Já que nenhum dos dois se mexia Madame Hooch se aproximou dos alunos e deu uma breve analisada. Cutucou um, cutucou o outro e nada. Logo vieram duas macas e os levaram em direção à enfermaria. O jogo foi considerado cancelado. Eu e Gina corremos para a enfermaria, já não aguentava mais, tinha que vê-lo.

Harry claro, estava muito preocupada com o meu amigo.

_ Oh, vocês duas vieram visitar os acidentados, presumo. –disse Madame Pomfrey. Eu assenti com a cabeça e Gina que estava ao meu lado também. Assim a enfermeira saiu da nossa frente e avistamos Harry e Malfoy. Lado a lado, ainda desacordados. Meu coração pulou.

_ Draco!

_ Harry! –gritamos juntas. Por mais que eu estivesse preocupada com o meu amigo... Ah, dane-se! Não devo explicações para a minha consciência. Oh, Draco. Por que você fez aquilo? Onde já se viu, ficar em pé na ponta da vassoura e ainda se jogar puxando Harry. Dei um tapa em seu braço. Nem me atrevi chegar perto de Harry, Gina estava com ele. A única coisa que ousei fazer foi perguntar como ele estava.

_ Hm. Bem. Quer dizer, não deve ser muito confortável ser derrubado da sua vassoura de uma altura considerável. Tudo culpa do seu namoradinho.

_ Hey, eu aqui perguntando inocentemente sobre o estado do Harry e você me ataca? Todos vimos que Harry começou com as provocações em campo.

_ Claro, depois que você apareceu não é!? Você sabe que aquilo foi por sua causa.

Fiquei calada. Ela estava certa, mas isso não lhe dava o direito de me tratar daquela forma.

_ Gina. –Harry sussurrou. A ruiva rapidamente se voltou para Harry.

_ Oi. Como se sente?

_ Com dor, mas tudo bem.

Logo Madame Pomfrey veio até Harry e o examinou.

_ Coma este chocolate, querido. Logo se sentirá melhor. E quanto ao seu braço, vai ficar imobilizado por mais um tempo. Ossos quebrados não se curam tão rapidamente com magia. Quando você se sentir bem poderá ir para o seu dormitório.

_ Está bem. Obrigado Madame Pomfrey.

_ E você Senhorita Weasley, pode voltar para suas aulas.

_ Não, eu quero ficar com Harry.

_ Não há mais porquê senhorita. Vá vá vá.

Gina foi praticamente expulsa pela enfermeira, que se voltou dessa vez para mim.

_ Eu tenho certeza de que Snape permitirá que eu fique ao lado de Draco. – tentei ser o mais “sonserina” possível. A enfermeira apenas me olhou e consentiu, logo voltou para seus afazeres. Aproveitei que Draco ainda estava inconsciente para falar com Harry.

_ Doi muito?

_ Não tanto. Já sofri dores piores.

_ É, eu sei... Você é forte.

Harry pegou a minha mão, confesso que me senti desconfortável com o seu toque. Não sei por quê.

_ Você não deveria ter provocado o Malfoy.

_ Ah, ele me provoca há anos. Aquilo não foi nada. –lhe lancei um olhar reprovativo.

_ Harry! Isso não justifica. Não naquele momento. Eu sei que o Malfoy foi um idiota com você por todos esses anos, mas você poderia ter se machucado feio.

Harry revirou os olhos e olhou para o teto, tirei minhas mãos da sua com cuidado.

_ Você gosta dele não é!?

_ O que?

_ Do Malfoy.

_ Eu? Não. Bem, eu tive que aprender a conviver com ele. Estou sob a tutela da Narcisa. –novamente Harry se voltou para mim.

_ Você vai ser uma Black Malfoy?

_ Não. –quase gritei. –Não. Espero que não. –falei mais baixo dessa vez.

_ Então por que...?

_ É uma longa história Harry... Não acho que esta seja a hora apropriada.

_ Tudo bem. Eu entendo.

Harry fechou os olhos e dormiu por algum tempo, eu continuei lá. Velando o sono dos dois. Para o caso de algum acordar e impedir deles acabarem se matando. Logo o moreno despertou, já estava começando a ficar preocupada, Malfoy ainda não havia acordado.

_ Querido você já está liberado. Pode ir agora.

_ Obrigado Madame Pomfrey. –Harry se levantou com cuidado.

_ A gente se fala depois Harry. Vou ficar por aqui até o Malfoy acordar.

_ Tudo bem. – ele apenas lançou um olhar de nojo para Malfoy e se foi. Voltei para a cama onde ele estava deitado, tão sereno. Parecia realmente um anjo adormecido. Acariciei seus cabelos loiros que ao brilho da lua pareciam prateados. Já estava tarde, todos dormiam. Não havia ninguém mais na enfermaria. Apenas eu e Malfoy.

_ Você é um idiota, Malfoy.

_ É, eu sei. –o loiro falou com os olhos ainda fechados.

_ Ei, você estava acordado esse tempo todo?

_ Claro que não. Cansa esperar a bela adormecida acordar. E esperar de olhos fechados é exaustivo. Você não imagina o quanto. –soltei um riso sem querer. Malfoy me olhou de soslaio e sorriu de canto satisfeito.

_ Por que você ficou de pé naquela vassoura?

_ Não queria que o Potter ganhasse. Estava defendendo o meu time.

_ Não. Aquilo era pessoal. E foi muito imprudente.

_ Jura que você quer me dar lição de moral agora?

_ Sim. Por que vocês poderiam ter se ferido gravemente.

_ Hermi... Digo, Alice.

_ Você ia me chamar de Hermione. –fiquei estática.

_ Eu não.

_ Você sim.

_ Draco! Por quê?

_ Por que o que?!

_ Argh.

_ Vem cá Alice.

Me aproximei  mais um pouco.

_ Senta aqui.

_ Você não manda em mim.

_ Ora não seja tão marrenta assim. Eu não consigo me levantar e ir até você.

Sentei na beirada na cama, olhando em seus olhos cinza. Malfoy pegou minha mão direita.

_ Você está gelada. É melhor ir para o seu dormitório.

_ Não, você vai ficar sozinho.

_ Estou acostumado com isso. –um nó se formou na minha garganta.

_ Não Draco. Eu vou ficar aqui do seu lado. Até você poder sair.

_ Só até eu sair daqui? –fiquei sem fala, olhei para baixo e encarei nossas mãos entrelaçadas. Mas o que estava acontecendo comigo? Que borboletas idiotas eram aquelas voando no meu estomago?

_ Aqui está mais confortável. Eu garanto. –levantei o meu olhar. E nossa, ele estava tão lindo que eu senti meu coração quebrar em um milhão de pequenos pedaços. Não sei por que, mas fiz o que ele pediu. Malfoy me envolveu em seus braços, minha cabeça em cima do seu peito. Ouvia atentamente seu coração, batia tão rápido e forte. Era por mim aquilo? Suas mãos agora acariciavam o meu cabelo. Inclinei o meu rosto até poder olhar em seus olhos. E o beijei. Um beijo mais lento dessa vez, mais caloroso e em seguida quente.