Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 43
Capítulo 39 - Amaldiçoados


Notas iniciais do capítulo

Hello girls! Nem demorei né? Finalmente chegamos à maldição. Eu sei que poderia ter feito um capítulo bem melhor e mais emocionante, mas espero que gostem mesmo assim. E agora preciso de sugestões de nomes porque o próximo já é em Storybrooke. Vou deixar a Ruby e o Killian com esses nomes mesmo, mas os outros eu vou mudar. Eu sempre esqueço de falar um monte de coisas kkkk e sempre esqueço de perguntar se vocês já leram o livro OUAT - O Despertar. Eu comecei a ler e achei interessante porque é bem detalhado e vai me ajudar com a fic porque eu sempre faço confusão com essa linha do tempo da série. Eu não sei se ficou algum furo, justamente porque a história é muito complexa e elaborada, então se vocês tiverem notado algo errado me digam. A partir do próximo capítulo muitas coisas vão ser iguais às da série, mas outras eu vou ter que mudar por causa do Gancho e provavelmente a Cora vai estar em Storybrooke, mas ainda não tenho certeza. Enfim, espero que gostem e até o próximo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/322235/chapter/43

Capítulo 39 – Amaldiçoados

Meses se passaram sem que Ruby conseguisse engravidar. Por mais que Gancho tentasse animá-la, a princesa estava num estado de dar dó. Mesmo depois de saber que seu primeiro filho seria uma menina, Ruby desanimara por nunca conseguir dar um filho a seu marido. Só podia haver algo de errado com ela. Gancho a levou para ver um médico e o doutor disse que ela devia ser confiante.

– É comum que mulheres que sofreram aborto demorem a engravidar. Nunca se sabe quanto tempo vai demorar. Algumas demoram meses, outras demoram anos... Mas você não pode desistir, deve ser confiante e acreditar que é capaz de ter um filho.

Era difícil, mas ela estava tentando. Ruby caiu em tal estado de tristeza que nada que Gancho fizesse conseguia animá-la. Ela era tão feliz e cheia de vida! Mas agora não parecia a mesma Ruby de antes. Havia dias em que ela apenas se sentava de frente para o mar e ficava muito quieta observando a paisagem. Aí Killian vinha e conversava com ela, mas suas vidas apenas se resumiam nisso. A pobre princesa não tinha nem vontade de cozinhar mais, e até seus jardins estavam morrendo.

– Está vendo isto? Não sou capaz nem de cuidar de plantas. Talvez eu não mereça ter um filho porque não vou saber como cuidar dele. – ela disse certa vez, pouco depois de eles retornarem á ilha em que moravam.

– Ruby, não diga besteiras. É claro que você é bem capaz de cuidar de uma criança. Suas plantas estão morrendo porque você nem se dá ao trabalho de regá-las de vez em quando.

– Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho vontade de fazer mais nada. Me diz, Gancho, o que está acontecendo comigo? – os olhos dela se encheram de lágrimas.

– Oh minha querida! – ele a tomou em seus braços, como sempre fazia para consolá-la – Você passou por uma perda muito grande, nós dois passamos. É normal, você só está muito entristecida.

– Mas eu pensei que isso ia passar logo – ela chorava – Por que eu ainda me sinto tão mal? Por que ainda sinto essa dor no peito?

– Porque era nosso filho. E você foi a pessoa que mais sofreu nesse tempo todo. Desde que nos conhecemos, você foi quem mais sofreu. E eu nem imagino a dor que você sentiu quando Regina tirou de você a coisa mais preciosa que você tinha.

Gancho, como a Fada Azul dissera, estava sendo o pilar em que Ruby se sustentava. Ela sempre precisava dele, mas agora precisava mais do que nunca e nem imaginava o que seria dela se também perdesse o marido. Ele era seu consolo de todas as noites e a pessoa que iluminava seus dias.

Em meados de junho, James e toda sua tripulação vieram visitar Ruby e Killian. Depois de um tempo procurando por seus tesouros escondidos, James decidira passar um tempo em terra firme. Quando eles atracaram na Ilha dos Enamorados, Gancho fez festa e Ruby apenas se sentou na praia e ficou observando o mar, como sempre fazia.

