Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 55
Capítulo 51 - Desventuras em série


Notas iniciais do capítulo

Hello, mais um capítulo! Neste teremos a volta de personagens desaparecidos. Estive pensando e acho que vou fazer uma continuação pra essa fic, porque estou muito apegada aos personagens, mas aí a continuação seria mais centrada nos filhos deles. Não sei se vão gostar da ideia, então me falem nos comentários. De todo jeito, já escrevi o primeiro capítulo da fic crossover de OUAT e Sobrenatural, mas só vou postar depois que essa acabar. Vou deixar um trecho no final e se gostarem me falem nos comentários. Enfim. Espero que gostem desse. Até a próxima! ^.^



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Capítulo 51 – Desventuras em série

– Alguém viu a Kate? – Ruby entrou pela porta dos fundos – Procurei por ela em toda parte e não a encontrei.

– Deve ter ido encontrar a família. – Anita ajudava a mãe a organizar uma papelada - Não se preocupe, querida, tenho certeza de que ela está bem.

A lanchonete estava quase vazia. O dia fora cheio de reencontros e lembranças e todos precisavam de uma boa noite de sono. Tink e Will ainda estavam por ali e conversavam e riam como dois adolescentes. Killian chegou acompanhado de Jack e do pai e Ruby chegou a pular de alegria ao ver o que o marido lhe trouxera.

– Estava na loja do Gold – disse Gancho, entregando-lhe sua capa vermelha. A capa ainda estava consideravelmente nova, mas um pouco amassada e empoeirada.

– Não acredito que a encontrou! – ela exclamou sorrindo e colocando o capuz – Pensei que tivesse perdido.

– Todos nossos pertences pessoais estão na loja de penhores – falou James, sentando-se pesadamente a uma banqueta – Oh, eu gostaria muito de uma cerveja, pra relembrar os velhos tempos.

– É pra já, Capitão! – exclamou Anita, passando lhe um canecão de cerveja em seguida.

Killian ficou muito feliz por reencontrar o pai. Em Storybrooke James chamava-se Charles e era dono de uma padaria. Aquilo foi o suficiente para que o homem se sentasse com os filhos e risse de sua vida falsa. Aproveitaram para colocar a conversa em dia e Ruby não deixou de abrir um imenso sorriso quando Ariel adentrou a lanchonete.

– Adivinhem só – a sereia anunciou com um sorriso – Eu encontrei meu príncipe! Finalmente podemos ser felizes.

– Oh, assim espero – disse a Vovó – Agora que Regina está trancafiada e sem seus poderes, realmente acredito que possamos seguir com nossas vidas sem uma rainha malvada tentando interferir em nosso destino.

Regina fora trancada numa cela da delegacia porque Emma achou que era o melhor jeito de mantê-la segura. As pessoas estavam enfurecidas com a Rainha Má e ela teria sido linchada em praça pública, não fosse Emma interferir para salvá-la. Por alguma estranha razão, os poderes de Regina estavam fracos e ela não podia fazer nada para ameaçá-los.

– Por que é que ela ainda está viva, afinal? – perguntou Jack, sentado entre o pai e Killian.

– Henry – explicou Killian – O garoto não permitiu que machucassem a mulher, afinal ela ainda é mãe dele.

– Por mim, poderiam cortar a garganta dela e pendurá-la em praça pública – disse uma voz atrás deles e todos sorriram ao ver a recém chegada.

– Ellanor, há quanto tempo, mulher! – Will cumprimentou.

– Oh, não tente me adular, garoto – disse a bruxa, com um sorriso – Não se esqueça de que ainda trabalha pra mim.

– Não, não, detesto ter que desapontá-la, querida – falou Jack – mas meus irmãos e eu vamos abandonar o emprego.

– Como é? E quem vai fazer todo o serviço? – Ellanor arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços em seguida.

– Oh, podemos pensar nisso depois, não é querida? – Smee pôs uma mão no ombro dela e os dois se sentaram com os outros.

A conversa ia animada quando algo estranho começou a acontecer. Primeiro um vento forte chacoalhou as árvores, depois as luzes começaram a piscar. Lá fora as pessoas gritavam e todos se entreolharam, imaginando o que poderia estar acontecendo. Em seguida algumas telhas foram arrancadas do telhado, despencando no chão com toda força, quase acertando as pessoas presentes ali na lanchonete. As moças começaram a gritar e lá fora um alarme de carro disparou.

