Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 46
Capítulo 42 - O homem sem coração


Notas iniciais do capítulo

Hello pirates! Dessa vez me baseei no episódio The Heart Is a Lonely Hunter (acho que é isso). Eu odiei que o Graham morreu na série porque queria que ele ficasse com a Emma, então mudei um pouco as coisas, espero que gostem.



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Capítulo 42 – O homem sem coração

As coisas iam bem para Killian. Ele agora era visto como um herói depois de ter salvado Henry. O homem se surpreendeu ao ver sua foto bem na capa do Storybrooke Daily Mirror na manhã seguinte ao ocorrido. Ele comprou um jornal e foi sentar-se a uma das mesas no Granny’s.

– Bom dia, Killian! – a Vovó cumprimentou sorridente – Que perigo você correu ontem hein? Aquele garoto é mesmo imprudente! Se fosse meu filho ia tomar umas boas palmadas...

– Ele não fez por mal. Achou que precisava provar que não é louco.

– Ah, mas entrar numa mina abandonada é exatamente o que um louco faria. Enfim... O que vai querer hoje, querido?

– Um cappuccino e uma porção de croissants de queijo, por favor.

Vovó se afastou e Henry chegou e se sentou de frente para Killian.

– Oi! – o garoto cumprimentou com um sorriso inocente – Sei que não acredita em mim, mas o que aconteceu na mina ontem foi por causa da Emma.

– Emma? – Killian ergueu uma sobrancelha – Sua mãe? O que isso tem a ver com ela?

– As coisas estão mudando desde que ela chegou aqui. Há dois dias ela aceitou o emprego de assistente do Xerife e foi quando a mina começou a desabar. Não acha que é muita coincidência? E, além disso, as pessoas também estão mudando por causa dela.

Por mais absurdo que aquilo parecesse, Killian não deixou de pensar que ele começara a mudar depois que Emma chegara à cidade. Ele era um homem que sempre seguia uma rotina e agora sua vida estava longe disso.

– E você e Ruby estão juntos novamente. Bem, pelo menos é o que parece...

– Não estamos juntos, somos só... amigos...

– Não se preocupe – Henry lhe deu um sorriso amigo – Vocês vão ficar juntos.

– Como sabe?

– As coisas estão mudando e a maldição está enfraquecendo. Até Branca de Neve e o Príncipe Encantado já se reencontraram.

Killian achava que tudo aquilo era fantasia demais, mas não queria decepcionar o garoto.

– E a Branca de Neve é a senhorita Blanchard, certo?

O garoto assentiu:

– E David Nolan é o Príncipe Encantado.

– Mas David é casado.

David era o cara que Emma tinha ajudado Graham a encontrar. Há duas semanas, David era apenas um desconhecido em coma no hospital. Henry cismou que ele era o Príncipe Encantado e até tentou convencer Mary Margaret a ler a história da Branca de Neve para o homem. O garoto achava que o desconhecido podia acordar do coma. Tanto Emma quanto Mary acharam que Henry estava fantasiando demais, mas Emma acabou por encontrar uma solução. Ela disse que Mary devia fazer o que Henry queria, aí, quando o desconhecido não acordasse, Henry ia perceber que nada daquela história de maldição era real. Mas qual não foi a surpresa de todos quando o Desconhecido, como era chamado no hospital, começou a acordar?

Mary Margaret apaixonou-se pelo homem imediatamente. Ela achava que eles tinham algum tipo de conexão. Henry, é claro, não parou de dizer que fora Mary a responsável por acordar David e que eles tinham que ficar juntos. Embora Emma tentasse desencorajar o menino, Henry não se deixava vencer e dizia que o amor verdadeiro sempre vencia no final.

Porém, tudo o que era bom parecia durar pouco em Storybrooke. Logo a história do homem que acordara do coma caiu nos ouvidos de Regina. Não demorou muito até que ela aparecesse no hospital trazendo a esposa de David. Sim, a esposa. Kathryn. A aparição de Kathryn surpreendeu a todos porque David tinha sido praticamente esquecido no hospital durante anos. Regina dissera que o encontrara na beira da estrada há muito tempo e o trouxera ao hospital. Emma estranhou o fato de Kathryn nunca ter procurado pelo marido e ela se explicou dizendo que tivera uma briga com David, que saiu de casa, e depois disso ela nunca mais o viu. A história toda era muito estranha e Emma estava desconfiada, mas não havia nada que ela pudesse fazer.

– Ele não é casado – Henry explicou a Killian – A maldição está usando Kathryn para separá-lo de Mary Margaret. Minha mãe fez isso, ela é a Rainha Má e está fazendo de tudo para manter a maldição.

– Certo...

– Você não acredita em nada, não é?

– É meio difícil acreditar que contos de fadas são reais, não acha?

– Eu acredito! Um dia você também vai acreditar.

Killian não acreditava muito nisso, mas não disse nada. Ele apenas terminou seu café e saiu para a rua. Ruby estava de pé na frente da lanchonete e conversava com o cara do caminhão de reboque.

– Ah obrigada, Billy! Estou louca pra dar uma volta no meu carrinho.

