimas de frustração caíssem.

–Vamos parar por hoje, pessoal – falou Maggie pelo alto-falante, contendo um bocejo. Hermione se espreguiçava ao lado dela. – Estamos aqui há horas, e fizemos um incrível progresso. Nem por um segundo pensei que vocês conseguiriam gravar de primeira. – sua expressão cansada indicava o contrário. – Dever de casa: pensar um nome para esse grupo de hipsters que vocês chamam de banda.

–Vamos lá pra baixo comer alguma coisa – convidou Harry, tirando a pesada guitarra de seus ombros e se alongando, enquando Ted resmungava que ele não era um hipster. – Mamãe daqui a pouco vai nos arrastar daqui pelos cabelos.

Organizamos rapidamente os instrumentos e saímos da sala acústica. Enquanto pegávamos nossas mochilas no chão do Bob, Maggie se aproximou.

–Hey, garota. Você fez um ótimo trabalho. Vou falar com meu pai para ver se ele consegue te dar umas dicas na bateria. Sabe, todo aquele negócio de baterista da School Of Rock e melhor baterista do século, etecétera e tals.

Concordei com a cabeça, sem conseguir colocar em palavras a gratidão que eu sentia por aquelas pessoas serem compreensivas e me ajudarem quando eu preciso. Menos o Rony. O Rony que se dane.

Quando todos começavam a sair e descer animadamente as escadas, me dirigi a Harry, que desligava os aparelhos.

–Hey, Harry? – chamei. Ele se virou imediatamente. – Desculpa por hoje. Sei que meus conhecimentos baterísticos não são o suficiente para atender as necessidades da banda – ele abriu a boca para retrucar, mas eu fui mais rápida – Mas eu juro que darei o meu melhor. E que farei o meu máximo para encontrar um baterista de verdade para vocês.

–Baterista de ver...? Ginny, do que você está falando? – perguntou ele, confuso. – Você é uma baterista de verdade. Você está na banda.

–Eu gostaria, mas eu nem ao menos sei tocar, Harry! – exclamei, cansada – Eu não vou conseguir acompanhar. Vou atrasar todo mundo.

–Você sabe tocar. Você está aprendendo. – respondeu Harry, como se fosse a coisa mais lógica do mundo. Ele colocou a mão no meu ombro – Você vai ficar na banda. Não importam o que os outros digam. Eu quero você.

Meio segundo depois, Harry Potter começou a ficar extremamente vermelho. Ele tirou a mão do meu ombro e pigarreou.

–Com a gente, quero dizer. Eu quero você na banda. E tals. – silêncio constrangedor. – Vem, vamos comer alguma coisa. Eu te levo em casa depois.

Lentamente, segui o garoto escada abaixo, saboreando a realização do significado do que ele acabara de dizer.


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Notas finais do capítulo

Como sou alguém que já passou pela pior e maior parte da adolescência, posso confirmar que sim, dormimos armados.
ME ADICIONEM NAS REDES SOCIAIS VAMOS CANTAR MÚSICAS DO SHREK E CHORAR POR TADASHI HAMADA JUNTOS