Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 62
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, desculpem pela demora! Sei que faz duas semanas desde que postei o último, mas eu simplesmente comecei a escrever esse e não estava gostando do resultado, então reescrevi tudo de novo e ainda está longe de ter ficado como eu queria. No entanto, vocês não podem esperar muito tempo, então resolvi postar logo.
E já que este é o último, tenho um monte de coisas pra falar com vocês e sei que não vou conseguir escrever tudo nas notas iniciais kkkkk Então vou escrever embaixo mesmo e espero que não se cansem com minha falação, mas preciso fazer um discurso de fim de fic.



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Bom, essa fic surgiu num momento em que eu estava passando por uma fase difícil em que não conseguia me aceitar do jeito que sou e estava sofrendo problemas de complexo de inferioridade, ansiedade e baixa autoestima. Ainda sofro esses dois últimos, mas estou melhorando aos poucos e isso, em parte, foi com a ajuda de vocês que consegui superar. Sou daquelas tímidas que mal consegue se relacionar com os outros e que sempre inventa desculpas pra não freqüentar lugares cheios de gente. Escuto críticas desde a infância e hoje sou taxada de antissocial. Não sou antissocial, apenas introvertida. Não ligo de ser assim porque, por ser muito quieta, estou sempre criando histórias e imaginando coisas. Mas uma hora as críticas simplesmente se tornam perturbadoras e você fica pensando: “Por que eu sou assim?”, “Por que eu tinha que ser tão problemática?”, “Por que minha vida é tão difícil?”. Eu não sei o que é estar no fundo do poço, mas já tive a sensação de estar num buraco muito escuro. Era como se eu olhasse pra cima e todos estivessem rindo de mim. Eu estava terrivelmente infeliz e não achava que isso fosse mudar. Eu me achava – me desculpem o palavreado – uma bostinha e não conseguia ver um futuro pra mim. Talvez muitas de vocês não saibam o quão infernal é a vida de um tímido. Você olha em volta e se sente excluído, simplesmente porque não consegue puxar papo com as pessoas e acha que todos são melhores do que você. Você se sente humilhado quando fazem piadinhas com seu jeito de ser. Você se sente inferior simplesmente porque não foi chamado pra aquela rodinha de conversa. E muitas são às vezes em que você simplesmente quer sumir do mundo. Bom, pelo menos no meu caso. E o que uma bostinha como eu ia ser no mundo? Nada! Eu me imaginava tendo um emprego bostinha e vivendo uma vida infeliz até a morte.

Às vezes sinto raiva por ser assim. Sabem, eu queria ter sido uma pessoa normal, com muitos amigos, admirada pelas pessoas e querida por todos. Queria ser daquelas pessoas especiais que fazem falta... E me perturbava o fato de que todos ao meu redor me enxergavam (e ainda enxergam) como uma menina tímida, quieta e estudiosa e que vai ser sempre uma menina tímida, quieta e estudiosa. Eu mesma achei que fosse ser assim pra sempre e estou certa de que jamais conseguirei me livrar dessa timidez. Ela me incomoda o tempo todo e me faz mal, mas ainda assim é parte de mim. Reconheço que não seria quem sou hoje se já não tivesse passado por tantas coisas ruins. Às vezes o pensamento que me vem na cabeça é morrer ou sumir. Seria mais fácil sabem, ainda mais quando você pensa que ninguém além da sua família vai sentir sua falta se você desaparecer. Mas, devo dizer a vocês, essa fic me trouxe alegria e me ajudou a passar por toda essa fase difícil.

Não sei de onde surgiu a ideia pra uma fic com o Hook e com a Ruby porque até então eu nunca tinha visto nenhuma. Só sei que comecei a escrever e resolvi postar porque já tinha algumas fics no site que foram bem aceitas. E não é que a coisa deu certo? No começo eram quatro leitoras, depois dez, quinze, vinte... A fic chegou a 157 acompanhamentos! Se eu esperava por isso? Nunca! Gente, fico assustada com as proporções que essa fic tomou. 21 recomendações, mais de 12.000 acessos, 471 comentários (até agora), sem falar nos 66 favoritos. E isso só no Nyah! Depois comecei a postar no Spirit e as leitoras foram aparecendo aos poucos. Hoje há 114 comentários por lá, além de mais de 6.000 acesos e 57 favoritos. E os números estão aumentando.

Eu sempre disse que se não fosse por vocês, minhas fiéis leitoras, essa fic não teria passado nem do primeiro capítulo. Algumas de vocês foram personagens, coisa que adorei fazer porque sinto que assim vocês ficam ainda mais próximas da história. Mas além de leitoras e personagens, vocês são amigas. Sim, eu as considero amigas, apesar de não nos conhecermos pessoalmente. Vocês não fazem ideia do quanto me fizeram feliz com todos esses comentários. É a leitora que desmaia de emoção por um capítulo, a outra que gritou e foi chamada de louca pela mãe, a outra que vira a noite lendo, a outra que descobriu a fic por acaso, a outra que gostou tanto da história que até mostrou pra amiga, a outra que já chorou em algum capítulo... Pois é, já me contaram tudo isso nos comentários kkkkk Mas não só de risos eu vivi durante esse um ano e sete meses que a fic foi postada, já chorei também. Vieram elogios e mais elogios e eu me senti realmente agradecida por me dizerem que eu talento pra escrever. Eu às vezes me sinto um ninguém, uma bostinha qualquer, mas vocês me elogiam e me dão esperança. Já disse algumas vezes que meu maior sonho é publicar um livro. Tinha desistido porque não me achava boa o suficiente e tinha medo do julgamento das pessoas. “O que vão achar?”, “E se não gostarem?”, “E se disserem que eu não sei escrever?”. Vocês me provaram o contrário e é por isso que hoje agradeço a vocês, por terem me mostrado que tenho um talento e por terem me dado esperança.

Só tenho a agradecer por tudo. Não agradeço apenas pelos comentários e recomendações, mas também os elogios, as palavras de apoio e todo o carinho. Não fazem ideia de como é, pra uma pessoa tímida e que tem poucos amigos, chegar aqui e se sentir querida pelas pessoas. Vocês são demais! ♥

E fico realmente feliz por saber que amam a fic. E que bom que proporcionei a vocês alguns minutos de entretenimento. Escrever essa fic foi minha felicidade porque escrever é o que realmente amo fazer. Também fico feliz de saber que tenho fãs kkkk Vocês são umas fofas ♥ E muito obrigada por acompanharem minhas outras fics, a opinião de vocês significa muito pra mim e é bom saber que vão ler meus livros se algum dia eu publicá-los. Não tenho palavras pra descrever o quanto sou grata a vocês. E já estou chorando só de escrever esse texto, mas eu tinha que dizer tudo isso pra vocês.

E meninas, nunca permitam que de alguma forma as pessoas humilhem vocês ou as coloque pra baixo. Lembram do que a Emma disse pra Ashley na primeira temporada? “As pessoas vão te dizer quem você é o tempo todo. Você tem que revidar e dizer: ‘não, esta sou eu’”. Jamais permitam que as pessoas humilhem vocês de alguma forma ou sei lá, se achem no direito de dizer quem vocês são. E outra coisa, não engulam sapos. Eu sempre abaixei a cabeça e aceitei tudo calada. Posso dizer a vocês que a sensação é horrível, você fica se sentindo sufocada por um sentimento de rancor pelas pessoas que te fizeram mal. Infelizmente, sempre vamos encontrar pessoas desaforadas por aí. Muitas pessoas, como eu, às vezes não têm forças pra responder e agüentam tudo caladas. Não façam isso! Respondam à altura, nem que seja só pra mostrar o dedo do meio kkkkkkkk

E se querem escrever, simplesmente escrevam! Não pensem nas críticas ou no que as pessoas vão dizer. Já tive que convencer algumas escritoras inseguras por aí. Não fiquem com medo, apenas postem suas histórias, ou tentem publicar seus livros. Sabe, se você não tentar, nunca vai saber o que vai acontecer. Essa fic mesmo jamais chegaria onde chegou se eu não tivesse decidido postar. Ficarei feliz em acompanhar suas histórias, então sintam-se à vontade pra me mandar links. Também adoro mensagens e adoro papear com minhas leitoras kkkk Já troquei mensagens com várias de vocês e adoro essa interação entre escritor e leitor.

Ficarei feliz se acompanharem minhas fics novas e se lerem minhas shots. Deixarei os links no fim. Não fiquem tristes pelos fim dessa fic, é um começo e não o fim. Enfim. Deixo aqui meu muito obrigada a vocês, leitoras maravilhosas. Eu adoro cada uma de vocês ♥

Dez anos depois

– Esse vestido é meu! - bradava Hanna.

– Não é não, o papai me deu! – replicou Meghan(1).

– Eu já disse que este é meu, o seu é o azul!

– Mas eu quero o rosa!

– Nada disso, o rosa é meu! – Cristine se intrometeu - O da Hanna é o verde e o seu, Meghan, é o amarelo.

– Você não sabe nada, Cristine! O vestido rosa é meu e o azul é o da Meghan.

– Mas eu peguei o rosa primeiro!

