Eu não queria ser novamente a vitima perfeita de suas brincadeiras, não queria de verdade, mas era complicado manter o juízo quando aquele que a faz de vitima esta com os lábios enlaçados aos seus.

Era como se eu estivesse sendo afogada, como se todos os meus sentidos funcionassem novamente, mas a favor dele.

Ele colocou a mão na minha nuca me prendendo a ele, e eu não, ou melhor, tentava não corresponder, mas eu estava presa a ele por que não corresponder?

Pelo simples fato de se eu corresponder ele ainda terá controle sobre mim por que eu teria me entregado.

Suas mãos acariciavam meu rosto com sutileza, podia sentir o desespero em seu beijo.

–P...Para- disse tentando empurra-lo, queria manda-lo embora por mentir todo aquele tempo para mim, minhas forças fugiram de mim,mas minhas pernas estavam completamente bambas e eu sem forças para empurra-lo

Ele se separou de mim.

–Você não me quer de volta Anne?- perguntou colocando uma das mechas do meu cabelo atrás da orelha.

–Você não me ama mais Anne?- ele pegou minha mão e a colocou no seu peito, seus batimentos cardíacos estavam acelerados.

–Meu coração ainda bate forte por você Anne, só por você. - disse ,ele parecia melancólico, um pouco depressivo e triste.

Tirei minha mão bruscamente de seu peito, era melhor para minha consciência acreditar que ele não tem sentimentos, nem um coração.

Senti meus olhos arderem em raiva.

–Kentin, fique longe de mim, nossa história já teve seu final, e com certeza não terá continuação, saia de perto de mim.- disse empurrando-o de leve para me dar espaço.

–Mas- interrompi.

–Chega de "mas", eu... Eu não acredito como pode voltar assim, e vem para perto de mim como se nada tivesse acontecido, como se o nosso passado não fosse nada, você esta me tratando como se eu fosse um cachorro, esperando o dono voltar, mas sabe que pra mim você nunca precisaria ter voltado.

Peguei minhas coisas, e sai correndo dali, não queria ter de olhar naqueles olhos verdes novamente, nunca mais, eu não sei oque eu tenho, até parece que eu tenho quinze anos, uma menina ingênua e boba, mas eu apenas não queria estar chorando.

Correndo pelos corredores trombei com Castiel, ele ficou chocado com a batida, mas eu só peguei minhas coisas que havia deixado cair e continuei correndo sem que ele reclamasse ou sei lá.

Dei uma olhada para trás e então eu vi ele me encarou por um breve momento e suspirou.

Passei ao lado da sala dos representantes a porta estava semi aberta e eu pude ver Leisha paquerando Nathaniel, era cômico ela achar que conseguiria alguma coisa com aquele rapaz, ele por mais certinho que seja, ele é do tipo que não liga no dia seguinte.

Como tinha muita pouca circulação de pessoas nos corredores, deduzi que as aulas já haviam acabado, ao sair pela porta de entrada da escola, estava chovendo muito, eu não conseguiria ir para casa sem que eu me molhasse completamente, e eu não queria ter que ficar ali parada, a qualquer momento Ken poderia aparecer.

Peguei na minha bolsa meu celular e liguei pro meu irmão.

–Oi maninha.

– Vem me buscar na escola agora, está chovendo muito e eu preciso ir pra casa com urgência, vem rápido!

–Calma, calma que eu já estou chegando.

–Ok, estou te esperando venha o mais rápido possível.

–Droga ,droga, anda chega logo.- pensei em voz alta, tinha alguns alunos do lado de fora, entre eles Alexy, Armin, Viollete, Melody, e Lysandre, o céu estava extremamente escuro para ser apenas meio dia, trovões podiam ser ouvidos e o vento era forte e gelado, é o tempo era extremamente bipolar em Amoris City...

Eles me olhavam com receio, eu conhecia todos eles, todos eles “sabiam” da maldição que eu carregava comigo.

E então por um pequeno espaço de tempo, tudo aconteceu tão rápido que nem mesmo eu me lembro exatamente o que realmente aconteceu, senti uma tontura leve e então aquela sensação terrível de ter monstros rugindo em meus ouvidos e puft, as vozes se manifestaram, elas gritaram que todos ao meu redor morreriam. E então que minha memória se torna falha, lembro de ter começado a empurrar todos pra dentro e então um raio atinge uma árvore e então lembro de ter visto fogo e um barulho ensurdecedor.

Quando abri os olhos estávamos todos nós estávamos caídos no chão da entrada principal da escola, e bem as portas estavam abertas e as escadas estavam totalmente acabadas com um grande tronco por cima... Bem onde nós estávamos, e a copa da árvore ainda pegava fogo, minha visão estava embaçada e meus ouvidos zuniam, me sentia mal, muito mal.

Viollete estava tremendo dos pés a cabeça, ela caíra de mal jeito provavelmente torceu o pulso, estava ainda mais pálida que o normal e parecia que iria desmaiar a qualquer momento.

–Qu...Quase morremos.- sussurrou Melody que sentou-se melhor agarrando-se as próprias pernas encarando o lugar em que estávamos ali a uns poucos segundos antes.

Lysandre parecia estar processando tudo aquilo, estava assustado e pálido, ele havia caído ao meu lado e tremia um pouco e havia deixado cair seu bloquinho de notas que agora jazia meu queimado em meio as cinzas.

–Ah...M...mas oqu- Alexy passou a mão pelo rosto e foi para perto de Viollet que tremia colocando seu casaco em seus ombros e abraçando-a de leve,aterrorizado, é a quase morte não é uma coisa que as pessoas gostem muito de vivenciar...

Armin segurava fortemente seu console portátil, o nó de seus dedos estavam brancos e ele estava ao lado do irmão, ele parecia quase doente, as profundas olheiras se destacaram na pele opaca.

Lysandre voltou-se para mim e balbuciou algumas coisas sem sentido e então se acalmou e perguntou em claro som.

–O que foi isso?

Todos olhavam para mim esperando uma resposta.

–-Não me venha com aquela história boba de falar com os mortos.- disse Melody recuperando-se do susto e ajeitando a saia depois de levantar.

Não disse nada, tremia tanto quanto Viollet, por mais que eu tentasse minha voz não saia...

Respirei fundo. Mantenha a calma...

–Foram... F...foram...-não consegui concluir a frase, meu estômago estava revirado, mas pelo jeito todos entenderam oque eu pretendia dizer.

–E...então sempre fora verdade....- disse Violet olhando para baixo.

–Você realmente consegue...- Lysandre também não completou a frase... Aquele estranho silêncio embriagou-nos e ficamos ali bêbados... E cheios de um medo do desconhecido.

Ignorei Melody e pelo jeito os outros também o fizeram.

Pude ver envolta que a diretora, e o restante dos alunos (que eram uns dois alunos), menos Ken estavam ali em volta, fora um estrondo enorme devido a queda da árvore, a chuva havia apagado as chamas.

De longe pude ouvir as sirenes dos bombeiros provavelmente.

As vozes se faziam presentes em meu pensamento elas estavam... Contentes... Pela primeira vez eu conseguira salvar essas pessoas, pela primeira vez eu sinto que as vozes me deixariam dormir... Mas tudo isso também me assustava... Fora a primeira vez em que eu salvei alguma vida... Agora as pessoas não vão reagir bem a isso... Por que elas apenas julgam... E isso é o que mais me deixa assustada.