Ela tinha um Camaro vermelho bem antigo. Devia ser da década de 80. O carro ficara quase destruído depois que Ruby o emprestara a Ashley Boyd e a jovem batera com ele quando tentava fugir de Storybrooke. Pelo visto Ruby pagara pelo conserto (embora não fosse algo que uma garçonete teria condições de pagar) porque o carro parecia novinho em folha.

Killian observou enquanto Ruby flertava com Billy. Ela andava rebolando e Billy não fez nenhuma questão de disfarçar que olhava seu traseiro. O rapaz se despediu e foi embora dirigindo o reboque. A garçonete notou Killian parado ali e acenou.

– Ei, quer dar uma volta comigo?

– Ahn... bem, não sei se é uma boa ideia – ele coçou a cabeça.

– Eu sei o que está pensado – ela colocou as mãos na cintura – E sei dirigir muito bem, apesar de ser uma mulher.

Ele riu e aceitou ir com ela. Ruby realmente dirigia bem, mas às vezes cometia pequenas infrações. Sorte que não havia semáforos em Storybrooke ou ela teria ultrapassado uns sinais vermelhos. Killian colocara o cinto e pedia que ela fosse mais devagar, enquanto que a moça só ria e acelerava ainda mais.

– E então, você tem um carro? – ela perguntou e Killian negou com a cabeça.

– Eu tenho habilitação, mas nunca tive um carro.

Ruby ficou dizendo que adorava ter um carro, pois assim podia sair sempre que quisesse, quando a avó a sufocava demais. Killian apenas observava a paisagem que passava pela janela enquanto que a moça tagarelava sem parar. Tudo ali em Storybrooke era bem antigo. Parecia que a cidade parara no tempo. Os carros eram da década de 80, assim como as construções. Henry dizia que aquilo era efeito da maldição. O tempo ficara congelado por 28 anos e só descongelara quando Emma tomou a decisão de ficar na cidade.

Ruby estacionou perto das docas. Ela usava seu uniforme de garçonete, mas dessa vez não usava uma minissaia. A Vovó a proibira de se vestir de maneira inapropriada e agora ela usava uma saia mais comprida e uma blusa que não mostrava metade da barriga. A moça não pareceu se importar muito com o trabalho, dizendo que poderia compensar as horas que passara fora.

– Às vezes aquele lugar me sufoca e eu preciso sair pra tomar um ar – ela disse a Killian enquanto caminhavam pelas docas – Em todo caso, é um negócio que lucra sabe, a lanchonete... A pensão está jogada às traças. A nossa última hóspede foi Emma e Vovó estragou tudo quando a expulsou de lá.

Conversaram um pouco e Ruby disse que precisava voltar pro Granny’s. Killian agradeceu a carona e disse que ela o poupara de uma boa caminhada. A moça acabou perguntando onde é que o homem morava e ele apontou um prédio não muito distante.

– Ah então você mora perto do mar. – ela sorriu – Deve ser bom, não é?

– É sim.

– Bem, preciso ir. Até mais, Killian!

– Até!

Killian não sabia o que aquilo significava, aquela amizade entre ele e Ruby. Na verdade não era bem uma amizade, eles ainda estavam no processo de se conhecerem. Mas Ruby gostava de se abrir com ele e Killian considerava isso uma coisa boa. Ela dissera que não confiava muito nas pessoas e realmente não costumava desabafar com os outros. Talvez ela confiasse nele.

Orlando dissera que Killian não devia ter muita esperança com Ruby e que provavelmente ela só o considerava um amigo. Embora ouvir aquilo fosse difícil para Killian, ele pensou que provavelmente Orlando estava certo.

“Por que ela iria querer algo comigo?”, ele pensou enquanto caminhava a pequena distância até seu prédio “A cidade me vê como heroi, mas é só isso. Eu claramente não sou o tipo de cara que ela quer pra namorar”.

Felizmente, Henry estava sempre lá pra ajudar Killian. Os dois estavam desenvolvendo uma espécie de amizade, o que era estranho já que Henry tinha dez anos e Killian tinha trinta e um. Apesar da grande diferença de idade entre eles, era como se Henry fosse o adulto experiente. O garoto apenas se baseava em coisas que lia no tal livro de contos de fadas e usava aquilo para aconselhar Killian.

– Vocês dois não se deram muito bem quando se conheceram – ele disse a Killian quando encontrou o homem sentado num banco da praça – Você era meio arrogante e malvado e Ruby era uma princesa ingênua.

– Eu era arrogante? – Killian ergueu a sobrancelha. É claro que ele não acreditava na história, mas não conseguia se imaginar sendo arrogante e também não imagina Ruby sendo uma pessoa ingênua – E malvado? O que quer dizer com malvado?

– Você fazia coisas ruins e não se importava com as pessoas.

– Eu matei alguém?

– Não, mas fez um bocado de maldades por aí. Mas isso não vem ao caso.

– E aquilo que você disse sobre eu ter seqüestrado Ruby?