– O que ela tem? – James perguntou ao avistar a nora. Ela nem viera cumprimentá-los.

– Aconteceu, não aconteceu? – Ellanor perguntou, já sabendo de tudo.

– Você sabia de tudo. – disse Killian – Sabia o que ia acontecer a ela, não sabia?

– Sabia! – Ellanor assentiu e se sentiu culpada – Sabe, eu devia ter contado tudo a vocês, mas não consegui.

– Tudo bem, você disse que devíamos ficar longe da Regina. A culpa foi minha.

– Alguém pode me dizer o que está acontecendo? – James impacientou-se – Do que estão falando? Por que Ruby está daquele jeito?

Gancho precisou repetir tudo o que tinha acontecido e não era fácil para ele também. Ele assistira quando Regina matara seu filho e também sentia uma dor muito grande no peito, mas tudo era mais difícil para Ruby.

– Oh pobre menina! Eu sinto muito, filho – James puxou Killian para um abraço.

– Está tudo bem. Estamos superando. Mas a Ruby está arrasada. Não sei mais o que fazer para animá-la.

– Eu queria poder fazer algo – falou Ellanor

– Você já fez muito, Ellanor. Mas agora me esclareça uma dúvida: a capa, por que a capa não a protegeu da Regina?

– Aquela capa tem uma magia forte, mas não forte o suficiente. – a bruxa explicou – A Rainha Má usa magia das trevas e a capa não foi capaz de suportar isso. Eu sinto muito, Killian.

– Será que eu posso falar com ela? – Smee pediu – Eu já passei por uma grande perda, sei como ela se sente.

– Tudo bem, Smee. – Gancho assentiu – Talvez consiga animá-la um pouco.

Smee caminhou devagar até a praia. Na primavera tudo ficava mais colorido e fresco. A horta de Killian estava uma beleza e ele agora também cuidava dos jardins de Ruby. Tudo ali estava florido, mas nem isso animava a princesa.

– Olá, Smee! – ela cumprimentou quando o marujo gordinho se aproximou e se sentou ao lado dela – Eu já estava indo cumprimentá-los...

– Gancho me contou o que aconteceu e eu sinto muito.

– Obrigada! – lágrimas começaram a se formar nos olhos dela. Ruby estava sensível e bastava que alguém tocasse no assunto do bebê para que ela começasse a chorar.

– Eu sei o quanto está triste. E também sei que essa tristeza vai passar.

Ela balançou a cabeça e enxugou as lágrimas.

– Isso nunca vai passar. Eu nunca mais vou ser a mesma.

– Eu também pensei isso quando perdi minha esposa e meus dois filhos. Acho que nunca contei a você como eles morreram...

Ruby se interessou e Smee continuou:

– Tínhamos saído para um piquenique. Meus filhos eram muito pequenos, um tinha cinco e o outro tinha três anos. Minha querida esposa e meus filhos eram as coisas que eu mais amava no mundo. Mas aí vieram os ogros e eu não pude salvá-los...- Smee enxugou uma lágrima – Eu os vi morrer. Os ogros os esmagaram na minha frente. Eu consegui me salvar, mas preferia ter morrido. Não há um dia que eu não me lembre deles e sofra com isso, mas depois a tristeza passa e a gente aprende a conviver com a dor. Foi por isso que eu entrei pra pirataria, princesa. De alguma forma, eu sempre esperava que fosse morrer em combate, aí não ia sofrer mais. Isso até conhecer a Ellanor. Por mais que esteja doendo, por mais que você queira que a dor acabe, vai ter que conviver com ela. E um dia... um dia você aprende a ser feliz de novo...

– Obrigada, Smee! – ela sorriu levemente, enxugando as lágrimas.

James e seus marujos passaram uma semana na ilha. Não havia lugar para todos, por isso eles dormiam no navio. Mas a presença daquelas pessoas de alguma forma alegrou Ruby um pouco. Havia novos marujos na tripulação e alguns eram realmente engraçados. Às vezes Ruby sorria e às vezes até conseguia rir, aí Gancho ficava feliz por vê-la assim. Mas durou só uma semana, depois ela voltou a ficar triste de novo.

– Amor, sabe o que eu estava pensando? Nós podemos adotar, se você quiser. – ele sugerira.

