Seus olhos estavam tão intensos sobre os meus que pude sentir o ódio exalar deles. Nunca os vi tão sombrios e determinados. Um arrepio percorreu a minha espinha. Fazendo-me cambalear. Seu aperto ficou mais firme em meus braços, desta vez impedindo-me de cair no chão.

_ Eu... Eu... Não posso mais.

_ O que? –perguntou o loiro confuso a me ver chorar. O aperto firme em meu braço afrouxou, permitindo que eu caísse no chão.

_ Eu não consigo. Eu desisto. –gritava a plenos pulmões em meio às lágrimas.

_ Do que você está falando?

Não lhe respondi, levantei com rapidez e me dirigi até a porta. Trancada.

_ Deixe-me sair.

_ Não sem antes uma explicação.

_ Você terá suas explicações, Malfoy. Mas a partir do momento em que eu as der estarei assinando meu contrato de morte. –elevei o tom de voz mais uma vez, enquanto ele continuava a falar no seu tom baixo e ameaçador.

_ Como assim?

_ Seria estupidez da minha parte falar tudo logo pra você. Filho de Lucius Malfoy. Apenas deixe-me estender o prazo da minha vida e tentar impedir a tragédia de muitas outras.

Malfoy jogou a chave pra mim e eu abri a porta em seguida saindo o mais rápido que eu pude. Iria para o meu dormitório se não fosse tão cheio de sonserinas idiotas. Vaguei pelos corredores sem um propósito de chegar a algum lugar. Apenas com o intuito de tentar esquecer tudo ou quem sabe, encontrar uma solução razoável.

Só percebi onde estava quando dei de cara com Gina. Estava na torre de Grifinória.

_ Ah, olá. Alice não é?!

_ Sim.

_ Perdida na torre de Grifinória? –a menina riu.

_ Oh, bem... Não. Eu só estava... andando por aí. Sem percebi quando cheguei até aqui.

_ Hm. Está tudo bem? Você não está com uma cara muito boa...

_ Não é nada. Vai ficar tudo bem... –Gina me olhou com um olhar cheio de ternura e um pouco de confusão, ela devia estar me achando a maior louca. Me afastei dando-lhe apenas um breve aceno e voltei para o meu dormitório.

Na manhã seguinte...

Encontrei Malfoy em seu lugar habitual na mesa comunal. Zabini estava ao seu lado direito e Golle ao seu lado esquerdo. À sua frente estava Pansy, aquela lambisgoia toda derretida pelo Malfoy. Olhei para eles e para a mesa de Grifinória. Nem sendo Alice eu pertencia àquele lugar.

_ Acho que não há mais espaço para você, Alice. –Pansy já começou o dia soltando seu veneno. Draco concordou silenciosamente, lançando-me um olhar frio.

_ Que seja. –cuspi as palavras me retirando do salão comunal. Senti que alguém estava me seguindo, mas não dei importância. Continuei marchando até encontrar um lugar em que eu pudesse ser eu mesma.

_ Alice! –era Harry. Olhei para trás. _ O que houve?

_ O que?

_ Desculpe, não quero ser intrometido. Mas vi o jeito como saiu do salão. Aqueles sonserinos estão te tratando mal agora?!

Dei de ombros.

_ Não importa. Eu não ligo, eles não me fazem falta.

_ Então por que está tão triste? –Harry se aproximou e tocou-me o rosto delicadamente. Estremeci.

_ Algumas razões.

_ Você não quer dividir o peso?

_ Não posso. Mas eu agradeço mesmo assim.

Harry envolveu-me em seus braços em um abraço protetor. Senti as lágrimas caírem silenciosamente, molhando a sua camisa. Como era bom sentir ele perto de mim novamente.

_ Eu tenho que ir, Harry.

_ Tudo bem. Não esqueça que pode contar comigo.

_ Não vou esquecer. Obrigada. –sorri tristemente.

Harry foi para um caminho contrario e eu seguia para a minha primeira aula da manhã, adivinhações. Para a minha infelicidade, Draco estaria lá também.

*Draco POV*

_Então você tá me dizendo que a tua irmãzinha postiça é a maior loucona?

_ Ela não é minha irmãzinha, já disse isso.

_ Tanto faz. O fato é... Você tava afim de dar uns pegas nela e ela tá caidinha pelo Potter.

_ Por Merlin Zabini será que você não ouviu uma palavra do que eu disse?