– Ah sim, na verdade você a comprou. O pai dela era um rei corrupto e a vendeu a você em troca de que você não contasse a ninguém sobre os crimes dele. Mas Ruby não sabia e achou que tinha sido seqüestrada porque você e seus marujos queriam dinheiro.

– Ah sim, porque é o que piratas fazem, não é? – Killian não sabia por que encorajava o menino a continuar com aquela história, mas de alguma forma não queria desapontá-lo – Seqüestram princesas bonitas em troca de receberem um bom dinheiro como resgate.

Henry queria contar a história até o fim, mas Killian já estava sem paciência. O garoto ainda queria contar a ele sobre suas aventuras na Terra do Nunca. Killian disse que já assistira aos filmes e sabia a história, mas Henry assegurou que a verdadeira Terra do Nunca era muito diferente da que todos conheciam. Pra começar, Peter Pan era do mau. E, além disso, ainda havia o fato de lá haverem índios canibais. Henry ainda mencionou a fadinha Tinker Bell.

– Eu já descobri quem ela é aqui em Storybrooke. A repórter do jornal, aquela que nos entrevistou.

– A Rose Bells? – Killian teve que rir – De onde é que você tira essas coisas, Henry? Que imaginação você tem, garoto.

– Não é imaginação. Está tudo no livro!

Pior do que Killian só mesmo Emma. Ela não acreditava em nada do que Henry dizia, mas não fazia nada que pudesse magoar o garoto. Porém, a coisa piorou quando Henry cismou que o Xerife Graham era o caçador que a Rainha Má tinha mandado pra matar Branca de Neve.

–...mas ele ficou com pena dela e a deixou fugir. – ele contara a Emma – Quando a Rainha descobriu que Branca ainda estava viva, ela arrancou o coração do caçador e assim pôde controlá-lo pra sempre. É por isso que Graham faz tudo o que minha mãe quer, ele é controlado por ela.

– Certo, garoto. – foi tudo o que Emma conseguiu dizer.

Ela recentemente descobrira que o xerife e a prefeita tinham um caso. Isso não era exatamente surpresa pras pessoas, já que nada parecia ficar escondido em Storybrooke. Emma parecia estar evitando o xerife, mas quando ele a abordou ela apenas disse que não queria falar sobre aquilo, afinal, a vida era dele e ela não tinha nada com isso.

As coisas começaram a mudar para Graham devido sua aproximação com Emma. Ele estava meio que interessado nela e Emma não queria se arriscar a entrar num relacionamento, mesmo que ela gostasse de Graham um pouco. E como não gostaria? Ele era bonito, inteligente, carismático... o tipo de cara com o qual uma garota se sentiria protegida. Mas ela também não queria problemas com a Regina e arrependera-se amargamente por ter aceitado aquele emprego como assistente do xerife.

– Você não sabe como é com ela – Graham disse enquanto corria atrás de Emma depois de ela praticamente ter fugido dele no Granny’s – Eu não sinto nada pela Regina. Entende isso?

– Relacionamentos ruins? – Emma andava apressada – É, eu entendo sim, mas não quero falar do seu.

– Eu sei que você e Regina têm suas diferenças, eu devia ter te contado antes de você ter aceitado o emprego.

– Por que manter segredo? Nós somos adultos! – ela parou e o encarou – A vida sua e você faz o que quiser.

– Eu não queria que me olhasse como está olhando agora.

– Por que liga pra isso?

Ele precisou de uns segundos pra responder. Ficou encarando a loira bonita parada à sua frente, que por sua vez, o encarava com aqueles lindos olhos castanho-esverdeados. Ao invés de responder à pergunta, Graham apenas puxou Emma para um beijo. Ao fazer isso, ele teve visões, lembranças de sua vida na Floresta Encantada. A imagem de um lobo passou como um flash pela cabeça dele e Emma o empurrou para longe completamente chocada.

– O que está fazendo?! Isso passou dos limites!

– Eu... você viu aquilo? – ele perguntou confuso – Tinha um lobo e...

– Vá pra casa, Graham. Você está bêbado!

De fato, o Xerife passara parte da noite se embebedando no Granny’s e passara da conta. Mas aquela visão fora real e ele podia afirmar isso. Graham tentou se desculpar por beijar Emma daquele jeito, mas ela não aceitou as desculpas e acabou o rejeitando.

– Você está bêbado e arrependido, eu entendo. Mas seja o que for que está querendo sentir, não vai ser comigo – e ela se afastou caminhando apressada.

Naquela noite Graham tentou encontrar consolo em Regina. Ele não a amava, mas achou que talvez ela pudesse preencher o vazio que ele estava sentindo. Não funcionou. E o que ele estava pensando? Regina também não o amava e o xerife não passava de um brinquedinho nas mãos dela, ele era apenas uma distração.

O xerife sonhou com um lobo. O lobo era estranhamente familiar e tinha um olho vermelho e outro preto. Graham acordou sobressaltado e Regina tentou acalmá-lo dizendo que fora apenas um pesadelo. No entanto, ela o olhou de um jeito diferente quando Graham contou sobre o sonho e disse que aquilo parecia real, como se fossem lembranças.