– Sim, podemos. – ela concordou – Mas eu ainda quero ter um filho seu.

– E nós vamos continuar tentando.

– Obrigada por estar comigo.

– Eu sempre vou estar aqui pra você...

***

Veio o verão e a esperança veio com ele. Ruby aos poucos foi se livrando da tristeza e dando lugar à esperança. Ela ia ter um filho, nem que tivesse que esperar anos até conseguir um. Junho, julho e agosto passaram.

Ela e Gancho comemoraram o aniversário de quando se conheceram, em 17 de agosto. Fizeram uma festinha e Ruby até fez um bolo. Aos poucos ela estava voltando a ser a menina alegre e brincalhona que tinha sido.

– Há um ano eu era infeliz por ter uma vida previsível e sem amor – ela se lembrou – E aí conheci um pirata arrogante e metido que mudou a minha vida.

Ele riu.

– Há um ano eu era um pirata arrogante, metido e sem coração. Aí seqüestrei uma princesinha atrevida que me mudou. Já pensou se não tivéssemos nos conhecido? Eu provavelmente ainda estaria atrás do meu pai e ainda ia ser aquele pirata horrível que você conheceu.

– Você não era assim tão horrível. Eu provavelmente estaria casada com Peter e estaria odiando esta vida.

– Bem, talvez nós nos conhecêssemos, aí eu ia convencê-la a fugir comigo e acho que você ia ter muita coragem de fazer isso.

– Ah é? Pois acho que você ia me seqüestrar e a história ia se repetir. Mas aí íamos ter um problema maior do que meu pai, você também ia ter que se livrar do Peter.

Eles riram ao imaginar essas coisas e Gancho ficou imaginando que de certa forma Rumplestiltskin fora responsável pelo destino deles. Se o Senhor das Trevas não tivesse mantido James como prisioneiro, talvez Killian e Ruby nunca se conhecessem.

Veio setembro trazendo o outono e enquanto as folhas das árvores caíam, Ruby também ia se livrando de toda a tristeza e dor que guardara naqueles meses. Era bom vê-la sorrir depois de tanto tempo entregue às lágrimas. Quando ela voltou a fazer tudo o que gostava, Gancho teve a certeza de que ela estava voltando ao que era antes.

Mas Regina ainda assombrava a vida de todos. Branca estava preocupada porque logo sua filha ia nascer e ela temia que Regina fizesse algo que ameaçasse a vida do bebê. Desde que ela matara o filho de Ruby, ninguém mais se surpreendia com a maldade que havia no coração da Rainha.

Branca resolveu falar com Rumplestiltskin para descobrir o que Regina tramava. Eles tinham conseguido prender o Senhor das Trevas numa prisão da qual era quase impossível que ele saísse. Mas apesar de não poder usar sua magia, o homem ainda tinha visões. Ele acabou contando a Branca e James qual era o plano da Rainha, em troca de saber o nome que Branca ia dar à filha.

– A Rainha criou uma poderosa maldição e ela está vindo – ele disse, seus olhos se arregalaram e sua boca se rasgou num sorriso – Em breve todos vocês estarão presos, assim como eu, só que pior... Nossa prisão será o tempo! O tempo vai parar e estaremos presos num lugar horrível onde tudo o que temos, tudo o que amamos será arrancado de nós enquanto sofreremos na eternidade. E a Rainha finalmente celebrará vitoriosa! – o sorriso dele se desfez – Sem mais finais felizes...

– O que podemos fazer? – Branca perguntou chocada. Ela sabia que Regina era capaz de qualquer coisa, mas lançar uma maldição apenas para se vingar dela... aquilo era loucura!

– Não podemos fazer nada! – Rumple cantarolou.

– Você pode?

– Esse serzinho crescendo dentro de você – ele fez menção de tocar na enorme barriga de Branca e James ameaçou cortar a mão de Rumple fora se tentasse tocar em sua esposa de novo – O bebê é nossa única esperança! Protejam a criança e quando ela completar 28 anos... a criança retornará, a criança os achará... e a batalha final se iniciará – ele gargalhou alto e James puxou Branca, dizendo que deviam ir embora – ESPEREM! A CRIANÇA, QUAL O NOME DA CRIANÇA? NÓS FIZEMOS UM ACORDO, ME DIGA O NOME DELA! EU QUERO O NOME DELA, EU PRECISO DO NOME DELA!