– O papai me deu! – Meghan bateu o pé, ainda agarrada ao vestido rosa que Hanna teimava em dizer ser dela - Vocês duas são tão egoístas...

– Egoísta aqui é você, Meghan! – gritou Hanna, agarrada a um parte do vestido - O papai já te deu o azul, o rosa é meu.

– É meu! – berrou Meghan

– Nada disso, é meu! – cismou Cristine.

As três se agarraram ao vestido, cada uma tentando tomá-lo para si. Por fim, tanto puxaram que acabaram rasgando-o em três partes.

– Meu vestido! – Meghan berrava - Vocês arruinaram meu vestido! Eu vou contar pro papai!

– Isso mesmo, vai correndo contar pro papai, é só isso que você sabe fazer. – Hanna largou a parte rasgada que ainda segurava.

– Vocês vão ver quando ele chegar – Meghan ameaçou – Vou contar que destruíram meu vestido e ele vai botar vocês de castigo.

– Pois pode contar – Cristine cruzou os braços, indiferente – Não temos medo de você.

– E sabe do que mais? – a mais velha sorriu maldosamente – Vou contar que a Cristine beijou o Colin...

– Não! – Cristine enrubesceu – Não faça isso, Meghan, por favor...

– Então vai ter que fazer o que eu mandar.

– Tudo bem...

– Não seja boba, Cristine – falou Hanna – Se ela contar sobre o Colin, eu conto ao papai que foi ela a responsável pelo acidente da farinha.

– Você não faria isso – Meghan arregalou os olhos.

– Ah faria sim! Pode apostar!

Há quase uma semana, Meghan derrubara uma das carroças que transportava sacos de farinha. Eles perderam todo o carregamento, já que os sacos rolaram ladeira abaixo e explodiram lançando poeira branca pra todo lado. Killian e Ruby consideraram aquilo como um acidente, sem imaginar que fora causado por sua filha mais velha.

– Droga! Que traidora! Vocês duas são traidoras, sabiam? Não se pode confiar nem nas irmãs mais...

– Olha só quem fala – Hanna gargalhou – Você vive nos ameaçando e depois diz que somos traidoras.

– Ah quer saber? – Meghan cruzou os braços e empinou o nariz - Já estou cansada de vocês duas. E sabem de uma coisa? Vou pedir ao papai um vestido novo, bem mais bonito do que esse aí que estragaram...

– Ele não vai te dar um vestido novo – Cristine falou – Sabe o que ele vai dizer? Meghan, querida, você já tem muitos vestidos...

Hanna riu com a imitação que Cristine fez do pai e Meghan continuou de nariz empinado.

– É claro que ele vai me dar, porque vou dizer a ele que vocês são duas egoístas e que não me emprestam seus vestidos...

– E acha que ele vai acreditar? – riu Hanna – O papai não é bobo, ele sabe que você faz de tudo pra se dar bem.

– Isso não é verdade!

– É sim! Ele e a mamãe vivem dizendo que você é uma espertalhona!

– É mentira! Eu não faço nada disso...

As três começaram a brigar e logo estavam se atracando. Ruby escutou a barulheira e correu escadaria acima, em direção ao quarto das garotas.

– Mas o que estão fazendo? Que barulheira é essa?

A mãe tentava separar as filhas. Cristine e Hanna se uniram contra Meghan e agora puxavam a irmã pelo cabelo. Cristine acabou largando Meghan quando viu a mãe e então Ruby foi capaz de separar as outras duas.

– Que pensam que estão fazendo? – a mulher pôs as mãos na cintura, olhando de uma garota para a outra – O que eu disse sobre essas brigas?

– A Meghan quem começou – justificou Hanna.

– É mentira, mãe – Meghan cruzou os braços e exibia uma expressão de inocência – Elas sempre implicam comigo.

– O que foi que aconteceu? – perguntou Ruby, notando o vestido rasgado a um canto – Aquele não é o vestido da Hanna?

– Viram? Eu disse que era meu. Elas estragaram meu vestido...

– Meghan, isso é verdade?

– Aquele vestido era meu – a mais velha justificou enquanto ajeitava os cabelos – o papai me deu e Hanna o tirou de mim.

– Não é verdade, mãe – Hanna voltou a dizer – O vestido já era meu desde o início. A Meghan é uma invejosa e quer tudo pra ela.

Recomeçaram a discutir e Ruby suspirou. Era sempre assim no castelo dos Jones. Uma hora elas brigavam demais, outra hora agiam como melhores amigas e depois já estavam brigando de novo. Ruby esperou pacientemente até que elas parassem os gritos e então voltou a encará-las.

– O que ensinamos a vocês sobre dividir? – ela perguntou calmamente – O que custa dividirem as coisas entre si? Hanna, querida, porque não emprestou o vestido à sua irmã? E Meghan, você poderia ser mais paciente. Olhem só a Cristine, ela nunca reclama de nada.

– Ela é uma boba! – exclamou Meghan.

– Olha ela, mãe! – Cristine choramingou.

– Meghan, não fale assim da sua irmã. Peçam desculpas uma a outra.

Fizeram como a mãe mandara e dali a pouco já tinham feito as pazes. Ruby riu. Essas meninas...

A Rainha desceu pela escadaria circular. Lá embaixo, Junior brincava com os irmãos. Os pestinhas corriam pelos corredores, fingindo serem piratas. Ela riu e balançou a cabeça. “A cada dia mais parecidos com o pai”, pensou.

– Meninos, não corram tanto – pediu.

– Oi, mamãe! – Killian Junior sorriu. Era igualzinho ao pai, sem tirar nem por – Somos piratas! Quer ver nosso navio?

– Vocês tem um navio, é? – ela achou graça e os garotos a puxaram até o pátio do castelo.

– Temos sim, e eu sou o capitão. – Junior disse, todo orgulhoso – Um dia vou ser que nem o papai. Está vendo como meu navio é bonito?

O navio nada mais era do que um pequeno barco furado. Os garotos eram criativos e na imaginação deles aquele barco se tornara palco das mais diversas aventuras. Killian incentivava os garotos, contando-lhes histórias de suas peripécias no mar. Para as crianças, Gancho e Chapeuzinho eram verdadeiros heróis.

– É um belo navio – ela entrou na brincadeira das crianças – Mas porque os marujos não estão fazendo nada? Vejam, há tanta coisa a se fazer...

– Vamos, homens, ao trabalho! – ordenou Junior e a mãe riu, bagunçando seus cabelos.

Ruby se afastou na direção da cozinha. O cheiro que vinha de lá já anunciava o maravilhoso banquete que estava sendo preparado. Era aniversário das trigêmeas e haveria uma grande festa. Pessoas de todos os reinos foram convidadas e as garotas mal viam a hora de encontrarem as amiguinhas.

– Como estão indo? – ela parou à porta da cozinha. Havia todo tipo de guloseimas sendo preparadas e Vovó e Anita ajudavam John, que era o cozinheiro oficial do castelo.

– Estamos quase terminando – disse Anita – Escutamos os gritos que vinham lá de cima, as garotas brigaram de novo?

– Bem, vocês sabem como elas são. – Chapeuzinho caminhou por entre as mesas, admirando a quantidade de comida - Incrível como a Meghan é igualzinha ao Killian, quer tudo só pra ela.

– Eu sabia que uma delas ia puxar ao pai, aquele egoísta arrogante – riu a avó, espancando uma massa de pão – A propósito, querida, por onde anda o pirata metido?

– Vovó... não fale assim do Killian.

– Ora, sabemos que ele vai ser sempre um pirata cafajeste, não importa ter sido coroado Rei...

Ruby riu e foi ajudar a mãe com uma calda de morango.

– Ele saiu numa missão – disse, enquanto virava açúcar numa panela – Espero que chegue a tempo da festa. As meninas ficariam magoadas se ele não estivesse aqui.

Enquanto isso, há algumas milhas do castelo, Killian e sua tripulação navegavam a todo pano.

Quando voltaram à Floresta Encantada e tiveram de reconstruí-la, acabaram tendo que reconquistar todo o território que fora tomado por ogros e monstros horripilantes. Gancho e seus marujos percorreram os sete mares, livrando a Floresta dos perigos causados pelos monstros do mar. Seu esforço fora reconhecido e ele acabou sendo coroado Rei dos Sete Mares. Agora, sendo Rei, ele abandonara definitivamente sua vida de pirata, mas velhos hábitos nunca morriam.

– Vamos, homens, temos que chegar a tempo – ele gritou para os companheiros, enquanto girava o leme com destreza. – Imediato!

– Sim, Capitão? – Smee veio correndo até ele.

– Trace a rota mais rápida, temos que chegar antes do anoitecer.

– Sim, Capitão.

Smee correu a apanhar seus mapas e Gancho ficou preocupado com a possibilidade de não chegar a tempo para o aniversário das filhas. Vez ou outra ele saía com sua tripulação para defender o perímetro. Era comum que monstros marinhos fossem avistados por pescadores e nessas horas a Marinha era chamada. Killian geralmente mandava seus melhores homens, mas dessa vez resolvera acompanhá-los e prometera às meninas que chegaria à tempo para a festa. Elas entendiam que o trabalho do pai era importante, mas ficariam chateadas se ele não aparecesse.