– O que é isso? – indagou a Vovó, de olhos arregalados.

Um vento forte abriu a porta com brusquidão, quase a arrancando das treliças, e em seguida eles viram o que estava aterrorizando as pessoas da cidade. Uma criatura horrenda adentrou a lanchonete, pairando a poucos metros do chão. Usava uma capa preta e esfarrapada e tinha uns olhos muito vermelhos, além de mãos e braços cadavéricos. Também produzia um terrível barulho, como um grito de agonia. A criatura esquadrinhou o lugar com os olhos, claramente procurando por alguém. Algumas das mulheres gritaram de pavor e os homens ficaram travados no lugar, sem saber o que fazer. Depois, quando se deu conta de que a pessoa que procurava não estava ali, a criatura voou para fora, levando uma ventania junto. Objetos caíram, quebrando-se ao atingir o chão, e papéis voaram para todo lado. Houve um estrondo e as luzes se apagaram. A impressão que se tinha era a de que um furacão estava passando pela cidade.

– Que diabos era aquela coisa? – Will foi o primeiro a falar, logo que se recuperou do susto.

– Um Wraith – respondeu Ellanor – Posso estar muito enganada, mas acredito que veio atrás da Regina.

– O que é um Wraith? – perguntou Tinker Bell, ainda assustada e agarrada a Will.

– Uma espécie de espectro, uma das criaturas mais malignas e aterrorizantes que existem – a bruxa explicou– Marca suas vítimas e suga suas almas. Não descansa até que consiga cumprir seu objetivo.

Vovó acabou por acender uma vela e a luz fraca iluminou o lugar.

– Como ele veio parar aqui? – perguntou Ruby, mais trêmula do que gelatina – Achei que essas coisas não existissem nesse mundo.

– E não existem. – Ellanor se virou para olhá-la - Tem mesmo que perguntar? Quem é a pessoa mais poderosa dessa cidade? Quem foi que trouxe a magia, pra começar?

– O Senhor das Trevas – murmurou James.

– Exatamente!

Quando Emma trancou Regina, achou que estava protegendo a mulher da multidão enfurecida, mas havia algo que não previra: Rumplestiltskin. Irado pelo fato de a Rainha Má ter causado sofrimento a Belle, Rumple marcou Regina, fazendo-a segurar o medalhão que aprisionava o espectro. Desse momento em diante, a Rainha se viu em risco de vida.

O Wraith vagou pela cidade, destruindo tudo o que encontrou pelo caminho. Casas foram destelhadas e um poste caiu no meio da rua principal, o que causou o apagão.

– Que prejuízo! – a Vovó reclamava, ao contabilizar os estragos em sua lanchonete. Um pedaço da cerca fora derrubado e metade do telhado fora arrancado, além das mesas e cadeiras externas que foram levadas pelo vento – Isso só podia ser coisa daquele Rumplestiltskin.

– Pelo menos estamos vivos – disse Anita – Acho melhor passarmos a noite aqui, não sabemos se aquela coisa ainda está à solta.

Ellanor os tranqüilizou, dizendo que provavelmente a criatura não voltaria, pois já devia ter encontrado sua vítima. Mesmo assim, todos optaram por passar a noite na pensão, cansados demais para caminhar para casa. Ruby estranhou o fato de tanto August quanto Kate terem sumido e Killian disse que provavelmente August teria ido procurar pelo pai.

– Eu estive pensando – falou Gancho, recostado contra a escrivaninha de Ruby, enquanto ela arrumava a cama – Talvez você devesse ir morar no meu apartamento.

– Claro! – ela abriu um sorriso – Penso que é o melhor a se fazer, mas talvez tenhamos que nos mudar, você sabe, quando o bebê nascer vamos precisar de mais espaço.

– É – ele estava pensativo – Acha que vamos ficar aqui pra sempre? Devíamos ter voltado pra Floresta Encantada, não acha?

– Se é que ela existe – Ruby suspirou – A maldição deve ter destruído tudo...

Não sabiam o que pensar. Estava tudo muito confuso e ainda estavam atordoados pela quebra da maldição. Acabaram por tomar um banho relaxante e em seguida se acomodaram como puderam na cama de solteiro de Ruby. Gancho sorriu feliz por estar com Chapeuzinho e os dois conversaram um pouco antes de dormir.

– Lembra daquela parteira que me socorreu quando eu perdi o bebê? – Ruby perguntou e Killian assentiu – Ela vai ser minha médica, disse que vai cuidar pra que nosso bebê fique saudável.