Por mais que Regina quisesse que ele ficasse, Graham se vestiu e saiu pra rua. Deixara a viatura estacionada em frente ao Granny’s e foi até lá pra buscar. Não havia ninguém nas ruas àquela hora e o único som audível era o piado de uma coruja. Ele fez menção de abrir a porta do carro, mas espantou-se quando um lobo, o lobo do sonho, apareceu em sua frente. Graham achou que estava enlouquecendo.

***

– E então, ele beija bem ou não? – Ruby perguntou a Emma na manhã seguinte quando foi lhe servir seu café.

– O quê? – Emma fingiu não ter entendido. Será que metade da cidade já sabia que ela tinha sido beijada por Graham?

– Você sabe do que estou falando – Ruby sorriu maliciosa – Fontes me contaram que o Xerife Graham praticamente te agarrou depois que vocês dois saíram daqui ontem à noite.

– Ele não me agarrou! – Emma exclamou irritada – Foi só um beijo... ele me roubou um beijo, só isso...

– Deve ter sido bom, não é? Quero dizer, o Xerife é lindo e corajoso e... lindo... – Ruby riu e Emma apenas balançou a cabeça e disse que não estava interessada nele.

Mary Margaret estava certa quando dissera que Emma colocara um muro entre ela e qualquer homem que aparecia em seu caminho. Talvez o coração de Emma estivesse muito machucado e ela não quisesse se arriscar a se apaixonar por alguém.

Naquela manhã Emma ficou sozinha na estação policial em que trabalhava com Graham. O Xerife não aparecera e ela imaginou que talvez ele tivesse ficado em casa pra curar a ressaca. Mas na verdade Graham foi procurar pelo tal lobo. Ele adentrou pela floresta seguindo o bicho, mas acabou o perdendo de vista. Acabou encontrando o Sr. Gold, que tivera a cara de pau de mentir dizendo que estava por ali “praticando jardinagem”. Gold carregava uma pá, mas Graham não parou pra pensar no que o homem realmente estaria fazendo ali, estava mais preocupado com o lobo. Ele contou a Gold sobre o sonho e o penhorista apenas lhe disse que sonhos às vezes podiam ser lembranças de outra vida.

Quando o lobo reapareceu, Graham não teve medo. Era como se eles já se conhecessem, como se o lobo fosse seu amigo. O lobo se aproximou e Graham teve outro vislumbre. Dessa vez viu a si mesmo segurando uma faca contra Mary Margaret.

Enquanto Graham corria pra falar com a professora, Emma precisava lidar com Regina, que foi até a estação policial para ameaçá-la. Pelo visto a prefeita tinha suas fontes e já sabia que havia algo acontecendo entre Emma e o Xerife. Embora Emma desconversasse e alegasse que ela não tinha nada com o Xerife, Regina não era nada boba e sabia que algo estava mudando Graham.

– Fique longe do Graham. – Regina usou um tom ameaçador – Pode até achar que não está fazendo nada, mas está colocando coisas na cabeça dele. Está o levando a um caminho de autodestruição. Fique longe dele!

E Emma observou enquanto ela caminhava pomposamente até a saída.

Graham conversava com Henry e o garoto lhe mostrou o livro. O Xerife contou que as visões começaram depois que ele beijara Emma. Para Henry aquilo foi apenas mais uma prova de que sua mãe era a Salvadora. O relógio voltara a funcionar quando Emma decidira ficar em Storybrooke e a mina começou a desabar depois que Swan aceitou ser assistente do Xerife. Agora Graham estava retomando suas memórias e Emma era responsável por isso.

– Eu vi um lobo – Graham descrevia a visão que tivera na floresta – E segurava uma faca... e Mary Margaret... eu estava com Mary Margaret...

– Você ia machucá-la? – Henry perguntou e o homem assentiu.

Graham conversara com Mary há uns minutos porque achava que talvez ele tivesse feito algo de ruim a ela. Mary o tranqüilizou e notou que ele estava com febre. Ela disse que o Xerife precisava descansar, mas ao invés disso ele fora falar com Henry porque sabia da teoria da maldição e achou que aquela fosse a única explicação plausível pra aquelas lembranças que ele tinha.

– Mary Margaret é a Branca de Neve – Henry folheava o livro – o que faz de você o Caçador.

Eles observaram a ilustração de um homem segurando uma faca. Era realmente parecido com o Xerife.

– Você foi criado por lobos, é por isso que continua vendo um. Faz sentido! – Henry estava animado – O lobo é seu amigo, seu guia.

– E eu estou lembrando tudo isso porque beijei sua mãe? – Embora tudo fizesse sentido, era estranho. Por que Emma? Eles tinham algum tipo de conexão?

– Vocês estão ligados – disse Henry – Emma é a Salvadora, a pessoa que vai quebrar a maldição. E ela deve a vida a você porque você poupou Branca de Neve e Emma não teria nascido se Branca tivesse morrido.

– Está dizendo que Emma é filha de Mary Margaret? – o rosto de Graham exibia uma expressão de confusão.

– É. Não se esqueça, o tempo aqui ficou congelado por 28 anos.