– Ele vai estar aqui – dizia Hanna – Quando foi que nosso pai já quebrou uma promessa?

As três irmãs já tinham esquecido a briga e agora se arrumavam para a festa. Hanna estava vestida de amarelo, Cristine de branco e Meghan de rosa.

– Mas ele pode estar há milhas de distância – falou Meghan – Sem falar que imprevistos podem acontecer.

– Ele vai chegar – disse Cristine – Eu sei que vai.

Junior entrou no quarto das garotas e elas gritaram com ele por ter entrado sem bater. Ele riu maroto – do mesmo jeito que o pai fazia – e se desculpou.

– Só vim avisar que o tio Will chegou e trouxe presentes.

– Presentes! – as três gritaram ao mesmo tempo e correram escada abaixo, quase derrubando o irmão mais novo.

Will quase acertou quando disse que Ruby e Killian iam ter quinze filhos. Na verdade eles tiveram nove.

Dois anos após o nascimento das trigêmeas, Chapeuzinho engravidou de Killian Junior. Foi uma alegria e tanto quando Gancho descobriu que iam ter um menino. Eles tinham acabado de se mudar para seu novo castelo, o que foi realmente uma coisa boa, já que o navio estava ficando pequeno pra tantos bebês. Anos depois, Ruby teve mais uma gravidez múltipla, desta vez de gêmeos fraternos. Ben e Sophie tinham apenas dois aninhos, mas já aprontavam várias travessuras. Já Evan, Sean e Ethan foram adotados por Gancho quando ele retornou à Terra do Nunca. Embora não fossem seus filhos biológicos, Ruby e Killian os amavam muito.

Will e Tink estavam no pátio do castelo com sua filha Raquel(2). Animadas pela chegada dos tios e da prima, as garotas quase os derrubaram quando vieram cumprimentá-los. Tink sempre dizia que as meninas eram furacões, sempre derrubando tudo por onde passavam.

– Como cresceram! – Will comentou – Andaram comendo fermento?

– Queria que ficássemos do mesmo tamanho pra sempre, tio Will? – riu Hanna.

– Francamente, não somos o Peter Pan! – exclamou Meghan, fazendo todos rirem.

– Vamos aos presentes – Will apanhou um dos presentes e se atrapalhou todo, sem saber quem era quem – Este aqui é seu, Meghan.

– Eu não sou a Meghan, sou a Hanna.

– Eu sou a Meghan. Francamente, é tão difícil diferenciar?

– Eu não tenho culpa se vocês são todas iguais. – ele se desculpou.

– Elas não são iguais – Tink balançou a cabeça – Francamente, Will, qualquer idiota sabe diferenciar as meninas.

– É mesmo? Aposto que nem o Killian sabe qual é qual.

– É claro que ele sabe – Ruby apareceu atrás deles – Acha que não conhecemos nossas próprias filhas?

As meninas podiam até ser iguais fisicamente, mas suas personalidades eram totalmente distintas. Meghan era a mais velha e a mais egoísta. Era a que mais se parecia com o pai e as pessoas sempre comentavam o quanto ela era atrevida e indiscreta. Já Hanna, a filha do meio, era inteligente como a mãe e irônica como o pai, uma mistura dos dois. E Cristine era a mais parecida com Ruby, sempre meiga e justa. Killian dizia que um dia ela ia ser como a mãe e ia lutar em defesa dos fracos e oprimidos.

As garotas foram brincar na praia sob a supervisão dos adultos. O castelo dos Jones era bastante simples, mas bem bonito. Era todo branco por fora e composto por quatro torres altas, um pátio grande e um fosso. Ficava sobre uma pequena colina à beira-mar, perto de um grande porto, e as crianças adoravam brincar na praia.

Killian, a princípio, não sabia bem como agir como um Rei, afinal, ele fora um fora da lei por muito tempo. Mas sua esposa, sendo uma princesa, o ensinou tudo sobre as obrigações de um Rei e agora os dois zelavam pelo bem estar de seu povo.

– Cadê o Killian? – perguntou Tinker Bell, seus cabelos loiros iluminados pela luz do sol.

– Foi defender o perímetro – respondeu Ruby - avistaram um Kraken há umas milhas daqui. Só espero que estejam bem...

– Oh, Killian é esperto. Quando foi que ele não voltou são e salvo de uma aventura?

Ruby teve que concordar.

O Rei tinha um exército formado tanto por soldados quanto por marinheiros. Ele possuía uma pequena frota de navios e vez ou outra mandava seus marujos em missões que visavam a defesa das fronteiras ou o suporte à pescadores que foram atacados por monstros do mar. O Sr. Smee continuou a ser seu braço direito e era, na maioria das vezes, o responsável por trazer os homens são e salvos. Charlotte(3), que ainda amava sua vida de corsária, acabou sendo empregada por Killian e agora liderava os homens em algumas batalhas e missões.

As meninas construíam castelos de areia e molhavam os pés na água. Já os garotos estavam no meio de uma batalha e fingiam lutar com o tio Will. As crianças olhavam para o horizonte a todo momento, esperando por seu pai. Ruby torcia pra que Killian chegasse logo, ou as meninas ficariam realmente chateadas. Junior sem querer destruiu um dos castelos de areia e as garotas fizeram um escândalo.

– Não é justo, mamãe, ele sempre destrói nossas coisas – reclamou Hanna, quando Ruby ralhou com elas.

– Ele não fez por mal, querida.

– Ah você sempre o defende – disse Meghan – Os mais novos são sempre protegidos pelos pais.

– É por isso que eu gosto de ser filha única – comentou Raquel e todos riram. Raquel era uma mini cópia da mãe: loira, pequena e graciosa. Sendo meio humana meio fada, ela tinha uma forte inclinação para o bem e gostava de ajudar as pessoas. Pelo visto Will ia ter muito trabalho quando ela crescesse e atraísse os olhares masculinos.

– Tia Tink, você não pensa em ter mais filhos? – perguntou Ethan, de oito anos.

– Ah não, essa aí já me deu muito trabalho – ela respondeu, balançado os cabelos e esticando as asas. Elas brilharam sob a luz do sol e as crianças pararam para admirá-la. Logo estavam pedindo pra que ela sobrevoasse o castelo, como se já não tivesse feito isso milhões de vezes – Está bem, está bem, mas esta é a última vez.

Tinker Bell encolheu ao tamanho de fadinha e sobrevoou por ali com suas asinhas batendo como sinos. Ela acabara por recuperar suas asas depois que a Fada Azul reconheceu seus atos bondosos para com as pessoas. Tink ficou muito feliz por voltar a ser uma fada e agora revezava seu tempo ajudando as pessoas e levando mensagens de um reino ao outro. A garotada aplaudiu quando ela pousou e voltou ao tamanho de uma pessoa normal e Tink apenas riu com a alegria das crianças.

– Por que a Raquel não tem asas? – indagou Hanna, que era muito curiosa.

– Ora, porque ela não é inteiramente fada – disse Will, deitado na areia – E é melhor assim porque ela já é bonita demais sendo humana e já atrai olhares demais.

– Papai... – Raquel enrubesceu e as trigêmeas riram.

– Você e Killian são iguaizinhos, sabia? – riu Ruby.

– Ora, temos que proteger nossas filhas – ele justificou. Com sua habilidade em lutas corporais e sua experiência na fabricação de armas, Will tornara-se um nobre guerreiro e agora fazia parte da cavalaria de seu irmão. Ele era apaixonado pela filha e acabara ciumento como o irmão.

– Um navio! – Raquel apontou o pontinho que se aproximava ao longe. Era um navio de velas azuis, que reconheceram como sendo do príncipe Eric.

O navio atracou no porto e uma Ariel sorridente veio até as meninas.

– Há quanto tempo! – ela disse, quando as meninas se agarraram a ela – Estão enormes!

– Por onde estiveram? – perguntou Hanna.

– Passamos um tempo em Agrabah, no castelo de minha amiga Jasmine. Trouxemos algumas lembrancinhas de viagem.

Depois de se casar com Eric, Ariel tornara-se princesa e os dois viviam viajando. Tiveram três filhos: Kyle, Alene e Dayse. Eles se juntaram aos Jones e as crianças corriam pela praia e jogavam areia pra todo lado.

– Meninas, vão acabar se sujando – disse Ruby.

Will entrou na brincadeira das crianças e deixou que o enterrassem na areia. Tinker Bell revirou os olhos diante da infantilidade do marido. Animados com a chegada da “Tia Sereia” como chamavam Ariel, as crianças pediram que ela tirasse a pulseira que lhe dava pernas e assim ela o fez, mergulhando no mar.

– Olhem o que eu encontrei – ela disse, quando recolocou a pulseira e caminhou até a praia – Uma estrela-do-mar.

Todos se juntaram em volta dela pra ver e Tinker Bell riu com a agitação das crianças.

– Eles têm admiração por tudo – comentou – A propósito, Ruby, você já contou ao Killian?

– Ainda não, mas vou contar...

– Olhem lá, o papai está vindo! – Cristine apontou para o pontinho ao longe, que ela reconheceu como sendo o navio do pai.