– Emma, o nome dela é Emma...

***

– 28 anos? – Killian quase não acreditou quando Branca e James contaram a ele e Ruby o que estava por vir – É muito tempo!

– E o que são 28 anos quando se tem amor verdadeiro? – falou James – Emma é nossa única esperança, ela irá nos salvar.

– E como é que ela vai se salvar, em primeiro lugar?

– Bem... Ainda não pensamos nisso – James coçou a cabeça.

Primeiro pensaram em lutar contra a Rainha, matá-la antes que ela pudesse lançar a maldição. O Grilo Falante, que era o ser mais consciente e ético da Floresta Encantada, disse que não era certo que fizessem aquilo. Estariam sendo piores do que a Rainha se a matassem. Então pensaram em Emma, a salvadora. Ela era a única esperança e era tudo o que eles tinham.

Mais tarde, no mês de outubro, a Fada Azul trouxe uma solução. Havia uma árvore encantada que se transformada num invólucro teria o poder de proteger uma pessoa da maldição. Apenas uma pessoa iria se salvar e tinha que ser Branca. Gepeto e seu filho Pinóquio iriam construir um armário e assim Branca estaria protegida quando entrasse dentro dele. Ela não gostou da ideia de se separar de James por 28 anos, mas não tinham outra escolha. Branca estava uma pilha de nervos e seu bebê poderia nascer logo. Gepeto se apressou a construir o armário e enquanto isso, não havia mais nada que eles pudessem fazer.

– Eu estou com medo! – Ruby confessou a Gancho. Eles estavam hospedados no castelo de Branca e James e desde que souberam da maldição, não conseguiam dormir tranqüilos – Eu não quero ficar sem você.

– E não vai ficar. Aconteça o que acontecer, ninguém nunca irá nos separar. Eu prometo! – ele lhe deu um beijo na testa.

– E pensar que nosso bebê já teria nascido se não tivesse morrido... – ela mudou de assunto depois de um tempo – Às vezes eu olho pra barriga da minha irmã e sinto inveja. Sei que é errado, mas me sinto mal ao vê-la tão feliz pelo bebê.

– É normal! Nós perdemos o nosso. Natural que ficássemos assim ao ver a felicidade de outra pessoa. Sabe, eu até que entendo a Regina. Ela deve se sentir assim quando vê a felicidade da sua irmã.

– É, mas daí a fazer de tudo pra destruir a felicidade dela... – Ruby soltou um longo suspiro – Eu só espero que Rumplestiltskin esteja certo. Eu não vou suportar viver sem você por 28 anos, mas posso esperar.

– Querida... – Killian ficou pensativo de repente – Eu estava pensando... eu queria falar com o Senhor das Trevas.

– O quê?! Ficou louco?

– Ele não pode nos machucar. Desde que meu pai voltou, eu ando querendo falar com o Rumple...

– Rumplestiltskin.

– Isso! Eu preciso falar com ele. Preciso saber por que ele manteve meu pai preso por tanto tempo.

– Não acho que seja uma boa ideia, mas se é o que você quer... Eu vou com você!

– Ruby...

– Olha, não venha com seus discursos. Eu já passei por muita coisa: já fui seqüestrada, perdi um bebê, poderia ter morrido trocentas vezes e agora vou ser amaldiçoada... Não há nada pior que possa me acontecer.

Killian não pôde fazer nada, apenas deixou que ela o acompanhasse. Eles foram até o lugar em que Rumplestiltskin estava aprisionado. Havia um túnel escuro e uma cela que ficava no final dele. Guardas tomavam conta do lugar e um deles instruiu Killian e Ruby, dizendo que deviam ficar encapuzados e não se aproximar do Senhor das Trevas.

– E não digam seus nomes. Se ele souber seus nomes terá poder sobre vocês.

O Senhor das Trevas assobiava sentado no chão da cela. Quando o casal se aproximou, Rumple se levantou de um pulo e se agarrou às barras da cela.

– Chapeuzinho Vermelho e Capitão Gancho – ele disse, mesmo sem poder ver o rosto deles. – Mas que casal adorável! Vamos, aproximem-se! Ah...há muito tempo que espero por esse encontro.