Embora tudo fosse muito estranho e louco, era a única coisa que fazia sentido. Henry virou uma página e havia uma ilustração da Rainha Má parada em frente ao seu cofre. Ela colecionava corações e os guardava nesse cofre. Henry achou que o coração de Graham podia estar lá, já que a Rainha o arrancara quando descobriu que o caçador poupara Branca de Neve. Graham se lembrou que em sua visão o lobo uivava para o cofre e achou que devia procurar por ele.

– É por isso que eu não sinto nada – Graham disse a si mesmo quando saiu pela porta da casa da prefeita, no número 108 da Rua Mifflin – Eu não tenho um coração. Eu preciso achá-lo...

Emma esperava por ele na calçada e achou que tudo o que Graham dizia sobre a maldição era uma baboseira sem sentido. Ele estava mesmo acreditando na história absurda de um garoto de dez anos? No entanto, Graham continuava a insistir que não tinha um coração e que precisava procurar por ele. Emma assegurou que ele tinha um coração e até colocou uma mão no peito do Xerife. O coração dele batia normalmente. Mas é claro, Emma não acreditava em nada. Era óbvio que ela ia sentir a batida de um coração se fosse isso que quisesse sentir. Se continuasse a se recusar a acreditar na história de Henry, Emma só ia ver o que queria ver.

Mas ao menos ela acreditou na história do lobo. Graham dissera ter visto um lobo e ela viu um lobo. Um lobo que os encara do outro lado da rua. Emma apenas arregalou os olhos e correu atrás do Xerife quando ele correu atrás do animal.

O lobo os levou até um bosque ali perto, onde era o cemitério da cidade. Havia uma construção cinzenta que parecia uma casinha de pedra. Mas aquilo era o tal cofre da Rainha Má, o cofre em que ela guardava os corações que colecionava. Graham queria entrar lá e achar seu coração e Emma não parava de pensar que o Xerife estava enlouquecendo. Ele parecia estar alterado e era melhor que se consultasse com Archie. Emma, porém, não disse nada e até o ajudou a arrombar a porta do cofre. Ela nem sabia por que estava fazendo isso.

– Deve estar aqui em algum lugar – o Xerife iluminava cada canto com sua lanterna. Já escurecia e o lugar era sinistramente sombrio.

– Graham, não tem nada aí...

– Não! Tem que ter alguma porta, uma alavanca... alguma coisa.

Não havia nada além de um caixão branco. Emma não teve tempo de olhar o nome da pessoa no caixão porque nesse momento Regina apareceu. Ela ficou furiosa por vê-los lá e Emma queria inventar uma desculpa para o fato de eles terem arrombado o memorial da prefeita. Graham não ficou intimidado por Regina e ainda confessou que ele arrombara o memorial/cofre porque procurava por algo. Regina queria culpar Emma por tudo. Por colocar Henry contra ela e agora Graham. O Xerife ia deixá-la...

– Está me deixando por ela? – Regina perguntou e encarou Emma com raiva.

– Estou te deixando por mim – foi o que o Xerife respondeu – Acho que pela primeira vez estou pensando direito. É melhor não ter nada do que ter o que temos, Regina. Eu não sinto nada por você. Me desculpe. Acabou!

– Você é a culpada disso – ela se voltou contra Emma – Você está tirando de mim tudo o que eu amo. Primeiro Henry, agora Graham... O que foi que eu te fiz? Nada disso estava acontecendo antes de você chegar aqui.

Emma estava furiosa e irritada, mas manteve a calma e respondeu a altura:

– Já parou pra pensar que o problema não sou eu? É você!

– O que disse? – Regina achou que não tinha ouvido direito. Como aquela Swan ousava falar daquela maneira?

– Henry me procurou – continuou Emma – E Graham... ele me beijou! Os dois estavam infelizes. Talvez, prefeita, você deva se olhar no espelho e perguntar o porquê disso. Por que todos estão fugindo de você? – Emma sorriu. Atacara a ferida.

Em resposta, Regina lhe deu um tabefe na cara. Emma foi parar no chão, mas logo estava de pé e se lançou pra cima de Regina. As duas se atracaram e Graham teve que puxar Emma pra longe. Regina poderia ter matado Emma apenas com o olhar de ódio que lançou a ela. O Xerife e sua assistente foram embora, enquanto Regina limpava o sangue em sua boca.

***

De volta à estação policial, Graham cuidava do rosto de Emma. Ele achou que era bom colocar gelo porque a marca da mão da prefeita ficara estampada de um lado da face de Emma. Ela amarrara o cabelo e agora colocava uma bolsa de gelo no rosto.

– Desculpe por isso. Não sei o que deu em mim... – Graham se desculpou.

– Tá tudo bem... Você estava confuso e febril...

– Não sei por que me envolvi com ela...

– Porque era mais fácil. E seguro. Mas às vezes é melhor não sentir nada do que sentir algo ruim.

Ele assentiu em concordância.

– Você tá melhor? – perguntou e aproximou-se para examinar o rosto da mulher.

– Sim, estou bem.