– Talvez você devesse largar o emprego – ele sugeriu – Não acho que deva se esforçar tanto, a outra gravidez já foi dura demais pra você.

Ela assentiu, lembrando-se do sofrimento que Regina lhe causara ao matar seu bebê. Mesmo aquilo tendo sido há tanto tempo, Ruby ainda sentia dor pela perda de seu filho, seu coração ainda sofria. Ela pensou nos últimos sofrimentos que Regina lhe causara, mandando que Ernesto publicasse aquelas revistas. Pensou que Regina merecia o destino que Rumple escolhera pra ela, merecia pagar por seus pecados.

– Tem razão – ela disse, depois de muito tempo – Preciso mesmo me cuidar, mas antes vou ter que encontrar alguém pra me substituir, a Kate não consegue fazer tudo sozinha.

– Tudo bem – Killian sorriu, aconchegando-a em seus braços – Quando é que vai poder fazer o ultrassom?

– Com mais ou menos quatro meses, segundo a doutora. Ela calcula que eu esteja com pouco mais de dois meses, o que explica o fato de eu ter engordado tanto.

De fato, Gancho notou, Ruby estava mais cheinha. Ele não disse nada, no entanto, e os dois foram dormir depois de fazer muitos planos.

***

Em menos de vinte e quatro horas, Storybrooke passou de confusa a um completo caos. O ataque do Wraith destruíra metade da cidade, deixando várias famílias desabrigadas. Emma teria deixado Regina sofrer as conseqüências, mas Henry foi clemente e pediu que a Xerife protegesse a prefeita. Por mais que Regina tivesse errado, merecia uma segunda chance.

Não havia como matar o Wraith, visto que ele já estava morto. A solução encontrada para se livrar da criatura foi enviá-la para outro mundo pelo chapéu mágico do Chapeleiro Maluco, mas ao fazer isso, Mary e Emma acabaram caindo no portal junto com o Wraith. Agora, sem saber para onde elas tinham ido, David tentava encontrar um meio de trazê-las de volta enquanto a cidade tentava se recuperar do ataque do Wraith.

– O que vamos fazer?

– Onde minha filha e minha neta foram parar?

– Como vamos trazê-las de volta?

– Mande a Regina consertar isso, foi ela quem causou toda essa confusão.

No Granny’s, todos falavam ao mesmo tempo e David estava atordoado com tudo aquilo. Ele ergueu as mãos, tentando conter o falatório dos parentes, e falou:

– Acalmem-se está bem? Olhem, eu realmente não sei onde elas foram parar e a Regina nem faz ideia de como trazê-las de volta. O chapéu ficou quase destruído depois que elas caíram por ele, de modo que não há como fazê-lo funcionar de novo – ele mostrou o chapéu preto todo esburacado - Podem estar na Floresta Encantada, Oz, o País das Maravilhas, não há como saber com certeza... Mas vou confrontar a Regina, ela vai ter que consertar isso.

Ele saiu apressado enquanto todos se preocuparam com Mary e Emma.

Ruby colocou a placa de “fechado” em frente ao Granny’s, analisando os estragos da rua. Havia uma calçada esburacada e dois carros capotados. Mais à frente, um poste caíra e por isso eles estavam sem energia. Folhas e galhos de árvore se espalhavam pelo chão e uma caixa de correio estava caída ali perto.

As freiras tinham montado uma espécie de cruz vermelha em frente à prefeitura, para ajudar os necessitados. Algumas pessoas tiveram suas casas danificadas, outras ainda procuravam por familiares. Todos se reuniram ali e vagavam desorientados. Barraquinhas foram montadas, algumas com comidas, outras com cobertores grossos. A escola ia servir de abrigo para os que tiveram suas casas destruídas e Archie ia atender de graça em seu consultório.

– Isso está ficando fora de controle – disse a Fada Azul a Ruby e Killian quando os viu – As pessoas estão desorientadas, não sabem o que fazer.

– Oh, não se preocupe – Ruby respondeu – Tenho certeza de que o príncipe está trabalhando nisso.

De fato, David estava fazendo o possível. Ele foi confrontar Regina, que já voltara a se estabelecer em sua maravilhosa mansão. A Rainha não sabia como trazer Emma e Mary de volta, já que eles nem faziam ideia de onde elas tinham ido parar. E além disso, a magia ali era imprevisível e os poderes de Regina continuavam instáveis.