_ Só prestei atenção nas partes mais importantes. Cansa ter que ouvir você falar dessa Alice dia e noite, Draco. –bufou Blaise.

_ Eu não tava afim de “dar uns pegas” na Alice.

_Uuuhh será que temos um Draco apaixonado senhoras e senhores!?

_ Não fale bobagens. Eu nunca disse isso.

_ Nem precisa. Tá estampado na sua cara.

_ Blaise, meu caro amigo. Você tá entendendo a gravidade do problema? Ela tem um segredo. Ela diz que me conhece e ela adora o Potter.

_ Descubra o segredo, mostre o seu lado verdadeiro e conquiste-a. Logo ela não terá mais um segredo, ela irá perceber que não te conhecia e ela vai esquecer a existência do Potter. Pronto. Você não terá mais problemas.

_ Você faz parecer que tudo é tão simples.

_ Olha, ela ta chegando. Vai lá falar com ela. –levantei o olhar e encontrei os seus. Ainda ressentidos. Comecei a me levantar quando Blaise sussurrou.

_ Só não seja grosso.

_ Vou tentar. –respondi sarcástico.

_ Venha, vamos conversar. – a puxei pelo braço sem mais delongas.

_ Mas o que...!? Oh, merda. Ele faz tudo errado mesmo... –escutei Blaise falar.

Hermione POV

_ Arrgh, seu calango albino. Onde estão os seus modos?

_ Lá no meu quarto, quer dar uma olhadinha!?

_ O que... Ah, esquece. Não quero perder o meu tempo tentando entender você Malfoy.

_ Ué, não era você que me conhecia tão bem?

_ Eu só conheço a sua parte detestável.

_ Peraí, eu pensei que nós tivéssemos levantando a bandeira da paz.

_ Isso foi antes de ontem, suponho.

_ Isso foi antes de você defender o Potter.

_ Oh sim. A sua rixa ridícula com o Harry. Eu não entendo por que você o odeia tanto. Bem, na verdade eu acho que entendo sim. Você o odeia por que mesmo ele tendo perdido tudo o que tinha sabe amar, enquanto você que nunca perdeu nada é incapaz de cultivar qualquer sentimento bom e sincero.

_ Isso não é verdade.

_ Ah então, você deve ser muito mais influenciável do que eu imaginava. Comprar uma briga que não é sua só por que o seu pai te obriga.

_ Deixe o meu pai fora disso.

_ Por quê? Ele não hesitou em...

_ Em o que?

_ Nada. –Malfoy fechou os olhos e tocou nas têmporas.

_ Isso é irritante. Não ter respostas.

_ Eu não posso dar as respostas que você tanto quer.

_ Mas por quê?

_ Por que se você souber estarei morta. Literalmente.

_ Por que você me odeia tanto?

_ Eu não te odeio. Só... Você faz com que eu crie uma raiva de você...

_ Eu posso fazer você criar outra coisa por mim. –Malfoy se aproximou perigosamente de mim, olhando fixamente em meus olhos. Perdi totalmente a linha do raciocínio.

_ Err... Para com isso Malfoy.

_ Por quê? Estou te deixando nervosa? –disse se aproximando mais até me fazer encostar na parede, deixando-me totalmente encurralada.

_ Não. –consegui falar sem que a minha voz tremesse.

_ Então me diga o que está sentindo, Mondeveur.

Malfoy passou o polegar pelo meu rosto, desde os olhos até a curva do queixo. Suas mãos frias me causaram um arrepio. Será que ele tinha um coração igualmente frio? Me perguntei.

Eu sei que não deveria, mas era impossível não manter um contato visual com ele. Seus olhos cinza não permitiam que eu quebrasse o que estava se formando ali. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa Malfoy colou seus lábios nos meus.

_Você está me deixando louco, sabia?! –falou por entre os beijos.

_ E você me tira do sério. Eu te odeio Malfoy.

Malfoy me guiou até a primeira porta que encontrou. Ótimo. O armário. Um lugar pequeno, escuro e... Transgressor. Merlin, onde eu estava me metendo?

Seus beijos desceram até o meu pescoço, puxava o seu cabelo como uma forma de me libertar, mas acho que ele entendeu o meu gesto como um encorajamento. Draco me puxou deixando-me contra o seu corpo e eu me sentia pequena e sem fôlego e absolutamente segura.