De fato, Gancho e sua tripulação estavam chegando. Por sorte encontraram uma rota mais rápida e conseguiram chegar a tempo para a festa. O enorme navio atracou no porto, com suas velas brancas esvoaçando com o vento. Killian mandara construírem uma réplica do Jolly Roger e ele fora todo feito de uma madeira encantada que resistia a qualquer coisa. O homem desceu pela rampa do navio e as crianças correram até ele.

– Ei, não me deixem aqui! – protestou Will, quando os sobrinhos o abandonaram enterrado na areia. Tinker e Ruby riram e se apressaram a desenterrá-lo.

– Papai! – as trigêmeas alcançaram o homem, que as recebeu de braços abertos.

– Ei, uma de cada vez! – ele disse, segurando Hanna com um braço e Cristine com o outro. Meghan pulou em seu pescoço e os quatro gargalharam quando caíram na areia fofa da praia – Ah suas pestinhas! Senti falta de vocês.

Junior, Sean, Evan e Ethan também vieram e Killian quase morreu sufocado com tantas crianças em cima dele.

– Ei, me deixem respirar – ele ria, em meio a uma bagunça de braços e pernas.

– Por que demorou tanto? – perguntou Hanna, levantando-se e espanando a areia do vestido.

– Tivemos que enfrentar um Kraken – ele explicou – E ficamos meio perdidos depois que Smee errou o caminho.

– Deve ter sido uma aventura e tanto – disse Cristine.

– Ah, foi mesmo!

– Papai, deixa a gente subir no navio? – pediu Junior, como se já não tivesse passeado pelo navio milhões de vezes.

– Está bem, mas não tirem nada do lugar hein?

As crianças correram rampa acima e os marujos riam com suas perguntas. Curiosas como a mãe, diziam, lembrando-se de quando Ruby ainda era prisioneira de Killian e fazia milhões de perguntas. Entraram na cabine do pai, que era igualzinha a que ele tinha no primeiro Jolly Roger, e deram uma olhada em seus mapas. Desceram ao porão e as meninas gritaram quando viram um rato. Foram até a cozinha, onde o novo cozinheiro guardava as panelas. Por fim voltaram ao convés, onde encontraram o Sr. Smee.

– Oi, senhor Smee, como tem passado? – Cristine perguntou educadamente ao marujo gordinho.

– Muito bem, obrigado.

– Onde estão Ellanor e Zoe? – perguntou Hanna.

– Devem estar vindo por aí – o marujo olhou para o céu – Foram a um convenção de bruxas há umas milhas daqui, mas já devem estar chegando.

Ruby subiu para o navio e Killian a puxou para um beijo apaixonado. As crianças fizeram cara de nojo, com exceção de Cristine, que achava o amor dos pais a coisa mais linda desse mundo.

– Como vai minha Rainha? – ele perguntou, segurando-a pela cintura.

– Melhor agora que você chegou – ela sorriu – Senti sua falta.

– Também senti sua falta.

Eles voltaram a se beijar e as trigêmeas reviraram os olhos e comentaram que aqueles dois nunca desgrudavam um do outro. Meghan pigarreou chamando a atenção dos pais e os dois finalmente se separaram.

– Ah sim, os presentes – disse Killian e apanhou alguns embrulhos em sua cabine – Este é seu Meghan.

– Um vestido novo! – ela exclamou, tão logo abriu o embrulho – Viram? Este é só meu.

As outras duas também ganharam vestidos e o pai se desculpou por não ter tido tempo de comprar uma coisa melhor.

– Papai, eu estava pensando... – começou Meghan – Eu queria um pônei...

– Eu também quero! – exclamaram as outras duas.

– E eu posso ter um cavalo? – pediu Evan.

Logo todos queriam pôneis e cavalos e os pais concordaram.

– Vocês podem ter, mas tem que se comprometer a cuidar deles – disse Ruby.

– E vamos precisar construir um estábulo – falou Killian.

– Eba! Vocês são os melhores pais do mundo! – exclamou Junior e logo as crianças juntaram em volta dos pais, abraçando-os.

O Rei e a Rainha riram e as crianças correram a contar a novidade para os amiguinhos.

– A cada dia mais parecidos com você – comentou Chapeuzinho.

– Você quer dizer inteligentes, lindos e charmosos como eu? – ele sorriu daquele jeito convencido que Ruby adorava.

– Não – ela gargalhou – Que convencido! Eu quero dizer, é claro que eles são inteligentes e lindos como você, mas também herdaram sua bravura e sua tendência natural para encrencas.

Ele riu.

– Ora, não podemos esquecer que eles são curiosos e encantadores como você.

– Eu sou encantadora?

– É claro, por que acha que me apaixonei?

Eles riram e caminharam de mãos dadas até o castelo. Os marujos de Killian, que agora estavam do lado da lei, ficaram por ali conversando e contando piadas. Beto voltara a ser carpinteiro e cuidava dos navios de Killian. Ele e Mabel tiveram quatro filhos: Enzo, Charles, Donna e Lana. Já Jack continuou a ser o Mestre do navio. Ele se casara com Riley Sullivan(4) e tivera dois filhos: Thomas, de oito anos, e Stella de seis.

Voltaram para o castelo porque o sol do meio-dia estava escaldante. A festa ainda seria dali a algumas horas e as meninas ocuparam seu tempo ajudando na arrumação do castelo. Mesas e cadeiras foram postas no pátio e as garotas ajudaram o cozinheiro a transportar a comida até lá.

– Devo dizer, o John sempre se supera – comentou Gancho e Ruby lhe deu um tapa na mão quando ele fez menção de roubar um docinho – Ai! Eu estou com fome.

– Se ficar comendo não vai sobrar nada pra festa - ela disse.

A Vovó veio carregando a pequena Sophie num braço e Ben no outro. Ela parecia um tanto zangada com os gêmeos.

– O que aprontaram dessa vez? – Ruby pôs as mãos na cintura e fingiu estar brava.

– Eu fiz nada – Sophie disse com toda sua inocência de bebê de dois anos e ergueu as mãozinhas sinalizando que queria o colo da mãe.

– Esses pestinhas inundaram a cozinha outra vez – disse a Vovó, torcendo a barra do vestido, que tinha molhado um bocado – e ainda por cima furaram os sacos de farinha.

Os gêmeos riram travessos e a família toda começou a rir junto. Era de se esperar que os filhos de Killian Jones fossem todos uns traquinas, já que ele mesmo fora terrível quando criança.

– Peçam desculpas a vovó – disse Gancho, carregando Ben.

– Diculpa, vovó – os dois disseram juntos, piscando os olhinhos verdes que herdaram da mãe.

– Ah esses meninos – riu a avó e voltou para a cozinha.

Gepeto estava por ali consertando um relógio. Ele e a Vovó não se casaram, mas eram namorados e por isso as crianças o chamavam de vovô.

– Papa, adê o gancho? – perguntou Sophie apontando a mão defeituosa do pai.

– Ah, eu o tirei, querida, porque sua mãe diz que aquela coisa assusta vocês. – ele respondeu gentilmente. Os gêmeos não sabiam falar direito ainda, por isso o chamavam de papa e Ruby era a mamã.

– Você devia era usar uma mão falsa – disse a Rainha – Onde já se viu, um Rei que tem um gancho na mão...

– Ora, pois eu não seria o Rei Gancho se não tivesse um gancho no lugar da mão.

Ela balançou a cabeça e Gancho gargalhou.

James chegou acompanhado de Mabel e Riley e as crianças se juntaram em volta do avô. Ele abandonara a vida no mar e agora se dedicava à agricultura. Vez ou outra ele participava de alguma expedição, mas nunca mais liderou como capitão.

– Vovô, conta de novo aquela história de como reencontrou seus filhos – pediu Meghan, sentando-se no colo de James.

– Outra vez, Meghan? Já não ouviu essa história milhões de vez?

– É que fica mais legal a cada vez que o senhor conta.

James riu e narrou a mesma história pela décima vez. A essa altura, os filhos de Gancho e Chapeuzinho já conheciam a história de amor dos pais de cor, de tanto que já tinham escutado a narração dos fatos. Killian, é claro, sempre exagerava em suas histórias e com isso conquistava a admiração das crianças.

Dali a pouco Hanna quis ouvir mais uma vez a história de quando seus pais, Anita e Vovó enfrentaram um lobo. Gancho estava no meio da narração quando Will imitou um lobo e todo mundo gargalhou.

– Will, francamente, não me envergonhe – Tinker Bell ralhou.

– Olha lá a Ellanor! – Junior apontou para cima. Ellanor vinha veloz em sua vassoura, com uma garotinha na garupa. Ela e Smee tinham tido uma filha, que se chamava Zoe e herdara talento para a magia.

– Desculpem o atraso, pessoal – ela disse, pousando com sua vassoura – Olá, meninas, trouxemos presentes.

Zoe era uma menininha de cinco anos e era muito parecida com a mãe. Algumas crianças tinham medo dela, mas Zoe era inofensiva e não machucava ninguém. Ela logo se juntou às amiguinhas, que pediam que ela fizesse truques simples de magia e Ellanor ficava toda orgulhosa.

– Estão vendo? Minha filhinha é muito talentosa!