– Sabia que viríamos? – Ruby perguntou aproximando-se.

– Mas é claro! Eu vejo o futuro! – ele disse em sua vozinha esganiçada.

– Ele se parece mesmo com um crocodilo – Killian debochou, lembrando-se do que James dissera sobre o Senhor das Trevas ter uma pele áspera como a de um crocodilo. Rumple soltou uma risadinha.

– Incrível como se parece com seu pai. E tem o mesmo senso de humor, eu devo dizer.

– E é sobre ele que viemos falar. Agora você vai me contar tudo!

– Naturalmente, veio aqui atrás de respostas. – Rumple gesticulava enquanto falava - Quer saber por que eu mantive seu pai como prisioneiro... Mas é claro, isso vai ter um preço.

– O que quer?

Rumple pensou por uns instantes, então soltou uma de suas risadinhas e apontou para o gancho que Killian usava no lugar da mão.

– Seu gancho!

– Meu gancho? – Killian franziu a testa – O que vai fazer com isso?

– Bem, digamos que tenho meus motivos. – foi tudo o que Rumple disse e Killian tirou o gancho, meio contrariado, e o passou para Rumple. O Senhor das Trevas observou o objeto por uns segundos, como que fascinado por ele, até que Gancho pigarreou chamando sua atenção.

– Agora me conte tudo.

– Ah sim, sim. – o Crocodilo riu colocando o gancho de lado – Quer saber por que fiz aquele acordo com seu pai. Eu fiz aquele acordo porque estava cuidando do seu futuro, vamos dizer assim. E você pode até dizer o contrário, mas eu fui o responsável pela união de vocês dois.

Killian e Ruby se entreolharam e Rumple continuou.

– Você encontrou alguém para culpar pelo sumiço do seu pai, mas esteve culpando a pessoa errada. Eu fui o responsável por isso – e Rumple parecia muito orgulhoso disso – Se não fosse por mim, talvez vocês nunca tivessem se conhecido.

– E por que queria que nos conhecêssemos? – Ruby indagou curiosa.

– Já disse, estava cuidando do futuro.

– Mas não faz sentido...

– Não precisa fazer sentido.

– É claro que precisa. Por que o Senhor das Trevas iria querer que duas pessoas tão diferentes se apaixonassem? Pelo o que ouvi falar de você, sempre faz as coisas intencionalmente...

– Garota esperta! – ele riu e caminhou pela cela – Havia uma profecia. Algo sobre uma criança nascida de um amor verdadeiro. Bem, agora sabemos de quem se tratava, mas à primeira vista achei que a criança seria de vocês.

– Está dizendo que nosso filho ou filha poderia ter sido o salvador? – Killian ergueu as sobrancelhas e Ruby ficou pensativa - A pessoa que iria quebrar a maldição da Rainha?

– O futuro às vezes é incerto, mas sim, eu achei que se tratava de vocês. E pelo visto a Rainha também, ou não teria feito o que fez.

Ruby abriu a boca num O perfeito.

– A Rainha sabe? Ela sabe sobre a Emma, a salvadora? Foi por isso que ela matou meu bebê, ela achou que nosso filho ia ser o salvador.

– Sim, sim, e felizmente ela não pode machucar Branca de Neve, ou já teria se livrado da salvadora. Agora vocês entendem o porquê de eu ter feito o que fiz? Tudo tem seu preço, meus caros, e o preço de James foi pagar pelo futuro de vocês. Agora, se me dão licença, tenho coisas a fazer.

Killian e Ruby foram embora chocados enquanto que Rumple cantarolava e se ocupava com algo em sua cela.

– Nós só nos conhecemos porque ele achou que nosso filho poderia quebrar a maldição – Ruby parou no meio do caminho na volta ao Castelo Real. Ela decididamente precisava de um tempo para absorver os fatos. – Será que Ellanor sabia disso?

– Creio que não, ou teria nos contado. Ellanor não é tão poderosa assim, ela não pode saber tudo sobre o futuro.

– De qualquer modo, estou abismada. Ele só nos juntou porque queria que a maldição fosse quebrada. Isso é um absurdo!