– Está frustrada, não é? – David não deixou de sorrir – Muito bem feito! Você merece tudo o que está acontecendo.

– Isso, continue me insultando. Eu não tenho meu filho e nem minha magia, mas quando conseguir um, eu consigo o outro – ela sorriu ameaçadora.

Pra completar os problemas de todo mundo, os anões tinham descoberto que quem tentasse sair de Storybrooke perderia a memória assim que cruzasse a linha da cidade. Atchim cruzara a linha e não se lembrava de que era um anão, pensando ser na verdade o Sr. Clark, o dono da farmácia.

– Se cruzarmos a linha, tudo o que vai restar é nossa identidade pós maldição – anunciou Leroy a multidão que se encontrava em frente à prefeitura.

– Estamos presos aqui? – Ruby ficou alarmada. Então ela nunca poderia conhecer Boston ou o Alasca, como sempre quisera?

– Não se preocupe, amor – Killian a tranqüilizou – Tenho certeza de que Regina vai dar um jeito nisso.

– Para o bem dela, é melhor que conserte tudo isso, afinal, foi ela quem causou toda essa confusão. – falou Leroy.

– Pobre Emma, mal teve tempo de conhecer sua família – lamentou Chapeuzinho – E onde é que está o Henry?

– Estou aqui! – o menino apareceu, como sempre carregando sua mochila.

– Ah, que bom que está aqui, não gosto que fique perto da Regina – Ruby passou um braço sobre os ombros do garoto – Você está bem? Precisa de alguma coisa?

Gancho sorriu ao perceber o quão maternal Ruby ficara com o garoto. Henry disse que as únicas coisas de que precisava eram sua mãe e sua avó. Ruby tranqüilizou o menino, dizendo que Mary era esperta e que sabia como se virar.

Depois David veio ao centro de apoio e as pessoas o interpelaram com milhões de perguntas, indagações que ele não sabia bem como responder. Agora que Emma não estava ali, a cidade precisava de um Xerife e David, sendo o Príncipe Encantado, era o melhor líder que eles tinham. O homem ficou completamente confuso com a situação. Todos falavam ao mesmo tempo, amedrontados pelo fato de estarem presos em Storybrooke. Por fim David se livrou de todos, dizendo que ia pensar num jeito de resolver tudo aquilo.

Ele foi atrás do Chapeleiro Maluco, que infelizmente não podia fazer o chapéu funcionar, mas tinha quase certeza de que Emma e Mary tinham ido parar na Floresta Encantada.

Enquanto isso, na prefeitura, as pessoas ainda vagavam sem rumo, enquanto as freiras e voluntários ajudavam os desabrigados.

– O vovô vai dar um jeito – Henry encarava a situação com otimismo – Nos livros, as coisas vão sempre mal até que venham as boas notícias.

– É sério, garoto? – Killian arqueou a sobrancelha, sem conseguir ver um lado bom em tudo aquilo – Então as boas notícias devem estar vindo, não é? Já fomos atacados por um espectro, Emma e Mary caíram por um portal e agora descobrimos que estamos presos aqui, que mais falta nos acontecer?

– Quer calar essa boca? – Vovó também estava ali e carregava sua besta, que recuperara na loja de Gold – Não sabe que coisas ruins são atraídas pelo pessimismo? Henry está certo, as notícias boas sempre vêem.

– Vovó, precisa mesmo dessa coisa? – Ruby apontou a besta, que a avó carregava como se quisesse se defender.

– É claro que preciso! Estamos numa cidade sem lei, não se esqueça.

Ruby balançou a cabeça e no segundo seguinte houve uma explosão ali perto. Regina. A Rainha Má recuperara seus poderes. Pessoas gritaram e Regina mandou meia dúzia de homens voando pelos ares. Vovó atirou uma flecha contra ela, mas Regina apenas parou a flecha no ar. Ruby encarava a mulher com ódio, lembrando-se do que ela lhe fizera e Gancho se postou na frente da mulher para protegê-la.

– Pare! – Henry gritou – Não precisa machucar as pessoas, eu vou com você.

Regina sorriu vitoriosa porque recuperar Henry era o que ela mais queria. O garoto tinha passado a noite anterior em companhia da mãe biológica e dos avós e Regina estava se mordendo de ciúmes por causa disso. Ela levou Henry pra casa e ninguém pôde fazer nada.

– Está vendo o que eu disse? – Vovó encarou Killian por cima dos óculos – Pessimismo sempre atrai coisas ruins!