Graham tinha que admitir, Emma era linda. E ele já vira do que ela era capaz. Ela era forte, apesar de já ter sofrido um bocado. Ele conseguia ver. Era visível que alguém a magoara no passado e agora ela se afastava de qualquer um que tentasse atravessar aquele muro que ela erguera pra se proteger.

Eles se olharam e Graham se afastou, temendo aborrecer Emma com aquela aproximação. Mas dessa vez foi ela quem tomou a iniciativa. Emma simplesmente se aproximou dele e o beijou. Flashes passaram pela cabeça de Graham. Lembranças. Ele sabia quem ele era. O caçador. O caçador solitário que Regina contratara para matar Branca de Neve. Graham se afastou de Emma e precisou se apoiar numa mesa para não cair.

– Graham? – ela preocupou-se

– Eu lembrei! – ele murmurou ainda espantado. Era verdade! Era tudo verdade! A maldição e a Rainha Má e o lobo... tudo! – Eu lembrei, Emma!

Emma o encarava confusa. Graham estava tendo um comportamento muito estranho e ela não sabia o que dizer ou fazer.

– Eu me lembrei! Obrigado!

Ela apenas sorriu enquanto Graham se aproximava para beijá-la. Ela gostava dele, tinha que admitir. Talvez o muro pudesse ser derrubado. Talvez ela pudesse abrir seu coração para Graham. Mas havia algo errado... Antes que seus lábios pudessem se encontrar, Graham gemeu e desabou no chão.

– Graham! Graham! Acorda! – ela o sacudia. – Graham! Por favor, acorda!

Emma quase não conseguiu ligar para a emergência. Ela chorou ao pensar que talvez o Xerife estivesse morto. Ele simplesmente perdera a consciência e ficara lá estendido no chão. Uma equipe médica veio. Encontraram uma Emma confusa e desesperada que segurava o corpo de Graham.

– Ele morreu? – foi tudo o que ela conseguiu perguntar.

***

– Ele teve uma parada cardíaca – informou o Dr. Whale – Graham tem problema de coração, você não sabia?

– Não, eu não sabia – Emma respondeu fracamente. Estava sentada na sala de espera do hospital e se desesperara ao pensar que talvez Graham estivesse morto.

– Ele vai ficar bem, mas vamos precisar fazer uns exames. Vou pedir a enfermeira que lhe dê um calmante, a senhorita parece muito assustada.

– Eu estou bem. Posso vê-lo? – ela pediu.

– Tudo bem, mas não demore. Ele precisa descansar.

Emma se dirigiu ao quarto de Graham. O Xerife estava sem camisa e ligado a aparelhos. Ele abriu os olhos quando notou que alguém entrara no quarto e sorriu ao ver Emma.

– Você me deu um baita susto – ela disse – Por que não me contou que tinha problemas cardíacos?

– Não achei que fosse importante – ele murmurou. Ainda estava fraco e pálido. Mas estava vivo. E ia ficar bem. – Emma?

– Hum?

– A maldição... é real...

– Graham... É só uma história, está bem? Você está confuso, precisa descansar.

– Mas é verdade... o livro, as histórias... é tudo real...

Ela acariciou a cabeça dele.

– Apenas descanse, está bem? Eu volto amanhã. Preciso ir pra casa e colocar minha cabeça no lugar.

Ele queria pedir que ela ficasse. Mas talvez fosse egoísta ao pedir isso. Emma tinha seus problemas e sua vida. Ela era especial pra ele. Graham sentia algo por Emma desde que ela aparecera na cidade. Ele nunca sentira isso por Regina. Era estranho como ele podia sentir isso mesmo sem ter um coração. É claro que ele sabia a verdade. Não fora um ataque cardíaco. Ele não tinha problema nenhum de coração. Fora Regina...

Ninguém desconfiou da prefeita quando ela deslizou pelos corredores do hospital e falou com o Dr. Whale. A hipócrita ainda teve a cara de pau de fingir que estava preocupada. Ela chorava. Lágrimas de crocodilo, é claro. Regina sabia atuar muito bem, poderia ser atriz. Graham queria expulsá-la dali, mas não teve forças. A mulher apenas se aproximou de sua cama e disse o que ele já sabia.

– Eu tenho sua vida em minhas mãos, Graham – ela sussurrou perigosamente – E aquilo que aconteceu a você foi só um lembrete do que eu posso fazer. Você é meu! – ela acariciou o peito do homem e colocou a mão bem onde deveria ficar seu coração – Enquanto eu tiver seu coração, sua vida é minha. Pode esquecer a garota Swan. A partir de hoje você vai fazer o que eu mandar. Não se esqueça de que eu posso te destruir a qualquer momento...

E uma lágrima solitária escorregou pelo rosto de Graham depois que Regina foi embora.

***

– Eu disse a você, ele é o Caçador. – Henry insistia na hora do café da manhã.

Emma não estava com muita paciência. Eram sete horas da manhã de uma terça-feira e ela não estava nem um pouco a fim de discutir sobre uma maldição que nem existia. Graham quase morrera no dia anterior e Emma ainda estava abalada.

– Henry, já chega! Ele podia ter morrido...