Eles mal sabiam que Rumplestiltskin fora o responsável por criar a maldição. O homem tinha seus motivos e Regina só trilhara pelo caminho da magia porque Rumple a ensinara tudo. Ele dava jeito para tudo o que queria. E com certeza aquela maldição iria lhe trazer o que ele mais queria: seu filho.

Chapeuzinho e Gancho voltaram ao Castelo Real. Gepeto ainda construía o armário e Branca estava cada vez mais nervosa. Era vinte e dois de outubro e Emma poderia nascer a qualquer momento. Gepeto precisava se apressar.

Ruby se recolheu ao quarto em que ela e Gancho estavam hospedados. Algo a atormentava e Killian não conseguia descobrir o que era. Ela sempre mudava de assunto ou apenas dizia que estava nervosa com tudo aquilo acontecendo.

– Querida, sabe que pode me contar qualquer coisa – ele disse abraçando-a por trás. – Se há algo lhe incomodando você pode me contar.

– Não é nada – ela se afastou e foi olhar pela janela.

– Está me escondendo algo. O que é?

– Nada, já disse. Por que você sempre cisma com as coisas? – ela bufou irritada.

– Ruby, não é hora de brigar. Não sabemos o que vai acontecer nesta terra para a qual estamos indo e não quero me arriscar a ir para lá estando brigado com você.

– Desculpe. – ela o beijou para se desculpar – É só que... é que aconteceu uma coisa...

– O que foi?

Antes que Ruby pudesse responder, houve uma batida apressada na porta. Killian foi atender e se deparou com um James desesperado.

– O bebê vai nascer! – ele anunciou – Branca está em trabalho de parto.

– Tem certeza, colega? – Killian tentou acalmá-lo – Talvez sejam apenas umas contrações.

– Não, vai acontecer. Eu vim chamar a Ruby para dar um apoio à Branca.

Eles correram escada acima e encontraram Branca já deitada em sua cama. Ela respirava fundo tentando se acalmar. O anão Mestre seria o responsável pelo parto e Branca insistia ao dizer que a criança não devia nascer agora. Ela tinha que entrar no armário, ela precisava!

– É tarde demais! – disse Mestre.

– O que quer dizer? – James preocupou-se

– O bebê está vindo! Vamos ter que fazer o parto. Receio que a criança terá que ir sozinha pelo guarda-roupa.

James recusava-se a permitir que Emma fosse sozinha para um lugar desconhecido. Branca gemia de dor e Ruby queria ficar com ela para dar apoio, mas Mestre expulsou todos do quarto, permitindo que apenas James ficasse com a esposa. A única coisa que eles podiam fazer é ter esperança e acreditar que Emma os encontraria quando completasse seus vinte e oito anos.

Um sino soou pelo castelo.

– Que é isso? – perguntou Killian. Ele e Ruby resolveram esperar nos jardins do castelo. Havia muita tensão lá em cima e Ruby já estava nervosa com tudo acontecendo ao mesmo tempo.

– A MALDIÇÃO ESTÁ AQUI! – o berro de Zangado veio de algum lugar do castelo e os Jones se entreolharam assustados.

– Céus! – Killian arregalou os olhos ao avistar uma fumaça escura e espessa tomando conta de tudo. Ainda estava longe, mas logo alcançaria o castelo e todos seriam amaldiçoados. Ruby caiu no choro e Gancho tentava consolá-la tentando entender o que estava afligindo sua Ruby – Meu amor, não chore! Eu já te disse que ninguém vai nos separar. Eu vou amar você pra sempre, aconteça o que acontecer.

Ela não disse nada, apenas se agarrou a Killian e soluçou alto.

Enquanto isso, Branca de Neve berrava a plenos pulmões. Ela agarrava a mão de James, que tentava acalmá-la. Ele não sabia bem o que fazer, visto que aquele era seu primeiro filho e ele nunca acompanhara um parto.

– Fique calma! Por favor, fique calma! – ele dizia a ela, mas Branca só berrava e dizia que Emma não devia nascer agora.

– Ela não pode vir agora! Não é hora!

A porta do quarto se abriu de repente assustando Branca, James e Mestre.

– O guarda-roupa está pronto! – anunciou Gepeto.