Depois vieram David e Mary com seu filho Oliver, de nove anos. Eles ainda eram Rei e Rainha, o que fazia de Emma uma princesa. Viviam no mesmo castelo, que fora restaurado por Regina e os anões, e ficava há poucas milhas de distância dali.

– Como estão crescidas – disse Mary, beijando as sobrinhas – Parece que crescem mais a cada dia.

– Por que todo mundo diz que estamos crescendo? – Meghan pôs as mãos na cintura – Esperavam que ficássemos pequenas pra sempre?

Todos riram. Branca disse que Emma e Graham viriam mais tarde e que Henry e Grace estavam a caminho.

– Tia Mary, você ainda vai ser nossa professora? – perguntou Hanna, encarapitada no colo da tia.

– Ah não, vocês agora já são bem grandinhas pra continuarem sendo minhas alunas. – Mary disse – Agora vão ter aulas específicas.

– Quer dizer que vamos ter aula com o papai e com o tio David? – perguntou Meghan, os olhinhos brilhando.

– É claro que vão e é bom que se comportem na minha aula, ou teremos problemas – falou Killian.

David apenas riu e disse que não dava aulas pra garotas. As três ficaram indignadas.

– Mas por quê? – indagou Cristine.

– Isso não é justo, só os meninos podem aprender a lutar? – dizia Meghan.

– E não podemos andar a cavalo só porque somos mulheres? – disse Hanna.

– Vocês podem andar a cavalo, mas não precisam saber lutar – explicou Encantado – É por isso que vão ter aulas de economia doméstica.

– Eu não vou ser dona-de-casa – reclamou Meghan e todo mundo riu.

Uma escola tinha sido construída, tão logo retornaram à Floresta Encantada. Era um enorme castelo à beira-mar, ladeado por florestas. Embora Mary, David e Killian fossem da realeza, também dedicavam uma parte do tempo dando aulas. Mary ensinava as crianças até dez anos e a garotada a adorava. David se dedicava à ensinar os garotos a cavalgar e a lutar, para posteriormente se tornarem soldados. Já Killian dava aulas de astronomia e navegação.

A estrutura curricular era basicamente a mesma que tinham em Storybrooke. Até os dez anos os estudantes passavam pela educação básica e tinham apenas um professor. Eles tinham aulas de inglês, história, geografia e noções básicas de matemática. Também tinham aulas de higiene, alimentação e cuidados com a natureza.

Depois, aos dez anos, passavam para a educação avançada, onde tinham vários professores e optavam por escolher suas aulas. Havia aulas de economia doméstica, em que as meninas aprendiam a cozinhar, costurar e cuidar de bebês. Gepeto dava aulas de marcenaria e Ellanor e Regina ajudavam pequenos bruxos a controlarem seu poder. Algumas meninas se matriculavam em aulas de etiqueta, outras preferiam as aulas de cuidados com hortas. Queriam inserir aulas de latim ao currículo, mas Ruby se recusava a lecionar, já que mal tinha tempo pra cuidar dos filhos e cumprir com suas obrigações de Rainha.

– Você não precisa ser dona-de-casa, querida – riu Gancho – Garanto que vai ser uma ótima Rainha quando nos aposentarmos.

– Rainha? Eu queria ir atrás das aventuras – respondeu Meghan – Como você e a mamãe...

– É, você pode ir atrás de aventuras, desde que não se meta em encrencas – concordou Chapeuzinho.

August e Kate(5) chegaram com os filhos gêmeos Kayla e Colin. August ainda era escritor e suas histórias emocionavam as pessoas. Já Kate se dedicava à cuidar das crianças e da pequena fazenda em que moravam. Cristine enrubesceu e as irmãs lhe lançaram sorrisos marotos, já sabendo de sua queda por Colin. Se Gancho soubesse que eles tinham se beijado, ficaria muito zangado.

– O que o papai diria se soubesse do seu namoradinho? – uma Meghan maldosa sussurrou para a irmã.

– Não se atreva a contar, Meghan – falou Hanna, que sempre ficava do lado de Cristine.

– Eu não vou contar, mas há sempre a possibilidade de ele descobrir sozinho.

– Ele não é meu namorado – Cristine estava mais vermelha do que o vestido de Kate – Somos apenas amigos...

Henry e Grace chegaram à cavalo. Os dois tinham se casado e, tal como Ariel e Eric, viviam viajando.

Depois vieram Graham e Emma. Emma, ainda acostumada a seu trabalho de Xerife, ocupava-se em patrulhar as fronteiras do reino de seus pais e ainda tinha tempo de agir como princesa e comparecer a bailes. Graham, habituado a seu trabalho com animais, cuidava dos cavalos de Branca e acompanhava Emma nas patrulhas. Os dois tinham se casado e tiveram uma filha: Lea.

– Oi, prima, como está bonita! – comentou Cristine.

– Obrigada, prima – Emma sorriu – Você também está linda.

Emma agora usava vestidos, mas ainda guardava sua famosa jaqueta vermelha como lembrança de sua antiga vida como órfã.

– A minha mãe ainda não chegou? – Henry procurava por Regina.

A Rainha Que Não Era Mais Má, como agora a chamavam, acabara por encontrar o homem da tatuagem de leão. O nome dele era Robin Hood e Regina torceu o nariz quando descobriu que o homem era um ladrão. Ele roubava dos ricos para ajudar os pobres e logo se apaixonou pela Rainha quando invadiu seu castelo pra lhe roubar. Os dois brigavam como cão e gato e quando ela se deu conta de que também o amava, admitiu seus sentimentos e os dois se casaram. Robin tinha um filho de dezessete anos, chamado Roland, e teve outro filho com a Rainha, chamado Ryan.

– Ah, vocês sabem como é a Regina – disse Mary – Ainda deve estar se arrumando.

De fato, Regina e Robin chegaram algum tempo depois e o homem reclamava da esposa, que sempre se atrasava.

– Quieto, Hood! – ela retrucou – Eu sou uma Rainha, devo estar sempre bem arrumada.

Ela podia ter ficado boa, mas não se livrara de sua arrogância.

As crianças corriam pra todo lado. Brincavam de piratas e logo começaram a brigar porque todos queriam ser o capitão do navio. Gancho teve que interferir e logo decidiu que ele é quem seria o capitão. As crianças adoraram o fato de um pirata de verdade entrar na brincadeira e Ruby riu ao ser “seqüestrada” pelos pequenos marujos.

– Homens, levem a prisioneira para o porão – ordenou Gancho e as crianças amarraram a Rainha e a puseram sentada num canto.

– Querido, não está levando isso muito a sério? – ela perguntou, tentando se livrar das cordas que a prendiam.

– Oh não... – ele riu maroto - Sabe, eu adoraria seqüestrá-la de novo, mas acho que não funcionaria tão bem como da primeira vez. – ele piscou e Ruby apenas riu. Uma vez pirata, sempre pirata.

Ethan e Sean implicavam com Zoe chamando-a de bruxinha. Ela começou a chorar e Ellanor ameaçou transformar os garotos em sapos. É claro que ela não falava sério, mas foi o suficiente pra que os garotos sossegassem e deixassem Zoe em paz.

– Meninos, não me envergonhem – Ruby ralhou – O que foi que ensinei a vocês?

– Nós só estávamos brincando, mãe – os dois disseram.

– Sim, mas feriram os sentimentos de Zoe. Peçam desculpas.

Dali a pouco Meghan começou a provocar Cristine e esta última partiu pra cima da irmã quando ela fez menção de contar ao pai sobre Colin. As duas rolaram no chão, derrubaram Ellanor, derramaram todo o ponche e acabaram imundas e descabeladas. Chapeuzinho queria enfiar a cabeça num buraco, de tão envergonhada que ficou. Gancho conseguiu separar as duas briguentas e então Ruby teve uma conversa com as meninas.

– Meninas, tenham modos! – ralhou Chapeuzinho, depois de levar as garotas para longe dos convidados – O que os convidados vão pensar?

– Foi ela quem começou – Cristine emburrou e cruzou os braços.

– Não interessa quem começou. Vamos, vou ajudá-las a se arrumar – e as três subiram a escadaria que levava até uma das torres, onde era o quarto das garotas – Francamente, vocês nem parecem princesas se comportando desse jeito. Será possível que terei de matriculá-las nas aulas de etiqueta de Cora?

Cora, completamente regenerada de suas maldades, agora ocupava-se em dar aulas de etiqueta. Provavelmente adoraria dar aulas às meninas, pensando em consertar seu comportamento rebelde, mas desobedientes e arteiras como eram, era capaz de serem expulsas da sala.

As meninas fizeram as pazes e Meghan correu a tomar um banho, enquanto Ruby aproveitou pra falar com Cristine.

– Essa implicância da Meghan com você é por causa do Colin? – ela foi logo perguntando e Cristine ficou mais vermelha do que pimentão.

– O Colin?

– Você gosta dele, não é?

Por mais que estivesse envergonhada, Cristine sabia que podia confiar na mãe. Ruby entendia dessas coisas, já que vivia contando como se apaixonara pelo pirata bonitão.

– É... acho que sim... mas não conte ao papai.

– Não vou contar, é nosso segredo – a mãe sorriu em sinal de cumplicidade. – E não deixe que a Meghan controle você, querida, ela pode ser manipuladora às vezes.