– Temos que fazer algo – disse Anita – Ela não pode levar o Henry assim... Ellanor, você também é bruxa, faça algo.

– Oh, não é tão simples assim, querida – Ellanor suspirou – Não sou páreo pra Regina, ela é bem mais poderosa. E além disso, meus poderes ainda estão instáveis.

Kate veio até a prefeitura e Ruby ficou aliviada por vê-la.

– Por onde esteve? – perguntou Chapeuzinho, abraçando a amiga.

– É verdade o que estão dizendo? – a ruiva ainda estava ofegante, pois viera correndo – Estamos presos aqui?

– Receio que sim – respondeu Anita – Mas nos diga, menina, onde é que estava? Ficamos todos preocupados.

– Oh, desculpem ter sumido de repente. Eu estava com o August, ele é o Pinóquio, dá pra acreditar nisso? O coitado virou madeira, vocês não imaginam o susto que levei quando entrei no quarto dele pra fazer a limpeza e o encontrei deitado na cama, quase morto.

– Ele tá bem? – Killian se preocupou.

– Sim, mas muito envergonhado. Não queria que ninguém o visse daquele jeito, então o levei pra um trailer no meio da floresta. Vim procurar pela Fada Azul, talvez ela possa fazer algo por ele.

– Eu não contaria com isso – falou Vovó – As fadas estão todas desorientadas sem o pozinho mágico delas... Pobre August!

Storybrooke quase destruída, todos presos na cidade, Regina com os poderes recuperados, August virara madeira, Emma e Mary desaparecidas, as fadas sem seu pó... Que mais faltava acontecer? O dia estava propício a infortúnios, a cidade fora atingida por uma série de desventuras... Que mais faltava acontecer?

– Ei, aonde é que eles estão indo? – Anita perguntou quando viu que todos saíam as pressas, juntando suas coisas e entrando em seus carros.

– Vão deixar a cidade – Vovó concluiu – Storybrooke não é mais segura, não com magia aqui.

– Não podemos permitir que saiam – falou Ruby – Vão perder as memórias recuperadas.

É, por mais que tudo estivesse errado, ainda havia como coisas ruins acontecerem. Como diz aquele ditado: não há nada tão ruim que não possa piorar. Foi uma correria só. Killian correu pra encontrar David enquanto as pessoas corriam a arrumar suas coisas, decididas a deixar a cidade. Ruby, Vovó, Kate, Anita e Ellanor tentavam impedir que as pessoas saíssem, mas muitos já seguiam em direção a estrada que levava para fora de Storybrooke.

O Chapeleiro acabara por fugir de David, quando este ameaçara trancá-lo numa cela até que descobrisse como fazer o chapéu funcionar. David teria ido atrás dele, mas Killian o encontrou, dizendo que ele devia impedir as pessoas de saírem da cidade. O príncipe já estava cansado de ser um líder, porque isso significava sempre estar lá pra apoiar as pessoas e fazer o certo, mas ele não tinha escolha, devia impedi-los.

Ele os alcançou quando já estavam quase passando pela linha. Carros se enfileiravam na estrada que saía de Storybrooke e todos desceram para o asfalto quando David colocou sua caminhonete no meio do caminho, impedindo que eles passassem. O príncipe não ligou para os xingamentos, apenas subiu na carroceria da caminhonete e fez um discurso improvisado. Lembrou-os de que seria mais fácil passar por aquela linha e esquecer todas as memórias ruins de suas vidas passadas, mas que não era o certo, pois fazendo isso, esqueceriam as pessoas que amavam. As pessoas ouviram atentamente. O príncipe lembrou a eles o quanto o David de Storybrooke era fraco e o quanto ele errara ao machucar a mulher que amava, no entanto, embora não quisesse ser aquele David, ele podia conviver com ele.

– Eu sou os dois – ele disse em voz alta – O David e o príncipe. Assim como vocês. O Grilo Falante e o Doutor Hopper, a Fada Azul e a Madre Superiora, a Ruby e a Chapeuzinho... Nós somos os dois. Fiquem aqui e façam uma escolha. Morem na floresta, ou num sapato se quiserem. Comam burritos congelados, façam rosquinhas, naveguem na internet... Vamos abrir o Granny’s e a escola, vamos voltar ao trabalho! Eu vou protegê-los, como sempre fiz. Regina não vai machucá-los enquanto eu viver e enquanto estivermos unidos. Vamos fazer o que sempre fizemos e lutar juntos!