James fez menção de carregar Branca para levá-la até o guarda-roupa, mas Mestre impediu.

– Não! Não podemos movê-la! Apenas faça força, Branca. Empurre!

Lá embaixo no jardim, Ruby ainda chorava.

– O que foi, querida? – Killian perguntava de forma carinhosa e Ruby só conseguia chorar – O que está acontecendo?

– Eu estou com medo! – ela por fim disse.

A nuvem negra se aproximava cada vez mais. O céu escurecera e o tempo esfriara. Bandos de passarinhos passavam voando por cima do castelo e a agitação lá em cima continuava.

– Não tenha medo, estou aqui com você – ele a abraçou com mais força – Vai ficar tudo bem!

Um choro de criança ecoou pelo castelo e Killian sorriu aliviado.

– Estamos salvos! Emma irá nos salvar!

Nesse momento a carruagem negra da Rainha veio correndo e estacionou em frente ao castelo. Ela viera acompanhada de vários guardas que usavam armadura negra (impressionante como aquela mulher gostava de preto). Um deles abriu a porta da carruagem e Regina desceu.

– Encontrem a criança! – ordenou e os guardas adentraram o castelo.

Killian e Ruby se encolheram, mas Regina apenas passou por eles toda sorridente e entrou no castelo. Ela finalmente conseguira o que queria e estava radiante de felicidade. Finalmente Branca de Neve ia pagar por tudo o que lhe fizera.

Alguns minutos se passaram e a maldição se aproximava cada vez mais. Ruby e Gancho não faziam ideia do que estava acontecendo lá em cima. O ex-pirata achou melhor que ele e a esposa ficassem onde estavam. Eles tinham uns poucos minutos juntos e Gancho não queria desperdiçar esse tempo.

– O que acha que vai acontecer com a gente? – Ruby perguntou com a cabeça apoiada contra o peito dele.

– Eu realmente não sei. Mas se a maldição vai tirar tudo o que amamos...

– ...significa que ela vai tirar você de mim – ela completou.

– Eu também estou com medo, mas devemos confiar no destino.

– Não quero me separar de você – ela choramingou. A maldição se aproximando. – Não me deixe sozinha.

– Ruby, isso é maior do que nós. Não há nada que eu possa fazer – ele enxugou as lágrimas dela – Mas eu lhe prometo que nunca vou lhe abandonar.

– O que eu vou fazer sem você? Me diz, Killian o que vou fazer? – ela o puxou para mais perto e derramou suas lágrimas na camisa do homem.

– Você vai ficar bem. – ele assegurou e depois mudou de assunto. A maldição estava cada vez mais próxima e havia algo que Ruby queria lhe contar – Você ia me contar algo quando James nos interrompeu, o que era?

Eles se encararam por uns minutos. Ruby pensava se devia contar a ele. Ela ficara imensamente feliz quando descobrira, mas agora estava preocupada. O que ia ser dela? O que ela ia fazer se fosse separada de Gancho?

– Tem algo preocupando você – ele disse – Não é só a maldição. Tem algo mais...

– Estou grávida!

– O quê? – ele foi pego de surpresa. Depois de tanto tempo tentando ter outro filho, isso tinha que acontecer quando eles estavam prestes a serem amaldiçoados? – Você tem certeza?

– Tenho – ela sorriu, depois seu sorriso se desfez e mais lágrimas escorreram por seu lindo rosto – E o que vai ser dessa criança agora? Não vou conseguir sem você. Eu não sei o que fazer...

Ele não teve tempo de tranqüilizá-la ou dizer que ia ficar tudo bem. Eles apenas se beijaram pela última vez, antes que a fumaça negra os alcançasse.

– Eu te amo! – ele sussurrou no ouvido dela, envolvendo-a num abraço apertado – E sempre vou amar!

– Eu também te amo...

E foram suas últimas palavras. E então a fumaça negra os envolveu...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sei que fui má ao matar o bebezinho da Ruby no capítulo anterior, mas agora ela vai ter outro. Imaginem como vai ser ela grávida em Storybrooke, mas não se esqueçam que o tempo lá é congelado. E vou tentar fazer o Henry mais legalzinho na fic porque ele ficou muito chato a partir da segunda temporada kkkk Beijos e até o próximo