Enquanto isso, mais convidados davam o ar de sua graça. Rumple e Belle chegaram com as filhas pequenas, Ester e Pearl. Belle, é óbvio, continuou a trabalhar como bibliotecária. Era ela quem organizava os livros na enorme biblioteca da escola e as crianças sempre apareciam por lá atrás de boas histórias. Já Rumplestiltskin abriu uma loja e continuou como penhorista, sempre colecionando objetos raros. Vez ou outra ele ainda fazia acordos, mas nada que pudesse causar danos a si mesmo.

Juliet (6) chegou em seguida, acompanhada de Albert e Anne. Além de Josh, agora crescido e com a aparência de um jovem de dezessete anos (embora, pelo o que ele sabia, tivesse mais de quarenta anos), eles tiveram outra filha chamada Amelia.

Logo o castelo estava tomado por carruagens de diferentes reinos. Cinderella e Thomas vieram com a Princesa Alexandra. A Princesa Abigail veio com o marido Frederick e o pai Rei Midas. Dali a pouco outro navio atracou no porto. Era o Capitão Corbin, que se casara com a Princesa Helena(7), prima de Ruby.

Os adolescentes riam a um canto, enquanto as crianças ainda corriam pra lá e pra cá e os adultos conversavam. Cristine e Meghan voltaram para a festa e Ruby fizera com que prometessem não brigar mais, pelo menos não na frente de tanta gente.

– Conversou com elas? – perguntou Gancho à esposa, enquanto tomava vinho.

– Sim. Elas vão se comportar – afirmou – Não entendo por que brigam tanto...

– Estão competindo por nossa atenção.

– Mas damos atenção a todos nossos filhos, não há motivo pra que façam isso...

– Elas fazem isso por ciúmes, acham que temos preferência por apenas uma delas.

– Oh, elas herdaram esse lado ciumento de você. – riu Chapeuzinho.

– Não, não, foi de você que herdaram.

– Ah é? Se me lembro bem, você não suportava o Billy e ficou paranóico até quando Anton veio falar comigo.

Ele gargalhou.

– Ora, eu tenho que cuidar do que é meu...

Falando em Billy, lá estava ele. Quando voltaram à Floresta, Billy voltara a ser Gus, o rato. Depois Cinderella pedira a Regina que o transformasse em homem novamente e a partir daí Billy ficou sendo um de seus soldados mais leais e corajosos. Ele cumprimentou Ruby de maneira respeitosa, curvando-se perante à Rainha, e Gancho puxou a esposa para mais perto, como que para demarcar território.

– Killian, ele é só um amigo... – ela revirou os olhos, depois que Billy se afastou.

– Não importa, não suporto que olhem pra você. – ele resmungou enciumado – A propósito, querida, esta festa está um tanto entediante, bem que podíamos subir para o nosso quarto para... nos divertir.

– Não fique dizendo essas coisas – ela lhe deu um tapa no braço e Gancho gargalhou – tem gente por perto.

– Oh, confesse, você está louca pra se livrar desses convidados e passar um tempo com seu maridão... – ele lhe sussurrou no ouvido.

Ela enrubesceu e Killian riu mais ainda. Era incrível como Ruby ainda ficava tímida quando ele a provocava.

– Sabe, eu estava pensando, devíamos levar as crianças pra viajar – ela mudou de assunto – As meninas andam loucas pra conhecer Oz.

– Eu sei, Meghan andou falando sobre isso e penso que seria bom fazermos essa viagem.

Hoje em dia, com o plantio dos feijões, as viagens entre mundos eram possíveis. Anton cultivava os feijões em seu castelo nas nuvens e soldados tomavam conta do pé de feijão, para o caso de alguém ludibriar a magia que havia nele e subir até o castelo. Todo cuidado era pouco, uma vez que os feijões mágicos quase foram extintos. Os Reis e Rainhas detinham um estoque dos feijões e controlavam seu uso. Anita, que agora era tesoureira no castelo de sua filha, era quem mantinha os feijões em segurança. Geralmente, qualquer pessoa podia ir até seu Rei e pedir por um feijão, desde que precisasse muito dele e se comprometesse a não usá-lo para cometer crimes.

– E por falar nelas, onde é que se meteram? – A Rainha olhou em volta e as trigêmeas não estavam à vista.

Gancho foi procurá-las porque dali a pouco seria a hora de bolo e do parabéns. Acabou por encontrar Cristine e ficou furioso quando viu que ela estava de mãos dadas com o filho de August.

– Mas o que é isso? Que pensam que estão fazendo? – ele quase gritou.

– Papai... – Cristine parecia ter visto fantasma, de tão branca que ficou. Tratou de largar a mão do Colin e tentou inventar uma desculpa, mas seu pai não era burro.

– N-não estávamos f-fazendo nada, senhor Jones – disse Colin, tentando parecer calmo. Ele tinha os olhos verdes da mãe e cabelos tão negros como a noite.

Killian ficou vermelho de raiva. Quem aquele garoto pensava que era pra levar sua garotinha para o mau caminho?

– Estávamos apenas conversando, papai.

– De mãos dadas? – Gancho arqueou a sobrancelha.

– Somos apenas amigos...

– Nos dê licença, querida, preciso falar com o senhor Booth.

– Mas...

– Cristine. – Ele lhe lançou o olhar que significava “Vá logo, ou teremos problemas” e ela deu uma última olhada em Colin, depois desapareceu em meio aos convidados.

Colin parecia que ia desmaiar a qualquer momento e Gancho, embora estivesse com muita raiva, só tinha intenção de dar um susto no garoto pra que ele se afastasse de sua filha.

– Quais são suas intenções com minha filha, rapaz? – ele foi logo perguntando.

– Nós... nós só somos amigos, senhor...

– É mesmo? – Killian se aproximou e o garoto engoliu em seco – Você se acha bom o suficiente pra minha filha?

– C-como é?

– Deixe-me lhe dizer uma coisa, garoto, Cristine pode ser muito bonita, sim ela é, mas não significa que deva ter algo com ela, está me entendendo? Ela é só uma menina e você, devo lembrá-lo de que também é um garotinho? Quantos anos você tem, garoto?

– Nove...

– Pois então... vocês são muito jovens. Daqui a um bom tempo, quando Cristine tiver uns vinte anos, deixo que vocês namorem, mas até lá... fique-longe-da-minha-filha.

E dizendo isso Gancho se afastou, deixando Colin mais branco que as toalhas de mesa. Era compreensível que suas meninas atraíssem o olhar dos garotos, afinal, eram belas como a mãe. Os olhos eram do pai, azuis como um mar revolto, e seus cabelos eram lisos e muito negros. Mas o formato de seus rostos era como o de Ruby, assim como seus narizes e seus lábios rosados.

– Papai, o que disse a ele? – Cristine veio ao encontro do homem.

– O que eu precisava dizer. Não fique chateada, querida, só estou protegendo vocês. – ele a puxou para um abraço. – Como vocês cresceram! Eu não tinha notado ainda...

As crianças estavam crescendo tão rápido! Evan só tinha seis anos quando o adotaram e hoje, aos doze anos, já era quase um rapaz. Killian observou Junior, Ethan e Sean, que brincavam a um canto. Tinham apenas oito anos, mas estavam crescendo tão rápido que suas roupas mal lhes serviam. E Ben e Sophie estavam indo pelo mesmo caminho, crescendo tanto que mal pareciam bebês de dois anos. E agora suas garotinhas estavam virando mocinhas, já estavam até procurando namorado! Céus! Como ele estava ficando velho!

– Querida, você notou algum fio branco em mim? – ele perguntou a Ruby quando ela veio para seu lado. A esposa examinou os cabelos do homem, mas não encontrou nenhum fio branco.

– Não, não tem nada aí. Por que está preocupado com isso?

– Só agora notei o quanto estou envelhecendo rápido – Gancho coçou a barba – E as crianças, olhe só pra elas, são quase adolescentes...

Ruby gargalhou, percebendo a preocupação do homem. Os anos estavam passando rapidamente e ela mal tivera tempo de notar o quanto suas crianças estavam crescendo depressa. E pensar que outro dia mesmo eles estavam saindo de Storybrooke com três crianças de colo...

– Oh, querido, não se preocupe com isso. Sabe, você fica mais charmoso conforme os anos passam.

Killian sorriu convencido. Bem, se era isso que sua esposa achava... Ele tinha sessenta e nove anos, em razão dos vinte e oito anos que passaram congelados em Storybrooke. Tinha uma aparência de quarenta anos e realmente ficara mais bonito e charmoso com o passar dos anos. Já Ruby parecia ter uns trinta e poucos anos, embora na verdade tivesse sessenta, e ficara ainda mais bela com o decorrer do tempo.

– Eles crescem tão rápido! – ela suspirou, observando os filhos.

– Bem, sempre há a possibilidade de fazermos mais filhos – o ex-pirata sorriu de lado, puxando a esposa para um abraço – Se você quiser, digamos, mais uns cinco filhos, ficarei feliz em ajudá-la com isso.

– Não fique me agarrando desse jeito – ela estava envergonhada e Gancho apenas ria. – As crianças estão por perto...