– Minha mãe fez isso a ele. Quando você tem um coração você pode controlar a pessoa a quem ele pertence. Ela deve ter tentado matá-lo ou fez isso só pra assustar. Ele recuperou as lembranças da maldição...

– Henry, é sério! Já chega! – Emma fez sinal pra Ruby e pediu um café bem forte. Sua cabeça ainda não estava no lugar e ela precisava mesmo de um calmante.

– Você tá bem? – Ruby perguntou amigavelmente – Soube o que aconteceu ao Graham e soube que você estava com ele.

– As notícias voam por aqui, não? – Emma murmurou enquanto tomava um gole do café. – Como acha que eu estou? O cara quase morreu na minha frente...

– Deve ter sido horrível. – disse Ruby, enquanto lançava um olhar de pena a Emma – Mas e então? Vocês estão ficando?

Emma franziu a testa. Sério? Graham estava no hospital e Ruby queria saber se eles estavam ficando?

– Ah Ruby... sai daqui – foi tudo o que Emma conseguiu dizer.

– Nossa, eu só queria ajudar. – Ruby se afastou chateada e Henry lançou a Emma um olhar de “Isso não foi legal”.

– Eu sei o que vai dizer. – ela revirou os olhos – E eu não imagino ela sendo minha tia. Fala sério, Henry, olha como ela se veste.

Henry riu. Ele contara a Emma que Mary e Ruby eram irmãs, por isso eram tão amigas.

– Ela não foi sempre assim - disse o garoto

– Claro que não, ela era a Chapeuzinho Vermelho. Faz todo sentido...

O celular de Emma começou a tocar. Ela o atendeu e fez cara de preocupada.

– O quê? Mas como? Como é que ninguém viu nada? Está bem, estou indo pra aí.

– O que foi? – perguntou Henry.

– Graham fugiu do hospital!

***

Emma o procurou por toda parte, mas ele não estava em lugar nenhum. Como alguém podia sumir assim? Parecia que a história de David Nolan estava se repetindo. Um paciente simplesmente acordava e saía do hospital sem ninguém ver.

– Já procurou na casa dele? – Henry perguntou quando encontrou Emma depois da escola. Ela estava desesperada.

– Já! Já procurei na casa dele, no cemitério, nas docas... em todo lugar!

– Talvez ele não queira ser achado. Deve estar fugindo da minha mãe.

– Temos que achá-lo. Ele não pode ter ido muito longe, estava fraco...

Emma estava nervosa e estava sozinha na tarefa. Ela era muito boa em encontrar pessoas, mas dessa vez não estava tendo muito sucesso. Ninguém vira Graham. A câmera de segurança do hospital registrara o momento em que ele saíra pela porta dos fundos. Mas como é que ele podia ter sumido desse jeito? Se Graham tivesse caído em algum lugar ela teria o achado, Storybrooke não era tão grande assim.

– Precisamos de mais gente pra ajudar na busca. – falou Henry e Emma lhe deu aquele olhar que significava “Você não vai participar disso” – Minha mãe não está em casa. Ela nem vai saber que estou com você.

– É claro que ela vai saber, ela sabe de tudo que acontece nessa cidade. Me admira que ela não saiba onde Graham está.

Os dois caminhavam pelas docas. Emma revirara a cidade de cima a baixo. Eram pouco mais de cinco da tarde e logo iria escurecer. Emma subitamente parou e olhou na direção do mar.

– Ah meu Deus! Ele pode ter caído no mar e se afogado! Henry... eu preciso que ligue para os bombeiros. Agora!

– Ele não caiu no mar. – o garoto disse calmamente.

– Como sabe?

– Minha mãe fez isso... – ele estava pensativo – Ela o seqüestrou pra mantê-lo longe de você. Ele sabe a verdade, Emma. E vocês dois são uma ameaça à maldição.

– Henry... não começa... Vou te levar pra casa. – ela caminhou em direção ao fusca amarelo estacionado ali perto. Killian tinha acabado de sair do trabalho e caminhava pra casa – Killian! Preciso da sua ajuda.

– Oi. – ele cumprimentou timidamente – O que posso fazer?

– O Xerife Graham desapareceu do hospital e já procurei em todo lugar. Pode levar o Henry pra casa? Preciso continuar com a busca antes que escureça.

– Eu quero ir com você – Henry insistiu – Killian pode ajudar também.

Emma pensou e acabou concordando.

– Está bem. Tudo bem pra você, Killian? Não quero incomodar.

– Tudo bem, mas por que eu? – o homem estava surpreso. As pessoas nunca precisavam dele – Não sou bom em buscas.

– Você é o herói da cidade. Salvou o Henry! – ela sorriu e Killian ficou realmente se sentindo um herói.

Os três foram de carro até a floresta. Emma não procurara direito na floresta porque achou que Graham não iria pra lá. Já Henry tinha uma teoria e achava que era o melhor lugar para Graham se esconder.

– O lobo é amigo dele, pode mantê-lo seguro na floresta. Eu já te disse, Emma, Graham foi criado por lobos. Ele vivia na floresta...