Todos sorriram e algumas pessoas aplaudiram. Em seguida voltaram para seus carros e fizeram meia volta.

– Falou como um verdadeiro líder, colega – Killian parabenizou o príncipe.

***

Imprevistos aconteceram, mas o povo acabou por encontrar esperança e otimismo. Nos dias que se seguiram, Storybrooke foi reconstruída e as pessoas voltaram a viver em paz.

– É isso mesmo! – o príncipe anunciou aos que estavam no Granny’s, numa manhã ensolarada de janeiro. – Os anões estão otimistas e acham que podem encontrar pó de fada na mina.

– E então podemos fazer o chapéu funcionar pra trazer Mary Margaret e Emma de volta – Henry estava animado. A Fada Azul achou que tudo ficaria melhor se encontrassem pó de fada, já que o pó seria capaz de guiá-los até Mary e Emma.

Gepeto consertava o telhado da lanchonete, que estava fechada para reforma. Ele reencontrara o filho, mas August ainda não queria dar as caras, envergonhado por ter virado madeira.

Já Ruby se mudara para o apartamento de Killian e Anita se mudara para a pensão, não querendo deixar a mãe sozinha.

– Como vai nosso bebezinho? – Gancho acariciou a barriga da esposa, que já estava consideravelmente grande pra alguém que só estava com pouco mais de dois meses. – O que foi? Parece preocupada.

– Eu acho que tem algo de errado – ela disse, botando as mãos na barriga – Da outra vez eu não engordei tanto e nem tive enjôos tão fortes.

– Não se preocupe, tenho certeza de que está tudo certo. Em todo caso, devemos consultar a Doutora Coleman.

A preocupação de Ruby se devia ao fato de ela já ter perdido um bebê. Temia perder o outro, ainda mais agora que Regina recuperara os poderes e parecia disposta a destruir as vidas de todos. Gancho tentou tranqüilizá-la, mas Chapeuzinho estava muito nervosa. Ele acabou aconselhando que ela se consultasse com Archie e foi o que Ruby fez.

– Quais são os seus temores, Ruby? – Archie perguntou, sentado à seu sofá de couro.

– Ah, bem... você sabe que eu já perdi um bebê antes e... bem, estou simplesmente aterrorizada com essa segunda gravidez...

– Oh, eu entendo! – ele ajeitou os óculos, encarando-a – Acredita que algo de ruim possa acontecer a esta criança por já ter perdido um bebê, mas o que a leva a pensar isso? Há algo que fundamente esse seu pensamento?

Ela pensou por uns minutos. De onde viera aquele medo? Por que ela temia perder aquele bebê também?

– A Regina já me machucou uma vez. – ela disse – E se por acaso ela fizer de novo? Não acho que ela tenha mudado muito, apesar de amar o Henry... Eu tenho medo, Archie, medo de que ela me machuque de novo... Não vou suportar perder outro filho...

– Regina está num processo de redenção, não acho que ela vá machucar alguém. Talvez o problema seja você. Ainda se culpa pela morte de seu filho, quando não foi responsável por isso. Você é jovem, Ruby, forte e saudável, não há nada a temer. Aposto que esse bebê vai nascer muito saudável.

– Sim, eu sei, a minha médica disse que está tudo bem, mas... mas eu acho... Eu não quero desapontar ninguém, mas não acho que consigo ser mãe, não depois de tudo o que eu passei. E o Killian, ah Archie, ele está tão feliz... Mas e se eu não conseguir? E se eu não puder criar esse filho? Acho que eu nunca estive preparada pra ser mãe. E eu não quero ser como o meu pai... ele era terrivelmente autoritário e controlador... eu não quero que meus filhos me odeiem...

– Acalme-se, menina – Archie disse gentilmente – Eu já sei qual é o problema. A Ruby de Storybrooke é extremamente insegura, entendo isso perfeitamente e sei que Killian também vai entender. E sim, você já passou por muita coisa ruim, mas é isso que faz de você quem você é. E seus filhos um dia vão se orgulhar de você, tal como você se orgulha de sua mãe. Ainda guarda rancor pelo o que seu pai lhe fez, mas talvez seja hora de perdoar. Você é quem escolhe quem você é, Ruby.

– Eu sei, eu perdoei meu pai, mas... – ela começou, segurando as lágrimas – Sabe, acho que sei por que ele fez o que fez, porque ele também estava inseguro... Mas e se eu for como ele e não souber o que é melhor para meus filhos? E se eu errar com eles, como meu pai errou?