– Oh, tenho certeza de que os convidados não vão se importar se nos ausentarmos por uns minutos...

– Killian!

– O que foi? Estou mesmo com saudades... – ele lhe acariciou a bochecha.

– Na verdade, há algo que preciso lhe contar.

– O que é?

– Estou grávida!

– Ah, isso eu já sabia! – ele riu.

– Sabia?

– Querida, você tem que aprender a não contar certas coisas a Tinker Bell. Ela contou ao Will, que me contou.

– Oh... Não podia pelo menos fingir surpresa?

Ele lhe deu um beijo estalado na bochecha.

– Desculpe. Estou feliz pelo nosso décimo filho. Não devíamos contar às crianças?

– Agora não, teremos tempo depois.

Will tentava ensinar os garotos a manusear uma espada. Tinker Bell e Ruby ralharam com ele porque as crianças eram pequenas e podiam se machucar.

– Mulheres... – ele balançou a cabeça.

Meghan, Hanna e Cristine se ocupavam em abrir presentes. Ganharam vários vestidos novos, além de sapatos, perfumes e maquiagens. O Chapeleiro Maluco, que se casara com Katherine(8) e tivera duas filhas, presenteara as trigêmeas com uma coleção de chapéus.

Depois que seu chapéu mágico fora destruído, o Chapeleiro bem que tentou fazer outro, mas não conseguiu. Agora ele era um dos modistas mais procurados da Floresta e seus chapéus faziam sucesso entre a mulherada. Suas filhas Isydore e Amber, de quatro e nove anos, já davam sinais de que iam seguir a carreira do pai.

Neal e Wendy chegaram dali a pouco, desculpando-se por seu atraso. Os dois viviam viajando entre a Floresta e a Terra do Nunca e Neal já não se intitulava um ladrão, mas um herói.

Há seis anos Henry fora seqüestrado por Pan e levado à Terra do Nunca, onde Pan tinha planos para o garoto. A verdade é que Peter estava morrendo e precisava do coração de Henry – o coração de um verdadeiro crente – para que pudesse sobreviver. Emma, Regina, David, Mary, Neal Rumple, Killian e Tinker Bell tinham viajado até lá pelo navio de Gancho para resgatar Henry. No meio dessa aventura Peter Pan fora morto por Rumplestiltskin, que era nada mais nada menos que seu filho.

Há muitos anos, quando Rumple ainda era garoto, ele e o pai tinham chegado à Terra do Nunca. Naquela época Pan se chamava Malcom e, encantado por aquela terra, resolveu ficar por ali e voltou a ser um garoto, transformando-se em Peter Pan. Ele abandonara Rumple e acabara se tornando um ser maligno e sem coração com o passar do tempo. O Senhor das Trevas acabou matando o próprio pai – antes que ele tomasse o coração de Henry – e assim a Terra do Nunca voltou a ser o que era antes, um mundo de sonhos e brincadeiras.

Os Meninos Perdidos, já cansados daquela vida, apenas queriam viver num lugar em que fossem amados e tivessem uma família. Todos foram adotados e Killian acabou adotando três de uma vez, afeiçoado aos garotos. Ethan e Sean tinham apenas dois anos na época, a mesma idade de Killian Junior. No começo Gancho achou que talvez as crianças não fossem aceitar os novos irmãos, mas acabaram por se afeiçoar e hoje se tratavam como se realmente fossem irmãos biológicos.

– Mãe, será que eu posso ir cavalgar com o tio Will? – pediu Evan, os cabelos loiros bagunçados pelo vento.

– Tudo bem, mas não demorem hein, daqui a pouco teremos o bolo.

– Incrível como eles se dão bem – comentou Emma, mordiscando um docinho. – As crianças, digo.

– Oh, eles se amam, essa é a verdade – Ruby observava os filhos adotivos, que brincavam com Junior – Você e Graham não pensam em ter mais filhos?

– Ah não, dois já são o suficiente. Falando nisso, onde é que o Henry se meteu?

– Acho que foi dar uma volta com a Grace. Sabe, você já pode ser avó.

Emma apenas gargalhou e saiu à procura do filho.

A festa até que estava animada e as crianças não paravam de comer doces. John realmente caprichara no banquete. Havia uma variedade de tortas e doces, além de ponche de maçã, bebidas de todo tipo, sanduíches de frango e salgadinhos. A culinária na Floresta Encantada evoluíra depois que as pessoas aprenderam novas receitas em Storybrooke.

E por falar na cidade criada pela maldição, ela ainda existia, mas era praticamente uma cidade-fantasma desde que todos tinham voltado a seu lugar de origem. É claro que algumas pessoas sentiam falta daquele mundo cheio de tecnologia, mas o mundo dos contos de fadas era seu lar e muitas pessoas nem pensavam em voltar a Storybrooke mais, já que ainda guardavam más lembranças da época em que eram amaldiçoados pela Rainha.

As trigêmeas vieram para o lado dos pais e estavam com cara de quem queria pedir alguma coisa.

– Mamãe, papai – começou Cristine – sabemos que já nos dão muitos presentes, mas queríamos pedir uma coisa.

– O que foi? – perguntou Gancho.

– Diga você, Meghan – pediu Hanna, já que Meghan sempre conseguia convencer com seus argumentos.

– Sempre eu – reclamou Meghan – Queremos ir pra Storybrooke.

– Storybrooke? – o pai franziu a testa – Pensei que quisessem ir pra Oz...

– Sim, mas mudamos de ideia – disse Hanna.

– Queremos conhecer o lugar em que nascemos – falou Meghan.

– E a antiga casa de vocês – completou Cristine.

Ruby e Killian se entreolharam, pensando se seria boa ideia levar os filhos a uma cidade jogada as traças.

– Oh mas não há nada de interessante em Storybrooke desde que voltamos pra cá – falou a mãe.

– Não importa, queremos ir assim mesmo – as três disseram juntas. – Por favor! Por favor! Por favor!

– Meninas...

– Talvez não seja uma boa hora – disse Gancho, abraçando a esposa de lado – A sua mãe... bem, ela não deve se esforçar...

– Por quê? Ela está doente? – perguntou Cristine.

– Ela está grávida!

– Killian! – Ruby ralhou. Não queria que todos soubessem de sua gravidez ainda, mas o marido nunca conseguia manter as coisas em segredo.

As garotas ficaram felicíssimas por terem mais um irmão ou irmã e logo espalharam a notícia, de forma que várias pessoas vieram parabenizar Ruby e Killian. Ben e Sophie fizeram milhões de perguntas sobre “o nenê na barriga da mamã” e Gancho tentava explicar a eles como o bebê fora parar lá dentro.

As trigêmeas voltaram ao assunto Storybrooke e o pai prometeu que iria levá-las à sua cidade natal para uma visita rápida. Os outros filhos também pediram pra ir e os pais tiveram que concordar.

Convidados atrasados ainda chegavam e as meninas deram boas vindas a Archie, que voltara a ser o Grilo Falante. Ele vivia dando conselhos a elas, dizendo que precisavam ser obedientes e educadas.

Depois veio o Rei Peter, aquele que ia se casar com Ruby quando ainda era príncipe. Ele se casara com a Princesa Emily(9), uma das primas de Ruby.

Um tremor de terra balançou todo o castelo, era Anton que chegava. Ele foi encolhido ao tamanho de um homem normal – com um cogumelo de encolhimento do País das Maravilhas -, antes que destruísse tudo.

Sidney Glass também apareceu e estava mais são do que nunca. Regina pedira desculpas por tudo o que fizera ao homem e ele a perdoou, mas só porque a amava. Ele acabara por abrir seu próprio jornal – para o qual Tinker Bell escrevia algumas colunas semanais – e aproveitou para tirar uma foto da família Jones. As meninas, é claro, se assanharam quando souberam que iam sair no jornal.

– Esperem, ainda não arrumei meu cabelo.

– Eu estou bem assim?

– Meu vestido está amassado, preciso arrumar.

– Vocês estão ótimas, meninas – Killian já estava impaciente. Sidney posicionara o Rei e a Rainha de forma que saíssem no meio dos filhos.

– Vamos logo com isso – a Vovó reclamou, contrariada por ter que tirar aquele raio de foto.

– Sorriam! – Sidney enfiou a cabeça por baixo do pano preto da antiga máquina de retratos e então houve um flash de luz e uma fumaça saiu da câmera – A foto ficou ótima. A matéria vai sair no jornal de segunda.

– Eu gostava mais de quando tínhamos câmeras digitais – comentou Anita e as crianças, que não conheciam nenhuma das tecnologias que havia em Storybrooke, puseram-se a fazer milhões de perguntas sobre câmeras digitais e outras parafernálias modernas.

Os anões chegaram assobiando depois de terminarem seu trabalho na mina. Algumas fadinhas também apareceram e as crianças ficaram ainda mais animadas pela chegada das criaturinhas mágicas. Depois veio Juliana(10), uma das primas de Anita, que se casara com um conde. E por último vieram Aurora e Phillip, acompanhados de Mulan, sua fiel guerreira. Os dois tinham tido um filho chamado Stefan, em homenagem ao pai de Aurora.