– Tá bem, garoto. Mas não quer dizer que ele possa sobreviver numa floresta. Estamos em Storybrooke. Não seria mais fácil viver a base de café e rosquinhas?

Henry se calou. Emma nunca acreditava nele. Ela era mesmo uma terráquea, sempre preferindo acreditar no mundo real a acreditar na fantasia. Ela estacionou e os três desceram. Killian não sabia muito bem o que fazer, mas Emma apenas disse que eles precisavam prestar atenção aos detalhes. Se Graham estivesse ali ou tivesse passado por ali teria deixado algum sinal.

– Se vamos bancar o Sherlock Holmes, não devíamos ter uma lupa ou algo do tipo? – Killian perguntou. Henry olhou pra ele parecendo divertido, como se aquilo fosse uma grande brincadeira.

– Não precisamos de lupas. Só de lanternas – Emma passou uma lanterna para Killian e outra para Henry – Vamos! Vai escurecer logo e temos que encontrá-lo.

Emma foi para um lado e Henry e Killian para o outro. Eles prestavam atenção no solo, vendo se não havia pegadas. Pela primeira vez Killian estava se sentindo útil. Ele sabia que podia ser bem prestativo quando as pessoas precisavam de sua ajuda.

– Acho que ele não veio pra cá. – falou Killian, depois de mais ou menos uns quarenta minutos de busca – É uma grande distância do hospital até aqui.

– É, acho que a Emma tem razão. Ele não viria pra cá...

Eles foram encontrar Emma, que não estava muito longe dali. Ela não tivera muito sucesso também. Onde quer que Graham estivesse, não passara por ali.

– Esperem. O que é aquilo? – Killian viu algo brilhando ali perto. Aproximaram-se e viram que era o distintivo do Xerife caído na areia na beirada do rio.

– É do Graham! – Emma apanhou o distintivo – E tem pegadas aqui. Devem ser dele.

– As pegadas terminam aqui, ele pode ter atravessado o rio – Killian notou.

– Não. A correnteza é forte. Ele não conseguiu... – lágrimas escorreram pelo rosto de Emma quando ela entendeu o que acontecera.

– Você não acha que... – Killian começou e não conseguiu terminar.

– Ele morreu? – Henry perguntou chocado.

Era a única explicação.

***

A equipe dos bombeiros procurara o corpo, mas não encontraram nada. Acabaram dando Graham como morto. A única explicação era que ele tivesse caído no rio e morrido afogado. Mas ninguém soube explicar o paradeiro do corpo.

No funeral, Regina fez um escândalo em público. Ela chorava escandalosamente e tiveram que ampará-la quando ela quase desmaiou. Realmente, uma boa atriz. E embora não houvesse um corpo para velar, ela abraçou o caixão e ficou lá durante muito tempo, até que Archie teve o bom senso de tirá-la de lá e lhe dar um copo de água com açúcar.

A cidade inteira estava presente. Trouxeram coroas de flores e pessoas depositaram rosas e fizeram um altar em homenagem ao Xerife. Emma, não é preciso dizer, estava arrasada. Mas não quis falar sobre o assunto quando Archie veio conversar com ela.

– Eu estou bem – foi tudo o que ela conseguiu dizer.

– Se precisar de um amigo – o psicólogo dissera – sabe onde me encontrar.

– Ele não ia querer que você ficasse triste, Emma – Mary Margaret tentou consolar a amiga – Todos amavam Graham, mas agora todos têm que aprender a aceitar o que aconteceu. Foi uma fatalidade... mas não há nada que possamos fazer.

– Já disse que estou bem, Mary Margaret – Emma respondeu com brutalidade. Ela não chorava, mas era visível o quanto estava triste.

Naquela manhã Emma apenas se enfiara em seu vestido preto e decidira que não ia chorar. Ela tinha que ser forte. E não ia deixar que Regina percebesse o quanto ela podia ser vulnerável.

Quando desceram o caixão para a cova, Emma quase desejou que Regina se jogasse no buraco e ficasse lá pra sempre. Algumas pessoas, as mais próximas de Graham, pegavam a pá e atiravam um pouco de terra por cima do caixão. Era uma maneira simbólica de dizer adeus. Emma jogou um bocado de terra e se afastou.

– Sabe que tudo isso é culpa sua – ela ouviu a voz de Regina atrás dela.

– Vai me culpar pela morte dele? – Emma perguntou com secura – Porque caso não saiba, ele tinha problemas de saúde.

– Você não foi capaz de encontrá-lo quando ele desapareceu – Regina se postou na frente de Emma, bloqueando seu caminhou. Os olhos da mulher estavam inchados de tanto chorar – Ele não teria se afogado se você tivesse feito seu trabalho direito. Não preciso lembrá-la que não tem mais um emprego agora que não temos mais um xerife. Vamos, Henry!

Henry acenou para Emma e Regina colocou seus óculos escuros. Se Regina estava tentando colocar as pessoas contra Emma não ia conseguir. Ah mas não ia mesmo...


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Notas finais do capítulo

Antes que me perguntem, o Graham não morreu, mas Regina deu um jeito de sumir com ele. Espero que tenham gostado. Beijos



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