– Bem, pessoas erram, isto é natural nos humanos, mas tenho certeza de que vai saber o que é certo, basta pensar com clareza. E você tem o Killian. Já percebeu o quanto ele é um marido excepcional? Killian sempre te coloca em primeiro lugar, quase sem se importar com ele mesmo. Juntos vocês podem trilhar um caminho promissor. Acredite, um dia seus filhos vão se orgulhar muito de vocês.

A conversa com Archie foi o suficiente pra que Ruby ficasse mais tranqüila, mas ela ainda pensava que havia algo de errado. Sentia-se mal o tempo todo, suas pernas doíam e ela tinha fortes enjôos. Não era pra ser assim logo no início, ela pensou, não podia ser algo normal. Suas preocupações foram varridas de sua cabeça quando ela encontrou Mabel e Beto na rua, os dois passeavam de mãos dadas. Trabalhavam como apresentadores do Storybrooke News, mas hoje estavam de folga.

– Oi, Ruby! – a sereia cumprimentou, afastando as mechas loiras do rosto – Puxa, mal tivemos tempo pra conversar da outra vez, você sabe, estamos sempre ocupados com a coisa do jornal.

– Ah, imagino que deve ser bem legal, não é? – a garçonete sorriu – Estar em frente as câmeras num estúdio grande e cheio de gente... Eu ia adorar ser atriz, pena que não podemos sair de Storybrooke.

– A Tink adora ser repórter – disse Beto – Mas nós estamos cansados de noticiar fatos que acontecem na cidade, você sabe, às vezes Storybrooke é muito entediante.

Eles riram e entraram no Granny’s. Gepeto ainda consertava o telhado e a Vovó reclamava da barulheira que o homem fazia ao bater pregos. Ruby riu, imaginando o quanto os dois velhos combinavam. Havia um bocado de gente ajudando na reconstrução do Granny’s. Gancho, que abandonara seu emprego na peixaria, pintava um pedaço da cerca que fora reconstruída, enquanto que Tinker Bell cuidava do jardim em frente à lanchonete.

– Aí está você! – falou Killian, largando o pincel que usava – Fiquei preocupado, não devia ter deixado você ir sozinha.

– Killian... – Ruby revirou os olhos, fazendo Gancho rir - Não começa, tá bem?

– Não posso deixar de me preocupar, Regina pode muito bem lhe fazer mal se a encontrar pelo caminho.

– Eu sei, mas não quero pensar muito nisso, e Archie diz que Regina está no caminho para a redenção.

– Oh, é mesmo? – falou Mabel – Conta outra! Regina arrependida? Nem aqui nem na China!

Todos pareciam achar que Regina nunca ia mudar, mesmo que ela estivesse tentando. A prefeita estivera se consultando com Archie, numa tentativa de analisar sua vida e corrigir seus erros. Ela queria Henry de volta, mas sem usar magia. Queria que o garoto visse que ela podia ser boa. Queria que ele a amasse sem que achasse que ela era uma vilã.

Regina ainda era prefeita, mas perdera seu posto de abelha-rainha. Agora que não podia mais controlar a cidade, a Rainha Má apenas se concentrou em conquistar seu filho. Storybrooke estava se reconstruindo e se tornando uma nova cidade, a nova Storybrooke. Agora que tinham se libertado do domínio da Rainha, as pessoas eram livres pra seguir com suas vidas, embora não fossem livres o bastante pra deixar a cidade.

– Vocês não acham que estou muito gorda? – Ruby perguntou a Tink, Ariel e Mabel, que se sentaram numa das mesas externas da lanchonete – O Killian não admite, mas sei que estou roliça como uma porca.

– Não exagere, Ruby – Tink riu – Você está muito fofa com essa barriguinha, mal posso esperar pra ter um filho também.

– É verdade – concordou Ariel – Eu também quero filhos, agora que encontrei meu príncipe.

A sereia sorria radiante e Eric até a pedira em casamento. Regina devia estar morrendo de raiva porque a maioria dos casais já encontrara seu final feliz.

Enquanto isso, na Floresta Encantada, Emma e Mary foram capturadas por Mulan e Aurora e levadas a um acampamento seguro. Era estranho o fato de ainda haver gente ali. Grande parte daquele mundo fora quase devastada, mas uma parte dele não fora atingida pela maldição, de forma que muitas pessoas não foram levadas para Storybrooke. Ninguém sabia explicar o que acontecera, mas de alguma forma o tempo permanecera congelado por vinte e oito anos, descongelando no exato instante em que Emma resolveu ficar em Storybrooke.