– Por onde anda o Ernest? – perguntou Ruby, dando falta de seu papagaio desbocado. Depois de seu envolvimento com as revistas de fofoca em Storybrooke, Ernesto Parrot voltara a ser papagaio, tão logo voltaram para a Floresta. Ele mesmo quis continuar como ave, já que dizia que a vida como humano era muito complicada.

– As meninas o prenderam numa gaiola – informou Ethan e Chapeuzinho correu a libertar o papagaio.

– Pobre Ernest...

– Meninas malvadas! – ele disse com sua voz rouca – Me deixaram preso aqui!

Ernest voou para o alto de uma árvore e ficou lá até o fim da festa.

João e Maria enviaram um bilhete, dizendo que não poderiam ir à festa. Os dois estavam ocupados demais enfrentando bruxas malvadas. Dr. Whale também não pudera ir, ocupado com seu trabalho no hospital.

O hospital que tinham ali não era tão moderno quanto o que tinham em Storybrooke, mas era decididamente alguma coisa. Dr. Whale dava aulas a futuros médicos e a pequena Lea já dissera aos pais que seria aluna dele no futuro.

– É mesmo? – Graham ria – Vamos ter uma médica na família?

– Pois eu vou ajudar as pessoas – disse Raquel – Quero ser igual à mamãe.

– Já eu vou atrás das aventuras – falou Meghan.

– E eu quero ser Rainha – Hanna já pensava em se casar com um príncipe e assumir o trono deixado por seus pais.

Cristine ainda estava indecisa. Queria ajudar as pessoas, mas também queria ir atrás de aventuras. Killian Junior afirmava que ia ser um pirata. Ben e Sophie queriam ser espiões – eles eram realmente precoces pra idade que tinham. As outras crianças não sabiam ainda o que queriam, mas a maioria delas, por serem da realeza, deveriam assumir o trono um dia.

– Okay, pessoal, hora do bolo! – anunciou Ruby.

Um enorme bolo todo decorado fora feito para as meninas e havia trinta velas, dez para cada aniversariante. Cantaram o parabéns e então as garotas assopraram as velas ao mesmo tempo. Aí brigaram pra ver quem ia partir o primeiro pedaço e então Gancho sugeriu que fizessem diferente: cada uma partia um pedaço e o dava a quem quisesse. Meghan deu seu pedaço ao pai, Cristine à mãe e Hanna à Anita.

Depois de um tempo os convidados começaram a ir embora e as crianças ficavam emburradas por terem que acabar com a brincadeira.

– Sempre na melhor parte da brincadeira... – reclamavam.

– Vocês já se vêem todos os dias na escola – dizia Regina a um Ryan emburrado.

– Mas não é a mesma coisa...

– As crianças podiam passar a noite aqui – Ruby acabou por sugerir e Killian lhe lançou o olhar “Você está louca?”.

– Eba! Noite do pijama! – alguém gritou e todas as crianças ficaram animadíssimas.

– Querida, tem certeza de que é uma boa ideia? – Gancho perguntou.

Ruby deu de ombros.

– Ora, há espaço o suficiente para todos.

O castelo ficou parecendo uma creche, mas o que importava era a felicidade da garotada. Os adultos foram embora depois dos já conhecidos avisos de “juízo” e “comportem-se” e a criançada correu escada acima

– Ah, não me olhe assim – disse Ruby, quando Gancho a encarou com a sobrancelha arqueada – Vai ser bom pras crianças.

– Sim, mas com isso perdemos toda nossa liberdade, se é que você me entende. – e lá estava seu sorriso maroto, que ela tanto adorava.

– Para, Killian! – ela riu – Seu pervertido. Vamos, temos que colocar as crianças pra dormir.

Os garotos faziam guerra de travesseiro no quarto e Ruby quase entrou na bagunça, mas tinha que passar uma imagem de mulher madura.

– Todo mundo pra cama! – ela mandou.

Por sorte, sempre guardavam um estoque de sacos de dormir, para o caso de os coleguinhas das crianças passarem a noite ali.

– Mamãe, conta uma história? – pediu Killian Junior.

– Está bem, que tipo de história?

– A história de quando você e papai se conheceram – disse Sean.

Ela sorriu, invadida pelas lembranças de seu “seqüestro”. Lembrou-se de Mary e da carruagem e os piratas puxando-as pra fora. E o caminho que percorreram até chegar ao navio. E a brutalidade com a qual foram tratadas. E o capitão, um homem charmoso e sedutor, mas muito arrogante e sem coração.

– Mãe! – chamou Evan.

– Sim, o que foi? – ela despertou de seus devaneios e piscou.

– Você estava viajando – disse Killian Junior e a mãe gargalhou.

– Ah desculpem, crianças, eu estava revivendo o passado...

Enquanto isso, no quarto das meninas, Gancho se ocupava em contar a história de quando ele e Ruby se aventuraram numa ilha cheia de aranhas. Embora Hanna e Cristine não gostassem daquela história – por causa das aranhas comedoras de gente – Meghan tanto insistiu que o homem se pôs a narrar os acontecimentos mais uma vez. Raquel já cochilava em seu saco de dormir, enquanto que as outras meninas estavam bem despertas.

– ...e então nós nos beijamos e foi quando me dei conta de que amava aquela mulher...

As garotas suspiraram.

– Que romântico! – exclamou Cristine.

– Um dia eu quero um amor assim – disse Hanna.

– Só quando for bem grande, mocinha, e se eu permitir. Agora, tratem de dormir.

– Mas a história não acabou ainda. – replicou Meghan.

– Por favor, senhor Jones, termine de contar – pediu Kayla.

– Está bem, está bem... – ele riu.

Por fim as crianças se renderam ao cansaço e logo estavam todos dormindo. Ruby voltou ao seus aposentos e encontrou um Killian Jones que desfilava pelo quarto só de toalha.

– O que está fazendo? – ela parou à porta, observando enquanto o marido se contemplava no espelho fazendo poses.

– Estou admirando a mim mesmo – ele sorriu convencido – Como eu sou lindo!

Ela gargalhou e balançou a cabeça.

– A vovó tem razão, você é um metido!

– Ora, eu preciso amar a mim mesmo, não acha? – e ele a puxou para mais perto, enlaçando sua cintura – Vem cá! Senti saudades...

– Eu também.

– Sabe de uma coisa? Agora que as crianças dormiram, podemos muito bem nos divertir... – ele sorriu safado.

– Você é um tarado!

– Você bem que gosta disso, só não admite – ele riu.

– Ah eu gosto mesmo! Olha, um pelo branco! – apontou para o peito peludo do homem.

– Não acredito! Estou mesmo ficando velho...

– Sabe que eu adoro homem grisalho? – ela sorriu mordendo o lábio e Gancho fez menção de agarrá-la, mas nesse momento houve uma batidinha na porta.

– Será que não se pode ter um momento a dois nesta casa? – Killian reclamou e Ruby foi abrir a porta. Encontrou uma Sophie sozinha no corredor semi iluminado, segurando um ursinho de pelúcia que ganhara do pai.

– O que foi, meu bem?

– Mamã, não consigo durmir... – ela disse, agarrada ao ursinho – Posso durmir aqui?

– É claro que pode, meu amor. Vem cá, pequena! – a mãe a tomou em seus braços e Gancho frustrou-se.

– Parece que nossa noite de diversão foi pro beleléu.

– Killian!

– O que oceis tavam fazenu?

– Nada, não estávamos fazendo nada – disse Ruby, colocando a filhinha na cama – Vamos dormir, querida.

– Sophie não quer durmir

– Ah, Sophie quer dormir sim – disse o pai, vestindo-se – Todos já estão dormindo e é hora de todos os bebezinhos dormirem também.

– Mas eu não to com sono, papa... Conta uma historinha?

Killian suspirou. Ia ser uma longa noite...

Eles viveram em paz naquele tempo. Nada de bruxos das trevas tentando acabar com suas vidas, ou espectros que vagavam por aí destruindo tudo, ou ogros sedentos por sangue. Não houve guerras, nem brigas, nem inimizade entre os povos. Aqueles dez anos decididamente haviam sido felizes. E, quem sabe, aquele fosse o final feliz que todos esperavam?

Ousaria dizer que viveram felizes para sempre. Bem, eles viveram. Pelo menos pelos dois anos que se seguiram...

(1) KrissJonesS como Meghan

(2) meca-pordeus como Raquel

(3) msstomlinson como Charlotte

(4) MissHoechlin como Riley

(5) Ana de Cassia como Kate

(6) ByaCosta como Juliet

(7) Helena como Princesa Helena

(8) KrissJonesS como Katherine

(9) MilyOUAS2 como Princesa Emily

(10) Juliana Veloso como Juliana


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Notas finais do capítulo

As fics novas:http://fanfiction.com.br/historia/530446/Como_Irritar_um_Capitao_Pirata_-_2_Fase/
http://fanfiction.com.br/historia/525639/Til_We_Die/
E as shots: http://fanfiction.com.br/historia/505808/A_Loba_O_Pirata/
http://fanfiction.com.br/historia/512406/A_Loba_e_O_Pirata_A_Filha_da_Lua/
http://fanfiction.com.br/historia/527409/A_Loba_O_Pirata_O_Encontro/