Passei a tarde inteira arrumando meu malão, depois de ter colocado nele tudo que eu poderia precisar e mais alguns livros da autora trouxa Agatha Christie, ele ficou um pouco pesado e agora se encontra no canto do meu quarto junto à gaiola de Bichento.

       Então pego minha bolsa, a gaiola e o malão, seguro-os junto de mim, então giro o meu Vira-Tempo a quantidade de vezes indicadas por Dumbledore para voltar 29 anos no passado exatamente naquela data e horário. Depois de algum tempo, me encontro em um terreno vazio (que no futuro construiriam minha casa) no ano de 1974.

       Saio do terreno e fico parada na calçada com as minhas coisas, ergo a varinha e alguns segundos depois um ônibus roxo de três andares aparece à minha frente, letras douradas no pára-brisa me indicam que aquele é o mágico Nôitibus Andante. Embarco e pago a um rapaz de cabelos negros e olhos cinza a minha passagem.

      – Destino? – pergunta ele

     – Caldeirão Furado – respondo. Estava indo até lá pois Dumbledore havia me dito que seu eu do passado estaria lá, hospedado no quarto de número 429.

     Depois da angustiante viagem em alta velocidade chego até o bar-hospedaria; entrando lá começo a procurar por Dumbledore, que alguns segundos depois encontro sentado em uma mesa ao lado da janela, contemplando distraidamente a rua deserta na madrugada de Londres. Deixo minhas coisas em um canto escuro do bar sujo e vou até Dumbledore.

    – Professor Dumbledore?

    – Ah, olá. Sim, sou eu. E quem é você?

    – Sou Hermione Granger, prazer em conhecê-lo, senhor.

   Eu havia voltado quase 30 anos no passado e diretor tinha praticamente a mesma aparência que na época em que o conheci.

    – O prazer é todo meu, senhorita Granger. Por favor, sente-se.

    – Obrigada – sento e tento não parecer nervosa; embora Dumbledore tenha me garantido que seu eu do passado me ajudaria, isto não deixa de ser no mínimo bastante desconfortável, afinal, não é todo dia que uma desconhecida vem até você e diz “Olá, eu sou do futuro!” – Estou aqui para... bem... é meio estranho...

    – Minha jovem, não se preocupe, tenho muitos anos de vida e durante eles já vi muitas coisas estranhas.  – diz Dumbledore calmo – Por favor, continue.

    – Ah sim, bem...  – decido ir direto ao ponto  – eu sou do futuro! – isso não saiu do jeito que eu queria, soou mais estranho que imaginei e sinto minhas bochechas corarem enquanto o professor me observa sério – Ãh eu... eu posso provar!

    Tiro o Vira-Tempo de dentro das minhas vestes pendurado ao meu pescoço e entrego a ele, que ergue as sobrancelhas e examina o objeto. Depois de mais ou menos um minuto, ele finalmente diz:

    – Hum... Interessante... Explique-se, por favor.

   Fico alguns minutos explicando tudo a ele: sobre a minha viagem, meus motivos, a ajuda oferecida pelo Dumbledore do futuro... Por fim, eu digo:

    – Se o senhor quiser olhar na minha memória, usar um feitiço ou poção para ver se estou mentindo, tudo bem pra mim.

   Dumbledore me examina através dos oclinhos de meia lua por algum tempo e então sorri e diz:

    – Creio que isso não será necessário, senhorita Granger, não duvido do que diz.Compreendo sua curiosidade pelos Marotos e acho que será bastante interessante e divertido ajudá-la nessa viagem nada convencional; também acho que terá responsabilidade suficiente para embarcar nela, suponho que a senhorita saiba sobre os riscos de se mexer com o tempo. Já está tarde, temos muito a fazer, vou providenciar-lhe um quarto, provavelmente passaremos a noite planejando tudo. A acompanharei até King’s Cross  amanhã e tomarei todas as providências para sua entrada em Hogwarts.

    Eu não poderia estar mais feliz com a ajuda de Dumbledore, me sentia tão segura, pois era como se ele pudesse fazer qualquer coisa, resolver qualquer problema! E aqui vamos nós, juntos nessa experiência completamente nova!