Emma e Mary acabaram reencontrando um velho amigo de Branca. Seu nome era Lancelot e ele fora um dos cavalheiros da távola redonda. As duas ficaram naquele acampamento, sob proteção de Lancelot, enquanto pensavam num meio de voltar pra casa. Não existiam mais portais e os feijões mágicos haviam sido extintos. Branca acabou lembrando-se do guarda-roupa que levara Emma para Storybrooke. Talvez o encantamento ainda permanecesse e elas pudessem usá-lo. Era a melhor esperança que elas tinham.

Nesse meio tempo, Henry tentava encontrar um meio de trazer as duas de volta. Ele foi procurar o Chapeleiro Maluco, que mais uma vez afirmou que não podia fazer o chapéu funcionar.

– Magia não é minha especialidade – disse o Chapeleiro, sentado num banco perto das docas – Pergunte a sua mãe. Talvez tenha algo no cofre dela que possa te ajudar.

É claro! Henry sabia que Regina tinha um cofre porque lera no livro, mas não fazia ideia de que o mesmo se encontrava em Storybrooke. Então ele se lembrou do memorial de seu avô que Regina sempre visitava. Imaginou que aquilo fosse apenas um disfarce.

Ele correu até o cemitério de Storybrooke. Anoitecia, mas o garoto não tinha medo do escuro e tinha uma lanterna. Encantado estava ocupado demais fazendo seu serviço de Xerife pra notar o sumiço do garoto, então Henry tinha tempo suficiente para fuçar o cofre da Rainha. Ele avistou a construção cinzenta que era o memorial do avô. Abriu a pesada porta de carvalho e então se viu dentro de uma salinha com um caixão branco. O nome Henry Mills estava escrito no caixão. Ele sabia que seu nome era uma homenagem ao avô e também sabia que Regina matara o próprio pai para lançar a maldição, visto que precisava sacrificar a coisa que mais amava pra que a maldição desse certo.

O garoto olhou em volta, tentando encontrar alguma passagem secreta. Sabia que Regina escondia sua coleção de corações em algum lugar e só podia ser ali. Ele acabou descobrindo algumas marcas no chão, de um lado do caixão. O garoto era esperto e logo pensou que aquelas marcas deviam ter sido feitas por algo que fora arrastado ali. O caixão, só podia ser isso. Ele se esforçou em empurrá-lo para o lado e vibrou quando encontrou uma passagem sob ele, uma escada de pedra. Apanhou uma lanterna na mochila e começou a descer com cuidado.

Estava muito escuro, mas ele pensou ter ouvido corações batendo. Sim, era isso mesmo, corações batendo. Viu uma parede formada por pequenos cofres que guardavam diferentes corações. Deu uma olhada em volta, procurando algo que pudesse ajudá-lo a trazer sua mãe e sua avó de volta. Havia muitas coisas estranhas, frascos com líquidos escuros, caixas de vários tamanhos, entre outras coisas. Ele ouviu o som de algo se arrastando e se assustou, deixando a lanterna cair.

– Quem está aí? – perguntou, apanhando a lanterna rapidamente e tentando acendê-la.

– Mmmmmm! – foi a resposta. Parecia que a pessoa estava com a voz abafada – Mmmmmm!

O garoto finalmente conseguiu acender a lanterna e varreu o lugar com a luz. Acabou por iluminar o homem amarrado e amordaçado a um canto. A boca do menino se abriu com a surpresa.

– Graham?!


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Notas finais do capítulo

- Você caça lobisomens? – ela perguntou, tentando se levantar.
— E outras criaturas sobrenaturais.
— Sobrenaturais?
— Que não são naturais – ele se virou para olhá-la e explicou como se fosse óbvio - Lobisomens, vampiros, bruxas, poltergeists... criaturas estranhas que estão a solta pelo mundo. Meu trabalho é caçá-las e matá-las.
Ruby ficou muito séria e por alguma razão, Killian achara que ela fosse duvidar do que ele estava dizendo.
— Você é a primeira pessoa que não me chama de louco por causa disso. Quer dizer que acredita em mim?
— Eu quase fui morta por um lobisomem, é claro que acredito em você.
O que acharam?



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